quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Lição 7 - Preparação para o Discipulado

Nossa Lição 7 da Escola Sabatina faz uma pergunta poderosa no primeiro parágrafo: "Que vantagem haverá se aqueles que batizamos logo se afastarem?” Esta é uma Realidade!

O tempo chegou para nós como uma igreja mundial vencermos a obsessão por nosso suposto êxito em grandes batismos “—rico sou e estou enriquecido”; necessitamos indagar essa mesma pergunta simples.

A palavra "logo" pode ser omitida: "Que bem fazemos se as pessoas que batizamos, eventualmente, algum dia abandonam a fé? Mesmo na grande prova final da marca da besta"?

Podemos nos regozijar com relatórios que enviamos ao escritório da associação, mas devemos lembra-nos de que "A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um." (1ª Cor. 3:13).

Podemos reformular a pergunta: "Que bem fazemos, se as pessoas que batizamos tornam-se tão somente outros partidários laodiceanos mornos? Que progresso fizemos"?

Na realidade a questão é séria: ou nós estamos apressando a conclusão da comissão evangélica, ou continuamos nossa história de 120 anos adiando o glorioso "casamento do Cordeiro" (Apoc. 19:7, 8). Já faz 120 anos que o Senhor Jesus quis propor à "mulher" corporativa 1, a quem Ele ama, "Vamos nos casar!”2 Todo céu tinha estado esperando para se regozijar3 porque "vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou.” (Apoc. 19:7) 4. Mas não, não ainda.5

Nós como uma igreja mundial estamos, de fato, escrevendo um "livro" sobre "discipulado". O último capítulo é sobre um "discipulado" tão amadurecido, tão completo, que prepara os "discípulos", ao redor do mundo, para estarem prontos para o fechamento do tempo de graça, prepara-os para ficarem de pé durante o derramamento das sete últimas pragas, prepara-os para encararem a prova final do fechamento da provação. Isso será o "discipulado" final.

A Lição pergunta, que mensagem existe em Mat. 5:13-16 para os discípulos de Cristo sobre "deixar sua luz brilhar" etc.? Sugiro que o recado para nós está na palavra "deixar."6 A palavra significa que o Senhor está pronto para fazer algo se nós O deixarmos fazê-lo. Ele não o pode fazer sem nossa permissão, ou devemos dizer, sem nossa cooperação.

E aqui podemos encarar a realidade da história de nossa igreja. A idéia de "deixar sua luz brilhar" era "verdade presente" há 120 anos quando o Senhor estava pronto para brilhar "nossa" luz sobre um mundo entenebrecido, iluminando a terra com a glória do quarto anjo de Apocalipse 18:1-4. (Lembre-se de que, quando Apocalipse fala de anjos com uma mensagem, é o povo de Deus que realmente dá a mensagem).

Mas estava aquela "luz" pronta para o Céu magnificá-la, para fazê-la brilhar num mundo escuro naquela época? A serva do Senhor disse que éramos secos7 como as colinas de Gilboa que não tinha nem orvalho nem chuva. Para trazer cura e unidade à igreja mundial, "em Sua grande misericórdia o Senhor enviou uma mui preciosa mensagem" (Testemunhos a Ministros, pág. 91), que era (e é) essa mensagem de há 120 anos. Cada classe da Escola sabatina e cada serviço de adoração na época de 1888 eram "secos". O Senhor nunca podia ter como magnificar a luz que eles tinham para aquele tempo no mundo. Mas Ele estava esperando para brilhar (*neles) a "luz" que tinha dado em 1888.

Permita-nos salientar como o verbo "deixar" contem o evangelho em si mesmo: o Senhor está ativamente trabalhando, e espera nossa "disposição" de permitir que Ele faça o que Ele quer fazer. "Deixe a paz de Deus, ... dominar em vossos corações” (Col. 3:15); essa "paz" dominará nosso coração se não O impedirmos por nossa obscura incredulidade! Deixe a palavra de Cristo habitar em vós8 abundantemente, em toda a sabedoria, ...” (vs. 16). Quer dizer, deixe sua Lição da Escola Sabatina achar um lugar de morada no seu coração; leia cada texto, marque sua Bíblia, consulte uma concordância se você puder. Oh como sua Bíblia tornar-se-á um novo livro para você!9 Tornar-se-á pessoalmente relacionada com você. (Isto custa algum dinheiro? Só a compra inicial; e com certeza uma Bíblia pessoal e que nos acompanha a vida inteira, é digna de seu custo).

Você aprenderá a amar a Bíblia. Você a levará consigo sempre à Escola Sabatina e ao culto de adoração. Quando você pegar um raio de luz, marque-o em sua Bíblia. Isto será sua experiência de construção de sua casa "numa pedra" e a chuva que desce e inundações e ventos que sopram não podem movê-la (cf. Mat. 7:15- 20, lição de 3ªF.).

