quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Lição 9 - Seguindo o Mestre: O Discipulado em Ação

A palavra "Ação" vai direto ao âmago da lição desta semana (*no guia de estudos deste
trimestre, impressa em inglês) foi realçada em caixa alta e negrito. Isto, sem dúvida, significa algo!


Mas o que é que devemos fazer? O que é "ação" aqui? E o que motiva a "ação"? Fomos ensinados
a ir e ensinar outros a ler a Bíblia, orar, e testemunhar todos os dias—todas boas coisas. Isto cumpre
nossa parte na missão?


Em Caminho a Cristo, no segundo parágrafo do capítulo intitulado, "A Obediência é um
Privilégio
"1, Ellen White escreve: " Se o coração foi renovado pelo Espírito de Deus,
a vida dará testemunho desse fato.”
Sim, nós podemos “testemunhar," isso é, testificar de
nossas crenças religiosas, mas dar testemunho de um coração renovado é "postar-se como prova de
(*uma pessoa transformada); e mostrar (*isto) por comportamento, atitude, ou atributos externos.
Ellen White também diz, “
No coração renovado pela graça divina, o amor é o princípio
da ação.”
(pág. 59. As ênfases nas 2 declarações são minhas).

Assim, eis aqui a nossa motivação—amor. Mas para o coração humano endurecido, onde (*pode
haver) um amor tão forte a ponto de nos mover para ação incondicional?—de onde pode ele vir? Paulo
explica: "Estou crucificado com Cristo: não obstante eu vivo: mas não eu, mas Cristo vive em mim: e a
vida que eu agora vivo na carne eu vivo pela fé do Filho de Deus, que me amou, e Se deu por mim"
,
Gálatas 2:20, KJV. Quando aprendemos a apreciar a "largura, e comprimento, e profundidade, e altura"
do sacrifício de Cristo na cruz, este amor nos "constrange" (motiva) à ação. (Veja II Cor. 5:14).


A lição da terça-feira conta-nos, no entanto, que "o ponto importante a lembrar-se é que, seguir a
Jesus vai nos custar muito, de uma maneira ou outra". Mas, a verdade não é o oposto?

"A que infinito custo para o Pai e o Filho foi a provisão maravilhosa e misericordiosa
feita para nossa redenção! Cristo desceu2 da Sua alta posição como Comandante nas
cortes celestiais; e depôs Seu manto e coroa reais, revestiu sua divindade com a humanidade,
e veio a esta terra, para que pudesse morar conosco e dar aos homens e mulheres graça para
vencer como Ele venceu”. "... nós fomos comprados pelo sangue de Cristo. Pense a respeito
deste (*objeto da) compra pelo sangue de Cristo! Custamos a Sua vida. Ele foi crucificado
por nós..." (
Signs of the Times, Aug. 12, 1908; The Ellen G. White 1888 Materials, p. 1735, 12 de agosto
de 1908; Materiais
de Ellen G. White sobre 1888, pág. 1735; ênfase minha).

De volta ao mesmo capítulo de Caminho A Cristo ela "prega”: “ Quando, como seres
pecaminosos e sujeitos ao erro, chegamos a Cristo e nos tornamos participantes de
Sua graça perdoadora, surge o amor em nosso coração.
Todo peso se torna leve;
pois é suave o jugo que Cristo impõe
(*Mat 11: 30). O dever torna-se deleite, o sacrifício prazer.
(pág. 59; são minhas as ênfases). Sim, alguns membros de família e amigos (e mesmo alguns
membros da igreja) podem se nos opor, mas deixe Cristo e o Espírito Santo suportar o fardo,
enquanto damos testemunho através das vidas que vivemos.


A obediência é corretamente realçada na lição. A declaração de quinta-feira, de que “...aqueles que
seguem Jesus... obedecendo-Lhe ... não a fim de ser salvos, mas porque já estamos salvos nEle
é o
"balanço final". Em harmonia com a idéia de que nosso motivo para discipulado é o amor, Ellen White diz:
"
A obediência - nosso serviço e aliança de amor - é o verdadeiro sinal de discipulado"
(pág. 60). Assim, o amor é o motivo, e obediência é o sinal exterior de discipulado. Um peso é retirado de
nós que fomos mergulhados em "programas de trabalho” para alcançar discípulos.


Ao o tempo passar, oposição pode virar perseguição plenamente desenvolvida. No entanto, é
impossível imaginar a "perseguição" que o Senhor deve ter sentido em 1888 quando Sua "mui preciosa
mensagem" que Ele "mandou" para ser dada ao mundo, foi "em grande medida" "rejeitada" e Seus (*dois)
"mensageiros... desprezados"3 (Materiais de Ellen G. White sobre 1888, págs. 913, 914). O tempo de prova
está à nossa frente, mas não devemos temer. Jesus quer que o "poderoso" anjo de Apocalipse 18 logo
ilumine a terra com Sua glória, como proclamado na "mui preciosa mensagem".


(*Confie nEle:) "... eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mat. 28:20).

Que nós não percamos Jesus de vista. . . É minha oração.

Carol Kawamoto4



Tradução, e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira

Notas do tradutor:

1). No livro Caminho a Cristo, o capítulo A Obediência é um Privilégio, o título original em inglês é
“A Prova do Discipulado”,
mas o texto e a paginação são os mesmos. (págs. 57 a 66).

2) Analisando Fil. 2: 5 – 8, “... sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser
igual a Deus, Mas esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se
semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo,
sendo obediente até à morte, e morte de cruz,”
você pode ver os seete degraus
decrescentes que Cristo desceu para resgatar-nos do fundo do poço do pecado:

 degrau) não teve por usurpação ser igual a Deus; 2º degrau) esvaziou-Se a Si mesmo; 
3º degrau)
tomou a forma de servo; 4º degrau) fez-Se semelhante aos homens;
5º degrau)
humilhou-Se a Si mesmo; 6º degrau) foi obediente até à morte, e, finalmente,
7º degrau)
morte de cruz.

3) De Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 97 e 98 temos uma

Advertência Contra Desprezar a Mensagem de Deus

Quero falar advertindo aos que por anos têm resistido à luz e alimentado o espírito de oposição. Por quanto tempo odiareis e desprezareis os mensageiros da justiça de Deus? (*ela está falando aqui dos dois mesageiros de 1888, conferir isto nas páginas 91 e 92). Deus lhes deu Sua mensagem. Eles têm a Palavra do Senhor. Há salvação para vós, mas somente pelos méritos de Jesus Cristo. A graça do Espírito Santo vos é oferecida repetidas vezes. A luz e o poder do alto têm sido abundantemente derramados em vosso meio. Há aqui evidências que todos aqueles que o Senhor reconhece como Seus servos podem discernir. Mas há os que desprezaram os homens e as mensagens que eles levaram. Têm escarnecido deles como fanáticos, extremistas e entusiastas. Permiti-me profetizar-vos: A não ser que imediatamente humilheis o coração diante de Deus, e confesseis vossos pecados, que são muitos, tarde demais vereis que tendes estado lutando contra Deus. Pela convicção do Espírito Santo, não mais para a reforma e o perdão, vereis que esses homens (*Waggoner e Jones) contra quem tendes falado, têm sido como que sinais no mundo, testemunhas de Deus. Então daríeis todo o mundo se pudésseis redimir o passado, e ser justamente homens assim zelosos, movidos pelo Espírito de Deus para levantar vossa voz em solene advertência ao mundo; e como eles, ser firmes como a rocha nos princípios. O virardes as coisas de cima para baixo é conhecido pelo Senhor. Continuai um pouco mais como tendes seguido, na rejeição da luz do Céu, e estareis perdidos. "O que for imundo e não se purificar, a tal alma do meio da congregação será extirpada." Núm. 19:20.

