Para 11 a 18 de
junho de 2016
Nossa lição desta semana vale-se de uma abordagem única para
entender o custo da cruz focalizando na lição de “liberdade e livre-arbítrio".
Sem a compreensão adequada da natureza de Cristo como desenvolvido pelos
pioneiros da mensagem de 1888, a cruz nunca pode ser devidamente compreendida.
Embora houvesse muitas pessoas fazendo escolhas durante a semana
anterior ao Calvário, nenhuma foi mais importante do que a escolha que Jesus
teve de fazer. Às vezes podemos ser tentados a pensar que a natureza de Cristo
era tão diferente da nossa que Ele passou serenamente pelo que conhecemos como
“Semana da Paixão”, sem dúvidas, reservas ou preocupações. Cometemos um erro se
pensarmos que Jesus empregou algum de Seus poderes divinos para atravessar as
partes penosas dessa semana. Um dos pontos-chave da mensagem de 1888 é uma
compreensão adequada da natureza em que Cristo viveu durante o Seu tempo na terra.
Sem isso, é impossível compreender a cruz.
Ellet J. Waggoner, um dos “mensageiros” de 1888, escreveu: “A
humilhação que Cristo voluntariamente tomou sobre Si é melhor expressa por
Paulo aos Filipenses: “Tende em vós a
mente que houve também em Cristo Jesus, que sendo originalmente na forma de
Deus, não contou com isso como algo que deve ser aproveitado [isto é, a
isso apegar-se] para estar em pé de
igualdade com Deus, mas esvaziou-Se, tomando a forma de um servo, tornando-Se
em semelhança dos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se, tornando-Se
obediente até a morte, e morte de cruz” (Fil. 2: 5-8, Versão Revisada,
leitura marginal). ...
“É-nos impossível
compreender como Cristo poderia, como Deus, humilhar-Se à morte de cruz, e é
pior do que inútil especularmos sobre isso. Tudo o que podemos fazer é aceitar
os fatos como eles são apresentados na Bíblia”.1
Alguns podem aceitar isso somente se a natureza que Cristo
assumiu foi a de Adão sem pecado. “Um pouco de reflexão será suficiente para
mostrar a qualquer um que, se Cristo tomou sobre Si a semelhança do homem a fim
de que pudesse redimir o homem, deve ter sido o homem pecador de quem Ele foi
feito semelhante, pois foi o homem pecador que Ele veio redimir. A morte não
tinha poder sobre o homem sem pecado, como era Adão no Éden; e não poderia ter
tido qualquer poder sobre Cristo, se o Senhor não tivesse sobre Si a iniquidade
de nós todos”.2
Tendo devidamente entendido isso, podemos começar a compreender
a realidade da escolha que Cristo foi obrigado a fazer no Getsêmani. A decisão
que Jesus teve de fazer, não era que dizia respeito de Suas naturezas divina e
humana. Ele deixou de lado a capacidade divina de conhecer o futuro
(presciência), de modo que não sabia com certeza se o Seu sacrifício seria
aceito. Como Satanás deve ter-se regozijado, instando com Jesus para duvidar de
que a Sua vida tinha de fato sido perfeita para que pudesse continuar no rumo
da cruz, sem comprometer a Sua missão. Ele viveu toda a Sua vida terrena
completamente dependente de Seu Pai, através do Espírito Santo para dirigir os
Seus pensamentos e conduta. Agora, Ele estava para ser separado daquele poder.
A tentação de duvidar deve ter sido enorme, e Seus discípulos nenhum incentivo
Lhe ofereceram, porque estavam dormindo pesadamente.
No entanto, durante a semana anterior ao Calvário, Jesus tinha
recebido um dom precioso nas ações de Maria Madalena, uma mulher que de muitas
maneiras representa a Sua igreja corporativa desviada. Ela fora atormentada
pelo espírito de sete demônios que Jesus dela expulsara, e entregou-Lhe o
coração completamente quando viu o Ágape
que Jesus incondicionalmente Lhe concedeu. Sua manifestação de gratidão deve
ter sido uma lembrança de conforto que o Espírito Santo pôde trazer à mente de
Jesus durante o Seu sofrimento.
Sabemos que ela não era uma teóloga, mas apenas Maria, dentre
todos os seguidores de Jesus, tinha algum nível de entendimento de que a Sua
missão exigia que Ele morresse por seus pecados. A noção egocêntrica dos
discípulos da missão de Cristo os impedia de crer que Ele estava para morrer em
desgraça. Criam firmemente que Ele tinha vindo para derrubar os odiados
romanos. Perderam de vista que a lição de todos esses sacrifícios era de que as
promessas do Evangelho envolvem uma cruz a partir da qual todos os benefícios
do plano de salvação fluem. A nação de Israel tinha vindo a crer que, ao trazer
seus animais para o sacrifício, estavam reforçando uma barganha com Deus.
