Para 29 de
agosto e 5 de setembro de 2015
Atos 2:44-47 e 4:34-37 não pode ser entendido sem uma
compreensão de Atos 2:36-39. As duas primeiras passagens nos capítulos 2 e 4
descrevem a generosidade da Igreja primitiva e sua resultante atividade em
ajudar os necessitados. É uma perversão do evangelho pensar que por nos
envolvermos em atos altruístas nos tornamos mais justos e ganhamos o favor de
Deus. Não há nenhuma evidência para sugerir que os membros da igreja primitiva
fossem inicialmente motivados por tal egoísmo, mas isso se introduziu mais tarde.
A sequência do sermão de Pedro registrado em Atos 2:36-39 é
a chave. Ele concluiu o seu discurso afirmando sem rodeios, “este Jesus, que vós crucificastes”.
Isso não poderia ter sido uma ideia agradável, mas ouvir isso ativou suas
consciências (“compungiram-se em seu
coração”, vs. 37) e quiseram saber o que fazer. Pedro lhes disse para se
arrependerem, ou se afastarem dos seus pecados e recebessem o perdão e o dom do
Espírito Santo.
Nunca é demais ressaltar esta sequência porque ações
externas motivadas por um medo egoísta de castigo ou esperança de recompensa
não são do Espírito Santo. Só a percepção de que nossos pecados crucificaram o
Filho de Deus resulta em verdadeiro arrependimento, que é, portanto, um dom de
Deus, algo que não acumulamos. Uma vez entendamos esta mudança de coração pelo
batismo, Pedro nos diz que vamos receber o Espírito Santo (Atos 2:38). Ele
confirma isso no versículo 39, quando diz, “pois
a promessa é para vós . . .” A quem está ele falando? O versículo 14 diz
que Pedro está falando para “Homens da
Judeia e a todos os que vivem em Jerusalém . . .”, judeus e gentios. O que
é essa promessa? O versículo 38 torna inconfundível; é o dom do Espírito Santo.
Há alguns que acreditam que o papel do Espírito Santo é
produzir justiça em nós pelo processo de santificação, e é esta a justiça que
nos salva. Este é um erro sutil, mas perigoso. É a convicção do pecado,
sussurrada ao pecador pelo Espírito Santo, que desperta a consciência. A
decisão de submeter-se não tem nenhum mérito, e não é o que salva, é o
sacrifício de Cristo que salva.
Assim, devemos sempre olhar para a cruz para a nossa
salvação, e nada mais. Sendo que a cruz é tão importante até mesmo para
levar-nos a ver a nossa necessidade de perdão Satanás sempre procurou confundir
o seu apelo. No Jardim do Éden o Criador tinha dito claramente a Adão e Eva que
se eles pecassem, “no dia” de sua
transgressão “certamente morrereis”
(Gên. 2:17). O que Ele disse tem exatamente esse sentido. Foi o diabo que a Ele
contradisse categoricamente dizendo-lhes: “Certamente
não morrereis” (Gên. 3: 5). Esta ideia tornou-se não só a pedra angular da
religião pagã, mas a partir de então, tem-se infiltrado na doutrina de muitas
igrejas cristãs. Isso prejudica e encobre a importância da cruz. Contradiz
evidentemente as declarações das Escrituras, “Cristo morreu pelos ímpios”, e “Cristo
morreu por nós” (Rom. 5:6,8).
Em outras palavras, a forma como Satanás quer que entendamos
é que Cristo realmente não morreu por nós de modo algum. Ele simplesmente
suportou a dor física em que foi sustentado por todo o evento pela certeza de
que nada tinha a arriscar, nada a perder, uma vez que não podia realmente
morrer. Se tão logo ao dizer “Está
consumado” Ele fosse para o céu, isso não seria um sacrifício tão
impressionante.
Mas quando percebemos que Cristo “Se identificou com a
humanidade, com laços que jamais podem ser quebrados”, podemos apreciar o que
Ele arriscou para no salvar. Esta humanidade foi aquela sobre que Deus disse
que “certamente morrerás” se pecasse.
Foi essa “segunda morte” que Jesus
experimentou. “Ele, pela graça de Deus,
provou a morte por todos” (Hebreus 2:9). Uma vez que a provou por todos,
este sono a que chamamos de morte não pode ser o que Ele “provou”, porque quase todo mundo prova esse tipo de morte por si
mesmo.