Na lição da quarta-feira nós somos introduzidos ao tumulto e oposição que os seguidores de Cristo devem experimentar. Mas deixe-nos salientar: nunca deve tal perseguição ser infligida pela “igreja remanescente" da profecia bíblica! Mas não obstante, devemos estar preparados para defrontar o que quer que o Senhor permita vir.

Na lição da quinta-feira nós vemos a prefiguração da mensagem do Alto Clamor que finalmente ilumina a terra com glória: os "setenta", que Jesus enviou dois a dois, eram os próprios rádios, televisões, transmissões via satélites, (*pagina impressa, internete, etc...) para proclamarem a mensagem. A verdade estava nos seus corações; não podia ser suprimida dali; simplesmente tinha que brilhar. Isso acontecerá outra vez quando a terra foi iluminada com a glória da mensagem do quarto anjo de Apo. 18:1-4.

Em conclusão, permita-me aconselhar que devemos dar especial atenção à última nota da lição da sexta-feira de autoria de William Barclay10. Ele era um estudante cuidadoso da Bíblia. Esta nota vale a pena recortar e colar dentro da sua preciosa Bíblia.

Robert J. Wieland11


Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.


Notas do tradutor:

1) O termo “corportativo” não se refere às grandes empresas conhecidas como “Corporações”. Igreja corporativa, aqui é “a igreja como um corpo”, o conjunto mundial de membros, lideres e leigos, “os filhos de Israel”, isto é, o Israel espiritual, exceto, portanto, a “muita mistura de gente”, Êxodo 12: 37 e 38, o “vulgo, que estava no meio” do povo, que sempre lamentava sua partida do Egito. Números 11:4-6;

2) O pastor Roberto Wieland aqui, ao relatar o Noivo dizendo: "Vamos nos casar”, está retratando o que a “esposa”, em Cantares 5:2, em sonho, ouviu o Noivo “batendo, batendo (Septuaginta”) a dizer: “abre-me, minha irmã, meu amor, pomba minha, imaculada minha”;

3) Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus”, Romanos 8:19. Quanto tempo ainda vamos fazer Cristo esperar? Já por 120 anos temos cumprido a profecia de Cantares dizendo ao Noivo: “—Eu já despi a minha roupa; como as tornarei a vestir? Já lavei os meus pés; como os tornarei a sujar?” Cantares 5:3. “A noiva parece dizer, ‘—eu já me deitei; não me incomode”, Comentário Bíblico, vol. 3, pág. 1120. Ou, em outras palavras, eu já me acomodei, não me disturbe, eu sou rica, estou enriquecida, não tenho falta de nada, é o que Lhe estamos dizendo desde 1888.

Falando da mensagem e dos dois mensageiros em Mineápolis, Ellen G. White, em Testemunhos para Ministros, pág. 97, escreveu tempos depois: “Há os que desprezaram os homens e as mensagens que eles levaram..., Negligenciai essa grande salvação conservada diante de vós durante anos, desprezai essa oferta gloriosa de justificação pelo sangue de Cristo, e a santificação pelo poder purificador do Espírito Santo’ e restará apenas ‘uma certa expectação horrível de juízo e ardente indignação.” (ênfases nossas)

Cristo nos apela:“Eis que estou à porta, batendo, batendo(original do texto grego de Apoc 3:20). Qual será nossa resposta? Medite no paralelismo deste texto com o de Cantares da nota anterior;

4) Em breve virá o tempo em que a “noiva” se aprontará cumprindo a profecia de Apoc. 19:7 e Mat. 25:10 diz: “... chegou o Esposo, e as que estavam preparadas entraram com Ele para as bodas, e fechou-se a porta.” É “um relato figurativo em termos do antigo casamento oriental.” (Comentário Bíblico, vol. 7, pág. 872);

5) “Mas não, ainda não.” A Noiva ainda não se aprontou. A chuva serôdia que começou a ser derramada em 1888 sobre a igreja como um todo, corporativamente, foi temporariamente retida. “Eu abri ao meu Amado, mas o meu Amado já Se tinha retirado.” Cantares 5:6. Este é o estágio em que estamos como denominação. “Muitos perderam Jesus de Vista. Deviam ter tido o olhar fixo em Sua divina pessoa, em Seus méritos e em Seu imutável amor para com a família humana.” Testemunhos para Ministros, pág. 92. “Por anos tem estado a igreja olhando para o homem, e dele muito esperando, mas sem olhar para Jesus, em quem Se centraliza nossa esperança de vida eterna. Portanto, Deus deu a Seus servos’ [*lembre-se de que, neste capítulo inteiro, ela está falando dos dois mensageiros de 1888 e da mensagem que deram como servos de Deus] ‘um testemunho que apresentava a verdade como esta é em Jesus, e que é a terceira mensagem angélica, em linhas claras e distintas.” Idem, pág. 93. O que está ocorrendo agora disse a serva do Senhor naquela época, “são Profecias que serão cumpridas”, e na frase anterior, “Que diz Deus com relação ao Seu povo? ‘–Mas este é um povo roubado e saqueado; todos estão enlaçados em cavernas e escondidos nas casas dos cárceres; são postos por presa, e ninguém há que os livre; por despojo, e ninguém diz: Restitui." Isa. 42:22. (Ver também Isa. 43.) Idem, pág. 96. “Por quanto tempo odiareis e desprezareis os mensageiros da justiça de Deus? Deus lhes deu Sua mensagem. Eles têm a Palavra do Senhor. Há salvação para vós, mas somente pelos méritos de Jesus Cristo.” Ibidem, e pág. 97;

