terça-feira, 31 de agosto de 2010

O Concerto Eterno, Capítulo 43.

324

As Promessas Para Israel

Novamente em Cativeiro

(Parte 2)

Sabemos que em qualquer ocasião dentro de um período de várias centenas de anos os filhos de Israel poderiam ter desfrutado a plenitude da promessa a Abraão — descanso eterno na Terra tornada nova, com Cristo e todos os santos glorificados sobre o último inimigo, — porque quando Moisés nasceu, o tempo da promessa tinha se aproximado, e Josué não morreu até muitos dias depois, que o Senhor dera repouso a Israel” (Josué 23:10). O tempo em que Deus mediante Davi lhes ofereceu “outro dia”,1hoje,é referido como “após muitos dias”. Deus estava ansiosamente esperando que o povo assumisse tudo quanto lhe tinha dado. Quão verdadeiro é isso se pode ver pelas Suas palavras a eles pelo profeta Jeremias.

Se Tivessem Obedecido a Deus

Conquanto o pecado de Judá fosse “escrito com uma pena de ferro e com a ponta de um diamante”,2 tão firmemente estava o povo apegado a sua idolatria, o gracioso Senhor fez a seguinte promessa:—

Assim me disse o Senhor: Vai, e põe-te à porta dos filhos do povo, pela qual entram os reis de Judá, e pela qual saem; como também em todas as portas de Jerusalém. E dize-lhes: Ouvi a palavra do Senhor, vós, reis de Judá e todo o Judá, (325) e todos os moradores de Jerusalém, que entrais por estas portas; assim diz o Senhor: Guardai-vos a vós mesmos, e não tragais cargas no dia de sábado, nem as introduzais pelas portas de Jerusalém; nem tireis cargas de vossas casas no dia de sábado, nem façais obra alguma; antes santificai o dia de sábado, como Eu ordenei a vossos pais. Mas não escutaram, nem inclinaram os seus ouvidos; antes endureceram a sua cerviz, para não ouvirem, e para não receberem instrução. Mas se vós diligentemente Me ouvirdes, diz o Senhor, não introduzindo cargas pelas portas desta cidade no dia de sábado, e santificardes o dia de sábado, não fazendo nele trabalho algum, então entrarão pelas portas desta cidade reis e príncipes, que se assentem sobre o trono de Davi, andando em carros e em cavalos, e eles e seus príncipes, os homens de Judá, e os moradores de Jerusalém; e esta cidade será habitada para sempre. E virão das cidades de Judá, e dos arredores de Jerusalém, e da terra de Benjamim, e das planícies, e das montanhas, e do sul, trazendo holocaustos, e sacrifícios, e ofertas de alimentos, e incenso, trazendo também sacrifícios de ação de louvores à casa do Senhor” (Jer. 17:19-26).

Não nos cabe especular sobre como essa promessa se teria cumprido; é suficiente que saibamos que Deus o disse, e que Ele é capaz de cumprir toda promessa. Edificar a velha cidade e torná-la nova certamente teria sido tão fácil quanto transformar “o nosso corpo abatido, para ser conforme ao corpo gloriosos” (Fil. 3:21), ou criar uma cidade inteiramente nova para tomar o lugar da velha.

Promessas de Restauração Foram Rejeitadas

Tenham em mente que esta promessa por Jeremias foi nos dias finais do reino de Judá, pois Jeremias não começou a profetizar até “os dias de Josias, filho de Amom” (Jer. 1:2), no décimo terceiro ano de seu reinado, somente vinte e um anos antes do começo do (326) cativeiro babilônico. Antes de Jeremias começar a profetizar, quase todos os profetas haviam terminado os seus labores e falecido. As profecias de Isaías, Oséias, Amós, Miquéias e outros,todos os principais profetas — estavam nas mãos do povo antes do nascimento de Jeremias. Este é um fato que não deve ser passado por alto, pois é de grande importância. Nessas profecias há muitas promessas de restauração de Jerusalém, todas as quais poderiam ter-se cumprido se o povo as tivesse acatado. Mas como todas as promessas de Deus, elas eram em Cristo; pertenciam, como as anteriores, à eternidade, e não simplesmente ao tempo. Entretanto, sendo que o povo daqueles dias não as aceitou, permanecem igualmente válidas para nós. Poderiam ser cumpridas somente pela vinda do Senhor, a Quem agora esperamos. Essas profecias contêm o Evangelho para este tempo, tão certamente quanto os livros de Mateus e João e as epístolas.

Sempre o Teste

Notem adicionalmente que a observância do sábado é tornada um teste, a todos aqueles aos quais a verdade foi revelada. Se observassem o sábado, então eles e a sua cidade perdurariam para sempre. Por que isso se dava? — Recordem o que estudamos a respeito do descanso de Deus, e terão a resposta. O sábado é o selo da criação, completa e perfeita. Como tal, revela a Deus como Criador e Santificador, Eze. 20:12, 20, como Santificador por Seu poder criativo. O sábado, portanto, não é uma obra, pela qual podemos inutilmente tentar obter o favor de Deus, mas é descanso,descanso nos braços eternos. É o sinal e memorial do eterno poder de Deus; e a sua observância é o selo dessa perfeição que Deus somente pode operar, e que Ele livremente concede a todos quantos nEle confiam. Significa plena e perfeita confiança no Senhor, de que Ele pode e nos salvará pelo mesmo poder pelo qual fez todas as coisas no princípio. Portanto, vemos que uma vez que a mesma promessa que foi feita ao antigo Israel nos é deixada, deve necessariamente ser de que o sábado também devia ser tornado especialmente importante em nossos dias, mais especialmente ao aproximar-se o dia de Cristo.

(327) O Juízo Pronunciado

Mas houve uma alternativa, no caso de o povo recusar o descanso no Senhor. O profeta foi comissionado a dizer adicionalmente:

“Mas, se não me ouvirdes, para santificardes o dia de sábado, e para não trazerdes carga alguma, quando entrardes pelas portas de Jerusalém no dia de sábado, então acenderei fogo nas suas portas, o qual consumirá os palácios de Jerusalém, e não se apagará” (Jer. 17:27).

