Para 15 a 22 de dezembro de 2018
As únicas vezes em que lemos que Jesus mencionou Sua “Igreja”
foram duas—Mat. 16:18 e 18:17. Ele usou a palavra ecclesia, que significa “chamado”, um povo designado e separado do
mundo, definido e denominado de um modo que o mundo poderia reconhecer como uma
entidade.
Os apóstolos chamavam o antigo Israel de “igreja no
deserto” (Atos 7:38), e lemos que Israel era uma organização visível que o
mundo podia ver como povo denominado por Deus.
Paulo pensou em uma bela ilustração do que a igreja é
- é um "corpo". "Agora sois o corpo de Cristo e os membros em
particular ... na igreja" (1Co 12: 12-28). Em sua brilhante representação
da relação da igreja e de seus membros com Cristo, Paulo considera a igreja o
"corpo de Cristo" que "não é um membro, mas muitos" (v. 27,
14). "Como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros daquele
corpo, sendo muitos, são um só corpo: assim também é Cristo" (vs. 12).
"Por um só Espírito somos todos nós batizados em um só corpo, ... O corpo
não é um membro, mas muitos" (v. 13, 14). Paulo descreve a unidade corporativa da igreja.
Não há um adjetivo em português que possa ser usado
para descrever essa relação do corpo com a cabeça ou entre os vários membros do
corpo. Por isso, é necessário empregar um derivado latino como adjetivo para
descrever esse relacionamento “corporal”: corporativo.
(A palavra vem do latim corpus, que
significa “corpo”). Por exemplo, “todos os membros daquele corpo, sendo muitos,
são um só corpo” (v. 12). Eles implicam um relacionamento corporativo um com o
outro.
Em Apocalipse 12 vemos a história da verdadeira Igreja
e a identificação da Igreja “remanescente”. Através dos tempos ela é
simbolizada como uma “mulher”. Depois dos horrores de 1260 anos de perseguição
papal, ela emerge de um túnel, agora identificada como “o remanescente”: “E o dragão irou-se contra a mulher e foi
fazer guerra ao remanescente de sua semente, os que guardam os mandamentos de
Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo” (vs. 17).
Com o fim da Idade das Trevas, as invenções começaram
a sair de mentes férteis. O horror da escravidão começou a ser abolido; a
pequena nação de ex-colônias britânicas começou a prosperar no Novo Mundo; O
povo cristão despertou como de um longo sono — a segunda vinda de Cristo estava
próxima. O mundo embarcou no que a Bíblia descreve como “o tempo do fim”. Uma
preparação para o retorno de Jesus Cristo tornou-se para as pessoas inteligentes
uma razoável “bem-aventurada esperança”. Através da inequívoca liderança
divina, a mensagem começou a ir a todo o mundo.
Corações responderam e pessoas capazes fizeram coisas.
Claramente abençoado pelo Espírito Santo, uma mensagem unindo o evangelho de
Jesus com os ideais de vida saudável realizava maravilhas para pessoas cansadas
e doentes; a melhor instituição de saúde do mundo (para a época) foi
estabelecida em Battle Creek, Michigan, onde até mesmo a realeza europeia
atravessava o Atlântico para ir lá. Ali foi criada a melhor editora cristã do “Ocidente”.
O que os apóstolos após o Pentecostes ansiavam, parecia estar a ponto de
ocorrer. Uma sensação solene, porém alegre, de que o mundo havia entrado no Dia
da Expiação cósmica, conquistou corações em todo o mundo. A “bendita esperança”
do iminente retorno de Cristo trouxe à vida aqui em baixo um gosto do céu.
Por um século e meio, essa Igreja foi identificada por
inspiração divina como a denominação adventista do sétimo dia, que teve suas
raízes no Grande Desapontamento de 1844 e nas reformas que se seguiram nas
décadas seguintes, até sua organização formal em 1863. Através dos anos da
longa vida de Ellen White, ela constantemente identificou a Igreja Adventista
do Sétimo Dia como aquele “remanescente”. No entanto, mesmo nos dias de hoje,
havia líderes e pastores infiéis que ensinavam o erro e até a apostasia, a quem
ela repreendia, corrigia e às vezes até denunciava.
Em seguida, descobriu-se que a mensagem de Cristo para
a sétima Igreja da história tornou-se aplicável: a igreja era “Laodiceia,”
aquela cuja mundana mornidão fez o Senhor sentir até náuseas a ponto de sentir vontade de a vomitar
(Apo. 3:14-21). Agora, uma batalha se desenrola na mente e coração das pessoas:
essa última organização é um “corpo de Cristo” condenado a um fracasso final?
Ou um arrependimento corporativo é possível (e seguro)? O sonho pode ser
recuperado?
