quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Lição 7—Quando surgem conflitos, por Paulo Penno



Para 10 a 17 de novembro de 2018

A unidade da Igreja é um fruto precioso da “verdade do evangelho”. Jesus é a verdade. “A mui preciosa mensagem” (*TM 91), que eleva e honra o sacrifício de Cristo, unifica. Os chamados “evangelhos”, derivados do velho concerto—o poder do homem de ser salvo—dividem a Igreja.
A questão da circuncisão ameaçou dividir a Igreja primitiva. Os ritos e cerimônias da lei de Moisés, como um meio de salvação, assumiram um status de ídolo na mente de certos “falsos irmãos” (Gál. 2:4) que vieram para a igreja de Antioquia da Judeia (Atos 15: 1). Eles ensinavam "se não vos circuncidades conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos" (Atos 15: 1).
“Insistiam em que as leis e cerimônias judaicas deviam ser incorporadas aos ritos da religião cristã. Eram tardos em discernir que todas as ofertas sacrificais não tinham senão prefigurado a morte do Filho de Deus, em que o tipo encontrou o antítipo, depois do que os ritos e cerimônias da dispensação mosaica não mais deviam perdurar”1 Eles conseguiram reunir para si mesmos o apoio dos cristãos judeus em Antioquia, criando grande agitação.
O apóstolo Paulo sentiu-se obrigado a enfrentar este assunto frontalmente porque era uma questão sobre “a verdade do evangelho”. É o poder da graça de Deus que salva os pecadores? Ou é a circuncisão que salva e, portanto, o poder da obediência do homem a toda a lei que salva?
Havia se passado algum tempo desde que Paulo fizera uma visita a Jerusalém. A igreja de Antioquia pensava que seria uma boa coisa ele ir discutir esse assunto com os outros apóstolos e irmãos ali reunidos (Atos 15:2).
A visita de Paulo a Jerusalém foi um mandato divino–“por uma revelação” (Gál. 2:2). O propósito de Deus para ele ir era preservar a unidade da liderança da Igreja em relação ao evangelho. Obviamente, os “falsos irmãos” estavam intencionalmente procurando desestabilizar a mente dos apóstolos e criar uma divisão entre as igrejas e um conflito interno entre os apóstolos sobre o evangelho.
O propósito de Paulo em ir não era ver se o seu evangelho estava em harmonia com os irmãos. Ele estava claro que “o evangelho que por mim foi pregado não é segundo os homens. Porque não o recebi nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo” (Gál. 1:11, 12). Seu propósito ao ir a Jerusalém era proclamar o evangelho aos apóstolos a fim de preservar a unidade da Igreja. Aquilo que cria desunião na Igreja é “outro evangelho”, que não é realmente o evangelho. Satanás sabe disso e procura introduzir o princípio de autonomia e autossuficiência do velho concerto de todas as maneiras possíveis para criar discórdia e desunião.
A comitiva que acompanhou Paulo a Jerusalém foi Barnabé e Tito. Paulo levara Tito à igreja sem circuncisão. O significado desse detalhe é que os apóstolos em Jerusalém não exigiram que Tito fosse circuncidado para ter comunhão com eles. Esta foi uma confirmação da unidade que prevalecia entre os apóstolos.
Os “falsos irmãos” conspiraram para escravizar os gentios ao jugo da escravidão—o velho concerto. Pedro disse: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?” (Atos 15:10) “Pedro se refere aqui à lei das cerimônias, tornada nula e vã pela crucifixão de Cristo.” 2 Quem induz as pessoas a confiar na lei da justiça sem Cristo simplesmente põe um jugo sobre elas e as prende em cativeiro.
Aqueles “que eram considerados como as colunas” (Cefas, Tiago e João) na Igreja, “percebiam”, “a graça que foi dada a Paulo” (Gál. 2:9). Finalmente cederam e humilharam seus corações e estenderam a Paulo “a mão direita da comunhão” (v. 9). Com efeito, os apóstolos disseram: “Paulo, graças a Deus, você está pregando o verdadeiro evangelho. Você deve ir aos gentios e nós iremos aos judeus”. Mesmo com isso, os apóstolos não foram longe o suficiente.
O que os apóstolos deveriam ter dito era: “Paulo, queremos que você vá aos gentios, mas vá também aos judeus; e também nós iremos aos gentios”. Então, Pedro, Tiago e João ainda não estavam certos de que era o trabalho deles ir ao mundo todo como é indicado pelo incidente que se seguiu.
Em Antioquia, Pedro estava acostumado a comer em comunhão com os gentios. Quando ele viu uma delegação da sede de Jerusalém enviada por Tiago, tratou de retirar-se da mesa dos gentios, e foi para outra mesa e os cristãos judeus o seguiram. A ação de Pedro foi motivada por “por temer os que eram da circuncisão” (Gál. 2:12).
Paulo havia trazido esses gentios para a comunhão da Igreja com o conhecimento de que Cristo era o Messias deles. Agora as ações de Pedro enviavam a mensagem errada aos gentios. Os gentios podem ter sido levados a pensar: “Estamos perdidos porque o Messias é apenas para os judeus”. Paulo não temia esses “falsos irmãos”. Então Paulo resistiu a Pedro publicamente sobre o assunto “porque era repreensível” (Gál 2:11).
Paulo “viu que eles [Pedro e os “falsos irmãos”] não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho” (Gál. 2:14). Pedro estava enviando a mensagem aos gentios que, para serem salvos, deviam ser circuncidados. Em outras palavras, acreditar que Cristo é o Messias é bom. Contudo, o poder da obediência do homem a toda a lei deve ser acrescentado a isto para ser salvo. Este falso evangelho tinha o potencial de dividir a Igreja.
A mensagem de 1888 traz à tona os princípios dos dois concertos. O velho concerto é manifestado por muitos diferentes chamados “evangelhos”, todos baseados na autossuficiência. “Tudo o que o Senhor tem falado faremos” (Êxo. 19:8). A promessa do novo concerto de Deus é a “graça muito mais abundante” de Cristo crucificado e ressurreto. É este verdadeiro evangelho que une a Igreja. Os “evangelhos” do velho concerto geram escravidão ao pecado e fomentam a desunião.
Existe apenas uma “verdade do evangelho” que está em harmonia com todos os dez mandamentos de Deus e que é a “mui preciosa mensagem” que eleva e honra o sacrifício de Cristo. É “verdade presente” no cenário de nosso dia cósmico de união com Deus em uma mente (*at-one-ment = expiação). Isto vem a ser o amor de Deus revelado na cruz sempre presente, que reconcilia corações alienados a Si mesmo por meio do ministério de Sumo Sacerdócio de Cristo. Isso leva à raiz do pecado inconsciente, para que a alma se identifique com o Crucificado. A justificação pela fé e a purificação do santuário da verdade tornam-se uma grande verdade que ilumina a Terra com o glorioso e verdadeiro caráter de Deus que Se nega a Si mesmo, agape-love, amor abnegado.

--Paul E. Penno

Notas de rodapé:                                                             

1) Ellen G. White, Atos dos apóstolos, pág. 189;                                             
2) Idem, pág. 194.                                                                                

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Notas:                                                               

Veja, em inglês, o vídeo desta 6ª lição do 4º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/2vplR0s1jGQ

Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm

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Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há 42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia.” (Este livro postamos, por inteiro, no nosso blog Ágape Edições (agape-edicoes.blogspot.com.br) em 1º de agosto de 2017). Ao longo dos anos o Pr. Paulo Penno, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
  
    Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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