Não tenho uma mensagem suave a dar aos que por tanto tempo têm sido como que falsos sinaleiros, apontando na direção errada. Se rejeitardes os mensageiros delegados por Cristo (*ainda falando de Waggoner e Jones), rejeitais a Cristo. Negligenciai essa grande salvação conservada diante de vós durante anos, desprezai essa gloriosa oferta de justificação pelo sangue de Cristo, e a santificação pelo poder purificador do Espírito Santo, e não restará mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo e ardente indignação. Suplico-vos, agora, que vos humilheis e deixeis a vossa obstinada resistência à luz e à evidência.”

E da pág. 467 e 468:

Os preconceitos e opiniões que prevaleciam em Mineápolis de modo algum estão mortos; as sementes ali semeadas em alguns corações estão prestes a saltar para a vida e a dar idêntica colheita. A copa foi cortada, mas as raízes nunca foram desarraigadas, e elas ainda dão o seu fruto profano para envenenar o juízo, perverter a percepção, e cegar o entendimento daqueles com quem vos relacionais, com relação à mensagem e aos mensageiros (*estes mensageiros são Waggoner e Jones). ...

Que espécie de futuro estará à nossa frente, se deixarmos de chegar à unidade da fé?”

E de Mensagens Escolhidas, Vol. I, págs. 234 e 235, temos isto:

A indisposição de ceder a opiniões preconcebidas, e de aceitar esta verdade, estava à base de grande parte da oposição manifestada em Mineápolis contra a mensagem do Senhor através dos irmãos [E. J.] Waggoner e [A. T.] Jones.

Promovendo aquela oposição, Satanás teve êxito em afastar do povo, em grande medida, o poder especial do Espírito Santo que Deus anelava comunicar-lhes. O inimigo impediu-os de obter a eficiência que poderiam ter tido em levar a verdade ao mundo, como os apóstolos a proclamaram depois do dia de Pentecoste. Sofreu resistência a luz que deve iluminar toda a Terra com a sua glória, e pela ação de nossos próprios irmãos tem sido, em grande medida, conservada afastada do mundo.”

4º)  Carol Kavamoto, autora das introspecções desta semana, é assistente de publicações do jornal,
livros, e de outras literaturas do grupo de estudos da mensagem de 1888. Sua atividade profissional
sempre foi na área de publicações, anteriormente como editora e gerente de uma corporação
aeroespacial. Atualmente ajudando, em tempo integral, a partilhar a “mui preciosa mensagem”
através da palavra impressa.

Desde que se batizou em 1992, ela é membro da igreja adventista de Colfax, na Califórnia, EUA.,
uma pequena igreja ao pé da montanha “Sierra”. Poucas pessoas há lá disponíveis para exercer os
diferentes cargos, assim ela tem que desempenhar diferentes atividades: secretária de comunicações;
editora do boletim semanal da igreja; atua no departamento de evangelismo; programa de penetração,
prega sermões, e executa qualquer trabalho que ocasionalmente lhe pedem.

Ela me segredou hoje que se não fossem as “boas novas” da mensagem de 1888
ela já teria saído da igreja adventista há muito tempo. Assim el
a “firmemente crê que
os novos
conversos devem entender esta mensagem antes mesmo de serem batizados.”

5º) Nota adicional do tradutor:

No comentário para os professores da lição desta semana (págs. 116 e 117 do guia de estudos),
edição dos professores, é mencionado o mandamento dado por
Cristo para amarmos ao
próximo:
"Amarás o teu próximo como a ti mesmo" Lucas 10:27; 22:39.

Muitos arrazoam que Cristo aí sancionou o amor próprio, conhecido como a filosofia da
“auto estima",
simplesmente obrigando-nos a amar ao próximo com o mesmo amor.


Mas “Na verdadeira religião não há nenhum lugar para pensamentos de si próprio.”
E. J. Waggoner, The Present Truth, de 29 de Dez. de 1892, pág. 413

O que Waggoner está dizendo é que “na verdadeira religião não há nenhum lugar”
para consideração humana por si mesmo.
Tome o exemplo do rei celestial que Se deu
completamente pela humanidade sem reserva alguma. Qualquer isenção que afirmemos
ter existido na natureza humana de Cristo, notadamente no aspecto moral, seria
apresentar-se um deus egoísta, que não se dispôs a assumir o “risco de fracasso e
ruína eterna”
(DTN pág. 49) a fim de salvar a
humanidade.
Assim, no verdadeiro amor não há lugar para “amor a si próprio”.
Ao contrário, graças ao amor Ágape, Cristo “não teve por usurpação
ser igual a Deus, mas esvaziou
-Se a Si mesmo”, Fil. 2: 6 e 7.

Agora cosidere isto:
O Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, pág. 484, diz que
"A tendência natural do homem é posicionar-se em primeiro lugar,
desconsiderando as obrigações que lhe incumbem em suas relações
com Deus e com seus semelhantes."
Os discípulos durante todo o ministério de Cristo, 3 anos e meio, disputavam entre si os cargos
e posições no reino celestial. Perguntaram a Jesus:
quem é o maior no reino dos céus?”
Mat. 18: 1. Cristo já tentara ensinar-lhes que deveriam renunciar a si mesmos, tomarem a sua
cruz e seguirem-nO, (Mateus 16: 24). A mãe de Tiago e João aproximou-se de Jesus,
acompanhada deles, e pediu que no reino celestial um se assentasse à direita e outro à esquerda
dEle (Mat. 20: 20 e 21).

Portanto, com todo este egoismo dentro deles,

O que Cristo está dizendo em Mateus 22:39 aos discípulos é que
eles deveriam amar o próximo com
aquele mesmo intenso amor com
que, em sua natureza egoísta
, amavam a si mesmos.
Paulo repete este mesmo mandamento em Rom. 13:9 ao resumir a
segunda taboa da lei.

Mas Paulo não ensina a doutrina popular do amor próprio conhecida como a
filosofia da “auto estima.”
Mas ele ensina a ética cristã de respeito próprio.
Ele a resume assim: “Porque pela graça que me foi dada, digo a
cada um dentre vós, que não pense de si mesmo, além do que convém,
antes, pense com moderação
, segundo a medida da fé que Deus repartiu
a cada um” (Rom. 12:3). Nosso saudável respeito próprio é “em Cristo.”

Crê você, realmente, que Cristo Se deu para lhe comprar? Você é o exato
objeto que Ele comprou com Seu precioso sangue. Se você compra
algo valioso em uma loja e paga o preço, não o deixa lá, mas o trás consigo
e o valoriza de acordo com o preço que pagou por ele. Isto diz como Cristo
o estima, porque o preço foi o Seu próprio sangue, e você deve se valorizar
sob esta luz. Assim não há lugar para arrogância e orgulho porque você sabe
que nada seria se Ele não lhe tivesse salvado, mas, ao contrário levante a
cabeça bem alto porque você apreciará o alto preço que foi pago por você.

Em Efésios 3:6,7, Paulo nos mostra o sentido de respeito próprio que ele aprendeu por entender e acreditar na verdade do seu chamado. Ele se regozija no “dom da graça de Deus dado a [ele mesmo] por obra eficiente do poder de [Deus]. “Sem nenhuma hesitação ele reivindica como um apóstolo aquela “obra eficaz” e sabe que está apto para o discipulado. Ele não desperdiçará nenhum tempo preocupando-se consigo, se está onde deveria no plano do Senhor. O orgulho humano normal, que tão facilmente prejudica todo nosso discipulado para o Senhor, está ausente, porque Paulo se vê como um humilde “prisioneiro do Senhor.”

