segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Capítulo 30 — OS TRIUNFOS DA FÉ

O Êxodo e os Movimentos do Advento

em Tipo e Antítipo, por Taylor G. Bunch, escrito em 1937.

Postado em 30/11/09 no blog http://agape-edicoes.blogspot.com

Capítulo 30 — OS TRIUNFOS DA FÉ

Pág. 219 {145} Segredo de Vitória. 1 João 5:4, 5. O Movimento do Êxodo tinha duas vezes dado costas às fronteiras da terra prometida por falta de fé. “Eles não puderam entrar” (*Heb. 3:19). A experiência da serpente deu-lhes uma visão de Cristo e da cruz, e mediante a fé venceram os inimigos-serpente e foram salvos. Essa lição de fé foi o início de uma nova experiência para Israel. Foi o ponto de partida de uma marcha vitoriosa rumo a Canaã. A visão da cruz demarcou o ponto de retorno no rodeio à terra de Edom, quando os israelitas deram costas ao Egito e encararam Canaã pela última vez. A fé foi a vitória que os conduziu adiante no rumo de sua tão buscada meta.

Marcha Triunfante. A jornada do deserto, infestado de répteis venenosos, até as margens do Jordão e as campanhas vitoriosas ao longo do caminho são descritas em Núm. 21:10-35, e Deut. 2:17-3:17. Os israelitas não mais estavam “muito desanimados do caminho”, mas cheios de esperança e fé e coragem. “Depois de passarem para o sul de Edom, os israelitas volveram-se para o norte, e novamente viraram o rosto em direção à Terra Prometida. Sua rota agora ia por uma vasta, elevada planície, varrida pelas brizas frescas e agradáveis das colinas. Esta foi uma bem-vinda mudança do seco vale através do qual tinham estado a viajar; e avançaram animados e esperançosos” [Patriarcas e Profetas, pág. 433]. Tinha chegado o tempo na história do Movimento do Êxodo em que não mais haveria atraso no cumprimento do propósito de Deus e o desfrute de suas esperanças.

Gigantes Derrotados. Os dez espias haviam perdido esperança e coragem por causa dos gigantes que possuíam a terra prometida. Num. 13:25-28, 31-33. Conquanto esse relatório fosse bastante exagerado, em parte era correto. Anaque era o pai de uma raça de gigantes chamados anaquins. Havia três tribos deles, e possuíam Hebrom, Debir e Anaque (*ou Anabe?, Josué 11:21). Golias era da raça de Anaque. Esses gigantes assustaram tanto os dez espias que apresentaram um “mal relatório” e lançaram o acampamento todo em (220) desânimo e confusão. O temor dos gigantes retardou a entrada de Israel na terra prometida por quarenta anos. Nesse entretempo os gigantes se multiplicaram e aprimoraram suas fortificações. Agora eles são vencidos pela fé, pelos corajosos israelitas. Fortalezas inexpugnáveis foram dominadas e nada podia resistir-lhes.

Pág. 220 {145} A Mensagem de Deus. Na medida em que os israelitas defrontavam esses gigantes e fortalezeas o Senhor lhes enviou uma mensagem: Não os temais, porque o Senhor vosso Deus é O que peleja por vós” [Deut. 3:22]. Uma das grandes nações que tentaram barrar o progresso do Movimento do Êxodo foi Basã, que era governado pelo gigante rei Ogue, cuja cama tinha 4 metros de comprimento e 2 de largura1. O Senhor lutou por eles e as hostes de Israel capturaram todas as fortalezas e superaram todos os obstáculos. “Foi o Capitão do exército do Senhor que conquistou os inimigos de Seu povo; e Ele teria feito o mesmo trinta e oito anos antes, tivesse Israel confiado nEle. Cheio de esperança e ânimo, o exército de Israel pressionava zelosamente, e, ainda marchando em direção ao norte, rapidamente chegaram a um país que poderia bem lhes provar o ânimo e a fé {146} em Deus. Adiante deles estava o poderoso e populoso reino de Basã, amontoado de grandes cidades de pedra, que até hoje maravilham o mundo: ‘sessenta cidades, ... com altos muros, portas e ferrolhos; e muitas outras cidades sem muros”, Deut. 3: 4 e 5 [Patriarcas e Profetas, pág. 435].

Pág. 220 {146} Fortalezas Inexpugnáveis. As casas eram construídas de imensas pedras negras, de tamanho tão estupendos, que tornava as edificações absolutamente inexpugnáveis a qualquer força que naqueles tempos pudesse ser trazida contra eles. Era uma região cheia de cavernas naturais, elevados precipícios, abismos escancarados e fortalezas rochosas. Os habitantes desta terra, descendentes de uma raça gigante, eram de força e tamanho maravilhosos, e tão conhecidos pela violência e crueldade sendo o terror de todas as nações circunvizinhas[Patriarcas e Profetas, pág. 435].O coração de muitos em Israel tremeu de pavor. Moisés, porém, estava calmo e firme. ... A fé serena de seu líder inspirou no povo confiança em Deus. Deixaram tudo aos cuidados do Seu onipotente braço, e Ele não os desapontou. Nem poderosos gigantes, nem cidades muradas, exércitos armados, nem fortalezas de pedra, poderiam ficar de pé perante o (221) Capitão das hostes do Senhor. O Senhor guiou o exército; o Senhor desbaratou o inimigo; o Senhor venceu em favor de Israel” [idem, pág. 436].

Pág. 221 {146} Pecados Passados Percebidos. Pela primeira vez os israelitas foram capazes de ver e reconhecer seus erros passados e os de seus pais. “Na conquista de Gileade e Basã havia muitos que se recordavam dos eventos que, quase quarenta anos antes, tinham, em Cades, sentenciado Israel a longo vaguear no deserto. Viram que o relato dos espias, concernente à Terra Prometida era correto em muitos detalhes. As cidades eram muradas e muito grandes, e eram habitadas por gigantes, em comparação com os quais os hebreus eram meros pigmeus. Mas agora podiam ver que o erro fatal de seus pais tinha consistido em desconfiar do poder de Deus. Apenas isto, os impedira de entrar imediatamente na formosa terra” [ibidem]. Durante seu jornadear pelo deserto os israelitas haviam-se irritado de lhes ser relembrada a crise e fracasso em Cades-Barneia, e recusavam assumir a culpa pelo longo atraso. Com o despertar da fé e seu consequente aprofundamento da experiência espiritual, o passado chegou a ser visto sob nova luz e o verdadeiro significado da crise de Carnes-Barneia foi claramente entendido. Isto foi, sem dúvida, explicado a eles à luz de sua nova experiência.

Resultado do Atraso. O longo atraso havia dado aos inimigos de Israel oportunidade de fortalecer suas defesas e preparar-se para uma forte resistência. “Quando eles estavam, a primeira fez, se preparando para entrar em Canaã, este empreendimento seria muito menos dificultoso do que agora. Deus prometera a Seu povo que, se obedecessem à Sua voz, Ele iria adiante deles, e lutaria por eles; e enviaria também vespões2 para expulsar os habitantes da terra. O temor das nações não tinha sido grandemente suscitado, e pouca preparação tinha sido feita para se opor ao seu progresso. Mas, agora, quando o Senhor ordenou Israel ir em frente, eles deviam avançar contra adversários alertas e poderosos, e devem contender com exércitos grandes e bem treinados, que tinham estado se preparando para resistir sua aproximação. . . . As dificuldades no caminho tinham aumentado grandemente desde que se recusaram a avançar, quando ordenado para assim proceder em nome do Senhor” [Patriarcas e Profetas, págs. 436, 437]

Pág. 222 {147} O Movimento do Advento. A experiência da serpente do antigo Israel durante sua marcha em contorno à terra de Edom, ajuda a determinar onde estamos na jornada do povo do Advento. Estamos em meio ao último contorno de nossa peregrinação à Canaã celestial. O grande e terrível deserto espiritual, pelo qual estamos passando, tem produzido muita murmuração, queixumes e críticas e muitos têm ficado “muito desanimados do caminho”, e têm lançado fora a sua confiança no movimento e sua liderança. A grande serpente e seus demônios acompanhantes têm estado infectando o povo remanescente de Deus com o vírus mortal do pecado. Cristo está agora (*1937) sendo exaltado no moderno Israel e indicado como o único remédio para o pecado e a única esperança de salvação. Uma mensagem enviada dos céus está agora soando por toda a Igreja chamando a atenção à cruz erguida e a sua vítima sacrificial moribunda. O antítipo da serpente erguida no deserto será mais plenamente cumprido segundo a visão de Cristo e do Calvário aumente e a mensagem de contemplar o Cordeiro de Deus se avolume em alto clamor.