E assim foi; conquanto Deus fosse fiel e longânimo em enviar mensagens de advertência a Seu povo, “Eles, porém, zombavam dos mensageiros de Deus, e desprezaram as Suas palavras e mofaram dos Seus profetas, até que o furor do Senhor tanto subiu contra o Seu povo, que mais nenhum remédio houve. Porque fez subir contra eles o rei dos caldeus, o qual matou os seus mancebos à espada, na casa do Seu santuário, e não teve piedade nem dos jovens, nem das donzelas, nem dos velhos nem dos decrépitos; a todos entregou na sua mão. E todos os vasos da casa de Deus, grandes e pequenos, os tesouros da casa do Senhor, e os tesouros do rei e dos seus príncipes, tudo levou para Babilônia. E queimaram a casa de Deus, derrubaram os muros de Jerusalém, e todos os seus palácios queimaram a fogo, e destruindo também todos os seus preciosos vasos. E os que escaparam da espada levou para Babilônia; e se fizeram servos dele e de seus filhos, até o tempo do reino da Pérsia, para se cumprir a palavra do Senhor, proferida pela boca de Jeremias, até haver a terra se alegrado dos seus sábados; pois por todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram” (2ª Crô. 36:16-21).

O Rei de Babilônia Governante em Jerusalém

O último rei em Jerusalém foi Zedequias, mas ele não foi um rei independente. Vários anos antes que chegasse ao trono, (328) Nabucodonosor havia cercado Jerusalém, e o Senhor lhe havia entregue a cidade, Dan. 1:1, 2. Embora Jeoiaquim fosse vencido, ele teve permissão de reinar em Jerusalém como um príncipe tributário, o que ele fez por oito anos. Por ocasião de sua morte o seu filho Joaquim o sucedeu, mas ele reinou somente três meses antes que Nabucodonosor cercasse Jerusalém novamente, e a conquistasse, e levou o rei e sua família e todos os artífices e ferreiros para Babilônia; e “ninguém ficou senão o povo pobre da terra” 3 (2ª Reis 24: 8-16).

Mas ainda ficou um rei permanecendo em Jerusalém, pois Nabucodonosor tornou Matanias rei, mudando o seu nome para Zedequias, verso 17. A palavra Zedequias significa “o justo de Jeová”, e foi dado ao recém-criado rei porque Nabucodonosor “o tinha ajuramentado por Deus” (2 Crô. 36:13) de que não se rebelaria contra a sua autoridade. Que Nabucodonosor tinha direito de requerer isso é mostrado pelo seguinte:

“No princípio do reinado de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá, veio esta palavra a Jeremias da parte do Senhor, dizendo: Assim me disse o Senhor: Faze uns grilhões e jugos e põe-nos ao teu pescoço. E envia-os ao rei de Edom, e ao rei de Moabe, e ao rei dos filhos de Amom, e ao rei de Tiro, e ao rei de Sidom, pela mão dos mensageiros que são vindos a Jerusalém a ter com Zedequias, rei de Judá; e lhes ordenarás, que digam aos seus senhores: Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Assim direis a vossos senhores: Eu fiz a terra, o homem e os animais que estão sobre a face da terra, com o meu grande poder, e com o meu braço estendido, e a dou a quem me apraz. E agora Eu entreguei todas estas terras na mão de Nabucodonozor, rei de Babilônia, Meu servo; e ainda até os animais do campo lhe dei, para que o sirvam. Todas as nações o servirão a ele, e a seu filho, e ao filho de seu filho, até que venha o tempo da sua própria terra; e então muitas nações e grandes reis se servirão dele. E acontecerá que, se alguma nação e reino não servirem a Nabucodonozor, rei de Babilônia, e não puserem o seu pescoço debaixo do jugo do rei de Babilônia, (329) a essa nação castigarei com espada, com fome, e com peste, diz o Senhor, até que Eu a consuma pela sua mão. Não deis ouvidos, pois, aos vossos profetas, e aos vossos adivinhadores, e aos vossos sonhos, e aos vossos agoureiros, e aos vossos encantadores, que vos dizem: Não servireis o rei de Babilônia; porque vos profetizam a mentira, para serdes removidos para longe da vossa terra, e Eu vos expulsarei dela, e vós perecereis. Mas a nação que meter o seu pescoço sob o jugo do rei de Babilônia, e o servir, Eu a deixarei na sua terra, diz o Senhor; e lavrá-la-á e habitará nela” (Jer. 27: 1-11).

Nabucodonosor, portanto, tinha tanto direito de governar em Jerusalém como qualquer dos reis de Israel já teve. Ademais, o seu reino foi mais extenso do que o que tinha sido a duração de reinado de qualquer rei de Israel; e, mais do que tudo, após muita instrução do Senhor, Ele empregou essa oportunidade para espalhar por todo o mundo o conhecimento do verdadeiro Senhor, Daniel 4. Destarte, quando Zedequias se rebelou contra Nabucodonosor, ele estava impiamente se colocado contra o Senhor, que havia dado Israel ao poder de Nabucodonosor, como punição por seus pecados. Nas palavras seguintes temos uma vívida descrição do movimento de Nabucodonosor contra Jerusalém, e como Deus dirigiu a ação do rei ímpio mesmo enquanto se valia de adivinhação:

Tu pois, ó filho do homem, propõe dois caminhos, por onde venha a espada do rei de Babilônia. Ambos procederão de uma mesma terra; e escolhe um lugar; escolhe-o no cimo do caminho da cidade. Um caminho proporás, por onde virá a espada contra Rabá dos filhos de Amom, e contra Judá, em Jerusalém, a fortificada. Porque o rei de Babilônia parará na encruzilhada, no cimo dos dois caminhos, para fazer adivinhações; aguçará as suas flechas, consultará as imagens, atentará para o fígado. À sua mão direita estará a adivinhação sobre Jerusalém, para ordenar os capitães, para abrirem a boca, ordenando a matança, para levantarem a voz com júbilo, para porem os aríetes contra as portas, para levantarem trincheiras, para edificarem baluartes. Isso será como adivinhação vã aos (330) olhos daqueles que lhes fizeram juramentos; mas ele se lembrará da iniquidade, para que sejam apanhados. Portanto assim diz o Senhor Deus: Visto que Me fazeis lembrar da vossa iniquidade, descobrindo-se as vossas transgressões, aparecendo os vossos pecados em todos os vossos atos; visto que viestes em memória, sereis apanhados com a mão”.4

O Fim do Domínio Temporal, Independente, de Israel

Daí seguem as duras palavras dirigidas a Zedequias:

“E tu, ó profano e ímpio príncipe de Israel, cujo dia virá no tempo da punição final; assim diz o Senhor Deus: Remove o diadema, e tira a coroa; esta não será a mesma: exalta ao humilde, e humilha ao soberbo. Ao revés, ao revés, ao revés porei aquela coroa, e ela não mais será, até que venha Aquele a quem pertence de direito; e lho darei a Ele” (Eze. 21: 25 a 27).

