O CALVÁRIO NO SINAI
A LEI
E OS CONCERTOS
NA HISTÓRIA ADVENTISTA
DO 7º DIA
Por Paulo E. Penno Jr.
M. Div.
Andrews University
[pág. 9]
Capítulo 2,
Waggoner sobre a Lei
Em
1884 E. J. Waggoner estava defendendo que Gálatas 3 lidava com a lei moral.
Citando Gálatas 3:24, que falava do "aio", Waggoner explicou:
"Note que a lei não aponta para Cristo — esse ofício é confiado a algo
diferente — mas nos leva, sim, para Ele como nossa única esperança".1 Os Dez Mandamentos condenam o pecado, mas a lei não
pode salvar. Portanto,
a lei leva o pecador a Cristo.
Este era o entendimento do
artigo do seminário proferido por Waggoner sobre a lei em Gálatas.2 Seus temas seriam mais explorados com respeito aos dois
concertos no futuro. Mas,
por aquelas auturas, não provocara nenhuma controvérsia.
Pode-se
pensar que E.J. Waggoner tomou seu ponto de vista da lei em Gálatas de seu pai,
J. H. Waggoner. No entanto, sua visão da relação da lei moral com os concertos
era muito diferente da visão de seu pai.
E.
J. Waggoner concordou com seu pai que o "aio" em Gálatas 3 era a lei
moral. Mas isso foi tão somente quanto às semelhanças. J. H. Waggoner ensinou
que o velho concerto terminava com Cristo e o novo foi instituído por Cristo.
J. H. Waggoner disse: "Sabemos que a economia do Novo Testamento, ou
concerto data da morte do Testador, o exato ponto em que o velho concerto
cessou".3 Este foi
o dispensacionalismo tipológico com seu foco primariamente no elemento temporal
das duas economias do Antigo e do Novo Testamentos.
E.
J. Waggoner reconheceu o elemento temporal das duas economias do Velho
Testamento e do Novo Testamento. Já em 1881 ele se referia à "dispensação
cristã".4 Falando
do Sábado, ele se referiu a ambas as dispensações: "Se o sétimo dia foi
observado no Paraíso, foi mantido pelos patriarcas, e foi o reconhecido Sábado
de descanso sob toda a dispensação mosaica, todo o tempo que foi perdido deve
ter sido na era cristã, cuja possibilidade será devidamente considerada".5 Na verdade, pelo menos uma vez ele se referiu à
dispensação mosaica como o velho concerto:
“Assim foi em virtude do segundo ou novo concerto que o
perdão foi assegurado àqueles que ofereceram os sacrifícios previstos [pág.10] nas ordenanças do
serviço divino relacionadas com o velho ou primeiro concerto.”6
Mesmo
nisso, ele via os tipos da dispensação mosaica não como um meio de perdão, mas
como uma expressão de fé em Cristo, o Redentor perdoador do pecado. Para E. J.
Waggoner, a necessidade da experiência do coração do novo concerto estava
disponível para as pessoas antes da cruz, bem como depois da cruz.
Assim,
quando Waggoner ensinou a exposição bíblica dos dois concertos como duas
experiências diferentes no plano de salvação, mais tarde [1893] explicou-o
dessa maneira:
“... A ‘dispensação cristã’
começou para o homem logo, pelo menos, a partir da queda. Há, de fato, duas
dispensações, uma dispensação do pecado e da morte, e uma dispensação da
justiça e da vida, mas essas duas dispensações têm corrido paralelas a partir
da queda. Deus lida com os homens como indivíduos, e não como nações, nem de
acordo com o século em que vivem. Não importa qual seja o período da história
do mundo, um homem pode a qualquer momento passar da antiga dispensação para a
nova.”7
E.
J. Waggoner ensinou que os dois concertos da perspectiva do evangelho, eram
mais apropriadamente vistos como condições do coração individual. Essa
perspectiva bíblica precisava da atenção dos adventistas. O dispensacionalismo
tipológico do velho e do novo concertos era uma perspectiva bíblica, mas não a
única.
E.
J. Waggoner estava plenamente consciente do potencial de controvérsia que a
exposição da experiência do coração da lei e os concertos poderia ter dentro da
denominação. Mais tarde, o Pastor William C. White [1890] escreveu sobre uma
conversa privada que ele e E. J. Waggoner tiveram sobre o assunto. O pastor
White escreveu a Dan T. Jones, então secretário da Associação Geral:
“Quanto à
controvérsia sobre a lei em Gálatas, nunca tomei partido, ou assumi a posição
nesta matéria que o irmão Butler supôs, ou que parece que você pensou que eu
tivesse acatado por declarações em sua carta. Na primavera de 1885, enquanto
andava no bosque com o irmão [E. J.] Waggoner, ele apresentou dois pontos sobre
os quais estava perplexo. O primeiro era a aparente necessidade de tomar
posição enquanto proseguia em seu trabalho editorial que estaria em conflito
com os escritos do irmão Canright; o segundo dizia respeito ao ponto na
controvérsia entre os irmãos Smith, Canright, e meu pai [James White] de um
lado, e os irmãos [J. H.] Waggoner e [J. N.] Andrews, do outro: Eu expressei a
minha opinião livremente de que ele e os editores da revista Signs of the Times (Sinais dos Tempos) deveriam
ensinar o que eles acreditavam ser a verdade, se conflitasse com algumas coisas
escritas pelo irmão Canright e outros,. ...8
Nesta
conversa relatada que o pastor William C. White teve com E. J. Waggoner em 1885
é evidente que os irmãos Smith, Canright e Tiago White mantinham a posição de
lei cerimonial em Gálatas 3 e os Pastores J. H. Waggoner e J. N. Andrews
mantinham a posição moral em Gálatas 3.
Havia
opiniões divergentes sobre qual lei era representada pelo "aio" ou
"lei adicionada" em Gálatas 3 no pensamento adventista durante a
década de 1880. Esta tensão existia desde a década de 1850 ainda sem resolução.
Este problema de décadas devia tornar-se uma crise na parte final da década de
1880.
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Notas Finais:
1) E. J. Waggoner, “Under the Law” (Sob a lei) (Continuação), Signs of the
Times (Sinais dos Tempos) de 11 de setembro de 1884),
pág. 554;
2) A série de
palestras proferidas no seminário proferido por Waggoner sobre a lei em
Gálatas, fluiu de 28 de agosto a 18 de setembro de 1884;
3) J. H. Waggoner, “The New Covenant,” (O Novo Concerto) Review and Herald, de 26
de Maio de 1853, pág. 3;
4) E. J. Waggoner, “Precept and Practice,” (Preceito e Prática”) Signs of the Times, 22 de junho de 1881;
5) E. J. Wagoner, “A
Definite Sabbath,” (Um Sábado Definido), Signs of the
Times, de 22 de setembro de 1881,
pág. 427;
6) E. J. Wagoner, "Lição
19. - Hebreus 9: 1-7," Review and Herald, 28 de janeiro de 1890, pág. 62;
7) E. J. Wagoner, “The
Day of Rest,” (O Dia do Descanso) da
revista A Verdade do Presente, de 7
de setembro de 1893, pág. 356;
8) William C. White, carta a
Dan T. Jones, de 8 de abril de 1890.
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