Tempo Localizado. Nossa localização na jornada rumo à Canaã celestial é adicionalmente identificada pelas seguintes citações: “Quando os filhos de Israel estava jornadeando pelo deserto, o Senhor os protegia de serpentes venenosas, mas veio o tempo em que, por causa da transgressão, impenitência e teimosia de Israel, o Senhor removeu o Seu poder de restrição desses répteis, e muitos dentre o povo foram picados e morreram. Foi então que a serpente de bronze foi erguida a fim de que todos os que se arrependessem e a ela contemplassem, em fé pudessem viver. No tempo de confusão e dificuldades diante de nós, um tempo de angústia como nunca houve antes, desde que há nação, o soerguido Salvador será apresentado ao povo em todas as terras, para que todos quantos olhem para Ele, em fé, possam viver” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 8, pág. 50]. Esse é o tempo de angústia que precede imediatamente o fim do tempo de graça e a queda das sete últimas pragas. O Cristo soerguido é um dos maiores de todos os sinais de que o fim está próximo e de que a jornada está para findar. Agora certamente estamos entrando no “tempo de confusão e dificuldades” mencionado nesta citação e é o tempo para erguer o crucificado Salvador perante a Igreja e o mundo.

Pág. 223 {147} Nossa Mensagem. Nossa mensagem para este tempo deve centralizar-se em Cristo e a cruz. “É obra de cada um, a quem a mensagem de advertência foi dada, elevar a Jesus para apresentá-Lo ao mundo, como revelado em tipos, como sombras em símbolos, como manifestado nas revelações dos profetas, como desvelado nas lições dadas a Seus discípulos e nos maravilhosos milagres operados pelos filhos dos homens. . . . O tema que atrai o coração dos santos é Cristo e Este crucificado. Sobre a cruz do Calvário, Jesus permanece revelado ao mundo em amor incomparável. Apresentai-O assim às multidões famintas, e a luz de Seu amor conquistará homens das trevas à luz, da transgressão à obediência e verdadeira santidade. Contemplar a Jesus sobre a cruz do Calvário desperta a consciência ao terrível caráter do pecado como nada mais pode fazer” [Cristo Nossa Justiça, págs. 160, 161].

Nenhuma Glória Humana. Não foi senão até que os israelitas aprendessem a desconfiar do eu e dar toda glória a Cristo, o seu Líder, que sua marcha triunfante começou. Estamos despreparados para os dias maus {148} adiante de nós até que nos humilhemos e exaltemos a Cristo e nos apropriemos de Sua justiça. “Os dias nos quais vivemos são momentosos e cheios de perigo. Os sinais da vinda do fim estão se avolumando ao nosso derredor, e os eventos que devem passar-se que serão do mais terrível caráter do que qualquer coisa que o mundo já testemunhou. . . . Se quereis atravessar incólumes o tempo de angústia, deveis conhecer a Cristo e apropriar-vos do dom de Sua justiça, que Ele imputa ao pecador arrependido. A sabedoria humana de nada servirá para imaginar um plano de salvação. A filosofia humana é vã, os frutos dos poderes mais elevados do homem são sem valor, à parte do grande plano do divino Mestre. Nenhuma glória deve redundar ao homem; todo auxílio e glória humanos repousa no pó; pois a verdade tal como se acha em Jesus é o único agente disponível pelo qual o homem pode ser salvo. O homem tem o privilégio de se ligar a Cristo, e então o divino e o humano se combinam; e nessa união a esperança do homem deve descansar só" [ibidem, citado de Review and Herald, de 22 de novembro de 1892].

Pág. 223 {148} Mensagem Aceita. Que a mensagem do Salvador levantado e Sua justiça imputada e comunicada em breve será aceita e o Movimento do Advento avançará no rumo de Sião pela última vez é evidente de muitas declarações no Espírito de (224) Profecia. “O Senhor obrará para purificar Sua igreja. Digo-vos a verdade, que o Senhor está prestes a virar e transtornar as instituições chamadas pelo Seu nome. Justamente quão cedo este processo refinador começará, não posso dizer, mas não será adiado por muito tempo” [Testemunho para Ministros, pág. 373] “A purificação e a limpeza certamente passarão por todas as igrejas de nossa terra que têm tido grandes oportunidades e privilégios (sic) e por eles têm passado sem lhes dar consideração” [idem, pág. 414]. “O poder que agitou o povo tão poderosamente no movimento de 1844 novamente será revelado. A mensagem do terceiro anjo avançará, não em tons sussurrantes, mas com um alto clamor” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 252].

Pág. 224 {148} Um Grande Reavivamento. Atos 3:19-21. “Arrependei-vos, portanto, e reformai vossas vidas, de modo que o registro de vossos pecados possa ser cancelado, e que possa vir estações de reavivamento do Senhor” [versão Weymouth do Novo Testamento]. Esse grande reavivamento enviado pelo céu ocorrerá pouco antes do fechamento do tempo de graça e o retorno de Cristo. “Fui profundamente impressionada por cenas que se desenrolaram perante mim, durante o período da noite. Parecia haver um grande movimento — uma obra de reavivamento — que avançava em vários lugares. Nosso povo movia-se harmoniosamente e respondia ao apelo de Deus” [Testemunho para Ministros, pág. 515]. “Antes da visitação final dos juízos de Deus sobre a Terra, haverá, entre o povo de Deus, tal reavivamento de primitiva santidade como não tem sido testemunhado desde os tempos apostólicos. O Espírito e poder de Deus serão derramados sobre os Seus filhos. ... Muitos, tanto ministros quanto povo, aceitarão alegremente essas verdades que Deus tem feito com que sejam proclamadas neste tempo, para preparar um povo para a segunda vinda do Senhor” [O Grande Conflito, pág. 464].3

Movimento de Reforma. Um reavivamento genuino é sempre acompanhado por uma reforma. “Em visões da noite representações passaram diante de mim de um grande movimento reformatório entre o povo de Deus. Muitos estavam louvando a Deus. Os doentes eram curados, e outros milagres eram operados. Um espírito de intercessão foi visto, tal como manifesto no grande dia de Pentecoste. Centenas de milhares eram vistos visitando famílias, e abrindo perante elas a Palavra de Deus. Corações eram convencidos pelo poder {149} do Espírito Santo, e um espírito de genuína conversão era manifesto” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 126]. Que essa reforma salvará nossas instituições, (225) agora chamadas “presos de esperança” (*Zac. 9:12), é também declarado: “Conquanto em muitos aspectos nossas instituições de ensino tenham se inclinado para se conformarem com o mundo, embora passo a passo tenham avançado rumo ao mundo, elas são presos de esperança. O destino não teceu uma rede em torno de sua operação ao ponto de precisarem permanecer em desamparo e incerteza. Se ouvirem a Sua voz e seguirem os Seus caminhos, Deus as corrigirá e iluminará, e as trará de volta a sua devida posição de distinção do mundo” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, pág. 145]. Em Fundamentos da Educação Cristã, pág. 290, nos é dito que “Deus as trará de volta”. O que é dito dessas instituições também é verdade quanto ao movimento inteiro. Deus nos levará de volta para Si e nos conduzirá à Canaã celestial. O movimento triunfará gloriosamente.

Pág. 225, {149} Uma Divina Visitação. Isaias 52:1-10. Aqui é retratada a divina visitação e fim do cativeiro do moderno Israel. “Quando Jeová retorna a Sião” [R.V.4, verso 8]. “Quando o Senhor converter a Sião” [Douay5]. “Todas as vossas sentinelas estão clamado num cântico de triunfo, pois veem o Eterno face a face ao Ele retornar a Sião” [Moffatt6]. (*“Quando o Senhor fizer Sião voltar”, Almeida Fiel). Esta é uma descrição da mensagem laodiceana e os benditos resultados de sua aceitação. Sião está adormecida e sem as vestes da justiça de Cristo. Deus a chama para despertar e levantar-se do pó e “assenta-te em meu trono” [R.V.4, verso 2]. A Igreja está inconvertida e despreparada para a vinda do Noivo. A glória do Senhor a abandonou por causa da condição laodiceana, mas agora o Senhor “retorna” com poder pentecostal e a chuva serôdia é derramada e a obra terminada. Essa gloriosa visitação do poder divino e da obra de reavivamento e reforma é também descrita em Miquéias 7:15-20 e Joel 2:1, 12-32. Quando o povo do Advento volver-se ao Senhor de todo o coração, “Ele voltará e se arrependerá, e deixará após Si uma bênção” (*Joel 2:14).

O Senhor em Controle. Conquanto muitos venham a se opor à mensagem que apela a um reavivamento e reforma, e manifestarão falta de fé, o Senhor tem prometido tomar controle do Movimento do Advento e conduzi-lo à vitória. “A menos que ajuda venha dos que (*estão) em ________ despertem para o senso de sua missão, não identificarão a atuação de Deus quando se ouvir o alto clamor do terceiro anjo. Quando irradiar a luz (226) para iluminar a Terra, em vez de agirem em auxílio do Senhor, desejarão restringir Sua obra para satisfazer as suas estreitas idéias. Deixe-me dizer-vos que o Senhor operará nesta última obra de uma maneira muito fora da usual ordem de coisas e de um jeito que será contrário a qualquer planejamento humano. Sempre existirão entre nós os que desejarão dominar a obra de Deus, para ditar até mesmo que atividades devem ser empreendidas quando a obra avançar sob a direção do anjo que se une ao terceiro anjo na mensagem a ser dada ao mundo. Deus usará jeitos e meios pelos quais ver-se-á que Ele está tomando o controle em Suas próprias mãos. Os obreiros ficarão surpresos pelos recursos simples que Ele usará para conduzir e aperfeiçoar sua obra em justiça” [Testemunhos para Ministros, pág. 300].