Zedequias era profano e ímpio, por causa de toda a sua abominável idolatria ele acrescentou o pecado de perjúrio, quebrando um solene voto. Portanto, o reino lhe foi inteiramente removido. O diadema passou dos descendentes de Davi, e foi colocado na cabeça de um caldeu, e o rei de Babilônia está diante de nós. De sua extensão já lemos, e temos adicionalmente as palavras do profeta Daniel explicando a grande imagem que Nabucodonosor viu num sonho a ele dado pelo Deus do céu:

“Tu, ó rei, és rei de reis, a quem o Deus do céu tem dado o reino, o poder, a força e a glória; e onde quer que habitem os filhos dos homens, os animais do campo e as aves do céu, e fez reinar sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro” (Dan. 2:37, 38).

Nisso traçamos o domínio que no princípio foi dado ao homem (ver Gên. 1:26), conquanto a glória e poder fossem grandemente diminuídos. Mas vemos que Deus ainda tinha o Seu olho sobre ele, e estava operando no sentido de sua restauração, segundo a promessa a Abraão.

(331) De Babilônia ao Estabelecimento do Reino Eterno

Muito pouco tempo é dedicado na Bíblia a descrições de grandeza humana, e o profeta se apressa ao fim de tudo. Três revoluções são preditas em Eze. 21:27, seguindo-se à passagem do domínio da Terra inteira às mãos de Nabucodonosor. Sendo o seu reino mundial, as revoluções preditas devem também ser a derrocada e estabelecimento do império universal. Assim o profeta Daniel, prosseguindo em sua explicação do sonho de Nabucodonor, disse:

“Depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra” (Dan. 2: 39).

O reino que sucedeu ao babilônico é mostrado em Daniel 5, tendo sido o da Medo-Pérsia; e em Daniel 8:1-8, 20, 21 aprendemos que o terceiro reino, sucessor da Medo-Pérsia em domínio universal, foi o da Grécia. Assim esboçamos rapidamente perante nós a história do mundo por vários anos. As primeiras duas revoluções de Eze. 21:29 são tornadas claras; Babilônia foi seguida da Medo-Pérsia, e essa, por seu turno, pelo império grego.

O último desses reinos universais terrenos, seguindo-se à terceira grande revolução, não é diretamente indicado por nome, mas é suficientemente claro. O nascimento de Cristo teve lugar nos dias de César Augusto, que emitiu um decreto para que todo o mundo fosse taxado ou registrado. Lucas 2:1. Portanto, temos fundamento em indicar Roma como o produto da terceira grande revolução mundial. De fato, nos fixamos sobre esse reino pois não há qualquer outro conhecido na história que pudesse tomar o seu lugar. Destarte, Babilônia reinou sobre o mundo; em seus dias três revoluções foram preditas fazendo sucederem-se três impérios em seu lugar; a Medo-Pérsia e a Grécia são expressamente indicadas por nome nessa linha de sucessão, e depois temos o imperador de Roma indicado como governante do mundo. Esta é a evidência estritamente escriturística: evidência corroborativa, ou evidência testificando da precisão do histórico sagrado, pode ser encontrada ilimitadamente na história secular.

Mas a revolução que resultou em conceder o reinado do mundo a Roma foi a última grande revolução geral que teria lugar no mundo, “até que venha Aquele a quem pertence de direito”.5 Muitos homens, desde que Roma caiu, sonharam com um domínio mundial, mas seus sonhos terminaram em nada.

Cristo esteve nesta Terra, é verdade, mas o fez como um estranho, como Abraão, sem lugar próprio onde pudesse reclinar a cabeça. Ele veio, contudo, “para proclamar liberdade aos cativos”,6 e anunciar que quem quer que vivesse por Sua palavra conheceria a verdade, e seria tornado livre por ela. Dia após dia e ano após ano no desenrolar dos séculos, a proclamação de liberdade tem estado a soar, e cativos cansados têm sido postos em liberdade do poder das trevas. Não nos é dado conhecer os tempos e estações que o Pai tem submetido a Seu próprio poder; mas sabemos que quando toda a professa Igreja de Cristo consentir ser cheia do Espírito Santo, o mundo inteiro ouvirá a mensagem do Evangelho na plenitude do seu poder, e o fim virá, quando a criação que geme7 será livrada da escravidão da corrupção à glória da liberdade dos filhos de Deus.

The Present Truth, 25 de fevereiro de 1897.

Notas desta edição:

1) Hebreus 4:8;

2) Jeremias 17:1;

3) 2ª Reis 24: 14;

4) Ezequiel 4: 19 a 24;

5) Ezequiel 21: 27;

6) Isaias 61:1;