Por favor, não pense que esse dom é limitado a certas pessoas profissionais que gastam décadas cursando Teologia em instiituições de ensino, e até obtendo títulos de doutorado e bacharelado. Qualquer um que entender o “mistério” que Paulo explica, que aprecia quão boa é a mensagem das boas novas, pode proclamá-lo!

Ainda falando (*da ética cristã) de respeito próprio considere isto:

Paulo olha para si próprio como “menor do que o menor de todos os santos”, Efésios 3: 8. Embora possa parecer falsa humildade, Paulo está feliz com esta auto-avaliação. Não é nenhum mero exagero; ele sabe que à parte de um Salvador, ele de fato seria menos do que nada. Ele nunca pôde esquecer-se do “buraco do fosso de que [ele foi] cavado” (Isa. 51:1). Ele tornou-se um novo “Davi” que lembra-se do humilde “curral” onde o Senhor o achou.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Lição 8 - A Experiência do Discipulado

Na experiência da transfiguração, foram escolhidos por Cristo três discípulos (*que estariam presentes no calvário) para que eles talvez fossem confortados durante a agonia que em breve iriam testemunhar no Getsemani e na cruz.1 Enquanto servindo a Cristo nesta terra, o discipulado contem só algumas experiências de "alto de montanha".

A maior parte do discipulado é experimentada em simples auto-negação cotidiana. A alegria final em trabalhar para o Senhor é que estivemos disponíveis para Deus nos usar a fim de trazer a outros as Boas Novas do Evangelho. Os que acreditam que discipulado é algo que reforça nosso lugar no céu, posteriormente obrigando Deus a "recompensar" nossas boas obras, se acharão produzindo para Ele uma pesada "cruz a suportar".

Ironicamente, a ação exterior talvez pareça ser exatamente a mesma, mas o verdadeiro discípulo é motivado por crença e gratidão pela salvação que Cristo já realizou. Aqueles são motivados por descrença de que Cristo realmente "pagou-a toda," e que Ele necessita de ajuda para nos salvar completamente.

Muitos têm entendido mal o conceito de suportar uma cruz. Pensam que é uma doença física, ou crianças instáveis, ou simplesmente os pesos da vida num mundo pecaminoso. Em realidade, todos temos a mesma cruz que Cristo teve, resumida pela Sua declaração, "não se faça a Minha vontade, mas a Tua"2. Essa cruz é a nossa carne pecaminosa que é inclinação para o eu. Cristo veio na semelhança dessa carne pecaminosa e por negar Sua vontade, conquistou-a. E Ele nos dá essa vitória.

Na transfiguração, os discípulos foram tranqüilizados quanto à verdadeira identidade de seu Mestre como o Filho de Deus, mas Jesus referia-Se a Si mesmo como o "Filho de homem" (Mat. 17:9). Esses laços com a humanidade, que nunca serão desfeitos, são para lembrar-nos que compartilhamos a mesma carne e sangue com Ele. Quando nos identificamos com Ele, partilhamos de Sua vida sem pecado. Nós realmente não necessitamos entender a física, a química, nem outra qualquer ciência deste mistério, mas, como pequenas crianças, nós simplesmente cremos no que Ele diz.

Durante a transfiguração, pela segunda vez, Deus anunciou à humanidade, "Este é o Meu amado Filho, em quem Me comprazo" (vs. 5). A primeira vez que isto foi falado audivelmente do céu, foi no batismo de Cristo. (*Então) fomos instruídos a escutá-Lo.

Quando Cristo leu de Isaias na sinagoga de Nazaré, uma das coisas que Ele disse que havia se cumprido naquele dia era: "Enviou-Me a pregar liberdade aos cativos”, (Lucas 4:18, citando Isaias 61:1). Que cativos? Nós que somos cativos do pecado.

Há uma atitude perigosa concernente à vitória sobre o cativeiro do pecado ocorrendo no pensamento de alguns cristãos. É uma resignação de que há certos pecados sobre os quais eles simplesmente não podem obter vitória. Racionalizam: "—esta é a maneira que eu sempre serei, Deus entende e ainda me ama. Eu simplesmente terei que continuar pecando até que Jesus volte, vitória para mim não é possível". Mas Jesus confirmou que veio de Deus para proclamar liberdade de pecado aos cativos.

Isto pode não parecer tão sério até lermos o que João diz sobre falsos profetas: Como um pai preparando seus filhos para provações futuras, Cristo revelou o futuro no discurso no monte das Oliveiras. Advertiu-os de que haveria falsos cristos que tentariam enganá-los.

“AMADOS, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo. Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo”, (1ª João 4: 1-4) (*Veja a nota 6 abaixo).

A idéia é que se negamos que Cristo não pode vir à nossa carne e nos dar Sua vitória sobre o pecado, nós partilhamos do espírito do anticristo. Nós não podemos ver como Deus pode mudar nossas mentes para dar-nos vitória, mas insistir que queremos ver exatamente como Ele o fará, é andar por visão, não por fé.

Uma das abençoadas coisas que a mensagem de 1888 nos diz é que quando estamos "em Cristo", Sua vitória é nossa vitória. Não é que nos é dada força suficiente para superar a tentação, nós somos (*instados:) "deixe esta mente estar em você, que também esteve em Cristo Jesus(Fil. 2:5, KJV)3. Sua vitória na semelhança da nossa carne torna-se nossa vitória pela fé.

Alguns acham isto um paradoxo inacreditável. A. T. Jones (*um dos dois mensageiros de 1888) o descreveu assim:

"Eles dizem, 'eu não posso ver como, se estou em Cristo, eu deva reconhecer-me um desamparado pecador; pensei que se estava em Cristo, então eu podia agradecer ao Senhor que eu era bom, santo, inteiramente perfeito, santificado, e todo isso'. Por que não?. Ele é. Quando você está em Cristo, Ele (Cristo) é perfeito, Ele é justo, Ele é santo e nunca erra, e Sua santidade é imputada a você—é dada a você. Sua fidelidade, Sua perfeição é minha, mas eu não sou isso.4

Nós nunca seremos autorizados a dizer, "ganhei a vitória". Podemos dizer que Cristo na minha carne ganhou a vitória, e que ela é minha pela fé. Experimentar o discipulado é uma negação diária de nossa vontade, como crianças inocentes, deixando Deus controlar tudo sobre nossa vida. Que isto talvez não seja aparente na sua e na minha vida até agora, não quer dizer que Deus não o possa fazer quando nós O "permitirmos" dar-nos a mente de Cristo.

Arlene Hill5

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.


Notas do Tradutor:


1) No Getsêmani Cristo “Roga força para resistir à prova em favor da humanidade. Precisa, Ele próprio, de apoiar-Se com renovado vigor à Onipotência, pois só assim pode contemplar o futuro. E desafoga os anseios de Seu coração quanto aos discípulos, para que, na hora do poder das trevas, sua fé não desfaleça. ... Unicamente os três que Lhe hão de testemunhar a angústia no Getsêmani foram escolhidos para estar com Ele no monte da glória que Ele tinha com o Pai antes que o mundo existisse, que Seu reino seja revelado a olhos humanos e que os discípulos sejam fortalecidos pela contemplação do mesmo. Roga que testemunhem uma manifestação de Sua divindade que, na hora de Sua suprema agonia, os conforte com o conhecimento de que Ele é com certeza o Filho de Deus, e que Sua ignominiosa morte é uma parte do plano da redenção, da glória que Ele tinha com o Pai antes que o mundo existisse, que Seu reino seja revelado a olhos humanos e que os discípulos sejam fortalecidos pela contemplação do mesmo. Roga que testemunhem uma manifestação de Sua divindade que, na hora de Sua suprema agonia, os conforte com o conhecimento de que Ele é com certeza o Filho de Deus, e que Sua ignominiosa morte é uma parte do plano da redenção.” O Desejo de Todas as Nações, páginas 420-421, 2ª e 3ª páginas do cap. 46, intitulado A Transfiguração;