Pág. 226 {149} Resultado do Atraso. O longo atraso ocasionado pela falta de fé do povo do Advento tem resultado num {150} grande aumento na força e solidez do inimigo. A terminação da obra quarenta anos atrás (*1937 - 40 = 1897) teria sido muito mais fácil em muitas maneiras do que no tempo atual. Toda forma de mal tem passado por um poderoso crescimento. O catolicismo, o espiritismo, o modernismo e o ateísmo, e muitos outros ismos e instituições inimigas têm fortificado grandemente suas posições durante o jornadear pelo deserto do Movimento do Advento. Agora parecem tão inexpugnáveis quanto as fortificações e cidades muradas diante dos filhos de Israel. “A obra que a Igreja falhou em cumprir num tempo de paz e prosperidade, ela terá que realizar sob terrível crise, e as condições mais desanimadoras e proibitivas. O conformismo com o mundo tem silenciado ou refreado as admoestações que deverão ser dadas sob a mais violenta oposição dos inimigos da fé” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 463].

Pág. 226 {150} Uma Data Importante. 1888 não é uma data importante na história do Movimento do Advento somente por causa da mensagem que começou nesse tempo, mas também por ter assinalado o início dos maiores esforços de Satanás em fortalecer suas posições e impedir o propósito de Deus mediante Seu povo remanescente. Na cidade de Oklahoma um grupo de homens e mulheres tem-se reunido semanalmente para adorar o diabo. Eles recebem comunicação dos “Mestres”, um exército invisível de (227) professores. Um dos que deixou o grupo relatou a seguinte mensagem do mundo dos espíritos: “Preguem qualquer coisa, menos a salvação pela graça. Ridicularizem a eficácia do sangue de Cristo. Enfatizem os maravilhosos ensinos de Jesus, sempre destacando que Ele não foi mais divino do que qualquer outro homem”. “Preguem a justiça própria, pois ‘não sabeis que na feitura sois deuses e nenhuma alma jamais se perde?’” “Em 1888 Satanás alterou o seu plano e se preparou para tomar vantagem com a Era do Egotismo (*subjetivismo) Intelectual, que está agora em plena força. Ordens foram dadas para apelar ao Intelecto e à Razão em lugares elevados. As igrejas cristãs devem ser transformadas em sinagogas de Satanás”. “O diabo deseja uma Federação de Igrejas. Essa Federação finalmente se fundirá numa Irmandade de Religião e finalmente numa Religião Universal” [De um artigo de "Sunday School Times" de 7 de maio de 1932, pelo Dr. Arthur I. Brown, intitulado “Facing the Atheists — In College and Outside”, Enfrentando os Ateístas — na Universidade e Fora].

Pág. 227 {150} Exército Invencível. Não obstante o fato de que o inimigo tem grandemente fortalecido sua posição desde 1888, quando o Senhor retornar a Sião e assumir as rédeas do Movimento do Advento em Suas próprias mãos, o Seu povo remanescente se tornará um exército invencível que avança vencendo e para vencer. “Daí a Igreja de Cristo aparecerá ‘formosa como a lua, brilhante como o sol, terrível como um exército com bandeiras’”(*Cantares 6:10) [Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 82]. Grandes gigantes do mal e fortificações aparentemente impenetráveis falharão em deter o avanço do povo de Deus que teve uma visão de Cristo e do Calvário. Reconhecendo livremente os pecados e confessando os erros do passado, que retardaram a vinda de Cristo e o triunfo de Sua mensagem, os membros do Movimento do Advento marcharão adiante vitoriosamente rumo a sua meta celestial.

Notas desta edição:

1) No original deste livro consta 13 pés de comprimento por 6 pés de largura, assim, a grosso modo, arredondamos para 4 metros de comprimento e 2 de largura. Segundo o dicionário Webster o “pé” é uma medida linear equivalente a 12 polegadas (= 2,54 cms. cada), aproximadamente a extensão de um pé humano; um terço de uma jarda (=914 mm. cada) portanto = 30,66 cms; mas oficialmente parece ser igual a 30,48 cms., pois esta é outra medida do Webster para a extensão do “pé”; e coincide com outros dicionários:

Caldas Aulete diz que o “pé” é, nos EUA e Inglaterra, = 32 cms.; no Brasil e Portugal = a 30,48 cms., e conclui que antigamente era 33 cms.

2) Esta promessa, seria, e, em muitas ocasiões foi, milagrosa intervenção de Deus na natureza que Ele criou e sobre a qual mantem perfeito controle, como a entrada ordenada dos animais na Arca do dilúvio. Veja Êxodo 23:28; Deuteronômio 7:20; Josué 24:12, etc.

3) Quero chamar a atenção do leitor para o que ocorreu 20 anos depois deste livro ser escrito. O Livro “Questões sobre Doutrina”, escrito em 1957, decorrente de um acordo de um trio de pastores adventistas com evangélicos, parece frustrar temporariamente a esperança que o pastor Taylor Bunch tinha de que este profetizado reavivamento estava já prestes a ocorrer.

Na mesma página, de O Grande Conflito, 464, em seqüência imediata ao texto cotizado, lemos: “O inimigo das almas deseja estorvar esta obra; e antes que chegue o tempo para tal movimento, esforçar-se-á para impedi-la, introduzindo uma contrafação. Nas igrejas que puder colocar sob seu poder sedutor, fará parecer que a benção especial de Deus foi derramada; manifestar-se-á o que será considerado como grande interesse religioso. Multidões exultarão de que Deus esteja operando maravilhosamente por elas, quando a obra é de outro espírito. Sob o disfarce religioso, Satanás procurará estender sua influência sobre o mundo cristão.”

4) A edição americana da Bíblia “R.V.” (Rivised Version) é mais conhecida como American Standard Version (ASV) edição de 1901, e, simplificadamente conhecida como “Standard Bible

5) A “Bíblia Douai” é uma tradução católica da Vulgata Latina para a língua inglesa, e tornou-se a versão básica para todas as tradições católicas em inglês.

6) A Versão bílbica Moffatt, foi a tradução feita por James Moffatt em 1922.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Lição 9 — O Pecado de Moisés e Arão

Moisés e Arão eram servos especiais de Deus. Moisés talvez mais do que Arão, mas ambos detêm uma rara posição na história sagrada. Moisés foi usado por Deus para libertar os filhos de Israel da servidão egípcia, e Arão foi o primeiro sumo sacerdote no serviço do santuário terrestre, recém organizado.

Moisés é o autor dos primeiros cinco livros da Bíblia e acredita-se também ser o autor do livro mais antigo da Bíblia, o livro de Jó. Moisés é um tipo de Cristo. Muitos dos acontecimentos da sua vida prefiguraram a vinda do Messias. Moisés é chamado o doador da lei. Era profeta, e o Senhor disse que era, de fato, maior que profeta.

"Então o SENHOR desceu na coluna de nuvem, e Se pôs à porta da tenda; depois chamou a Arão e a Miriam e ambos saíram. E disse, 'Ouvi agora as Minhas palavras: Se entre vós houver profeta, Eu, o Senhor, em visão a ele Me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. Não é assim com Meu servo Moisés que é fiel em toda Minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do Senhor; por que pois, não tivestes temor de falar você contra Meu servo Moisés'"? (Num. 12:5-8).

Quando Moisés foi difamado e criticado, Deus mesmo interveio para lutar por ele. Ocupou um lugar muito especial na organização de Deus e Deus operou muitos milagres poderosos por ele. Na maioria das vezes, Arão era o companheiro de Moisés em tudo que Deus realizou através de Moisés. Ambos estes homens foram altamente apreciados pelo povo. E a admiração por Moisés estendeu-se para muitas centenas de anos depois de sua morte. Havia mesmo uma tendência da parte de Israel, em anos posteriores, para idolatrar Moisés.

Embora grande quanto fossem Moisés e Arão, permaneceram parte da raça humana caída. Deles assim como de qualquer outro podia ser dito "não há um justo, nem um sequer" (Rom. 3:10). Tiveram pés de "barro" e compartilharam a fraqueza da sorte comum de toda humanidade. Deviam ter cuidado em manter os seus olhos em Cristo, o verdadeiro líder de Israel. E isto eles falharam em fazer.