7) Romanos 8:22

domingo, 29 de agosto de 2010

O Concerto Eterno, Capítulo 42


316

As Promessas Para Israel


Novamente em Cativeiro
(Parte 1)
Embora os filhos de Israel cantassem o cântico de libertação junto ao Mar Vermelho, e com boa razão, também, não foi até que cruzaram o Jordão que se fizeram realmente livres do Egito. Eles não mantiveram firmemente o princípio de sua confiança até o fim,1 mas “e em seu coração se tornaram ao Egito, dizendo, a Arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós” (Atos 7:39, 40. Quando cruzaram o Jordão, porém, e atingiram a terra de Canaã, tiveram o testemunho de Deus de que a maldição do Egito tinha se dissipado de sobre eles. Então tiveram descanso, e estavam livres no Senhor.
Mas essa liberdade não foi retida por muito tempo; murmurações, desconfiança e apostasia logo apareceram entre o povo de Deus. Eles desejaram um rei, para que pudessem assemelhar-se às nações pagãs ao seu redor. Eles “se misturaram com os gentios, e aprenderam as suas obras. E serviram aos seus ídolos, que vieram a ser-lhes um laço; demais disto, sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demônios, e derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e de suas filhas, que sacrificaram aos ídolos de Canaã; e a terra foi manchada com sangue” (Sal. 106:35-38). Assim, tornaram-se literalmente semelhantes aos pagãos ao seu redor.
Um rápido exame da história de alguns dos reis de Israel e Judá mostrará quão completamente os filhos de Israel, ao obterem um (317) rei, conseguiram o cumprimento de seu desejo em assemelhar-se aos pagãos. A Saul, o primeiro rei, o profeta de Deus disse: “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como a iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, Ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei” (1ª Sam. 15:22, 23).
Salomão tomou muitas estranhas esposa de entre os pagãos, e “sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e seu coração já não era perfeito para com o Senhor seu Deus, como o de Davi, seu pai; Porque Salomão seguiu a Astarete, deusa dos sidônios, e a Milcom, a abominação dos amonitas” (1º Reis 11:4, 5).
Sob Reoboão, filho de Salomão, “Judá fez o que era mau aos olhos do Senhor; e com os seus pecados que cometeram, provocaram-No a zelos, mais do que os seus pais fizeram. Porque também eles edificaram altos, e estátuas, e imagens de Asera sobre todo alto outeiro e debaixo de toda a árvore verde; e havia também sodomitas na terra; fizeram conforme a todas as abominações dos povos que o Senhor tinha expulsado de diante dos filhos de Israel” (1º Reis 14:22-24).
O mesmo está registrado com respeito a Acaz (1º Reis 16:1-4), e embora “o Senhor humilhou a Judá por causa de Acaz, rei de Israel; porque este se houve desenfreadamente em Judá, havendo prevaricado grandemente contra o Senhor”, contudo, “ao tempo em que este o apertou, então ainda mais transgrediu contra o Senhor, tal era o rei Acaz. Porque sacrificou aos deuses de Damasco, que o tinham o feriram, e disse: Visto que os deuses dos reis da Síria os ajudam, eu lhes sacrificarei, para que me ajudem a mim. Eles, porém, foram a sua ruína, e de todo o Israel” (2º Crô. 28:19-23).
(318) Piores do Que os Pagãos
Manassés, filho de Ezequias, “fez o que era mau aos olhos do Senhor, conforme as abominações dos gentios que o Senhor expulsara de suas possessões de diante dos filhos de Israel. Porque tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, tinha destruído, e levantou altares a Baal, e fez uma imagem a Asera como a que fizera Acabe, rei de Israel, e adorou a todo o exército do céu, e os serviu. . . . Também edificou altares a todo o exército do céu em ambos os átrios da casa do Senhor. E até fez passar seu filho pelo fogo, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro e ordenou adivinhos e feiticeiros; e prosseguiu em fazer o que era mau aos olhos do Senhor, para O provocar à ira. Também pôs uma imagem de escultura de Asera, que tinha feito, na casa de que o Senhor dissera a Davi e a Salomão, seu filho: Nesta casa e em Jerusalém, que escolhi de todas as tribos de Israel, porei o Meu nome para sempre; e não mais farei mover o pé de Israel desta terra que tenho dado a seus pais, contanto que somente tenham cuidado de fazer conforme tudo o que lhes tenho ordenado, e conforme toda a lei que Moisés, Meu servo, lhes ordenou. Eles, porém, não ouviram; porque Manassés de tal modo os fez errar, que fizeram pior do que as nações que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de Israel”. “Além disso, Manassés derramou muitíssimo sangue inocente, até que encheu Jerusalém de um a outro extremo, afora o seu pecado com que fez Judá pecar fazendo o que era mau aos olhos do Senhor” (2º Reis 21:2-9, 16).
Amom sucedeu a Manassés, “fez o que era mau aos olhos do Senhor, como havia feito Manassés, seu pai; porque Amom sacrificou a todas as imagens de escultura que Manassés, seu pai, tinha feito, e as serviu” (2º Crô. 33:22).
No Reino do Norte
Se tomarmos os reis que reinaram na porção norte de Israel depois que o reino foi dividido com a morte de Salomão, (319) encontramos um registro ainda pior. Houve alguns reis justos em Jerusalém; mas começando com Jeroboão, “o qual pecou, e fez pecar a Israel” (1 Reis 14:16), e cada rei sucessivo, no restante de Israel, era pior do que o que o antecedera. Nadabe, filho de Jeroboão, “fez o que era mau aos olhos de Senhor, e andou nos caminhos de seu pai, e no seu pecado com que seu pai fizera pecar a Israel” (1º Reis 15:26). Baasa “fez o que era mau aos olhos de Senhor, e andou no caminho de Jeroboão, e no seu pecado com que tinha feito Israel pecar” (verso 34). Onri, que edificou Samaria, “fez o que era mau aos olhos do Senhor; e fez pior do que todos quantos foram antes dele. Pois ele andou em todos os caminhos de Jeroboão, filho de Nebate, como também nos pecados com que ele tinha feito pecar a Israel, irritando à ira o Senhor Deus de Israel com as suas vaidades” (1º Reis 16:25, 26). Contudo, mau como era, “fez Acabe, filho de Onri, o que era mau aos olhos do Senhor, mais do que todos os que o antecederam”. “Acabe fez muito mais para irritar ao Senhor Deus de Israel do que todos os reis de Israel que foram antes dele” (versos 30 e 33).
Essa questão assim prossegue até que o Senhor disse pelo profeta Jeremias: “Dai voltas às ruas de Jerusalém, e vede agora, e informai- vos, e buscai pelas suas praças a ver se achais alguém, ou se há um homem, que pratique a justiça ou busque a verdade” (Jer. 5:1). Um homem desses era difícil de se encontrar; “Porque ímpios se acham entre o Meu povo; andam espiando, como quem arma laços; põem armadilhas, com que prendem os homens. Como uma gaiola está cheia de pássaros, assim as suas casas estão cheias de engano; por isso se engrandeceram, e enriqueceram. Engordaram-se, estão nédios; e ultrapassaram até o feito dos gentios” (versos 26-28).
Uma vez que Deus expulsou os gentios da terra, devido a sua abominável idolatria, é bastante evidente que os filhos de Israel não podiam ter qualquer herança real nela quando eram tal como os pagãos, e até piores. O fato de aqueles que se chamam pelo nome do Senhor adotarem costumes e maneiras dos pagãos não torna tais costumes no mínimo mais aceitáveis a Deus. O fato de que o paganismo se acha na Igreja não o recomenda. Pelo contrário, uma elevada profissão apenas torna as más práticas ainda mais detestáveis. Os filhos de Israel, portanto, não estavam realmente de posse da terra de Canaã enquanto seguiam os caminhos do paganismo; (320) pois a maldição da escravidão no Egito era o pecado no qual haviam incorrido. É evidente que conquanto se gabando de sua liberdade na terra de Canaã, eles estavam de fato sob o pior tipo de escravidão. Quando em tempos posteriores os judeus disseram pretensiosamente “Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém”. Jesus repetiu: “Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado. Ora, o servo não fica para sempre em casa; o filho fica para sempre” (João 8:33-35).
