Para 10 a 17 de novembro de 2018
A unidade da Igreja é um fruto
precioso da “verdade do evangelho”. Jesus é a verdade. “A mui preciosa
mensagem” (*TM 91), que eleva e honra o sacrifício de Cristo, unifica. Os
chamados “evangelhos”, derivados do velho concerto—o poder do homem de ser salvo—dividem
a Igreja.
A questão da circuncisão ameaçou
dividir a Igreja primitiva. Os ritos e cerimônias da lei de Moisés, como um
meio de salvação, assumiram um status de ídolo na mente de certos “falsos irmãos” (Gál. 2:4) que vieram
para a igreja de Antioquia da Judeia (Atos 15: 1). Eles ensinavam "se não vos circuncidades conforme o uso de Moisés, não podeis
salvar-vos" (Atos 15: 1).
“Insistiam em que as leis e
cerimônias judaicas deviam ser incorporadas aos ritos da religião cristã. Eram
tardos em discernir que todas as ofertas sacrificais não tinham senão
prefigurado a morte do Filho de Deus, em que o tipo encontrou o antítipo,
depois do que os ritos e cerimônias da dispensação mosaica não mais deviam
perdurar”1 Eles conseguiram reunir para si mesmos o
apoio dos cristãos judeus em Antioquia, criando grande agitação.
O apóstolo Paulo sentiu-se obrigado
a enfrentar este assunto frontalmente porque era uma questão sobre “a verdade
do evangelho”. É o poder da graça de Deus que salva os pecadores? Ou é a
circuncisão que salva e, portanto, o poder da obediência do homem a toda a lei
que salva?
Havia se passado algum tempo desde que
Paulo fizera uma visita a Jerusalém. A igreja de Antioquia pensava que seria
uma boa coisa ele ir discutir esse assunto com os outros apóstolos e irmãos ali
reunidos (Atos 15:2).
A visita de Paulo a Jerusalém foi
um mandato divino–“por uma revelação” (Gál. 2:2). O propósito de Deus para ele ir era preservar a unidade da
liderança da Igreja em relação ao evangelho. Obviamente, os “falsos irmãos”
estavam intencionalmente procurando desestabilizar a mente dos apóstolos e
criar uma divisão entre as igrejas e um conflito interno entre os apóstolos
sobre o evangelho.
O propósito de Paulo em ir não era
ver se o seu evangelho estava em harmonia com os irmãos. Ele estava claro que
“o evangelho que por mim foi pregado não é segundo os homens. Porque não o
recebi nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo” (Gál.
1:11, 12). Seu propósito ao ir a Jerusalém era proclamar o evangelho aos
apóstolos a fim de preservar a unidade da Igreja. Aquilo que cria desunião na
Igreja é “outro evangelho”, que não é realmente o evangelho. Satanás sabe disso
e procura introduzir o princípio de autonomia e autossuficiência do velho
concerto de todas as maneiras possíveis para criar discórdia e desunião.
A comitiva que acompanhou Paulo a
Jerusalém foi Barnabé e Tito. Paulo levara Tito à igreja sem circuncisão. O
significado desse detalhe é que os apóstolos em Jerusalém não exigiram que Tito
fosse circuncidado para ter comunhão com eles. Esta foi uma confirmação da
unidade que prevalecia entre os apóstolos.
Os “falsos irmãos” conspiraram para
escravizar os gentios ao jugo da escravidão—o velho concerto. Pedro disse: “Agora,
pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que
nem nossos pais nem nós pudemos suportar?” (Atos 15:10) “Pedro se refere aqui à lei das cerimônias,
tornada nula e vã pela crucifixão de Cristo.” 2
Quem induz as pessoas a confiar na lei da justiça sem Cristo simplesmente põe
um jugo sobre elas e as prende em cativeiro.
Aqueles “que eram considerados como as colunas” (Cefas, Tiago e João) na
Igreja, “percebiam”, “a graça que foi dada a Paulo” (Gál. 2:9). Finalmente
cederam e humilharam seus corações e estenderam a Paulo “a mão direita da comunhão” (v. 9). Com efeito, os apóstolos
disseram: “Paulo, graças a Deus, você está pregando o verdadeiro evangelho.