Pareceria que só por um momento, tiraram os seus olhos de Cristo, e vendo o pecado da multidão foram tentados e caíram. O Senhor explicitamente tinha mandado Moisés tomar sua vara e seu irmão Arão e reunir a congregação. E então "Falai à rocha perante os seus olhos” (Núm. 20:8). A promessa era que a água fluiria da pedra. Não obstante o registro é como segue:

"E Moisés e Arão reuniram a congregação diante da rocha, e Moisés disse-lhes, 'Ouvi agora, rebeldes, porventura tiraremos água desta rocha para vós? Então Moisés levantou a sua mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara; e saiu muita água, e bebeu a congregação e seus animais" (Num. 20:10-11).

Considere a misericórdia e a bondade de Deus. Embora Moisés não tivesse feito como foi instruído, ainda assim a benção prometida de água foi cumprida! Se todas as bençãos de Deus dependessem de nossa fidelidade não teríamos, absolutamente, nenhuma benção. A boa nova nestes tipos de situações é "Deus é fiel" (1ª Cor. 1:9). Mesmo em meio à nossa incredulidade Deus é fiel! "As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque Suas misericórdias não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a Tua fidelidade" (Lam. 3:22-23).

Apesar do fracasso de Moisés e de Arão, Deus ainda abençoou o povo com a água que eles necessitavam. Não obstante, Moisés e Arão não cruzariam o Jordão. Eles nunca poriam os pés na Canaã terrena. Tinham dado ocasião a Israel de duvidar de tudo que Deus tinha feito por eles por todos aqueles anos. Tinham prejudicado a causa de verdade e justiça. Não obstante nós ainda podemos louvar a Deus por tudo que Ele fez através deles.

O fracasso destes heróis da fé, nas próprias fronteiras de Canaã, os homens por quem Deus ricamente tinha abençoado ao Seu povo, lembra-nos de outra dupla de homens que Deus ricamente abençoou e os usou para abençoar o povo, os pastores Jones e Waggoner.

Eles também foram instrumentos especiais nas mãos de Deus. O registro inspirado de nossa história deixa claro que os pastores Jones e Waggoner não eram ministros comuns do evangelho. Eles foram escolhidos e abençoados por Deus para trazerem uma mensagem muito especial ao Seu povo, num tempo muito especial.

"Em Sua grande misericórdia enviou O Senhor uma mui preciosa mensagem a Seu povo através dos pastores Waggoner e Jones.” (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 91). “Deus deu a Seus servos um testemunho que apresentava a verdade como ela é em Jesus, que é a terceira mensagem anjélica, em linhas claras e distintas” (idem, pág.93). “Essa é exatamente a obra que o Senhor designou que a mensagem que Ele deu a Seus servos realize no coração e mente de cada agente humano ... Deus deu a Seus mensageiros exatamente o de que o povo necessitava” (idem, pág.95). “Eles têm a palavra do Senhor” (idem, pág.96). “Há aqui evidências, que todos aqueles que o Senhor reconhece como Seus servos podem discernir. ... Vereis que esses homens contra quem tendes falado, têm sido como que sinais no mundo, como testemunhas de Deus, … zelosos, movidos pelo Espírito de Deus... firmes como a rocha aos princípios. ... luz do céu, ... Se rejeitardes os mensageiros delegados por Cristo, rejeitais a Cristo" (idem, pág. 97).

Há literalmente centenas de endossos destes homens e sua mensagem que podem ser achados nos escritos do Espírito de Profecia. Se valorizarmos o ponto de vista de Deus como registrado pela pena da inspiração, eles são, disparados, os mais endossados, defendidos, e recomendados pregadores na história da (*igreja) Adventista do Sétimo Dia. Sua mensagem é ainda relevante e importante para nós hoje.

Alguns duvidaram da obra anterior de Deus através de Moisés, por causa do seu fracasso nas fronteiras de Canaã (veja Patriarcas e Profetas, pág. 417). E o Senhor advertiu que alguns fariam o mesmo com referência à obra que Ele relizou por meio de Jones e Waggoner por causa de seu fracasso posterior.

"É bem provável que os pastores Jones ou Waggoner possam ser derrotados pelas tentações do inimigo; mas se isto ocorrer não provaria que eles não tinham nenhuma mensagem de Deus, ou que a obra que eles fizeram era toda um erro. Mas se isto acontecer, quantos tomariam esta posição, e entrariam numa fatal desilusão porque não estão sob o controle do Espírito de Deus" (Carta 24, 1982).

Queira Deus que este não seja o caso de ninguém que leia estas palavras. Não devemos tirar os nossos olhos de Cristo, como alguns heróis espirituais do passado fizeram.

— Kelvin (Mark) Duncan

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.


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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Capítulo 29 — A VISÃO DE CRISTO E DO CALVÁRIO

O Êxodo e os Movimentos do Advento

em Tipo e Antítipo, por Taylor G. Bunch, escrito em 1937.

Postado em 26/11/09 no blog http://agape-edicoes.blogspot.com

Capítulo 29 — A VISÃO DE CRISTO E DO CALVÁRIO

Pág. 211 {139} Desânimo. Números 21:4. *“A alma do povo angustiou-se naquele caminho” (Almeida fiel).1 “O povo se impacientou no caminho” [Moffat]. O atraso adicional do Movimento do Êxodo para entrar na terra prometida por causa do segundo fracasso em Cades e a consequente volta em torno da terra de Edom, produziu desânimo e impaciência entre os israelitas. A impaciência é um dos frutos principais do desânimo. Moisés e Aarão ficaram impacientes junto às águas de Meribá por causa da sua decepção e desânimo diante das murmurações e rebelião de Israel, o que resultou no seu segundo fracasso de passar na prova de fé e entrar na terra prometida através de Cades-Barneia, “a rota designada para Canaã”.

Depressão Espiritual. O segundo recuo das fronteiras da terra prometida produziu uma depressão espiritual resultando num temperamento impaciente e irritável. “Não foi simplesmente o calor e a seca e a aspereza do caminho que os deprimiam, mas o fato de que marchavam diretamente para longe de Canaã, e não sabiam como iriam alcançá-la alguma vez”. – “Pulpit Commentary”. Era “o espírito do povo” que estava “muito descoroçoado por causa do caminho”. A depressão não era tão física quanto espiritual. Eles estavam deprimidos em espírito que é a mais séria de todas as depressões. A grande depressão econômica pela qual o mundo esteve passando teve efeito só benéfico para o bem das almas daqueles cujos corações estavam cheios de fé, esperança e coragem. As depressões físicas ou financeiras não desanimam as almas dos que mantêm a sua união com Deus. Os israelitas estavam “muito deprimidos” porque tinham cometido um grande pecado na rejeição do chamado e liderança de Deus. O pecado é a raiz do desânimo e impaciência. Jesus nunca estava desaminado ou impaciente porque Ele não conhecia nenhum pecado.

O Resultado. Verso 5. O desânimo leva à crítica especialmente dos líderes. Os israelitas depositaram os seus fracassos sobre Moisés e o acusaram da causa da sua derrota e (212) depressão. A crítica injustificada é sempre uma desculpa para defeitos e falhas pessoais. Adão tentou desculpar a sua desobediência acusando Eva de conduzi-lo ao pecado e criticando a Deus por tê-la criado. É da natureza humana tentar escapar da responsabilidade pelos nossos próprios atos. É por essa razão que pessoas desanimadas e revoltadas são sempre críticos severos e a sua crítica é especialmente dirigida aos líderes. Eles são o que são, estão onde estão, por causa de algum erro real ou imaginário da parte dos líderes. Este foi um dos pecados principais que atrasaram o triunfo final do Movimento do Êxodo, e é também o pecado principal que reteve o refrigério das chuvas temporã e serôdia e assim atrasou o triunfo final do Movimento do Advento. A crítica de líderes é a moeda principal no comércio de apóstatas e de seus movimentos divergentes. Eles vivem da carniça dos mortos. Esta é uma das características que distinguem os falsos mestres e movimentos religiosos apócrifos.

Pág. 212 {139} As Serpentes. Verso 6. Aquelas serpentes tiveram permissão de visitar o acampamento de Israel por causa da sua crítica e queixa. {140} Ao criticarem a Moisés e murmurarem contra a liderança humana do movimento, os israelitas tentavam a Cristo, o seu Líder Divino. Esta foi a razão da visitação das serpentes mortais, 1ª Coríntios 10:9,10. A crítica e a murmuração são pecados terríveis que levam à destruição. Isso causou a queda de Lúcifer e seus anjos convertendo-os em serpentes cuja picada de pecado produz a morte eterna. O Senhor Se empenhou em ensinar a Israel e a Seu povo em todas as futuras gerações que a crítica severa e injusta se parece com a picada de uma cobra. Esta injeta o veneno no organismo das suas vítimas e, em especial, opera a destruição àqueles que se envolvem nisso. O apóstolo Tiago declara que a língua crítica e não dominada é “um mundo de inquidade” que “contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno”, É “um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal” [Tiago 3:6, 8].