A Fidelidade de Deus
Contudo, havia magníficas possibilidades ao alcance do povo o tempo todo. Em qualquer tempo eles poderiam ter-se arrependido e volvido ao Senhor, e O teriam achado pronto para cumprir Sua promessa a eles inteiramente. Conquanto “todos os chefes dos sacerdotes e o povo aumentavam de mais em mais as transgressões, segundo todas as abominações dos gentios”, no entanto, “o Senhor, Deus de seus pais, falou-lhes constantemente por intermédio de Seus mensageiros, porque se compadeceu do Seu povo e da sua habitação” (2º Crô. 36:14, 15). Muitos maravilhosos livramentos, quando os israelitas se viram oprimidas por seus inimigos, e humildemente buscaram ao Senhor, mostravam que o mesmo Deus que livrou os seus pais do Egito estava pronto e esperando exercer o mesmo poder em seu favor, a fim de aperfeiçoar aquilo pelo que os havia trazido à terra prometida.
Um exemplo impressionante da operação de Deus por aqueles que confiam nEle, e da vitória da fé, é encontrado no relato de Jeosafá (2º Crô. 20). É especialmente valioso para nós, pois nos mostra como obter vitória e também nos mostra novamente o que temos tantas vezes notado, que as reais vitórias de Israel foram obtidas pela fé em Deus, e não pelo uso da espada. O relato, em resumo, é este: —
Os moabitas e amonitas juntamente com outros povos, levantaram-se contra Jeosafá para guerrar. O número deles era vastamente superior ao dos israelitas, e em seu extremo aperto “Jeosafá temeu, e pôs-se a buscar ao Senhor, e apregoou jejum em (321) todo o Judá. E Judá se ajuntou para pedir socorro ao Senhor; também de todas as cidades de Judá vieram para buscar ao Senhor” (vs. 3 e 4).
A oração de Jeosafá nessa ocasião é um modelo. Ele disse, “Ah! Senhor, Deus de nossos pais, porventura não és Tu Deus nos céus? e não és Tu que dominmas sobre todos os reinos das nações? e na Tua mão há força e potência, e não há quem Te possa resistir. Ó nosso Deus, não lançaste fora os moradores desta terra de diante do Teu povo Israel, e não a deste para sempre à descendência de Abraão, Teu amigo?” (vs. 6 e 7). “Agora, pois, eis que os filhos de Amom, e de Moabe, e do monte Seir, . . . eis como nos dão o pago, vindo para lançar-nos fora da Tua herança, que nos fizeste herdar. Ah! nosso Deus, não os julgarás? Porque em nós não há força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos o que faremos; porém os nossos olhos estão postos em Ti” (vs. 10 a 12).
Primeiro ele reconheceu a Deus como o Deus do céu, portanto tendo todo o poder. A seguir reivindicou todo esse poder como seu, reclamando a Deus como o seu próprio Deus. Daí estava pronto para tornar conhecida a sua necessidade e proferir o seu pedido com plena segurança da fé. A alguém que ore dessa forma todas as coisas são possíveis. Muitos dirigem orações a Deus sem qualquer justo senso de Sua existência, como se estivessem orando a um nome abstrato, e não a um Salvador vivo e pessoal e, logicamente, nada recebem, pois na realidade nada esperam. Todos quantos oram devem primeiro contemplar a Deus antes de pensar em si mesmos e suas próprias necessidades. É fato inegável que na maioria, os que oram pensam mais em si próprios do que em Deus; em vez disso deviam perder-se na contemplação da grandeza de Deus e Sua bondade; daí não é difícil crer que Deus é galardoador daqueles que diligentmente O buscam.2 Como disse o salmista, “em Ti confiarão os que conhecem o Teu nome; porque Tu, Senhor, não desamparastes os que Te buscam”.3
Enquanto o povo estava ainda reunido para orar, o profeta de Deus veio, e disse: “Dai ouvidos todo o Judá, e vós, moradores de Jerusalém, e tu, ó rei Jeosafá; Assim o Senhor vos diz: Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, porque a peleja não é vossa, mas de Deus”. “Nesta batalha não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados (322) e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor está convosco” (2º Crô. 20: 15 e 17).
O povo creu nessa mensagem “Pela manhã cedo se levantaram e saíram ao deserto de Tecoa; e, ao saírem, Jeosafá pôs-se em pé e disse: Ouvi-me, ó Judá, e vós, moradores de Jerusalém. Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas, e prosperareis. E aconselhou-se com o povo, e ordenou cantores para o Senhor, que louvassem a Majestade Santa, saindo diante dos armados, e dizendo: Louvai ao Senhor, porque a Sua benignidade dura para sempre” (vs. 20 e 21).
“Quando Começaram a Cantar”
Que estranha forma essa de sair para batalhar! Lembra-nos bem da marcha ao redor do Jericó, e o grito de vitória. Em geral, as pessoas que obtinham tal promessa, como se deu nessa ocasião, de que Deus lutaria por eles, pensariam que revelaram grande fé em sair contra o inimigo. Eles diriam, “Deus prometeu nos ajudar, mas temos que fazer a nossa parte”; e assim fizeram todo o preparativo para o combate. Mas aquelas pessoas em tal tempo foram suficientemente simples para tomar o Senhor pela Sua palavra; sabiam que precisavam de fato fazer a sua parte, mas entendiam que a sua parte era crer, e avançar embora realmente cressem. E de fato creram. Tão forte era a sua fé que cantaram. Não era um cântico forçado o que ouviam, proferido debilmente de lábios trêmulos, mas um cântico pleno, profundo, espontâneo, sincero cantico de gozo e vitória, e isso tudo enquanto o inimigo se postava diante deles em números arrasadores. E qual foi o resultado?
“E, quando começaram a cantar e a dar louvores, o Senhor pôs emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e os das montanhas Seir, que ieram contra Judá; e foram desbaratados. Porque os filhos de Amom e de Moabe se levantaram contra os moradores das montanhas de Seir, para os destruir e exterminar; e, acabando eles com (323) os moradores de Seir, ajudaram uns aos outros a destruir-se. Nisso chegou Judá à atalaia do deserto; e olharam para a multidão, e eis que eram corpos mortos, que jaziam em terra, e nenhum escapou” (vs. 22 a 24).
Tão logo começaram a cantar, o inimigo foi dominado. Um pânico assaltou a hoste dos amonitas e moabitas, e atacaram-se uns aos outros. Pode ter-se dado que, ao ouvirem os cânticos e expressões de gozo imaginaram que Israel poderia ter obtido reforços, e isso foi o que se deu. Israel obteve reforços tais que nem precisou lutar por si mesmo. A sua fé foi a sua vitória e os seus cânticos eram a evidência de sua fé.
Esta é uma lição para nós em nosso conflito com nossos adversários — principalidades e postestades e espíritos malignos. “Resisti ao diabo e ele fugirá de vós”,4 mas temos que resistir “firmes na fé”.5 Somente essa resistência o fará fugir , pois sabe que é mais forte do que nós; mas quando resistido na fé de Jesus ele deve fugir, pois sabe que não tem absolutamente qualquer força contra Cristo. E assim aprendemos novamente que “os remidos do Senhor voltarão com cântico a Sião”.6 Em tais experiências como essa que acabamos de considerar o Senhor estava mostrando a Israel como deviam vencer, e que Ele esteve sempre esperando ansioso para completar a promessa feita aos seus pais.
-- The Present Truth, 18 de fevereiro de 1897.
Notas desta edição:

1) Hebreus 3:14;
2) Hebreus 11: 6;
3) Salmo 9:10;
4) Tiago 4:7;
5) 1ª Pedro 5:9; 1ª Cor. 16:13; Col. 1: 23;
6) Isaias 35:10 e 51:11;

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Lição 9, "A liberdade em Cristo", por Jerry Finneman Para a semana de 21 a 27 agosto de 2010

Romanos, capítulo oito inicia com nenhuma condenação em Cristo e termina com nenhuma separação dEle. Condenação é uma sentença legal de um juiz num tribunal. Justificação ou absolvição, é o oposto de condenação.:

E. J. Waggoner escreveu isso em 1891:

"Vamos prover algumas definições para serem mantidas em nossas mentes. A justificação é 'uma demonstração de ser justo, ou de acordo com a lei, retidão, ou decoro.” Condenação é "o ato judicial de declarar (*alguém) culpado, e condenado a uma pena.” As duas palavras são diametralmente opostas em significado, e temos a declaração inspirada de que todo o mundo é culpado (condenado) perante Deus, e que, pelas obras da lei, ninguém pode ser justificado" (Ellet J. Waggoner, Signs of the Times, de 23 de novembro de 1891. Ele usou essas definições legais (*anteriormente) em artigos naquela mesma revista em 25 de março de 1886 e 11 de setembro de 1884).

Ellen White escreveu, no início daquele mesmo ano, relativo à diferença entre justificação e condenação: "Justificação é o oposto da condenação" (Ellen White, Manuscrito 21, 1891, págs. 1 a 11).

A seguir temos uma definição de justificação de um Dicionário bíblico: Justificação,
"Quanto à sua natureza, é um ato judicial de Deus .... É o ato de um juiz e não de uma autoridade soberana. A lei não é abrandada ou posta de lado ... "(Easton, M. (1996, c1897).
Easton's Bible Dictionary, Didionário Bíblico Easton).

A fim de suspender a nossa justa sentença de condenação, por causa de nossas transgressões da lei, Jesus teve que morrer por nós, como nós. Ele é tanto nosso Substituto quanto nosso Representante. Em vez de condenação, a nossa sentença de absolvição foi declarada no Calvário, em Cristo (*Grifamos).

A justificação é tanto um termo judicial — uma palavra das cortes legais — como um termo experiencial. Justificação torna-se experiência pessoal se a pessoa crê. Tem lugar uma mudança na mente e no coração. Quando cremos em Cristo ocorre, "pela fé," uma mudança, o próprio novo nascimento.

No julgamento, a justificação é o ato gracioso de Deus, que Se senta como Juiz, nas altas cortes do céu. Por este ato Ele pronunciou, a respeito da raça humana caída, um decreto de restauração ao favor divino. Isso foi porque Cristo, o Representante da humanidade, pagou a penalidade pelas transgressões da lei pelo homem, no Calvário. A justiça de Deus foi satisfeita com a pena de morte, contida na sentença de condenação, imposta à raça humana decaída, no seu Representante.

"A justiça moveu-se de sua elevada e terrível posição; e as hostes celestiais, os exércitos de santidade, aproximaram-se da cruz, curvando-se com reverência, pois na cruz, a justiça foi satisfeita" (Ellen White, “Signs of the Times,” Os Sinais dos Tempos de 5 de junho de 1893).

A liberação da condenação, em Cristo, vem por causa do que Deus fez em Cristo. Isto é afirmado claramente em Romanos 8:3,

"Porque Deus realizou o que a lei não poderia fazer, porque estava enferma pela carne, ao enviar seu próprio Filho, em semelhança da carne do pecado, e com respeito ao pecado, condenou o pecado na carne" (A Bíblia NET, primeira Edição).

Por causa da nossa natureza pecaminosa, a lei não pode nos livrar da condenação. Ela nunca pode justificar. Ela só pode nos condenar. A fim de nos tornarmos livres da condenação, Deus enviou Jesus e "O fez pecado por nós." Assim podemos ser, não apenas juridicamente justificados, mas, também, justificados em nossa vida, por meio da fé nEle. Jesus nasceu "debaixo da lei, para resgatar os que estavam debaixo da lei" (Gálatas 4:4 e 5). Ele tomou nossa condenação "sob a lei." Jesus foi enviado em carne humana pecaminosa, como a nossa, a fim de condenar o pecado em nossa carne caída.