Mas ainda assim, o que foi tão diferente sobre essa morte
que Cristo estava morrendo para que os pecadores não tenham que prová-la? A
taça que Ele bebeu foi algo que nenhum outro ser humano antes ou desde então
jamais provou. Ele quase não sentiu a dor física na cruz, tão terrível foi o
intenso sofrimento de alma que causou um suor de sangue no Getsêmani e, por
último, literalmente partiu-Lhe o coração. “Afrontas
me quebrantaram coração, e estou fraquíssimo” (Salmo 69:20). Ao longo da
vida terrena de Cristo, Ele recebeu lembretes de Seu Pai celestial de que Ele
era amado e aprovado. Mas no final da experiência da cruz, foi-Lhe dado
sentir-Se completamente desprezado e rejeitado. Cristo precisou ser deixado
para Se sentir abandonado a “pisar o lagar sozinho”, assim
temerosamente.
Mas, embora a esperança tenha morrido, o amor resistiu. O
Salmo 22 diz como Jesus recorda que Seus antepassados obtiveram respostas quando eles oravam. Por que não podia Ele? Finalmente disse: “Mas eu sou
verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo. . . . eu clamo de
dia, e tu não me ouves” (vs. 4-6, 2).
Esse é um sentimento terrível, desesperado. Quando você
sente que ninguém se importa, especialmente Deus, o desespero é destilado em
seu veneno final, mortífero. A raiva para com Deus vem naturalmente. A verdade
é que nenhum ser humano, a não ser Cristo, teve que lidar com isso desde o
começo do mundo, mas é de pouca ajuda quando se sente haver uma separação
irreparável entre você e Deus. Se Cristo tivesse permanecido naquele desespero,
poderia ter tomado o conselho da esposa de Jó, “maldize a Deus e morre”. Mas Sua missão era encontrar uma maneira
de superar o negro abismo, Ele devia atingir uma expiação, uma reconciliação.
Mesmo que o Pai O abandonasse, Ele não abandonará o Seu Pai.
Mais uma vez, o Salmo 22 nos diz o que aconteceu. Sua mente remonta a Sua
infância humana em Belém. Embora agora “não
ouves”, contudo “Tu és o que me tiraste do ventre; fizeste-Me confiar,
estando aos seios de Minha mãe. Sobre Ti
fui lançado desde a madre”. Torturado em espírito, Ele se baseia nos
acontecimentos em Sua vida que provam o cuidado do Pai por Ele. Se Deus ouviu
as orações de “nossos pais” e se Ele protegeu-Me, certamente Ele não vai se
afastar agora.
A pior coisa que Cristo poderia ter feito ao estar pendurado
ali, sentindo-Se totalmente abandonado, foi lembrar de todas as coisas dignas
que tinha feito durante a Sua vida humana que fariam o Seu Pai considerá-Lo
digno de ser salvo. Isso teria sido colocar Sua confiança em si mesmo, e não
nas promessas de Seu Pai. Esta é a luta da fé, a fé de Jesus.
A mensagem de 1888 nos diz inequivocamente que a justiça é
pela fé somente, não por nossas obras. Quando Satanás estava acusando a Jó, ele
disse que Jó O servia somente porque Ele não o tinha abandonado. Ao participar
do sofrimento, Jó demonstrou que estava disposto a recordar a maneira pela qual
Deus o levou no passado a achar sentido em seu sofrimento.
A Inspiração nos diz que “não temos nada a temer do futuro,
exceto se nos esquecermos da forma como o Senhor nos tem guiado, e Seu ensino
em nossa história passada” (General
Conference Bulletin, 1893, *Boletim da Conferência Geral de 1893, pag. 24).
Todos nós, em algum momento de nossas vidas, defrontamos um
momento crítico, grande ou pequeno, que nos faz sentir abandonados por Deus. É
nesse ponto que podemos escolher aceitar a ponte que Cristo nos propiciou por
Sua fé.
Arlene
Hill
A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora
mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina
na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante
Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista
do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street , Reno,
Nevada, USA, Telefone 
001 XX
(775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do
seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro
de 2015, na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church
localizada no endereço:
14919
Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.


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