Pág. 212 {140} Serpentes de Fogo. Moisés posteriormente declarou que esta experiência teve lugar num “grande e terrível deserto”, não só infestado de “serpentes ardentes” mas também “de escorpiões” [Deut. 8:15]. As serpentes foram chamados “ardentes “ em primeiro lugar (213) por causa do resultado da sua picada. “Serpentes venenosas que infestavam o deserto foram chamadas serpentes ardentes por causa dos efeitos terríveis produzidos pela sua picada, causando inflamação violenta e morte rápida” [Patriarcas e Profetas, pág. 429]. O veneno produzia inflamação vermelha e uma febre ardente que era fatal. Também se acredita que as serpentes eram chamadas “ardentes” por causa da sua cor que parecia com as “cobras de cobre” da Austrália e outros países. O fato de Moisés ter feito a serpente metálica de latão ou cobre podia também indicar que eram daquela cor.

Pág. 213 {140} A Picada Mortal. As serpentes eram simbólicas de Satanás e os seus anjos, cuja picada de pecado traz a morte. Em Apocalipse 12:9, Satanás é chamado de “antiga serpente” que “engana todo o mundo”. No jardim do Éden o anjo caído valeu-se de uma serpente para enganar a Eva e conduzi-la ao pecado e assim privar os nossos primeiros pais do seu lar paradisíaco. A experiência que sobreveio aos israelitas, logo após terem falhado a segunda vez de entrar em Canaã, foi certamente designada a ensinar-lhes que os seus pecados os mantinham fora da terra prometida. A lição é também para nós “para quem já são chegados os fins dos séculos” (*1ª Cor. 10:11), pois esta trágica experiência foi registrada “para a nossa admoestação”. Por todo o acampamento de Israel as serpentes mortais rastejavam e de cada direção vinha um grito de dor e a lamúria de aflição. Os mortos e moribundos estavam por toda parte e não havia qualquer remédio. Por estarem “muito desanimados” e se empenharem em muita crítica, “muita gente em Israel morreu”. A mesma crítica venenosa no Movimento do Advento tem aberto o caminho para a entrada da grande serpente no acampamento ou Igreja com o veneno mortal do pecado, e como resultado “muita gente” do Israel moderno está morrendo espiritualmente e caindo às margens do caminho. Serpentes caluniadoras estão infestando o acampamento do Israel moderno com consequências trágicas a muitos.

Arrependimento. Verso 7. Os temíveis resultados do pecado trouxeram confissão e arrependimento. Os israelitas reconheceram que ao {141} falarem contra Moisés também tinham “falado contra o Senhor” e cometido “pecado”. Pediram a Moisés para orar por eles e “Moisés orou pelo povo”. Quando estavam em angústia pediam as orações daquele a quem (214) tinham criticado tão severa e injustamente. Moisés revelou um belo espírito cristão e intercedeu por eles, e o Senhor ouviu a sua oração e instruiu-o a como prover um remédio que ao mesmo tempo testaria a fé das vítimas da picada mortal das serpentes. Eles tinham por duas vezes falhado em entrar na terra prometida “por causa da descrença” e deviam aprender a lição de fé antes que pudessem ter êxito.

Pág. 214 {141} O Remédio. Versos 8, 9. Jesus declarou que aquela serpente de bronze, levantada numa haste no deserto, era simbólica dEle, levantado sobre a cruz do Calvário. João 3:14-17. O bronze é feito de uma liga de cobre e zinco, portanto Jesus foi uma combinação do divino e do humano. Ele era o Homem-Deus, ou “Deus manifestado na carne”. A serpente era simbólica do pecado, e Cristo veio “na semelhança do pecado”. Por isso Ele foi representado pelo símbolo do pecado. Jesus foi feito “pecado por nós”, sendo que não conheceu nenhum pecado, para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus” [2ª Coríntios 5:21]. “Pelo homem veio a morte” e por isso Jesus deve vir “em semelhança de carne pecaminosa” para destruir o autor do pecado e da morte e livrar “todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão”, ver Hebreus 2:14,15. O Libertador deve vir na semelhança do Destruidor.

Antídoto do Veneno. Foi Sua vinda à Terra “em carne pecaminosa” e “ semelhança do pecado” que permitiu a Cristo contrafazer o veneno do pecado e destruir aquela “antiga serpente, o diabo e Satanás”. Não havia nenhum veneno mortal na serpente de bronze e não havia pecado em Cristo. Ele foi levantado na cruz “na semelhança da carne pecaminosa” para que pudesse salvar do vírus mortal do pecado e morte eterna a todos quantos a Ele olham com os olhos da fé. Jesus é o grande contraveneno do pecado que é injetado em nossos caracteres pela picada da grande serpente. Uma visão de Cristo na cruz do Calvário é o único remédio para o pecado. “Quem contempla e crê” “não perecerá mas terá a “vida eterna”. Contemplar a Cristo é o antídoto da morte e o elixir da vida eterna.

A Grande Necessidade de Israel. Por quase quarenta anos os israelitas tinham perdido muitíssimo de vista a Cristo e ao Calvário, a ponto de a celebração da Páscoa lhes ter sido negada. Diferentemente de Moisés, eles não tinham (215) “suportado como vendo O invisível”. A coluna de fogo à noite e a nuvem de dia, que representava a presença visível de Cristo, não significava nada para eles. Esta foi a causa do seu fracasso ambas as vezes em Cades-Barneia. Agora Israel é trazido a uma situação onde se vê compelido a olhar para Cristo como a sua única esperança. A única exigência das vítimas mordidas pela serpente era olhar, e o contemplar da fé concedia vida. Certamente muitos no acampamento não tinham nenhuma fé no remédio e morreram em deseperada agonia. O remédio pode ter parecido não-científico e ilógico para eles, por isso inútil. Era requerida fé para aplicar o remédio.

Pág. 215 {142} Boas Notícias. O anúncio do remédio para o veneno das serpentes foi boas novas às vítimas desesperadas. “A alegres nova soou por todo o acampamento, de que todos os que tivessem sido picados poderiam olhar para a serpente de metal e viver. Muitos já haviam morrido, e quando Moisés levantou a serpente na haste, alguns não queriam crer que meramente fitar a figura de metal os curaria; estes pereceram em sua incredulidade. Entretanto houve muitos que tinham fé na provisão que Deus fizera. Pais, mães, irmãos e irmãs estavam ansiosamente empenhados em ajudar seus sofredores e moribundos amigos a fixar na serpente seus desfalecidos olhares. Se estes, embora abatidos e moribundos, tão-somente pudessem olhar uma vez, eram perfeitamente restabelecidos. ... Eles não podiam fazer nada por si mesmos para escapar do efeito fatal do veneno das suas feridas. Só Deus era capaz de curá-los. Mas eles deviam mostrar a sua fé na provisão que Ele lhes tinha feito.Deviam olhar para viverem. Era sua fé que era aceitável a Deus, e por olharem para a serpente a sua fé era demonstrada. Eles sabiam que não havia nenhuma virtude na própria serpente, mas era um símbolo de Cristo, e a necessidade da fé nos Seus méritos foi assim apresentada às suas mentes. [Patriarcas e Profetas, pág. 430]. Aquele olhar deixava implícita a fé. Eles viveram porque acreditaram na palavra de Deus, e confiaram nos meios propiciados para a sua recuperação” [idem, pág. 431], ver até a pág. 432.

O Movimento do Advento. O Movimento do Advento está realizando agora (escrito em 1937) a sua jornada anti-típica em volta de Edom e as experiências do Israel antigo estão sendo repetidas. Novamente “estamos repetindo a história daquele povo”. (216) A mensagem de 1888 e a sua repetição nos últimos anos (*anteriores a 1937) trouxe-nos aos próprios limites da Canaã celeste mas “não podemos entrar.” Como um povo temos falhado em observar a Cristo e ao Calvário. É-nos dito que a mensagem de 1888 foi dada porque “muitos tinham perdido de vista a Jesus” e “precisavam ter seus olhos dirigidos à Sua divina pessoa, Seus méritos, e Seu imutável amor pela família humana”. É-nos dito que esta é “a mensagem do terceiro anjo, que deve ser proclamada com um alto clamor, e regada pelo derramar do Espírito Santo numa grande medida”, ver Testemunhos para Ministros, pág. 92.

Pág. 216 {142} O Calvário Esquecido. “Não tenteis chamar a atenção das pessoas para vós. Deixai-as perder de vista o instrumento, enquanto exaltais a Jesus. Falai de Jesus; perdei o eu em Jesus. Há muito alvoroço e tumulto sobre a nossa religião, enquanto o Calvário e a cruz são esquecidos” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 133]. “Um espírito de mundanismo e egoísmo tem privado a Igreja de muitas bênçãos. ... Uma visão clara, constante da cruz de Cristo contrariaria o seu mundanismo e encheria as suas almas de humildade, piedade e gratidão. ... Uma enfermidade espiritual mortal está sobre a Igreja. Os seus membros são feridos por Satanás, mas não olharão para a cruz de Cristo, como os israelitas olharam para a serpente de bronze a fim de que pudessem viver. O mundo tem tantas reivindicações sobre eles que não encontram tempo para olhar à cruz do Calvário o bastante para verem a sua glória e sentir o seu poder” [idem, pág. 202].