A Assembleia da Associação Geral de 1888 nos leva aos
nossos tempos modernos; aprendemos que os nossos próprios irmãos virtualmente “rejeitaram
a Cristo” e “insultaram”1 o
Espírito Santo em reações negativas contra a mensagem que foi o “começo” da
chuva serôdia. Isso também ocorreu antes de qualquer um de nós nascer; mas não
basta escrever essa história como passada e não perceber como faríamos o mesmo
se tivéssemos a “oportunidade” a menos que nos arrependêssemos especificamente
desse pecado.
O próprio Senhor, não uma comissão oficial nem um
ministério independente, irá “sacudir” essa Igreja, limpá-la e purificá-la. Mas
Ele tem que ter agentes humanos com quem trabalhar. A razão pela qual os
eventos finais ainda não ocorreram pode muito bem ser que aqueles que “suspiram
e gemem” estão fazendo isso negativamente, em vez de positivamente. “Suspirar e
gemer” não significa torcer as mãos em desespero; significa fazer algo para
ajudar. De nós mesmos somos impotentes para conter a crescente onda do mal, mas
podemos procurar salvar cada alma que nossa esfera de influência puder tocar.
Todos os crentes em Cristo precisam da disciplina da
comunhão com um número maior de irmãos e irmãs cuja associação pode ser usada
pelo Espírito Santo para amadurecer sua experiência cristã. (O Senhor vê que um
caminho que devemos aprender é “reunir calor” com “a frieza dos outros”2).
Que supliquemos ao Senhor, neste tempo de purificação
do santuário, que nos conceda o precioso dom do arrependimento corporativo — discernimento
para ver como os pecados dos outros seriam nossos pecados, exceto pela graça de
um Salvador; discernir como poderiam ser nossos pecados se estivéssemos
sujeitos às mesmas pressões e tentações que eles tiveram que enfrentar.
Precisamos da justiça de Cristo em 100%, não menos. Quando Ele tem um povo que
pode humilhar seus corações diante do céu, Ele pode começar a trabalhar.
A questão fundamental é o arrependimento
denominacional. A “noiva” de Cristo é repetidamente declarada Sua Igreja. Ela
tem sido infiel ao seu verdadeiro amante, mas pode se arrepender. Muitos na
liderança têm mantido por décadas que “nós” não precisamos de tal
arrependimento; outras pessoas em desespero sustentam que o arrependimento
denominacional é necessário, mas impossível. Mas Cristo pede por isso; Sua
vindicação exige isso; nossa história
demonstra a necessidade disso; e a
profecia assegura isso.
Parece impossível que um espírito de contrição seja
derramado sobre uma liderança congestionada pela complexidade organizacional?
Quanto mais envolvida a Igreja se torna com suas numerosas entidades, maior é o
perigo de seu enorme eu coletivo sufocar os simples e diretos sussurros do
Espírito Santo. Cada indivíduo que captura uma visão é tentado a sentir que
suas mãos estão amarradas — o que pode fazer? O grande monólito organizacional,
permeado de formalismo e indiferença, parece se mover apenas no ritmo de um
caracol. Além deste “Espírito de graça e súplica”, quanto mais nos aproximamos
do fim dos tempos e quanto maior a Igreja se torna, mais complexo e
congestionado é o seu movimento, e mais remota parece a perspectiva de
arrependimento.
Mas não nos esqueçamos do que a Bíblia diz. Precisamos
lembrar que, muito antes de desenvolvermos nossos sistemas intricados de
organização eclesiástica, o Senhor criou sistemas de organização infinitamente
mais complexos, e ainda assim “o espírito
... estava nas rodas” (Eze. 1:20). Nosso problema não é a complexidade da
organização; é o amor coletivo de si mesmo. E
a mensagem da cruz pode resolver isso!
--Dos escritos de Robert J.
Wieland
Notas finais:
1) Exemplos de Ellen White do uso desta sexpressões
são: Conselhos a escritores se editores, pág. 30; Through Crisis to Victory (de Crises à vitória) págs: 279, 280,
290, 301; Testemunhos para ministros e obreiros evangélicos, págs 96, 97, 294;
Fundamentos da Educação Cristã, pág. 472; Ms 42, 1890;
2) Ellen G. White, Testemunhos
para a igreja, vol 5, pág. 136
Notas:
Veja, em inglês, o vídeo
desta 12ª lição do 4º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/HDHtBxc4VkY
Biografia
do autor
O irmão Roberto J.
Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em
Nairobe e Kenia. Autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista
do Sétimo Dia para a África. Ele deu a vida por Cristo na África. Desde que foi
jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia,
EUA, onde ainda era atuante na igreja local.
É autor de dezenas de
livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na
África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Associação
Geral:
1º) que fossem publicadas
todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e
2º) que fosse publicada
uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones, pois eles e sua mensagem
receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White.
38 anos depois, em 1988, a Associação Geral atendeu
o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o
título Materiais de Ellen G. White sobre 1888.
Quanto ao segundo pedido
até hoje não foi o mesmo ainda atendido
Atenção: Asteriscos indicam acréscimos do tradutor
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