2) Lucas 22:42;



3) Nas versões Almeida lemos “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento (mente) que houve em Cristo Jesus”. Sendo que a KJV trás a idéia essencial do evangelho de que não se trata de ação sua e sim de Deus em você: "deixe esta mente estar em você...”. isto é, permita que Ele realize isto em você. Ele não o fará sem o seu consentimento, porque estaria violando o princípio do livre arbítrio estabelecido por Ele mesmo para as Suas criaturas racionais. “O livre arbítrio é um templo sagrado que Deus jamais violará.” A semana passada vimos o mesmo princípio exarado no “sermão da montanha”: Deixe sua luz brilhar”, Mat. 5:16, KJV, ao invés da redação da Almeida: “resplandeça a vossa luz”. Vimos que isto se dá também com Col. 3:15, Deixe a paz de Deus ... dominar em vossos corações”. E o vs. 16, Deixe a palavra de Cristo habitar em vós abundantemente, em toda a sabedoria ...”. Esta é a essência do Evangelho—Deus desejoso de agir no ser humano;


4) Sermão de nº 9, do Boletim da Conferência Geral de 1893, pág. 178; A Terceira Mensagem Angélica, pág. 63;


5) Arlene Hill, autora desta introspecção, é uma fiel adventista, professora da Escola Sabatina numa das igrejas adventistas da cidade de Reno, estado de Nevada, EUA. Profissionalmente foi advogada no estado da Califórnia, estando hoje aposentada;


6) Nota adiciona para a lição 8:


O CAMINHO SEGURO PARA IDENTIFICAR O ERRO


Do final da lição de quarta-feira, leia o último parágrafo,

“Evidentemente, o melhor caminho é sempre conhecer a verdade. Estar arraigado no que é certo é o caminho mais seguro para conhecer o que é errado” (grifamos).

Em seguida leia o que está destacado no quadro do roda-pé da mesma página:

“De que outros modos podemos ser desviados do caminho por algo que usurpe o lugar que só Cristo merece em nosso coração?” (grifamos).

O Caminho Seguro para Identificar um falso pregador está claramente definido para nós pelo apóstolo João em sua primeira epístola conforme salientado pela irmã Arlene Hill.

Agora vejamos: O salmista exclama jubilosamente “O teu caminho, ó Deus, está no santuário,” Sl. 77:13.

Hebreus 10:19 e 20: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela Sua carne,”

Este caminho para o Santíssimo foi consagrado por Jesus por viver Sua vida perfeita na Sua carne, isso é, na carne humana caída, pecaminosa, que Ele tomou na encarnação. Hebreus 2:14 diz, "E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também Ele participou das mesmas coisas,”

Você vê, o ministério Sumo sacerdotal no Santíssimo do Santuário celestial, é através de um Sumo Sacerdote divino-humano, que assumiu a natureza pecaminosa que tenho, e, mesmo revestido deste equipamento desfavorável, defeituoso, pelo poder de Deus venceu o inimigo, e não pecou, em momento algum.

Assim Ele sempre foi, continuará sendo, e é “Santo, Santo, Santo”, Isaias 6:3 e Apoc. 4:8 (confira também: Marcos 1:24; Lucas 1:35; 4:34; João14:30, etc...), pois nunca pecou. Esta verdade é parte essencial da “mui preciosa mensagem” que “o Senhor, em Sua grande misericórdia”, nos enviou há mais de 120 anos atrás através de dois mensageiros. (*Veja Testemunhos para Ministros págs. 91 em diante)

Um deles, Alonzo T. Jones, assim se expressa:

"Na Sua vinda na carne—tendo sido feito em todas coisas como nós, e tendo sido tentado em todos pontos como somos—Ele identificou-Se com cada alma humana exatamente onde essa alma está. E do lugar onde cada alma humana está, Ele consagrou para essa alma um novo e vivo caminho através de todas as vicissitudes e experiências de uma vida inteira, e mesmo através da morte, da sepultura e no Santíssimo na mão direita de Deus para sempre.

"Oh! aquele caminho consagrado! Consagrado pela Suas tentações e sofrimentos, pela Suas orações e lágrimas, pela Sua vida santa e morte sacrifical, pela Sua triunfante ressurreição e ascensão gloriosa, e pela Sua entrada triunfal no Santíssimo, à mão direita do trono da Majestade nos céus!

"E este "caminho" Ele consagrou para nós. Ele, tendo se tornado um de nós, fez deste caminho nosso caminho; ele pertence a nós. Ele dotou cada alma com o divino direito de trilhar neste caminho consagrado, e por Ele ter feito isto, tendo-o feito na carne—na nossa carne caída—tornou possível, sim, Ele deu garantia real, que cada alma humana pode andar nesse caminho, em tudo que esse caminho é, e por ele entrar plena e livremente no Santíssimo. ...” (Grifos nossos).

A perfeição,... de caráter, é a meta cristã. ... . Cristo atingiu-a em carne humana caída neste mundo, e assim fez e consagrou um caminho pelo qual, nEle, cada crente o pode trilhar. Ele, o tendo alcançado, tornou-Se nosso grande Sumo Sacerdote, pelo Seu ministério sacerdotal no verdadeiro santuário para nos capacitar a atingi-lo..

Permitiremos nós que Ele faça isso em nós? Ele está desejoso de o fazer, e só não o fará se O obstarmos. Por lutar com Deus, como Jacó, até recebermos a bênção, nós permitimos que o "óleo" do Espírito Santo nos traga à experiência da perfeição que Ele nos deu pela Sua consagração—Seu caráter justo—como Ele a entende, não como nós entendemos perfeição.

Tenha um feliz encontro com nosso Salvador em Seu santo Sábado em Sua casa de oração.

Do irmão em Cristo,

João Soares da Silveira.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Lição 7 - Preparação para o Discipulado

Nossa Lição 7 da Escola Sabatina faz uma pergunta poderosa no primeiro parágrafo: "Que vantagem haverá se aqueles que batizamos logo se afastarem?” Esta é uma Realidade!

O tempo chegou para nós como uma igreja mundial vencermos a obsessão por nosso suposto êxito em grandes batismos “—rico sou e estou enriquecido”; necessitamos indagar essa mesma pergunta simples.

A palavra "logo" pode ser omitida: "Que bem fazemos se as pessoas que batizamos, eventualmente, algum dia abandonam a fé? Mesmo na grande prova final da marca da besta"?

Podemos nos regozijar com relatórios que enviamos ao escritório da associação, mas devemos lembra-nos de que "A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um." (1ª Cor. 3:13).

Podemos reformular a pergunta: "Que bem fazemos, se as pessoas que batizamos tornam-se tão somente outros partidários laodiceanos mornos? Que progresso fizemos"?

Na realidade a questão é séria: ou nós estamos apressando a conclusão da comissão evangélica, ou continuamos nossa história de 120 anos adiando o glorioso "casamento do Cordeiro" (Apoc. 19:7, 8). Já faz 120 anos que o Senhor Jesus quis propor à "mulher" corporativa 1, a quem Ele ama, "Vamos nos casar!”2 Todo céu tinha estado esperando para se regozijar3 porque "vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou.” (Apoc. 19:7) 4. Mas não, não ainda.5

Nós como uma igreja mundial estamos, de fato, escrevendo um "livro" sobre "discipulado". O último capítulo é sobre um "discipulado" tão amadurecido, tão completo, que prepara os "discípulos", ao redor do mundo, para estarem prontos para o fechamento do tempo de graça, prepara-os para ficarem de pé durante o derramamento das sete últimas pragas, prepara-os para encararem a prova final do fechamento da provação. Isso será o "discipulado" final.