A Nossa Única Esperança. Apocalipse 3:20. Cristo está fora da porta do templo da Igreja e dos corações individuais do Israel moderno, e Ele pede {143} que nós O “contemplemos”2 e O deixemos entrar. Somos tão impotentes em nós mesmos como eram os israelitas no deserto quando foram mordidos pelas serpentes. A nossa única esperança está em Cristo. “Nada além da justiça de Cristo pode nos habiliatar às bênçãos do concerto da graça. Muitos há que por longo tempo desejaram e procuraram obter essas bênçãos, mas não as receberam, porque acariciaram a idéia de que poderiam fazer algo para se tornarem dignos das mesmas. . . . Que ninguém olhe para si, como se tivesse poder para salvar-se. Jesus por nós morreu porque somos impotentes para nos salvar a nós mesmos. NEle está a nossa esperança, nossa (217) justificação, nossa justiça” [Patriarcas e Profetas, pág. 431). “Olhai e vivei. Jesus empenhou Sua palavra; Ele salvará todos os que a Ele se cheguem. Embora milhões que necessitam ser curados irão rejeitar Sua misericórdia que é oferecida, nenhum dos que confiam em Seus méritos será deixado a perecer. . . . É nosso dever primeiro olhar, e o olhar da fé nos dará vida” [idem, pág. 432]. É tão difícil para nós aprender a lição de que há vida em olhar a Cristo e ao Calvário como foi para os israelitas. Desejamos fazer algo para merecer a vida eterna.

Pág. 217 {143} O Resultado do Contemplar. 2ª Coríntios 3:18; João 6:40; 12:31, 32. “Homens santos do passado foram salvos pela fé no sangue de Cristo. Ao contemplaram as agonias das vítimas sacrificais olharam através do abismo das eras ao Cordeiro do Deus que deveria tirar os pecados do mundo” [“Sketches from the Life of Paul”, pág. 242]. “Às portas de Damasco a visão do Crucificado mudou todo o curso de sua vida” [Educação, pág. 65]. “Aproximando-se o pecador da cruz erguida, e prostrando-se junto à mesma, atraído pelo poder de Cristo, dá-se uma nova criação. É-lhe dado um novo coração. Torna-se uma nova criatura em Cristo Jesus. A santidade acha que nada mais há para requerer” [Parábolas de Jesus, pág. 163]. “O orgulho e o egoísmo não podem florescer nos corações que mantêm sempre viva a lembrança das cenas do Calvário.” “As reflexões do Calvário despertarão emoções sensíveis, sagradas, e vivas no coração do cristão” [Testemunhos para a Igreja, vol. 2, pág. 212]. “Encherá a mente, tocará e derreterá a alma, refinará e levantará os afetos, e transformará completamente o caráter inteiro” [idem, pág. 213], (*e Lift Him Up, pág. 35, e lição da escola Sabatina de 16/03/2003).

O Poder da Cruz. 1ª Coríntios 2:2; Gálatas 2:20; 6:14. “Se os pecadores puderem ser levados a contemplar a cruz com zelo, se puderem obter uma visão plena do Salvador crucificado, compreenderão a profundidade da compaixão de Deus e a perversidade do pecado” [Atos dos Apóstolos, pág. 209 no original, *210 na ed. de 1965 da CPB]. “A existência do pecado é inexplicável, por isso nenhuma alma sabe o que Deus é até que se veja na luz refletida da cruz do Calvário e se aborreça como um pecador, na amargura da sua alma” [Testemunhos para Ministros, pág. 264 no original, *265 na ed. de 1979 da CPB]. Remover do cristianismo a cruz, seria como apagar do céu o Sol. ... Sem a cruz não teria o homem nenhuma união com o Pai. Dela depende toda a nossa única esperança. Dela brilha a luz do amor do Salvador; e quando ao pé da cruz o pecador contempla Aquele que morreu para salvá-lo, pode rejubilar-se com grande alegria, pois seus pecados estão perdoados. (218) Ao ajoelhar-se em fé junto à cruz, ele alcançou o mais alto lugar que o homem pode atingir” [Atos dos Apóstolos, pág. 209 no original, *210 na ed. de 1965 da CPB].

Pág. 218 {144} O Remédio Laodiceano. O ponto crucial do remédio para a condição laodiceana do Israel moderno é contemplar a Cristo e Ele crucificado. Enquanto os israelitas faziam a sua volta em torno de Edom tiveram uma visão de Cristo e do Calvário que assinalou o começo de uma marcha vitoriosa em direção à terra prometida. Enquanto o povo do Advento está experimentando o antítipo daquela volta em contorno de Israel, também adquirirão uma visão de Cristo na cruz, e isso marcará o começo de uma marcha triunfante à Canaã celeste. A esterilidade espiritual da sua jornada pelo deserto os atrairá a Cristo como a sua única esperança, e ao Calvário como o único remédio pela devastação e veneno do pecado. Quando a mensagem de contemplar a Cristo como a única esperança do homem estiver sendo dada ao povo remanescente de Deus será evidente que a nossa jornada estará para findar e atingiremos em breve o nosso lar celeste. Assim como Moisés teve de enviar uma mensagem por todo o acampamento de Israel anunciando o remédio para o veneno das serpentes, igualmente uma mensagem será dada ao povo do Advento anunciando o remédio para a condição laodiceana. Esta mensagem se centralizará no Cristo levantado e a Sua justiça. Esta mensagem está sendo dada agora e ela vai se avolumar logo no alto clamor.

Notas desta edição:

1) Números 21:4. “A alma do povo angustiou-se naquele caminho” (Almeida fiel, ou Trinitária). “Por quarenta anosos israelitas tinham se acostumado à vida no deserto, mas este distrito pelo qual eles estavam agora passando é, por descrição de viajantes, desolado e repelente em extraordinário grau” (The Pulpit Comentary, vol 2, pág. 276). Não é de se admirar, portanto, que “o povo ficou impaciente por causa da jornada.” “Esta seria uma longa e difícil jornada, através de um dos mais cruéis territórios no mundo. Era também o pior tempo possível do ano para se empreender tal longa jornada. Comparando Números 33:38 com 20:29, sabemos que esta jornada começou por volta do sexto mês do quadragésimo ano da partida do Egito, o que, a grosso modo, seria o verão ou outono do ano 1407 a.C. [The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible, vol. 4., pág. 407]. Esta estação seria uma das mais quentes e probantes para se caminhar” [The Pulpit Commentary, vol. 2, pág. 272].

2) Apoc. 3:20, nas versões em português, inicia com “Eis...”,Eis que estou à porta... O Pastor Taylor Bunch, usando a KJV, traduz no parágrafo acima “Behold,” literalmente, “contemple”. Em português, quer como advérbio ou como interjeição “eis” tem também o mesmo sentido, “vede”, “aqui está”, “aqui tens.” A formação deste termo teve origem numa deturpação de “Vês”, do verbo ver, ou de “Heis” do verbo haver.

João usa o mesmo termo apontando para Jesus, “Eis [behold] o Cordeiro de Deus” (João 1: 29). Ele está dizendo, “Contemplem o cordeiro de Deus” pois Ele “tira o pecado do mundo.”

Ellen G White também usa este termo neste mesmo sentido: "Fale às almas em perigo e faça-as olharem (*behold) para Jesus sobre a cruz, morrendo, para ser possível a Eleperdoar" (Lift Him Up, pág. 126);

"Aquele que contempla (*beholds) o incomparável amor do Salvador, será elevado em pensamento, purificado no coração, transformado no caráter" (O Desejado de Todas as Nações, pág. 661).

Agora, voltando à figura tipológica, lemos, "Os israelitas salvaram suas vidas por olharem para a serpente levantada. Aquele olhar envolvia fé. ... Assim o pecador pode olhar para Cristo e viver. ... Diferente do símbolo inerte e sem vida, Cristo tem poder e virtude em Si mesmo" (Patriarcas e Profetas, pág. 431), e Ele estyá desejoso de comunicar-nos Seu poder.


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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Capítulo 28 — O Contorno por Edom

O Êxodo e os Movimentos do Advento

em Tipo e Antítipo, por Taylor G. Bunch, escrito em 1937.