Você deve ir aos gentios e nós iremos aos judeus”. Mesmo com isso, os apóstolos
não foram longe o suficiente.
O que os apóstolos deveriam ter
dito era: “Paulo, queremos que você vá aos gentios, mas vá também aos judeus; e
também nós iremos aos gentios”. Então, Pedro, Tiago e João ainda não estavam
certos de que era o trabalho deles ir ao mundo todo como é indicado pelo
incidente que se seguiu.
Em Antioquia, Pedro estava acostumado a comer em
comunhão com os gentios. Quando ele viu uma delegação da sede de Jerusalém
enviada por Tiago, tratou de retirar-se da mesa dos gentios, e foi para outra
mesa e os cristãos judeus o seguiram. A ação de Pedro foi motivada por “por temer os que eram da circuncisão”
(Gál. 2:12).
Paulo havia trazido esses gentios
para a comunhão da Igreja com o conhecimento de que Cristo era o Messias deles.
Agora as ações de Pedro enviavam a mensagem errada aos gentios. Os gentios
podem ter sido levados a pensar: “Estamos perdidos porque o Messias é apenas
para os judeus”. Paulo não temia esses “falsos
irmãos”. Então Paulo resistiu a Pedro publicamente sobre o assunto “porque
era repreensível” (Gál
2:11).
Paulo “viu que eles [Pedro e os “falsos irmãos”] não andavam bem e
direitamente conforme a verdade do evangelho” (Gál. 2:14). Pedro estava
enviando a mensagem aos gentios que, para serem salvos, deviam ser
circuncidados. Em outras palavras, acreditar que Cristo é o Messias é bom.
Contudo, o poder da obediência do homem a toda a lei deve ser acrescentado a
isto para ser salvo. Este falso evangelho tinha o potencial de dividir a
Igreja.
A mensagem de 1888 traz à tona os
princípios dos dois concertos. O velho concerto é manifestado por muitos
diferentes chamados “evangelhos”, todos baseados na autossuficiência. “Tudo
o que o Senhor tem falado faremos”
(Êxo. 19:8). A promessa do novo concerto de Deus é a “graça muito mais
abundante” de Cristo crucificado e ressurreto. É este verdadeiro evangelho que
une a Igreja. Os “evangelhos” do velho concerto geram escravidão ao pecado e
fomentam a desunião.
Existe apenas uma “verdade do
evangelho” que está em harmonia com todos os dez mandamentos de Deus e que é a
“mui preciosa mensagem” que eleva e honra o sacrifício de Cristo. É “verdade
presente” no cenário de nosso dia cósmico de união com Deus em uma mente
(*at-one-ment = expiação). Isto vem a ser o amor de Deus revelado na cruz
sempre presente, que reconcilia corações alienados a Si mesmo por meio do
ministério de Sumo Sacerdócio de Cristo. Isso leva à raiz do pecado
inconsciente, para que a alma se identifique com o Crucificado. A justificação
pela fé e a purificação do santuário da verdade tornam-se uma grande verdade
que ilumina a Terra com o glorioso e verdadeiro caráter de Deus que Se nega a
Si mesmo, agape-love, amor abnegado.
--Paul E. Penno
Notas de rodapé:
1) Ellen G. White, Atos dos apóstolos, pág. 189;
2) Idem, pág. 194.
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Notas:
Veja, em inglês, o vídeo
desta 6ª lição do 4º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/2vplR0s1jGQ
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Biografia do autor,
Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor
evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da
Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading
Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há
42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na
Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos
Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no
Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia.” (Este
livro postamos, por inteiro, no nosso blog Ágape Edições (agape-edicoes.blogspot.com.br) em
1º de agosto de 2017). Ao longo dos anos o Pr. Paulo Penno, escreveu muitos
artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a
serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai
dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente
escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do
seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015,
realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church
localizada no endereço: 14919 Fruitvale
Road, Valley Center, Califórnia.
Atenção, asteriscos (*…)
indicam acréscimos do tradutor.
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