Como Ele fez isso? Em primeiro lugar, Ele nunca cedeu às clamorosas tendências para o pecado, inerentes á nossa natureza. Por conquistar essas tendências Ele condenou-as onde elas residiam — em nossa natureza caída.1 Em segundo lugar, Ele tomou os nossos pecados cometidos sobre Si mesmo, juntamente com a nossa natureza humana decaída. Em Sua morte, Ele condenou os nossos pecados para sempre. A amplitude da condenação de Cristo encontra-se no fato de que Ele condenou o pecado em sua tendência, bem como tomando a condenação que resultou de nossos pecados cometidos. Se Jesus tivesse falhado em condenar o pecado em um único ponto, Ele não poderia ser o Salvador completo.

Alonzo T. Jones comentou sobre isso:

"Oh, Ele é um Salvador completo. Ele é o Salvador dos pecados cometidos por nós, e o Conquistador das tendências para cometer pecados. NEle temos a vitória. Nós não somos mais responsáveis por essas tendências estarem em nós do que pelo sol brilhar, mas cada homem sobre a terra é responsável por estas coisas que aparecerem visivelmente nEle, porque Jesus Cristo fez provisão contra elas se tornarem conhecidas dos outros. Antes de aprendermos de Cristo, muitas delas tinham aparecido publicamente. O Senhor fez cair sobre Ele todas estas, e Ele as removeu. Desde que aprendemos de Cristo, as tendências que não têm surgido, Ele condenou como pecado na carne" (Alonzo T. Jones, Boletim da Conferencia Geral, de 21 de fevereiro de 1895, pág. 267)

Cristo foi condenado como nós merecíamos, para que fôssemos justificados como Ele merece. Ele foi condenado como nós, para que possamos ser livres nEle. "Ele foi ferido pelas nossas transgressões, moído pelas nossas iniquidades: o castigo de nossa paz estava sobre Ele" (Isaías 53: 5). Ele sofreu a condenação que era nossa, para que recebêssemos a liberdade que era Sua. "Pelas Suas pisaduras fomos sarados" (Isaías 53: 5).

É você livre em Cristo?

Jerry Finneman

O irmão Geraldo L. Finneman é um pastor adventista, já tendo atuado nos estados de Michigan, Pensilvânia e Califórnia nos EUA. Ele prepara materiais para encontros evangelísticos, incorporados com os conceitos de Boas-Novas, da Mensagem de 1888, de Justificação pela fé. Além de pastor da IASD ele também já foi presidente do Comitê de Estudos da Mensagem de 1888. Já há alguns anos não me encontro com ele, mas, me parece que, devido à idade, está para, ou, já se aposentou, mas ouvi dizer que continua trabalhando por boa parte do dia, atualmente na área de Battle Creek, a cidade que abrigava a antiga sede da igreja. Há um excelente livro escrito por ele, "Christ in the Psalms” [Cristo nos Salmos], infelizmente não está traduzido para o português.


Nota do tradutor:

1) Se nós acariciarmos o amor ao pecado em nossos corações, ele aparecerá, eventualmente, em atos pecaminosos visíveis , “do que há em abundância no coração, disso fala a boca” (Mat. 12:34).

Jesus possuia as nossas mesmas tendências hereditárias para o pecado porque assumiu a nossa natureza caída. “Por isso convinha [era necesário] que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo” (Hebreus 2:17). Entretanto Jesus munca teve as nossas tendências cultivadas, adquiridas, porque não pecou, porque não cedeu às tentações. Como disse o Pr. Jerry Finneman, “Ele nunca cedeu às clamorosas tendências para o pecado, inerentes à nossa natureza. Por conquistar essas tendências Ele condenou-as onde elas residiam — em nossa natureza decaída. Ele nunca cedeu às clamorosas tendências para o pecado, inerentes á nossa natureza.”

Lição 9: "A liberdade em Cristo," por Roland Fanselau

No sétimo capítulo de Romanos, que foi o tema da lição da semana passada, Paulo descreve um problema. O problema é que nem conhecimento, nem esforço habilitam alguém para guardar a lei. Como conseqüência, a auto-confiança, ainda que bem informada e bem-intencionada, é condenada nos termos da lei.

No oitavo capítulo de Romanos, que é o assunto da lição desta semana, Paulo apresenta a solução para o problema. No primeiro versículo, Paulo relaciona a ausência de condenação com o estar "em Cristo". Note que a frase "que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito" (VS.1)1 que aparece na Versão King James, e que implica que a ausência de condenação é atribuível ao que chamamos de santificação, a obediência compartilhada de Cristo, não está no original. Assim, a tradução correta do primeiro versículo do capítulo é: "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (New American Standard Bible, Nova Versão Americana Padronizada).

Posteriormente, Paulo desenvolve o conceito de estar "em Cristo". No quarto verso, ele introduz o conceito de obediência dada por Cristo como prova de fé. Nos versículos seguintes, ele identifica a alternativa "à lei do pecado e da morte", "a carne", a mente carnal, medo, morte e escravidão, como a lei do Espírito da vida em Cristo, a mente espiritual, a paz, a vida, e adoção.

Qual é a lei do "Espírito da vida em Cristo" (v. 2)? Quando Adão e Eva deram ouvidos a Satanás, eles perderam sua liberdade e adquiriram a mente carnal, a mente em inimizade com Deus, que nos separa de Deus e uns dos outros. Em Cristo, porém, a liberdade é restaurada e inimizade e isolamento são abolidos (Gen. 3:15; Efésios 2:14).

Alonzo T. Jones descreve esta realização assim: "É verdade, os judeus em sua separação de Deus tinha construído separações extras entre eles e os gentios. É verdade que Cristo quis retirar todas as separações, do caminho, e ele fez isso . Mas a única maneira em que Ele fez isso, e a única maneira que Ele poderia fazer, era destruir o que os separava de Deus. Todas as separações entre eles e os gentios ter-se-iam desaparecido, quando a separação, a inimizade, entre eles e Deus tivesse ido embora.

"Oh, que boa nova, a inimizade é abolida! É abolida, graças a Deus. ... Ela se foi, em Cristo ela se foi. Não fora de Cristo, em Cristo foi abolida, aniquilada. Agradeça ao Senhor. Esta é liberdade "(A Mensagem do Terceiro Anjo Nº 11, Boletim da Conferência Geral de 1895, pág. 194 [edição original]).

