quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Lição12—Organização e unidade da igreja, por Robert J. Wieland



Para 15 a 22 de dezembro de 2018

As únicas vezes em que lemos que Jesus mencionou Sua “Igreja” foram duas—Mat. 16:18 e 18:17. Ele usou a palavra ecclesia, que significa “chamado”, um povo designado e separado do mundo, definido e denominado de um modo que o mundo poderia reconhecer como uma entidade.
Os apóstolos chamavam o antigo Israel de “igreja no deserto” (Atos 7:38), e lemos que Israel era uma organização visível que o mundo podia ver como povo denominado por Deus.
Paulo pensou em uma bela ilustração do que a igreja é - é um "corpo". "Agora sois o corpo de Cristo e os membros em particular ... na igreja" (1Co 12: 12-28). Em sua brilhante representação da relação da igreja e de seus membros com Cristo, Paulo considera a igreja o "corpo de Cristo" que "não é um membro, mas muitos" (v. 27, 14). "Como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros daquele corpo, sendo muitos, são um só corpo: assim também é Cristo" (vs. 12). "Por um só Espírito somos todos nós batizados em um só corpo, ... O corpo não é um membro, mas muitos" (v. 13, 14). Paulo descreve a unidade corporativa da igreja.
Não há um adjetivo em português que possa ser usado para descrever essa relação do corpo com a cabeça ou entre os vários membros do corpo. Por isso, é necessário empregar um derivado latino como adjetivo para descrever esse relacionamento “corporal”: corporativo. (A palavra vem do latim corpus, que significa “corpo”). Por exemplo, “todos os membros daquele corpo, sendo muitos, são um só corpo” (v. 12). Eles implicam um relacionamento corporativo um com o outro.
Em Apocalipse 12 vemos a história da verdadeira Igreja e a identificação da Igreja “remanescente”. Através dos tempos ela é simbolizada como uma “mulher”. Depois dos horrores de 1260 anos de perseguição papal, ela emerge de um túnel, agora identificada como “o remanescente”: “E o dragão irou-se contra a mulher e foi fazer guerra ao remanescente de sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo” (vs. 17).
Com o fim da Idade das Trevas, as invenções começaram a sair de mentes férteis. O horror da escravidão começou a ser abolido; a pequena nação de ex-colônias britânicas começou a prosperar no Novo Mundo; O povo cristão despertou como de um longo sono — a segunda vinda de Cristo estava próxima. O mundo embarcou no que a Bíblia descreve como “o tempo do fim”. Uma preparação para o retorno de Jesus Cristo tornou-se para as pessoas inteligentes uma razoável “bem-aventurada esperança”. Através da inequívoca liderança divina, a mensagem começou a ir a todo o mundo.
Corações responderam e pessoas capazes fizeram coisas. Claramente abençoado pelo Espírito Santo, uma mensagem unindo o evangelho de Jesus com os ideais de vida saudável realizava maravilhas para pessoas cansadas e doentes; a melhor instituição de saúde do mundo (para a época) foi estabelecida em Battle Creek, Michigan, onde até mesmo a realeza europeia atravessava o Atlântico para ir lá. Ali foi criada a melhor editora cristã do “Ocidente”. O que os apóstolos após o Pentecostes ansiavam, parecia estar a ponto de ocorrer. Uma sensação solene, porém alegre, de que o mundo havia entrado no Dia da Expiação cósmica, conquistou corações em todo o mundo. A “bendita esperança” do iminente retorno de Cristo trouxe à vida aqui em baixo um gosto do céu.
Por um século e meio, essa Igreja foi identificada por inspiração divina como a denominação adventista do sétimo dia, que teve suas raízes no Grande Desapontamento de 1844 e nas reformas que se seguiram nas décadas seguintes, até sua organização formal em 1863. Através dos anos da longa vida de Ellen White, ela constantemente identificou a Igreja Adventista do Sétimo Dia como aquele “remanescente”. No entanto, mesmo nos dias de hoje, havia líderes e pastores infiéis que ensinavam o erro e até a apostasia, a quem ela repreendia, corrigia e às vezes até denunciava.
Em seguida, descobriu-se que a mensagem de Cristo para a sétima Igreja da história tornou-se aplicável: a igreja era “Laodiceia,” aquela cuja mundana mornidão fez o Senhor sentir até  náuseas a ponto de sentir vontade de a vomitar (Apo. 3:14-21). Agora, uma batalha se desenrola na mente e coração das pessoas: essa última organização é um “corpo de Cristo” condenado a um fracasso final? Ou um arrependimento corporativo é possível (e seguro)? O sonho pode ser recuperado?
A Assembleia da Associação Geral de 1888 nos leva aos nossos tempos modernos; aprendemos que os nossos próprios irmãos virtualmente “rejeitaram a Cristo” e “insultaram”1 o Espírito Santo em reações negativas contra a mensagem que foi o “começo” da chuva serôdia. Isso também ocorreu antes de qualquer um de nós nascer; mas não basta escrever essa história como passada e não perceber como faríamos o mesmo se tivéssemos a “oportunidade” a menos que nos arrependêssemos especificamente desse pecado.