6) Mateus 5:16, diz: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, ..”. Na KJV é deixa sua luz resplandecer ...” o que trás a idéia de nosso consentimento para que Deus realize isto em nós. É uma questão de respeito que Deus tem pelo nosso livre arbítrio;

7) “Precisamos quebrar a monotonia de nossa atividade religiosa. Estamos realizando uma obra no mundo, mas não mostramos suficiente atividade e zelo. Se fôssemos mais fervorosos, os homens se convenceriam da verdade de nossa mensagem. A falta de vida e a monotonia de nosso culto a Deus repelem muitos que nos observam para ver em nós zelo profundo, fervente e santificado. A religião formal não serve para este tempo. Podemos praticar todos os atos externos do culto e, não obstante, estar tão destituídos da influência vivificante do Espírito Santo, como estavam os montes de Gilboa do orvalho e da chuva. Necessitamos da umidade espiritual; bem como dos claros raios do Sol da Justiça para nos enternecer e subjugar o coração.” R&H., 26 de maio de 1903. Evangelismo, págs. 169 e 170.

8). A mesma idéia do respeito de Deus pela nossa vontade, está também melhor expressa na KJV do que nas versões da Almeida em português, nos dois versos mencionados pelo pr. Roberto Wieland. Em Col. 3:15, ”E a paz de Deus, ... domine em vossos corações”; na KJV dizDeixe a paz de Deus ... dominar em vossos corações”. E o vs. 16, A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ...” a KJV diz “Deixe a palavra de Cristo habitar em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ...”

9) Decore as promessas que encontrar na Palavra de Deus, principalmente as relacionadas com as principais tentações que lhe assediam. Cristo vencia as tentações com um “está escrito” (Mat. 4: 4, 7 e 10, e Lucas 4: 4, 8 e 10). “Escondi a Tua Palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti” (Salmos 119:11). E volte dois versos no capítulo, “Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a Tua Palavra” (Salmos 119:9);

10) William Barclay, (1907-1978), popular teólogo escocês, mundialmente conhecido comentador da Bíblia. Ele era muito conhecido na Inglaterra pelo seu programa de rádio e televisão. Mas seu grande legado foram seus escritos, embora muito cuidado deve ser tomado ao serem lidos, pois, por exemplo, ele argumentou que o Salvador não multiplicou os pães e peixes literalmente; Jesus meramente motivou as pessoas para compartilhar seu alimento; opinou que Cristo realmente não andou sobre o Mar da Galiléia; simplesmente, do ponto de vista dos discípulos, pareceu que o fez—ao andar em água pouco funda perto da praia. Mais ainda, disse, o Senhor realmente não pretendeu que Pedro lançasse seu anzol no mar para obter uma moeda da boca do peixe; antes, quis dizer para o apóstolo usar sua habilidade de pesca e levantar os fundos para o imposto de templo. Ele não cria na divindade de Cristo, e, uma vez contrastado com um texto de Paulo disse: “eu não me importo com o que Paulo disse”. Ele negava que Cristo teve que morrer para expiar os pecados da humanidade (Rom. 3:21-26, Mat. 20:28), mas o prof. Barclay dizia que literalizar esta declaração era uma aproximação “brutal” a uma passagem que era meramente um exemplo de “poesia de amor”. O real poder da morte de Jesus, segundo ele, estava no seu exemplo altruísta benevolente—nada mais.

Entretanto há muitas coisas admiráveis em seus ensinos:

Entre todos os professores da universidade somente ele cria que os autores dos quatro evangelhos eram, realmente os quatro apóstolos. Todos os outros professores criam que eram autores altamente letrados. Barclay usava excelentes ilustrações a tal ponto de torná-las memoráveis;

11) O pastor Roberto J. Wieland serviu a igreja como pastor, e como missionário, administrador, e redator da nossa casa editora na África. Ele atualmente está aposentado e é ancião na sua igreja em Meadow Vista , Califórnia. Ele continua a dar seminários, e a escrever artigos e livros, seu último livro é "1888" for Almost Dummies.

Ele perdeu sua velha esposa dia 6 de fevereiro de 2008. A despeito disto ele continua trabalhando pelo Mestre, confiante na promessa da ressurreição.

Falamos mais dele numa nota (de nº 3) do comentário da lição da Escola Sabatina de nº 2 deste trimestre.