A Lição pergunta, que mensagem existe em Mat. 5:13-16 para os discípulos de Cristo sobre "deixar sua luz brilhar" etc.? Sugiro que o recado para nós está na palavra "deixar."6 A palavra significa que o Senhor está pronto para fazer algo se nós O deixarmos fazê-lo. Ele não o pode fazer sem nossa permissão, ou devemos dizer, sem nossa cooperação.

E aqui podemos encarar a realidade da história de nossa igreja. A idéia de "deixar sua luz brilhar" era "verdade presente" há 120 anos quando o Senhor estava pronto para brilhar "nossa" luz sobre um mundo entenebrecido, iluminando a terra com a glória do quarto anjo de Apocalipse 18:1-4. (Lembre-se de que, quando Apocalipse fala de anjos com uma mensagem, é o povo de Deus que realmente dá a mensagem).

Mas estava aquela "luz" pronta para o Céu magnificá-la, para fazê-la brilhar num mundo escuro naquela época? A serva do Senhor disse que éramos secos7 como as colinas de Gilboa que não tinha nem orvalho nem chuva. Para trazer cura e unidade à igreja mundial, "em Sua grande misericórdia o Senhor enviou uma mui preciosa mensagem" (Testemunhos a Ministros, pág. 91), que era (e é) essa mensagem de há 120 anos. Cada classe da Escola sabatina e cada serviço de adoração na época de 1888 eram "secos". O Senhor nunca podia ter como magnificar a luz que eles tinham para aquele tempo no mundo. Mas Ele estava esperando para brilhar (*neles) a "luz" que tinha dado em 1888.

Permita-nos salientar como o verbo "deixar" contem o evangelho em si mesmo: o Senhor está ativamente trabalhando, e espera nossa "disposição" de permitir que Ele faça o que Ele quer fazer. "Deixe a paz de Deus, ... dominar em vossos corações” (Col. 3:15); essa "paz" dominará nosso coração se não O impedirmos por nossa obscura incredulidade! Deixe a palavra de Cristo habitar em vós8 abundantemente, em toda a sabedoria, ...” (vs. 16). Quer dizer, deixe sua Lição da Escola Sabatina achar um lugar de morada no seu coração; leia cada texto, marque sua Bíblia, consulte uma concordância se você puder. Oh como sua Bíblia tornar-se-á um novo livro para você!9 Tornar-se-á pessoalmente relacionada com você. (Isto custa algum dinheiro? Só a compra inicial; e com certeza uma Bíblia pessoal e que nos acompanha a vida inteira, é digna de seu custo).

Você aprenderá a amar a Bíblia. Você a levará consigo sempre à Escola Sabatina e ao culto de adoração. Quando você pegar um raio de luz, marque-o em sua Bíblia. Isto será sua experiência de construção de sua casa "numa pedra" e a chuva que desce e inundações e ventos que sopram não podem movê-la (cf. Mat. 7:15- 20, lição de 3ªF.).

Na lição da quarta-feira nós somos introduzidos ao tumulto e oposição que os seguidores de Cristo devem experimentar. Mas deixe-nos salientar: nunca deve tal perseguição ser infligida pela “igreja remanescente" da profecia bíblica! Mas não obstante, devemos estar preparados para defrontar o que quer que o Senhor permita vir.

Na lição da quinta-feira nós vemos a prefiguração da mensagem do Alto Clamor que finalmente ilumina a terra com glória: os "setenta", que Jesus enviou dois a dois, eram os próprios rádios, televisões, transmissões via satélites, (*pagina impressa, internete, etc...) para proclamarem a mensagem. A verdade estava nos seus corações; não podia ser suprimida dali; simplesmente tinha que brilhar. Isso acontecerá outra vez quando a terra foi iluminada com a glória da mensagem do quarto anjo de Apo. 18:1-4.

Em conclusão, permita-me aconselhar que devemos dar especial atenção à última nota da lição da sexta-feira de autoria de William Barclay10. Ele era um estudante cuidadoso da Bíblia. Esta nota vale a pena recortar e colar dentro da sua preciosa Bíblia.

Robert J. Wieland11


Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.


Notas do tradutor:

1) O termo “corportativo” não se refere às grandes empresas conhecidas como “Corporações”. Igreja corporativa, aqui é “a igreja como um corpo”, o conjunto mundial de membros, lideres e leigos, “os filhos de Israel”, isto é, o Israel espiritual, exceto, portanto, a “muita mistura de gente”, Êxodo 12: 37 e 38, o “vulgo, que estava no meio” do povo, que sempre lamentava sua partida do Egito. Números 11:4-6;

2) O pastor Roberto Wieland aqui, ao relatar o Noivo dizendo: "Vamos nos casar”, está retratando o que a “esposa”, em Cantares 5:2, em sonho, ouviu o Noivo “batendo, batendo (Septuaginta”) a dizer: “abre-me, minha irmã, meu amor, pomba minha, imaculada minha”;

3) Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus”, Romanos 8:19. Quanto tempo ainda vamos fazer Cristo esperar? Já por 120 anos temos cumprido a profecia de Cantares dizendo ao Noivo: “—Eu já despi a minha roupa; como as tornarei a vestir? Já lavei os meus pés; como os tornarei a sujar?” Cantares 5:3. “A noiva parece dizer, ‘—eu já me deitei; não me incomode”, Comentário Bíblico, vol. 3, pág. 1120. Ou, em outras palavras, eu já me acomodei, não me disturbe, eu sou rica, estou enriquecida, não tenho falta de nada, é o que Lhe estamos dizendo desde 1888.

Falando da mensagem e dos dois mensageiros em Mineápolis, Ellen G. White, em Testemunhos para Ministros, pág. 97, escreveu tempos depois: “Há os que desprezaram os homens e as mensagens que eles levaram..., Negligenciai essa grande salvação conservada diante de vós durante anos, desprezai essa oferta gloriosa de justificação pelo sangue de Cristo, e a santificação pelo poder purificador do Espírito Santo’ e restará apenas ‘uma certa expectação horrível de juízo e ardente indignação.” (ênfases nossas)

Cristo nos apela:“Eis que estou à porta, batendo, batendo(original do texto grego de Apoc 3:20). Qual será nossa resposta? Medite no paralelismo deste texto com o de Cantares da nota anterior;

4) Em breve virá o tempo em que a “noiva” se aprontará cumprindo a profecia de Apoc. 19:7 e Mat. 25:10 diz: “... chegou o Esposo, e as que estavam preparadas entraram com Ele para as bodas, e fechou-se a porta.” É “um relato figurativo em termos do antigo casamento oriental.” (Comentário Bíblico, vol. 7, pág. 872);

