quarta-feira, 15 de junho de 2016

Lição 12 – Os Últimos Dias de Jesus, por Arlene Hill



Para 11 a 18 de junho de 2016

Nossa lição desta semana vale-se de uma abordagem única para entender o custo da cruz focalizando na lição de “liberdade e livre-arbítrio". Sem a compreensão adequada da natureza de Cristo como desenvolvido pelos pioneiros da mensagem de 1888, a cruz nunca pode ser devidamente compreendida.
Embora houvesse muitas pessoas fazendo escolhas durante a semana anterior ao Calvário, nenhuma foi mais importante do que a escolha que Jesus teve de fazer. Às vezes podemos ser tentados a pensar que a natureza de Cristo era tão diferente da nossa que Ele passou serenamente pelo que conhecemos como “Semana da Paixão”, sem dúvidas, reservas ou preocupações. Cometemos um erro se pensarmos que Jesus empregou algum de Seus poderes divinos para atravessar as partes penosas dessa semana. Um dos pontos-chave da mensagem de 1888 é uma compreensão adequada da natureza em que Cristo viveu durante o Seu tempo na terra. Sem isso, é impossível compreender a cruz.
Ellet J. Waggoner, um dos “mensageiros” de 1888, escreveu: “A humilhação que Cristo voluntariamente tomou sobre Si é melhor expressa por Paulo aos Filipenses: “Tende em vós a mente que houve também em Cristo Jesus, que sendo originalmente na forma de Deus, não contou com isso como algo que deve ser aproveitado [isto é, a isso apegar-se] para estar em pé de igualdade com Deus, mas esvaziou-Se, tomando a forma de um servo, tornando-Se em semelhança dos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se, tornando-Se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fil. 2: 5-8, Versão Revisada, leitura marginal). ...
 “É-nos impossível compreender como Cristo poderia, como Deus, humilhar-Se à morte de cruz, e é pior do que inútil especularmos sobre isso. Tudo o que podemos fazer é aceitar os fatos como eles são apresentados na Bíblia”.1
Alguns podem aceitar isso somente se a natureza que Cristo assumiu foi a de Adão sem pecado. “Um pouco de reflexão será suficiente para mostrar a qualquer um que, se Cristo tomou sobre Si a semelhança do homem a fim de que pudesse redimir o homem, deve ter sido o homem pecador de quem Ele foi feito semelhante, pois foi o homem pecador que Ele veio redimir. A morte não tinha poder sobre o homem sem pecado, como era Adão no Éden; e não poderia ter tido qualquer poder sobre Cristo, se o Senhor não tivesse sobre Si a iniquidade de nós todos”.2
Tendo devidamente entendido isso, podemos começar a compreender a realidade da escolha que Cristo foi obrigado a fazer no Getsêmani. A decisão que Jesus teve de fazer, não era que dizia respeito de Suas naturezas divina e humana. Ele deixou de lado a capacidade divina de conhecer o futuro (presciência), de modo que não sabia com certeza se o Seu sacrifício seria aceito. Como Satanás deve ter-se regozijado, instando com Jesus para duvidar de que a Sua vida tinha de fato sido perfeita para que pudesse continuar no rumo da cruz, sem comprometer a Sua missão. Ele viveu toda a Sua vida terrena completamente dependente de Seu Pai, através do Espírito Santo para dirigir os Seus pensamentos e conduta. Agora, Ele estava para ser separado daquele poder. A tentação de duvidar deve ter sido enorme, e Seus discípulos nenhum incentivo Lhe ofereceram, porque estavam dormindo pesadamente.
No entanto, durante a semana anterior ao Calvário, Jesus tinha recebido um dom precioso nas ações de Maria Madalena, uma mulher que de muitas maneiras representa a Sua igreja corporativa desviada. Ela fora atormentada pelo espírito de sete demônios que Jesus dela expulsara, e entregou-Lhe o coração completamente quando viu o Ágape que Jesus incondicionalmente Lhe concedeu. Sua manifestação de gratidão deve ter sido uma lembrança de conforto que o Espírito Santo pôde trazer à mente de Jesus durante o Seu sofrimento.
