sexta-feira, 28 de março de 2008

Lição 13 - Padrões de Discipulado

Durante minha longa vida, conheci muitos pastores e evangelistas, mas eu nunca soube de qualquer um que teve o privilégio de fazer todas as maravilhosas coisas que Jesus disse a Seus discípulos para fazer: 1

1) "Curar os doentes". Oramos por eles, damos-lhes tratamentos, nós os levamos a médicos e clínicas—graças a Deus que nós podemos fazer algo. Mas falta-nos os maravilhosos dons curadores que Jesus deu a Seus discípulos.

2) "Limpar os leprosos.” Esse presente também nos falta;

3) "Ressuscitar os mortos." Com certeza nós falta esse presente;1

4) "Expulsar demônios”. Sim, agradeça ao Senhor, o ministério do puro evangelho de Jesus realiza este trabalho maravilhoso. O evangelho se puramente proclamado, faz isto.

A compaixão de coração pela sofredora humanidade—este é um dom que todos nós podemos experimentar se abrirmos os nossos corações ao ensino do Espírito Santo. Eis onde Jesus e nós temos um íntimo vínculo de companheirismo—uma aliança que nunca pode ser quebrada.

O amor de Cristo (Ágape no Novo Testamento) traz consigo a mesma compaixão que Jesus sentiu pela humanidade sofredora. Nossas orações para que o Senhor faça algo para ajudar às pessoas sofredoras O movem à compaixão que Ele já sentiu por elas; mas ver que temos essa compaixão faz o Senhor feliz. O Salmista diz, "Bendize ó minha alma, ao Senhor..."2 O verbo "bendizer" significa fazer feliz; mas, como podemos fazer o Senhor ficar feliz? Quando compartilhamos Sua compaixão pelos sofredores!

Na oração do Senhor nós rogamos, "Perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos os nossos devedores"3. O perdão é um dom do Espírito Santo; receber o perdão de nossos pecados remove de nós um enorme peso; pelo Seu sacrifício na Sua cruz, o Senhor Jesus efetuou um perdão para o mundo (mas muitos ainda não sabem disto).

Alguns contestam; dizem que não é justo que o Senhor deva outorgar o dom (*do perdão) a todos; mas a Sua doação deste presente não quer dizer que o receberam. Não é uma questão de ser justo—se o Senhor fosse estritamente imparcial conosco nós iríamos todos perecer; mas Sua mui abundante graça (cf. Romanos. 5:20) vai bem além de ser honesto; Ele já morreu a segunda morte de todo o mundo. Esta é uma provisão de abundante graça que é infinita!

É nosso bendito privilégio ministrar esta copiosa graça a pecadores: conte-lhes que o Senhor já os perdoou em virtude de Sua cruz. Não se preocupe que isto os encorajará a continuar pecando; o Senhor no-lo disse, não temamos contar às pessoas o que Ele fez. Ele cuidará deles se abusarem da Sua graça. Nós não devemos temer; devemos proclamar a graça.

É possível que na verdadeira "igreja remanescente" da profecia da Bíblia (cf. Apoc. 12:17) possamos estar excluindo ou marginalizando alguns puros e verdadeiros servos do Senhor? Gostaríamos de poder responder com um retumbante "Não"! mas a serva do Senhor nos diz francamente que, quando "o Senhor, na Sua grande misericórdia, enviou a Seu povo uma mui preciosa mensagem,"4 há 120 anos atrás, a verdade é que "nós", corporativamente (*como um corpo, uma igreja institucional) rejeitamos os (*dois) mensageiros (*de 1888) que Ellen White disse tiveram "credenciais do céu,"!5. Mais de cem vezes ela diz que "nós", nesse sentido de um corpo organizacional (*adventista), os tratamos como os judeus trataram Jesus.

Permitamos que o Senhor nos dê coragem, a você e a mim, para nos levantarmos destemidamente em favor (*destes dois) ostracizados e marginalizados (*servos do Senhor) que foram leais a Ele quando a maioria os desprezava! Ellen White levantou-se corajosamente para defender A. T. Jones e E. J. Waggoner na era de 1888!6

Nossa Lição 13 lembra-nos de algo muito importante: Israel nunca era uma progênie de DNA puro de Abraão. O verdadeiro Israel sempre foi "por fé". A lição para nós hoje é: dos milhões, sim bilhões do mundo hoje que parece não preocuparem-se com Cristo, nós não temos nenhuma idéia quantos darão um passo decisivo e ser leais ao quarto anjo, que iluminará a terra com a glória do encerramento da mensagem de Cristo (Apoc. 18:1-4). (*É) tempo para nós sermos humildes!