O próprio Senhor, não uma comissão oficial nem um ministério independente, irá “sacudir” essa Igreja, limpá-la e purificá-la. Mas Ele tem que ter agentes humanos com quem trabalhar. A razão pela qual os eventos finais ainda não ocorreram pode muito bem ser que aqueles que “suspiram e gemem” estão fazendo isso negativamente, em vez de positivamente. “Suspirar e gemer” não significa torcer as mãos em desespero; significa fazer algo para ajudar. De nós mesmos somos impotentes para conter a crescente onda do mal, mas podemos procurar salvar cada alma que nossa esfera de influência puder tocar.
Todos os crentes em Cristo precisam da disciplina da comunhão com um número maior de irmãos e irmãs cuja associação pode ser usada pelo Espírito Santo para amadurecer sua experiência cristã. (O Senhor vê que um caminho que devemos aprender é “reunir calor” com “a frieza dos outros”2).
Que supliquemos ao Senhor, neste tempo de purificação do santuário, que nos conceda o precioso dom do arrependimento corporativo — discernimento para ver como os pecados dos outros seriam nossos pecados, exceto pela graça de um Salvador; discernir como poderiam ser nossos pecados se estivéssemos sujeitos às mesmas pressões e tentações que eles tiveram que enfrentar. Precisamos da justiça de Cristo em 100%, não menos. Quando Ele tem um povo que pode humilhar seus corações diante do céu, Ele pode começar a trabalhar.
A questão fundamental é o arrependimento denominacional. A “noiva” de Cristo é repetidamente declarada Sua Igreja. Ela tem sido infiel ao seu verdadeiro amante, mas pode se arrepender. Muitos na liderança têm mantido por décadas que “nós” não precisamos de tal arrependimento; outras pessoas em desespero sustentam que o arrependimento denominacional é necessário, mas impossível. Mas Cristo pede por isso; Sua vindicação exige isso; nossa história demonstra a necessidade disso; e a profecia assegura isso.
Parece impossível que um espírito de contrição seja derramado sobre uma liderança congestionada pela complexidade organizacional? Quanto mais envolvida a Igreja se torna com suas numerosas entidades, maior é o perigo de seu enorme eu coletivo sufocar os simples e diretos sussurros do Espírito Santo. Cada indivíduo que captura uma visão é tentado a sentir que suas mãos estão amarradas — o que pode fazer? O grande monólito organizacional, permeado de formalismo e indiferença, parece se mover apenas no ritmo de um caracol. Além deste “Espírito de graça e súplica”, quanto mais nos aproximamos do fim dos tempos e quanto maior a Igreja se torna, mais complexo e congestionado é o seu movimento, e mais remota parece a perspectiva de arrependimento.
Mas não nos esqueçamos do que a Bíblia diz. Precisamos lembrar que, muito antes de desenvolvermos nossos sistemas intricados de organização eclesiástica, o Senhor criou sistemas de organização infinitamente mais complexos, e ainda assim “o espírito ... estava nas rodas” (Eze. 1:20). Nosso problema não é a complexidade da organização; é o amor coletivo de si mesmo. E a mensagem da cruz pode resolver isso!

--Dos escritos de Robert J. Wieland

Notas finais:                                                        
1) Exemplos de Ellen White do uso desta sexpressões são: Conselhos a escritores se editores, pág. 30; Through Crisis to Victory (de Crises à vitória) págs: 279, 280, 290, 301; Testemunhos para ministros e obreiros evangélicos, págs 96, 97, 294; Fundamentos da Educação Cristã, pág. 472; Ms 42, 1890;  

2) Ellen G. White, Testemunhos para a igreja, vol 5, pág. 136

Notas:                                                         
Veja, em inglês, o vídeo desta 12ª lição do 4º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/HDHtBxc4VkY

Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm
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Biografia do autor
O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. Autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu a vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na igreja local.
É autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Associação Geral:
1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e
2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones, pois eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White.
38 anos depois, em 1988, a Associação Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888.
Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido
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Atenção: Asteriscos indicam acréscimos do tradutor
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