Sabemos que ela não era uma teóloga, mas apenas Maria, dentre todos os seguidores de Jesus, tinha algum nível de entendimento de que a Sua missão exigia que Ele morresse por seus pecados. A noção egocêntrica dos discípulos da missão de Cristo os impedia de crer que Ele estava para morrer em desgraça. Criam firmemente que Ele tinha vindo para derrubar os odiados romanos. Perderam de vista que a lição de todos esses sacrifícios era de que as promessas do Evangelho envolvem uma cruz a partir da qual todos os benefícios do plano de salvação fluem. A nação de Israel tinha vindo a crer que, ao trazer seus animais para o sacrifício, estavam reforçando uma barganha com Deus. Acreditavam que Deus era obrigado a salvá-los se realizassem os rituais que Ele requeria. Tinham perdido de vista o fato de que a salvação tem sido sempre pela fé na graça salvífica da cruz de Cristo.
Waggoner viu isto: “Todos os mal-entendidos das promessas de Deus a Abraão e à sua descendência surgiram da incapacidade de ver o Evangelho da cruz de Cristo neles. Se fosse lembrado continuamente que todas as promessas de Deus estão em Cristo, a serem adquiridas somente através de Sua cruz, e que, consequentemente, são espirituais e eternas em sua natureza, não haveria qualquer dificuldade, e o estudo da promessa aos pais seria um prazer e uma bênção”.3
No Jardim do Getsêmani Jesus pediu que, se possível, o cálice passasse dEle. A imagem aqui é dos serviços do santuário. Quando o pecador arrependido levava o seu cordeiro, era obrigado a cortar a sua garganta; o sacerdote, em seguida, recolhia o sangue numa taça ou tigela e simbolicamente transferia para o Santo dos Santos por aspergi-lo sobre o véu. Sabe-se que a vida do animal está no sangue. Jesus tinha sido ensinado o significado disso desde a infância, e tinha chegado o momento para Se tornar o tipo final de todos os antítipos sacrificiais. A humanidade que Cristo havia assumido na Encarnação recuava ante a tarefa, especialmente por isso significar a separação de Seu Pai.
A luta que Cristo estava passando era real porque a integridade da Divindade jazia na balança ante o universo que a tudo assistia. Ele não poderia usar a Sua presciência divina para ver, literalmente, através dos portais do sepulcro. A separação de Seu Pai estava arrasando a Sua alma. Na mesma natureza é que devemos combater a batalha da fé. Cristo decidiu apegar-Se às promessas de Deus e acatá-las pela fé em Sua palavra. Sua fé triunfou quando finalmente pôde dizer: “Nas Tuas mãos encomendo o Meu espírito” (*Salmos 31:5). Quando entendemos que Ele passou por essa luta e separação para cada um de nós individualmente, como Maria, nosso coração vai ser derretido em gratidão, a menos que o recusemos. Judas estava desapontado porque Cristo não iria cumprir os seus planos de obter uma posição importante no novo governo que cobiçava. Ironicamente, a gratidão que Maria demonstrou de seu coração humilde é o que pesou na indecisão do coração de Judas. Ele decidiu que não iria acreditar em Cristo, já que permitiu que aquela mulher O honrasse.
O problema de Pedro foi diferente. Ele estava cego à sua verdadeira condição; acreditava que seria fiel a Cristo, independentemente do que acontecesse. Deus depois disse a Sua igreja de Laodiceia que Ele repreende e castiga aqueles a quem ama. A Pedro foi dado um teste simples para ajudá-lo a ver sua verdadeira condição. O que fez a diferença? Pedro humilhou o seu coração e deixou que a rocha caísse sobre ele e o quebrasse. Judas deve ter sentido um impacto quando Jesus respondeu a seu beijo traiçoeiro, dizendo: “Amigo, faça o que veio para cumprir” (Mat. 26:50, NVI). Por que Judas não se arrependeu como Pedro? É simples, ele endureceu o coração. Não é mais complicado do que isso.
Que Deus nos dê um coração humilde para receber Sua maravilhosa graça.

Arlene Hill




Notas finais:
1) Ellet J. Waggoner, Cristo e Sua Justiça (Christ and His Righteousness) págs. 29-30 (Edição Glad Tidings).
2) Idem, pág. 31.
3) Ellet J. Waggoner, O Concerto Eterno: As promessas de Deus para nós (Edição Glad Tidings).

Notas:
O video do Pr. Paulo Penno desta lição em inglês está na internet em: https://www.youtube.com/watch?v=AfEjeW1sEw8

Também esta introspecção da lição da Escola Sabatina desta semana está na internet em: http://1888mpm.org

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street, Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.
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