Postado em 25/11/09 no blog http://agape-edicoes.blogspot.com

Capítulo 28 — O Contorno por Edom

Pág. 203 {134} Segunda Derrota. Na segunda vez em Cades-Barneia, “a porta para a terra prometida”, Israel foi derrotado no seu esforço de entrar em Canaã. Nas águas de Meribá Satanás tinha triunfado novamente no seu plano para frustrar o objetivo de Deus para o Seu povo. “Desde que saíram do Egito, estivera Satanás constantemente em atividade para criar obstáculos e tentações em seu caminho, para que não herdassem Canaã. E pela sua própria incredulidade eles tinham aberto a porta repetidamente, para resistir ao propósito de Deus”. [Patriarcas e Profetas, pág. 423]. A causa do fracasso foi a mesma que os manteve fora 38 anos antes. “Não puderam entrar por causa da sua incredulidade” [Hebreus 3:19].

Lições Não Aprendidas. O principal objetivo da jornada pelo deserto foi ensinar aos israelitas lições de fé e paciência para prepará-los para a terra prometida. A conduta deles em Cades-Barneia indicou que essas lições ainda não tinham sido aprendidas. “Em Refidim, quando o povo teve sede, revelaram-se novamente orgulhosos, e mostraram que ainda possuíam um mau coração de descrença, de murmuração, de rebelião, o que revelava o fato que ainda não era seguro estabelecê-los na terra de Canaã” [Testemunhos para a Igreja, vol. 2, pág. 107]. Os israelitas e os seus líderes não conseguiram superar as provas de fé e paciência e foram enviados de volta ao deserto novamente.

O Propósito de Deus. Era intenção de Deus conduzir O Seu povo pela terra de Edom numa marcha triunfante para Canaã. O Senhor lhes teria dado favor para com os edomitas que eram descendentes de Esaú, e por isso, seus parentes. “Tivessem eles passado por Edom desta maneira, como era o propósito de Deus, a passagem ter-se-ia mostrado ser uma bênção, não somente para eles próprios, mas também para os habitantes da terra. … Mas a incredulidade de Israel impediu que isto acorresse. Deus tinha dado ao povo água, em resposta aos seus clamores, mas permitiu que de sua incredulidade resultasse seu castigo. Novamente deviam cruzar o deserto e saciar sua sede pela fonte miraculosa, o de que não mais teriam necessidade caso houvessem confiado nEle[Patriarcas e Profetas, pág. 424].

Pág. 204 {134} Um Contorno. Números 20:21,22; 21:4. A segunda jornada no deserto não foi tanto uma retirada, mas um contorno em redor de Edom, pela qual Deus tencionava conduzi-los. “Aos hebreus foi vedado fazer uso de força. Deveriam fazer a longa jornada ao redor da terra de Edom. Quando o povo fora provado, se tivesse confiado em Deus, o Capitão da hoste do Senhor os teria levado através de Edom, e o temor deles teria repousado sobre os habitantes da terra, de modo que, em vez de manifestarem hostilidade, ter-lhes-iam mostrado favor. Mas os israelitas não agiram prontamente à Palavra de Deus, e, enquanto estavam reclamando e murmurando, a oportunidade áurea passou” [Patriarcas e Profetas, págs. 422, 423. “Consequentemente as hostes de Israel volveram-se novamente ao Sul, e percorreram um caminho estéril e desabitado, que parecia mesmo mais enfadonho depois de um relance aos pontos verdejantes entre as colinas e vales de Edom” (idem, pág. 424].

Triste Experiência. Podemos imaginar bem a melancolia que se instalou sobre as hostes de Israel, ao novamente darem suas costas à {135} terra prometida sem saberem a extensão da sua segunda jornada no deserto, ou das dificuldades da sua viagem. Moisés e Aarão devem ter tido o coração quase partido ante o pensamento das terríveis previsões e especialmente de seu próprio fracasso em superar as provas de paciência. E também, Miriã, sua irmã, tinha morrido em Cades-Barneia. O primeiro acampamento parece ter sido junto ao Monte Hor, um dos picos de montanha de Seir. Aqui, sob a ordem de Deus, as vestes sacerdotais foram removidas de Aarão e dadas a seu filho, Eleazar, e Aarão, com Moisés e Eleazar, subiram ao topo da montanha e ali morreu (*Arão), sendo enterrado por seu irmão e pelo seu filho. Pode ser que a amarga decepção, somada ao remorso do seu próprio fracasso, apressaram a morte de Aarão. A combinação de eventos e circunstâncias junto com o conhecimento da aproximação de sua própria morte, sem o privilégio de conduzir Israel até a terra prometida, certamente entristeceram a vida de Moisés.

Pág. 204 {135} Uma Dura Marcha. (*“... a alma do povo angustiou-se naquele caminho”) Números 21:4. Este texto indica que a viagem em torno de Edom foi muito triste e desanimadora. É-nos dito que o caminho era por sobre uma planície cheia de pedras, arenosa e quase estéril, cercada por paredes de montanhas de ambos os lados, e (205) sujeita a violentas tempestades de areia [“Pulpit Commentary”, *vol. 2, pág. 272]. “Ao eles continuarem a sua jornada em direção ao Sul, sua rota era através de um vale quente, arenoso, sem sombra ou vegetação. O caminho parecia longo e difícil, e sofriam cansaço e sede. Novamente falharam em suportar a prova de sua fé e paciência. Ocupando-se continuamente com os aspectos escuros de suas experiências, se separaram mais e mais de Deus. Perderam de vista o fato de que se não tivessem murmurado quando cessou a água em Cades, ter-lhes-ia sido poupada a jornada em redor de Edom” [Patriarcas e Profetas, pág. 428].

Pág. 205 {135} Autoconfiança. Durante a viagem em volta de Edom os israelitas tiveram uma experiência que constituiu um aviso contra jactância e autoconfiança. Eles foram atacados e derrotados por uma nação dos cananeus. Estavam, então, recuando da direção de Canaã e ficaram certamente muito desanimados para uma luta decidida, e demasiado destituídos de fé em Deus. Humilhados por esta derrota eles buscaram a ajuda divina e seus inimigos foram derrotados. Ficaram então demasiadamente confiantes e jactanciosos e tomaram a glória para si próprios. “Esta vitória, em vez de inspirar gratidão, e levar o povo a sentir sua dependência de Deus, os fez jactanciosos e presunçosos. Logo caíram no velho hábito de murmurar. Estavam agora descontentes porque aos exércitos de Israel não fora permitido avançar contra Canaã imediatamente depois de sua rebelião devido ao relato dos espias, quase quarenta anos antes. Declararam que sua longa peregrinação pelo deserto fora uma demora desnecessária, arrazoando que poderiam ter conquistado seus inimigos tão facilmente naquele tempo como agora.” [Patriarcas e Profetas, pág. 428]. Ver Números 21:1-3.

Tempo de Retardamento. A segunda derrota do Israel em Cades não anulou o plano e propósito de Deus, mas retardou o seu cumprimento. O primeiro fracasso resultou num atraso e longo tempo de espera, que durou quase quarenta anos enquanto Israel jornadeava pelo deserto. O segundo fracasso, no mesmo lugar e pela mesma causa, resultou noutro atraso, ou tempo de espera no cumprimento do propósito de Deus para Israel. Este atraso, contudo, foi de breve duração em comparação (206) com o primeiro. Foi o resultado de um roteiro de contorno, e não uma retirada.

Pág. 206 {136} O Movimento do Advento. A hesitação do povo do Advento para aceitar plenamente a mensagem de 1888, ao ser repetida, está derrotando o propósito de Deus de derramar o Espírito Santo na chuva serôdia e “completará a obra e abreviá-la-á em justiça” (*Numa paráfrase de Isaias 10:22, Paulo diz, “uma destruição está determinada, transbordando em justiça”, Rom. 9:28). Não só têm o povo remanescente de Deus sido hesitante sobre a aceitação da mensagem de origem celeste que deve prepará-los para a trasladação, mas muitos têm manifestado decidida e até, em alguns casos, amarga oposição. Como predito, alguns dos opositores da mesma mensagem em 1888 revelaram “o mesmo espírito” novamente e manifestaram as mesmas “detestáveis características” que os levou a rejeitar a mensagem e desprezar os mensageiros naquela crise momentosa. Por mais de doze anos agora (*escrito em 1937) a mensagem à igreja laodiceanaa tem sido pregada com ênfase na necessidade da justiça imputada e comunicada de Cristo, e até aqui a aceitação tem sido morna, e a rica experiência espiritual pedida foi recebida somente por poucos.

O Propósito de Deus. Não pode haver nenhuma dúvida de que a repetição da mensagem que trouxe o Movimento do Advento às fronteiras da Canaã celeste, em 1888, levou o povo remanescente de Deus de volta ao mesmo lugar. A mesma mensagem também nos trouxe face a face com as mesmas questões e prova de fé. Era, portanto, propósito de Deus terminar rapidamente a Sua obra e conduzir o Movimento do Advento triunfantemente ao descanso celeste. Aqueles que pregaram a mensagem, e aqueles que a aceitaram, tinham certeza de que a obra seria terminada em apenas alguns anos. A mensagem laodiceana explicava plenamente a condição espiritual da Igreja e as razões do longo atraso para a vinda de Cristo, e o remédio laodiceano, tão apropriadamente preenche as necessidades espirituais do povo remanescente de Deus, que nenhum verdadeiro adventista do sétimo dia pode duvidar ser este o último chamado de Cristo a Seu povo.