5) “Mas não, ainda não.” A Noiva ainda não se aprontou. A chuva serôdia que começou a ser derramada em 1888 sobre a igreja como um todo, corporativamente, foi temporariamente retida. “Eu abri ao meu Amado, mas o meu Amado já Se tinha retirado.” Cantares 5:6. Este é o estágio em que estamos como denominação. “Muitos perderam Jesus de Vista. Deviam ter tido o olhar fixo em Sua divina pessoa, em Seus méritos e em Seu imutável amor para com a família humana.” Testemunhos para Ministros, pág. 92. “Por anos tem estado a igreja olhando para o homem, e dele muito esperando, mas sem olhar para Jesus, em quem Se centraliza nossa esperança de vida eterna. Portanto, Deus deu a Seus servos’ [*lembre-se de que, neste capítulo inteiro, ela está falando dos dois mensageiros de 1888 e da mensagem que deram como servos de Deus] ‘um testemunho que apresentava a verdade como esta é em Jesus, e que é a terceira mensagem angélica, em linhas claras e distintas.” Idem, pág. 93. O que está ocorrendo agora disse a serva do Senhor naquela época, “são Profecias que serão cumpridas”, e na frase anterior, “Que diz Deus com relação ao Seu povo? ‘–Mas este é um povo roubado e saqueado; todos estão enlaçados em cavernas e escondidos nas casas dos cárceres; são postos por presa, e ninguém há que os livre; por despojo, e ninguém diz: Restitui." Isa. 42:22. (Ver também Isa. 43.) Idem, pág. 96. “Por quanto tempo odiareis e desprezareis os mensageiros da justiça de Deus? Deus lhes deu Sua mensagem. Eles têm a Palavra do Senhor. Há salvação para vós, mas somente pelos méritos de Jesus Cristo.” Ibidem, e pág. 97;

6) Mateus 5:16, diz: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, ..”. Na KJV é deixa sua luz resplandecer ...” o que trás a idéia de nosso consentimento para que Deus realize isto em nós. É uma questão de respeito que Deus tem pelo nosso livre arbítrio;

7) “Precisamos quebrar a monotonia de nossa atividade religiosa. Estamos realizando uma obra no mundo, mas não mostramos suficiente atividade e zelo. Se fôssemos mais fervorosos, os homens se convenceriam da verdade de nossa mensagem. A falta de vida e a monotonia de nosso culto a Deus repelem muitos que nos observam para ver em nós zelo profundo, fervente e santificado. A religião formal não serve para este tempo. Podemos praticar todos os atos externos do culto e, não obstante, estar tão destituídos da influência vivificante do Espírito Santo, como estavam os montes de Gilboa do orvalho e da chuva. Necessitamos da umidade espiritual; bem como dos claros raios do Sol da Justiça para nos enternecer e subjugar o coração.” R&H., 26 de maio de 1903. Evangelismo, págs. 169 e 170.

8). A mesma idéia do respeito de Deus pela nossa vontade, está também melhor expressa na KJV do que nas versões da Almeida em português, nos dois versos mencionados pelo pr. Roberto Wieland. Em Col. 3:15, ”E a paz de Deus, ... domine em vossos corações”; na KJV dizDeixe a paz de Deus ... dominar em vossos corações”. E o vs. 16, A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ...” a KJV diz “Deixe a palavra de Cristo habitar em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ...”

9) Decore as promessas que encontrar na Palavra de Deus, principalmente as relacionadas com as principais tentações que lhe assediam. Cristo vencia as tentações com um “está escrito” (Mat. 4: 4, 7 e 10, e Lucas 4: 4, 8 e 10). “Escondi a Tua Palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti” (Salmos 119:11). E volte dois versos no capítulo, “Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a Tua Palavra” (Salmos 119:9);

10) William Barclay, (1907-1978), popular teólogo escocês, mundialmente conhecido comentador da Bíblia. Ele era muito conhecido na Inglaterra pelo seu programa de rádio e televisão. Mas seu grande legado foram seus escritos, embora muito cuidado deve ser tomado ao serem lidos, pois, por exemplo, ele argumentou que o Salvador não multiplicou os pães e peixes literalmente; Jesus meramente motivou as pessoas para compartilhar seu alimento; opinou que Cristo realmente não andou sobre o Mar da Galiléia; simplesmente, do ponto de vista dos discípulos, pareceu que o fez—ao andar em água pouco funda perto da praia. Mais ainda, disse, o Senhor realmente não pretendeu que Pedro lançasse seu anzol no mar para obter uma moeda da boca do peixe; antes, quis dizer para o apóstolo usar sua habilidade de pesca e levantar os fundos para o imposto de templo. Ele não cria na divindade de Cristo, e, uma vez contrastado com um texto de Paulo disse: “eu não me importo com o que Paulo disse”. Ele negava que Cristo teve que morrer para expiar os pecados da humanidade (Rom. 3:21-26, Mat. 20:28), mas o prof. Barclay dizia que literalizar esta declaração era uma aproximação “brutal” a uma passagem que era meramente um exemplo de “poesia de amor”. O real poder da morte de Jesus, segundo ele, estava no seu exemplo altruísta benevolente—nada mais.

Entretanto há muitas coisas admiráveis em seus ensinos:

Entre todos os professores da universidade somente ele cria que os autores dos quatro evangelhos eram, realmente os quatro apóstolos. Todos os outros professores criam que eram autores altamente letrados. Barclay usava excelentes ilustrações a tal ponto de torná-las memoráveis;

11) O pastor Roberto J. Wieland serviu a igreja como pastor, e como missionário, administrador, e redator da nossa casa editora na África. Ele atualmente está aposentado e é ancião na sua igreja em Meadow Vista , Califórnia. Ele continua a dar seminários, e a escrever artigos e livros, seu último livro é "1888" for Almost Dummies.

Ele perdeu sua velha esposa dia 6 de fevereiro de 2008. A despeito disto ele continua trabalhando pelo Mestre, confiante na promessa da ressurreição.

Falamos mais dele numa nota (de nº 3) do comentário da lição da Escola Sabatina de nº 2 deste trimestre.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Lição 6 - Origem Étnica e Discipulado

Em Burma, Adoniran Judson1 jazia numa suja cadeia, com os tornozelos presos a uma vara de bambu. Um companheiro de prisão, sarcasticamente, disse, "—Dr. Judson, quais são as perspectivas de conversão dos pagão"? Sua instantânea resposta foi, "—As possibilidades são tão brilhantes quanto as promessas de Deus". De fato Deus prometeu a Abraão, ele próprio chamado por Deus para fora de Babilônia, "em ti serão benditas todas as famílias da terra" (Gên. 12:3). O grupo potencial de discípulos como seguidores de Jesus é universal.

Jesus saiu de Seu caminho para entrar em território pagão, para procurar e salvar o perdido. Prometeu à mulher Samaritana, junto ao poço água viva que fluiria dEle nela como uma corrente constante de purificação do pecado; e para que ela talvez fosse uma testemunha, como discípula do Salvador (João 4:14). Jesus dá água que satisfaz cada necessidade.

Ela animadamente carregou a água para Jesus à sua aldeia. A origem judaica de Jesus foi transcendida por sua pronta percepção de que este era o Messias, o enviado de Deus (João 4:25). Desde que Jesus contou a ela todo que tinha feito, isto foi uma evidência convincente para ela de que Ele era o divinamente ungido Profeta, Sacerdote, e Rei.2 Seu testemunho aos habitantes da cidade de Sicar foi tão comovente que seu interesse foi despertado para verem Jesus por si mesmos; e sua declaração foi de que Cristo era "verdadeiramente, o Salvador do mundo" (João 4:42). Isto é simplesmente surpreendente! Eles não O viram como um Salvador de "fãs", mas "o Salvador do mundo". Qualquer preconceito étnico que possa ter existido entre judeus e samaritanos, foi totalmente sobrepujado pela cativante (*pessoa) de Jesus, e eles tornaram-se Seus discípulos. Discipulado para Jesus transcende etnicidade.

Outra vez, Jesus foi a uma viagem missionária à costa cananita de Tiro e Sidon. Havia lá uma mulher para ser chamada (*convocada) como Sua discípula. Esta mulher siro-fenícia era uma devota pagã adoradora de Baal3. Indubitavelmente isto tinha levado sua filha a ficar possessa de demônio. Um templo dedicado a Eshmun4, um deus da cura, foi localizado a três milhas noroeste de Sidon. Evidentemente todos esforços de exorcismo local tinham sido de nenhum proveito. Este amor da mãe por sua filha deve tê-la angustiado com este cativeiro demoníaco.