Acreditavam que Deus era obrigado a salvá-los se realizassem os rituais que Ele
requeria. Tinham perdido de vista o fato de que a salvação tem sido sempre pela
fé na graça salvífica da cruz de Cristo.
Waggoner viu isto: “Todos os mal-entendidos das promessas de
Deus a Abraão e à sua descendência surgiram da incapacidade de ver o Evangelho
da cruz de Cristo neles. Se fosse lembrado continuamente que todas as promessas
de Deus estão em Cristo, a serem adquiridas somente através de Sua cruz, e que,
consequentemente, são espirituais e eternas em sua natureza, não haveria
qualquer dificuldade, e o estudo da promessa aos pais seria um prazer e uma
bênção”.3
No Jardim do Getsêmani Jesus pediu que, se possível, o cálice
passasse dEle. A imagem aqui é dos serviços do santuário. Quando o pecador
arrependido levava o seu cordeiro, era obrigado a cortar a sua garganta; o
sacerdote, em seguida, recolhia o sangue numa taça ou tigela e simbolicamente
transferia para o Santo dos Santos por aspergi-lo sobre o véu. Sabe-se que a
vida do animal está no sangue. Jesus tinha sido ensinado o significado disso
desde a infância, e tinha chegado o momento para Se tornar o tipo final de todos
os antítipos sacrificiais. A humanidade que Cristo havia assumido na Encarnação
recuava ante a tarefa, especialmente por isso significar a separação de Seu
Pai.
A luta que Cristo estava passando era real porque a integridade
da Divindade jazia na balança ante o universo que a tudo assistia. Ele não
poderia usar a Sua presciência divina para ver, literalmente, através dos
portais do sepulcro. A separação de Seu Pai estava arrasando a Sua alma. Na
mesma natureza é que devemos combater a batalha da fé. Cristo decidiu apegar-Se
às promessas de Deus e acatá-las pela fé em Sua palavra. Sua fé triunfou quando
finalmente pôde dizer: “Nas Tuas mãos
encomendo o Meu espírito” (*Salmos 31:5). Quando
entendemos que Ele passou por essa luta e separação para cada um de nós
individualmente, como Maria, nosso coração vai ser derretido em gratidão, a
menos que o recusemos. Judas estava desapontado porque Cristo não iria cumprir
os seus planos de obter uma posição importante no novo governo que cobiçava.
Ironicamente, a gratidão que Maria demonstrou de seu coração humilde é o que
pesou na indecisão do coração de Judas. Ele decidiu que não iria acreditar em
Cristo, já que permitiu que aquela mulher O honrasse.
O problema de Pedro foi diferente. Ele estava cego à sua
verdadeira condição; acreditava que seria fiel a Cristo, independentemente do
que acontecesse. Deus depois disse a Sua igreja de Laodiceia que Ele repreende
e castiga aqueles a quem ama. A Pedro foi dado um teste simples para ajudá-lo a
ver sua verdadeira condição. O que fez a diferença? Pedro humilhou o seu
coração e deixou que a rocha caísse sobre ele e o quebrasse. Judas deve ter
sentido um impacto quando Jesus respondeu a seu beijo traiçoeiro, dizendo: “Amigo, faça o que veio para cumprir” (Mat.
26:50, NVI). Por que Judas não se arrependeu como Pedro? É simples, ele endureceu
o coração. Não é mais complicado do que isso.
Que Deus nos dê um coração humilde para receber Sua maravilhosa
graça.
—Arlene Hill
Notas finais:
1) Ellet J. Waggoner, Cristo e Sua Justiça (Christ and His Righteousness) págs.
29-30 (Edição Glad Tidings).
2) Idem, pág. 31.
3)
Ellet J. Waggoner, O Concerto Eterno: As promessas de Deus para nós (Edição
Glad Tidings).
Notas:
O video do Pr. Paulo Penno desta lição em inglês
está na internet em: https://www.youtube.com/watch?v=AfEjeW1sEw8
Também esta introspecção da lição da Escola
Sabatina desta semana está na internet em: http://1888mpm.org
A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora
mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina
na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante
Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista
do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street, Reno,
Nevada, USA, Telefone 001 XX
(775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do
seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro
de 2015, na igreja adventista Valley
Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale
Road, Valley Center, Califórnia.
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