Reavivamentos Espirituais. A repetição da mensagem de 1888 trouxe uma repetição dos abençoados resultados nas vidas daqueles que a aceitaram e estabeleceram a experiência da justiça imputada e comunicada de Cristo. O reconhecimento (207) de nossa miserável condição laodiceana e a aceitação pela fé do ouro da fé e amor e verdade, as vestes da justiça de Cristo, e a unção do Espírito Santo, trouxeram grandes reavivamentos em todas as partes do mundo onde a mensagem foi pregada. A mensagem trouxe nova esperança e gozo aos cansados peregrinos do Advento, muitos dos quais estavam se tornando “muito desanimados por causa do caminho” e lançando longe a sua confiança. O chamado para um “reavivamento espiritual e uma reforma espiritual” com base na mensagem laodiceana elimina qualquer dúvida, explica muitas questões enigmáticas, e mostra o caminho para fora do terrível deserto do pecado no qual o Movimento do Advento tem estado a vagar por tanto tempo num “miserável, e pobre, e cego e nu” estado espiritual.

Pág. 207 {136} Águas da Contenda. É-nos dito que a mensagem laodiceana e o chamado para reavivamento e reforma despertarão a ira do inimigo que fará todo esforço para detê-lo, causando sua oposição e rejeição. “Não há nada que Satanás tema tanto quanto que o povo de Deus prepare o caminho removendo todo obstáculo para que o Senhor possa derramar O seu Espírito Santo sobre uma Igreja que definha e uma congregação impenitente. Se Satanás pudesse, nunca haveria outro despertamento, grande ou pequeno, no tempo do fim. Mas não somos ignorantes de seus ardis. É {137} possível resistir ao seu poder. Quando o caminho estiver preparado para o Espírito de Deus, as bênçãos virão. Satanás não mais poderá impedir que uma chuva de bênçãos desça sobre o povo de Deus mais do que pode fechar as janelas do céu a fim de que a chuva não se precipite sobre a terra.” “Satanás fará o possível para mantê-los num estado de indiferença e estupor” [Review and Herald de 22 de março de 1887, e 22 de novembro de 1902. Citado em “Cristo Nossa Justiça”, págs. 149, 160]. A mensagem laodiceana, portanto, sempre traz o povo de Deus “às águas da contenda” (*Num 20:13 e 24; Sal.106:32; 81:7).

Pág. 207 {137} A Sacudidura. É a oposição à mensagem laodiceana que produz a sacudidura entre o povo de Deus e separa o joio do trigo. “Perguntei sobre o significado da sacudidura que tinha visto, e foi mostrado que seria causada pelo testemunho direto expresso no conselho da Testemunha Verdadeira à igreja de Laodicéia. Isto produzirá efeito no (208) coração do que o receber, e o levará a empunhar a bandeira e propagar a verdade direta. Alguns não suportarão esse testemunho direto. Se levantarão contra ele, e isto é o que causará a sacudidura entre o povo de Deus. Vi que o testemunho da Testemunha Verdadeira não teve a metade da atenção que deveria receber. O solene testemunho, do qual depende o destino da igreja, tem sido levianamente apreciado, se não totalmente desprezado. Tal testemunho deve operar profundo arrependimento; todos os que verdadeiramente o recebem o obedecerão e serão santificados” [Primeiros Escritos, pág. 270].

Pág. 208 {137} Satanás Desesperado. Satanás sabe que o seu tempo é curto e ele, por isso, está ficando desesperado nos seus esforços para retardar o triunfo final do Movimento do Advento. Ele sabe que a aceitação da mensagem laodiceana, com o seu remédio completo, é o único meio pelo qual o povo remanescente de Deus pode receber a chuva serôdia e entrar na Canaã celestial. Ele, por isso, odeia a mensagem laodiceana e todos quantos a aceitam e a pregam, especialmente estes que a pregam. “Os ardis de Satanás são armados para nós tão certamente quanto o foram para os filhos de Israel pouco antes da sua entrada na terra de Canaã. Estamos repetindo a história daquele povo” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 160]. É de admirar que a repetição da mensagem de 1888, trouxe o Movimento do Advento “às águas da contenda?” (*Num. 20:13, 24; Sal.106:32).

Aversão a Divisão. Não há nada que os genuínos cristãos mais aborreçam do que luta e divisão, e isto é especialmente verdadeiro quanto aos líderes da Igreja. Conquanto saibamos que deve haver uma sacudidura na Igreja, antes que a chuva serôdia caia, e a obra seja concluída, e que esta sacudidura é resultado da pregação da mensagem laodiceana, entretanto é natural que devamos temer ver isto vindo. Há, por isso, uma tentação forte de evitar o que produza oposição e luta, e diluir o “testemunho direto” de modo a apaziguar a ira do inimigo e acalmar as águas agitadas de luta e oposição. Esta tentação é tão grande que muitos deixam completamente de pregar a mensagem, ou, vendo o que acontece àqueles que a pregam, nunca começam. Uma das características mais desanimadoras da presente situação é que centenas e até milhares dos nossos ministros reconhecem que a mensagem laodiceana é a única esperança do povo remanescente de Deus, mas não a pregam, ou se o fazem, é só (209) ocasionalmente e então com a grande timidez e numa atitude apologética. Nossos líderes e ministros precisam de coragem proporcional às suas convicções.

Pág. 209 {138} Orem por Coragem. É por essa razão que os ministros são instruídos a orar seriamente por coragem para pregar a mensagem laodiceana. “Não havereis de buscar mui humildemente a Deus, para que possas dar a mensagem de Laodicéia com claro e distinto dom da palavra? Onde estão os vigias de Deus que verão o perigo e dêem a advertência? Tenha certeza de que há mensagens a vir de lábios humanos, sob a inspiração do Espírito Santo. “Clama em alta voz, não te detenhas, ... anuncia ao Meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó, os seus pecados. Todavia, Me procuram cada dia, ... como um povo que pratica a justiça e não deixa o direito do seu Deus” [Testemunhos para Ministros, pág. 296]. Esta afirmação indica que a grande “transgressão” do povo remanescente de Deus é a condição laodiceana, e que são os pregadores da mensagem laodiceana que “clamam em alta voz” e “não se detêm” em revelar-lhes os seus pecados, veja Isaías 58:1,2. A aceitação desta mensagem trará as bênçãos preditas no verso 8. Isto é a chuva serôdia.

Deve ser Pregada. A mensagem laodiceana é absolutamente essencial e precisa ser proclamada. É a mensagem “sob a qual o destino da igreja depende.” Não ousemos negligenciar nosso dever como as atalaias de Deus. “Foi-me mostrado que o testemunho claro deve viver na igreja. Isto somente responderá à mensagem aos laodiceanos. Os erros devem ser reprovados, o pecado deve ser chamado por seu nome, e a inquidade deve ser enfrentada pronta e decididamente, e removida dentre nós como um povo” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 260]. “O testemunho claro, direto deve viver na Igreja, ou a maldição de Deus repousará sobre O Seu povo tão seguramente quanto fez com o Israel antigo por causa dos seus pecados. … Se os líderes da igreja negligenciarem descobrir diligentemente os pecados que trazem o desprazer de Deus sobre o corpo (*da igreja), ficam responsáveis por esses pecados” [idem, pág. 269]. “Os ministros que estão pregando a verdade presente não devem negligenciar a mensagem solene aos laodiceanos. O testemunho da Testemunha Verdadeira não é uma mensagem suave. … A Testemunha Verdadeira declara que quando você supõe estar realmente numa boa condição de prosperidade, você tem necessidade de tudo” [idem, pág. 257].

Pág. 210 {138} Atraso Adicional. A hesitação tanto de líderes quanto do povo do Movimento do Advento para aceitar a segunda chamada para reavivamento e reforma, resultou num segundo atraso ou tempo de espera. A rejeição não foi tão completa nem a crise tão grande como a que teve lugar há quarenta anos (*refere-se a 1888, pois foi escrito em 1937). O resultado dificilmente se poderia chamar um recuo, mas é pelo menos uma volta em contorno que temporariamente derrota os propósitos de Deus e retarda o triunfo do movimento. Podemos regozijar-nos pelo fato de que no tipo o atraso não foi longo e que a jornada em volta de Edom trouxe experiências ao Israel antigo que os preparou para uma marcha triunfante à terra prometida. A mensagem laodiceana está sendo novamente soada e está ganhando progresso em todas as partes do Movimento do Advento e podemos ser assegurados de que dias mais brilhantes estão adiante; e logo “não haverá mais tardança” e em “porque ainda um pouquinho de tempo, e O que há de vir, virá, e não tardará” (*Heb. 10: 37), ou não mais tardará. Anime-se cansado peregrino do Advento “pois a vossa redenção está próxima” (*Lucas 21:28).


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