O amor de mãe é irreprimível. Há anos, uma jovem mãe dirigia-se através das colinas de Gales do sul5, carregando seu bebezinho nos braços, quando foi apanhada por uma tempestade ofuscante. Ela nunca alcançou seu destino. Quando a tempestade acalmou, o seu corpo foi achado embaixo de um monte de neve. Descobriram que antes de sua morte, ela tinha tirado toda sua roupa exterior e a enrolado ao redor de seu bebê. Quando eles desembrulharam a criança, para grande surpresa, a acharam viva e bem. Ela tinha moldado o seu corpo sobre o dele e dado sua vida pela sua criança, provando as profundidades de seu amor de mãe. Isso é (*um) tipo do amor de Deus—um resoluto, altruísta amor6.

Se a resposta de Jesus à petição desta mãe para curar afigura-se áspera e insensível, isto é só aparente. Seu intento em provar a fé da mulher, não era somente para fortalecer e focalizar suas percepções dEle, mas ensinar aos discípulos que verdadeiros israelitas devem ser achados entre os gentios (Mat. 15:24)7. Sua missão e a deles deve estender-se além das fronteiras da pátria.

Chamou Jesus esta mulher cananita de cão (Mat. 15:26)? Ele não disse que ela era um cão! Sua pequena parábola era somente a abertura que ela necessitava para aproveitar e tomar o raciocínio de Jesus e pressionar o argumento em seu favor. Mesmo aos cachorrinhos é permitido comerem as migalhas que caem da mesa, e isso é suficiente para curar minha filha. Nisto ela demonstrou que ela era uma "ovelha perdida da casa de Israel" (Mat. 15:24) (7). Sua fé em Jesus prevaleceu. A resposta de aprovação de Jesus a ela foi, "Ó mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas" (Mat. 15:28).

A fé nas promessas de Deus sempre foi testada. Abraão, Jacó, Davi, Ester, Daniel, Maria, e tantos outros, foram submetidos a intensos julgamentos para que eles fossem purificados de toda escória e preparados para entrar no reino. Tivessem os discípulos aprendido esta lição valiosa de uma seguidora cananita de Jesus, eles teriam sido melhor preparados para a crucificação de seu Mestre. Ela exercitou o que Deus a tinha dado, —fé inabalável —no "Senhor, filho de David" (Mat. 15:22). Deus tinha prometido a Davi, no Seu concerto eterno, que ele nunca deixaria de ter um filho para assentar-se sobre seu trono; e ela reconheceu em Jesus esse herdeiro legítimo. Por tal autoridade real Jesus podia exorcizar os demônios de sua filha, e Ele o fez.

Num livro sobre relacionamentos quebrados e corações partidos, há uma história sobre o vendedores de rua em Hong Kong. Entre todos os camelôs agressivos e de alta pressão tentando vender algo e tudo, um homem estava assentado silenciosamente ao lado da sua barraca ambulante. Quando lhe foi perguntado o que ele vendia, respondeu, "eu não vendo nada. Em vez disso, eu compro coisas. Compro coisas quebradas. Minha alegria é concertar o que está quebrado"8. Jesus está entre nós como um que compra coisas quebradas para fixá-las. Jesus encontra alegria em curar e salvar pessoas partidas, quebrantadas.

O Grupo de Estudos da Mensagem de 1888 encontra alegria em estudar a "mui mensagem preciosa"9 que o Senhor "em sua grande misericórdia nos enviou" há 120 anos. É a mensagem que cura todas "coisas" quebradas que tem a ver com o trabalho de Deus.

Jesus procurou Seus discípulos de todas etnias. O verdadeiro Israel, são as pessoas de cada nação, tribo, língua e povo. "E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão” (Gal.3:29). A mensagem de 1888 é um chamado de Jesus, nosso Sumo Sacerdote no Lugar Santíssimo, ao discipulado nos últimos dias da história da terra. Tais discípulos trarão a água da vida a um mundo moribundo, sedento, justo antes que Jesus venha outra vez. A mensagem preparará um povo para ser trasladado10 sem ver a morte, porque Jesus comunicou Seu amor aos seus corações. Assim haverá um povo que guarda os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.


—Paul E. Penno11



Tradução sublinhados e negritos, e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira


Notas do tradutor, com a Biografia de Adoniran Judson ao final:


1) Este nome, Adoniran Judson (1788 - 1850) é um símbolo do cristianismo sem preconceitos étnicos, altruísta. Ele tinha o mundo em seu coração. Foi o primeiro missionário cristão na Birmânia (atual Mianmar) que, por 30 anos, perseverou em seu trabalho de evangelização, apesar das doenças e perseguições constantes que sofria por pregar o Evangelho naquele país. Após a leitura destes comentários da lição da Escola Sabatina veja a biografia de Adoniran Judson, ao final;


2) Sim, Jesus foi divinamente ungido para ser Profeta, Sacerdote, e Rei. Mas estes três ofícios não são exercidos ao mesmo tempo, embora seja verdade que Ele é chamado de Rei-Sacerdotal, e Seu ministério de Sacerdócio-Real. Isto é de grande importância e significado, e é bela e detalhadamente exposto na “mui preciosa mensagem” de 1888, e, oportunamente, voltaremos ao assunto;


3) Baal, deus das montanhas, da tempestade e da chuva, que também é, praticamente, um sinônimo de idolatria no texto bíblico. Deve-se notar que "Baal" é um nome genérico (significa "senhor"), e não se refere a uma divindade específica;

4) O principal deus de Sidon era Eshmun (um indicativo disso é o próprio nome do rei Eshmun'ezer, bem como o papel da divindade na inscrição do seu sarcófago), que presidia à saúde e à medicina, e foi compreensivelmente identificado pelos gregos com Asclépio (Os Fenícios, de Donald Harden, pág. 84, Lisboa: Editorial Verbo, 1968). Eshmun, num período posterior, superaria Melcart para tornar-se o principal deus de Cartago;

5) Gales do sul (South Wales), fica ao sudeste da Inglaterra. A exata extensão da área ali chamada de “South Wales” não é bem definida, mas é geralmente considerada ser a área em volta da rodovia M4, incluindo os condados de Glamorganshire e Monmouthshire;

6) “Deus é Ágape” (1ª João 4:8), no original grego. Ele é Amor em essência—um resoluto, altruísta amor. Quando Se “deu” (João 3:16), encarnado, nada reservou de Si. Deu-Se incondicionalmente, sem reservas, sem isenção de espécie alguma, quando “a raça estivera a decrescer em forças físicas, vigor mental e valor moral; e Cristo tomou sobre Si as fraquezas da humanidade degenerada. Unicamente assim podia salvar o homem das profundezas da sua degeneração. ... Nosso Salvador Se revestiu da humanidade com todas as vulnerabilidades (“liabilities”) da mesma. Tomou a natureza do homem com a possibilidade de ceder à tentação. Não temos que suportar coisa nenhuma que Ele não tenha sofrido.” Desejado de Todas as Nações, pág. 117, (em português, pelo menos na edição de que disponho, foi omitida a palavra valor, “worth”, acima por nós grifado). “Cristo é a escada que Jacó viu, tendo a base na Terra, e o topo chegando à porta do Céu, ao próprio limiar da glória. Se aquela escada houvesse deixado de chegar à Terra, por um único degrau que fosse, teríamos ficado perdidos. Mas Cristo vem ter conosco ... Desejado de Todas as Nações, pág. 311, grifamos. Cristo é Deus conosco, não há isenção alguma, em sua natureza humana. Ele é o segundo Adão;

7) Este é o verdadeiro sentido de Mat. 15:24. Quando Jesus disse “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas de Israel”, estava referindo-se ao Israel espiritual, os “verdadeiros israelitas”;


8) Terry Hershey, Começando Outra Vez: A vida depois de um Relacionamento Terminar, págs. 10-11;


9) Testemunhos para Ministros, pág. 91, último §. Pelo menos na edição de que disponho a palavra mui foi omitida. Esta é uma das diferentes maneiras como designamos a mensagem de 1888, a “mui preciosa mensagem”.