Ellet J. Waggoner explica os versos dois a quatro: "Portanto, a lei, como ela é na pessoa de Cristo, é a lei do Espírito de Vida. Então, ele [o crente] toma a vida de Cristo, e obtém a perfeição da lei, como está em Cristo, e O serve em espírito, e não na velhice da letra. Assim, ele é libertado da obediência escrava (*por seu próprio esforço), para a lei da liberdade em obedecer. Existe uma quantidade maravilhosa de rica verdade no fato de que, - "A lei do Espírito de vida em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte."

"Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne..." (VS. 3). Há algum (*fator de ) desânimo nisto? Isto lança descrédito sobre a lei?, De modo nenhum. O que a lei não poderia fazer? Não poderia justificar-me porque eu era fraco. Não tinha nada de bom material para obrar. Não foi culpa da lei, foi falha do material. A carne era fraca e a lei não a poderia justificar. Mas Deus enviou o Seu Filho em semelhança da carne do pecado, para condenar o pecado na carne, para que Ele pudesse justificar-nos" (Estudos Bíblicos Sobre o Livro de Romanos, Boletim da Conferência Geral de 1891, p. 29, reprodução fac-símile).

Note que, no terceiro verso, Paulo descreve a natureza humana que Cristo assumiu na encarnação como "à semelhança de carne pecaminosa". Ellen G. White escreveu: "A humanidade do Filho de Deus é tudo para nós. É a corrente de ouro que une as nossa alma a Cristo, e por meio de Cristo a Deus. Isto deve constituir nosso estudo" (Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 244).

Os mensageiros de 1888 reconheceram a conexão entre Cristologia e soteriologia. Eles acreditavam que, para redimir a humanidade, Cristo assumiu a natureza humana, como foi após a queda, com suas tendências e desejos. EG White apóia esta visão da natureza humana de Cristo: "Ao tomar sobre Si a natureza do homem, em seu estado caído, Cristo não participou em nada do seu pecado" (ibiden, pág. 256). "Ele tomou sobre Sua natureza impecável nossa natureza pecaminosa, para que pudesse saber como socorrer aqueles que são tentados" (Medicina e Salvação, pág. 181, também, veja Heb. 4:15),.


Cristo tomou a nossa natureza que tendia a puxá-Lo em uma direção contrária à vontade do Seu Pai, e, portanto, a pecar, mas Ele negou o próprio eu (Rom. 15:3). Assim, a natureza pecaminosa, que Cristo tomou sobre Sua divindade, não O levou a tornar-Se um pecador, como tal. Se Ele tivesse Se aproveitado da natureza decaída, então Ele teria pecado.

"Jesus veio ao mundo, e colocou-Se na carne, exatamente onde os homens estavam, e defrontou esta carne, assim como ela é, com todas as suas tendências e desejos, e pelo poder divino, que Ele trouxe pela fé, Ele “condenou o pecado na carne", e, assim, trouxe a toda a humanidade aquela fé divina, que traz o poder divino ao homem, para livrá-lo do poder da carne e da lei do pecado, exatamente onde ele está, e dar-lhe seguro domínio sobre o carne, tal como ela é "(AT Jones, Review and Herald, 1 de setembro de 1896).

É importante enfatizar que Cristo ao entrar na carne humana pecadora, na "semelhança de carne pecaminosa", não cometeu pecado. A visão pós-queda da natureza humana de Cristo não compromete, em nada, a Sua absoluta impe


A própria expressão "semelhança de carne pecaminosa” (Rom. 8:3) e "foi feito à semelhança de homens"(Ffésios 2:7) mostram que não há diferença entre sua humanidade e a nossa. Ele enfrentou as mesmas tentações que são a sorte comum da humanidade. Nós temos um Salvador que está perto de nós e não de longe. A diferença entre Cristo e nós, não é a “carne", que Ele tomou, mas a "mente" ou o caráter que Ele manteve no conflito, cujo resultado final é a justiça de Cristo.

Assim como Cristo tinha a mente de Deus, somos exortados a ter a mente de Cristo (Filipenses 2:5). Nós podemos adquiri-la. "Deixe que essa mente esteja em você." Por consentimento ou permissão deixamos que Cristo seja formado dentro de nós. Em outras palavras, a justiça é pela fé em Cristo (1ª Cor. 3:16) por uma renovação contínua da mente (Rom. 12:2).

Há também uma diferença entre a vida de Cristo e as nossas vidas. A diferença é a Sua constante subjugação da natureza decaída. Ele nunca sucumbiu a ela. Durante Sua vida na terra, Cristo nunca exerceu Sua própria vontade, Ele optou por fazer apenas a vontade do Pai (Mateus 26:39, João 5:30, 6:38). "Jesus não revelou qualidades, nem exerceu poderes, que os homens não possam possuir mediante a fé nEle. Sua perfeita humanidade é que todos os Seus seguidores podem possuir, se forem sujeitos a Deus como Ele o foi" (O Desejado de Todas as Nações, pág. 664).

Os crentes de todos os tempos são salvos por estar "em Cristo". Mesmo o povo de Cristo do tempo do fim, que Testemunha Verdadeira o identifica como guardando os mandamentos de Deus e a fé de Jesus, será salvo estando "em Cristo".

Roland Fanselau

O irmão Rolando Fanselau nasceu, em 1932, em um lar adventista na América Central, de pais alemães. Na década de 1990, o pastor Roberto J. Wieland o introduziu à mensagem do Advento, na ênfase de 1888. Após a leitura das obras de Alonzo T. Jones; Ellet J. Waggoner; Ellen G. White, Roberto Wieland, e Donald K. Short, sua apreciação pela mensagem foi reforçada. Ele é membro da Igreja Adventista de Collegedale na cidade de Collegedale, no estado americano do Tennessee, localizada no endereço: 4829 College Drive E., caixa postal 3002, cidade de Collegedale, TN. Cep. 37315, Fone (423) 396-2134, FAX (423) 396-9509 • Email: church@southern.edu


Nota do tradutor:

1) O Comentário Bíblico, volume 6 da série SDABC, pág. 560, diz “Importante evidência textual pode ser citada (cf. pág. 10) pela omissão da frase "que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito." É geralmente referida como tendo sido adicionada aqui do verso 4.” E, na pág. 10, do mesmo volume, “Esta menção é apenas como uma questão de interesse e (ou) sem nenhuma tentativa de avaliação.”