10) O Evangelho Eterno sempre foi eficaz para prepararem pessoas para morrerem por Cristo. As perseguições testemunharam isto. Mas a última geração, pelo poder do mesmo evangelho, será dotada de poder do Alto a fim de ser trasladada sem provar a morte. Então Deus poderá dizer: “Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus”;


11) Paulo E. Penno Junior é um pastor adventista ordenado há trinta e seis anos. Atualmente ele é pastor da igreja de Hayward, na cidade de Hayward, na Califórnia, da Associação Norte Californiana da Igreja Adventista do 7º Dia.


Biografia de Adoniran Judson:

Era o ano de 1824. Os oficiais do rei da Birmânia (atual Mianmar), país que fica às margens do Golfo de Bengala, no Sudeste Asiático, tinham acabado de saquear o lar missionário de Adoniran e Ana Judson, levando tudo o que acharam de "valioso". No entanto, o tesouro mais precioso havia passado despercebido: o manuscrito de uma porção da Bíblia, traduzida por Adoniran Judson, que sua esposa Ana enterrara sob a casa.

Acusado de espionagem, Adoniran, um missionário magro e de corpo pequeno, ficou encarcerado por quase dois anos em uma prisão infestada por mosquitos. Ele e outros 60 condenados à morte ficaram presos em um edifício sem janelas, escuro, abafado e imundo. Durante aquele período, sua esposa conseguiu entregar-lhe um travesseiro para que ele pudesse dormir melhor no duro chão de areia da prisão, além de livros, papéis e anotações que ele usava para continuar a tradução da Bíblia para o birmanês. Dentro da cadeia, além das traduções, que ele escondia dentro de seu travesseiro, Adoniran evangelizava os presos.

Em 1819, seis anos depois de sua chegada à Birmânia, Judson conseguiu seu primeiro converso. Dois anos depois, já havia uma igreja fundada no país, com 18 membros batizados. Em 1837, havia 1144 convertidos batizados na Birmânia. Em 1880 esse número passou a sete mil, distribuídos por 63 igrejas. Em 1950, cem anos depois de sua morte, existiam mais de 200 mil cristãos na Birmânia, em sua maioria resultantes da mensagem que Judson deixara naquele país. Dizia ele: "Muitos cristãos consagrados jamais atingirão os campos missionários com seus próprios pés, mas poderão alcançá-los com os seus joelhos."

Adoniran Judson nasceu em Malden, no estado americano de Massachussetts. Filho do pastor congregacional Adoniran Judsone e de Abigail Brown Judson; o jovem Adoniran trabalhou duro em um moinho do pai. Tinha de caminhar muito até chegar à escola e tinha intensa devoção à Igreja.

Sua mãe ensinou-lhe a ler um capítulo inteiro da Bíblia quando tinha apenas quatro anos. Nos anos seguintes, freqüentou a escola “New London Academy” e depois a “Brown Univercity”, onde entrou com apenas 16 anos. Naquele período em que o ateísmo, proveniente da França, chegava com força aos Estados Unidos, o jovem Adoniran teve uma crise existencial. Recém diplomado, aos 19 anos, ele surpreendeu os pais quando disse que não mais acreditava na existência de Deus e que iria escrever peças de teatro.

Era o ano de 1807, saiu de casa, mas, quando seguia para a casa de um tio, teve uma experiência que mudou sua vida por completo. No fim de uma noite, procurou um lugar para dormir em uma pensão. O proprietário disse que só tinha um quarto que ficava ao lado de outro em que estava uma pessoa muito doente. A voz agonizante de um homem no quarto ao lado só o deixou dormir no fim da madrugada. Ao acordar, Adoniran soube que aquele homem havia morrido, e tomou um susto ao saber que se tratava de Jacob Eames, um cético e descrente que ele conhecera na faculdade; e que também abandonara o Evangelho pelos ideais ateístas.

A notícia da morte de Eames atingiu seu coração como uma flecha. Foi, então, para Plymouth, onde assistiu a dezenas de palestras de pregadores cristãos. Em 1808, decidiu estudar para o ministério e entrou no seminário teológico de Andover. No ano seguinte, fez uma profissão pública de fé na igreja do pai e sentiu o desejo de tornar-se missionário.

Os pais de Judson queriam que ele aceitasse ser pastor de uma igreja da cidade de Boston, estado de Massachussetts, mas recusou o convite. Ele tinha o mundo em seu coração. Em fevereiro de 1810, fundou, com quatro amigos pastores, a Junta Americana de Missões Estrangeiras, ligada à Associação Geral de Ministros Congregacionais de Bradford, em Massachussetts.

Casou-se com Ana em 5 de fevereiro de 1812, e apenas 12 dias depois, o casal partiu para Calcutá, na Índia, junto com os quatro pastores amigos de Judson. Ana tornou-se, então, a primeira missionária a deixar os EUA. Durante a viagem, dedicaram-se ao estudo das Escrituras. No entanto, ao chegarem a seu destino, a guerra fez com que eles deixassem o país. Como havia uma embarcação pronta para ir para Rangum, na Birmânia, o casal decidiu viajar nela. O percurso não foi fácil. Ana, que estava grávida, adoeceu no navio. Deu à luz seu primeiro filho, que morreu em seguida. Eles chegaram a Rangum exaustos, em julho de 1813. Ana, muito adoentada, desembarcou em uma padiola. Aquela experiência era uma prévia do que o casal ainda haveria de enfrentar.

A experiência na prisão, relatada no início desta biografia, não foi o único problema enfrentado pelo casal Judson na Birmânia. Depois de sair da cadeia, indultado pela Alta Corte de Justiça do reino birmanês, em novembro de 1825, viu a segunda filha do casal, Maria, morrer de febre amarela. Em outubro de 1826, Ana faleceu, também vítima da doença.

Adoniram mudou-se, então, para o interior da Birmânia, onde completaria a tradução do Antigo Testamento para o birmanês, em 1834, no mesmo ano em que se casou pela segunda vez, com Sara, com quem teve oito filhos. Em 1837, Adoniram concluiu a tradução do Novo Testamento. Em 1845, Sara faleceu, e ele retornou aos Estados Unidos 33 anos depois do início de sua viagem à Ásia.

Tanto interesse gerado por sua experiência na Birmânia rendeu a Judson uma platéia inesperada. Grandes multidões corriam para ouvi-lo pregar em solo americano, pois se tornara uma lenda.

Em junho de 1846, casou-se pela terceira vez, com a escritora Emily Chubbock, e voltou no ano seguinte para a Birmânia para revisar mais uma vez o dicionário birmanês-inglês que concluíra em 1826. Muito doente, Judson foi aconselhado a fazer uma viagem marítima para se recuperar, mas veio a falecer no navio, em 12 de abril de 1850. Emily morreu quatro anos depois. Mas a frase que ele mais repetia em suas pregações tornou-se uma realidade:

“—Eu não deixarei a Birmânia até a mensagem da cruz ser plantada aqui para sempre.” Palavras proféticas de um verdadeiro herói da fé. —Marcelo Dutra

Fonte: Revista Graça, Ano 3, n.º 33 / http://www.ongrace.com/