Temos estado tentando pregar a mensagem durante muito tempo; não nos esqueçamos de que a palavra de Deus não "voltará para Ele vazia" (Isa. 55:11). Não sejamos como Jonas que duvidou que sua pregação tivesse sido abençoada pelo Senhor! “Deus não é injusto para esquecer-Se" do que nós fizemos para Ele, mesmo que nós possamos nos esquecer (Heb. 6:10). Especialmente devem, os que trabalharam altruistamente para proclamar as verdades gloriosas da mensagem que o Senhor nos deu há 120 anos, não duvidar de Seu cuidado amoroso; seu trabalho nunca será em vão.

—Robert J. Wieland7


Tradução e acréscimos, antecedidos por asteriscos, de João Soares da Silveira.



Notas do tradutor:


1) Milagres não São Prova do Favor Divino

“Não busque manifestações miraculosas. Não nutra ninguém a idéia de que providências especiais ou manifestações miraculosas devam ser a prova da genuinidade de sua obra ou das idéias que defende. ... A genuína operação do Espírito Santo em corações humanos é prometida, para dar eficiência mediante a Palavra. Cristo declarou ser a Palavra espírito e vida. ‘Porque a Terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar,’ Hab. 2:14. ... A Bíblia nunca será suplantada por manifestações miraculosas. ... Apegai-vos à Palavra, recebei o enxerto da Palavra, que torna os homens sábios para salvação. Este é o sentido das palavras de Cristo quanto a comer Sua carne e beber Seu sangue. E Ele diz: ‘E a vida eterna é esta: que Te conheçam, a Ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.’" João 17:3. Mensagens Escolhidas, Vol. 2, Pág. 48 ...

Os Milagres não São Prova ... Satanás procurará desviar conversos da fé. ... Os que não aceitam a Palavra de Deus tal qual reza, serão apanhados em sua armadilha. ... O testemunho dado à igreja primitiva pelo mensageiro do Senhor, deve Seu povo ouvir em nossos dias: ‘Ainda que nós mesmos ou um anjo do Céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.’ Gál. 1:8. O homem que torna a operação de milagres a prova de sua fé verificará que Satanás pode, por meio de uma variedade de enganos, efetuar prodígios que parecerão genuínos milagres. Ele esperou fazer disto um elemento de prova para os israelitas ao tempo de seu livramento do Egito.” Manuscrito 43, 1907. Ídem pág 52

Maravilhosos Milagres Iludirão. ... Muitas coisas estranhas parecerão admiráveis milagres, ... enganos manipulados pelo pai das mentiras. Carta 136, 1906. Os que rejeitam a Cristo e Sua justiça (*falando aqui da ‘mui preciosa mensagem’ de 1888) aceitarão o engano que está inundando o mundo. ... Homens, sob a influência de espíritos maus operarão milagres. Eles farão com que as pessoas fiquem doentes mediante lançarem sobre elas encantamentos, removendo-os depois de repente, levando outros a dizerem que a pessoa doente foi miraculosamente curada. Isto Satanás tem repetidamente feito. Carta 259, 1903. Essas obras de cura aparente levarão os adventistas do sétimo dia à prova. Muitos que tiveram grande luz deixarão de andar na luz, porque não se tornaram um com Cristo.” Carta 57, 1904, Idem, pág 53

Porque os Milagres São Hoje Menos Importantes. A maneira por que Cristo trabalhava era pregar a Palavra, e aliviar o sofrimento por obras miraculosas de cura. Estou, porém, instruída de que não podemos agora trabalhar dessa maneira, pois Satanás exercerá seu poder pela operação de milagres. Os servos de Deus hoje não poderiam trabalhar mediante milagres, pois espúrias obras de cura, pretendendo ser divina, serão operadas.”

Os Milagres no Conflito Final. Satanás, rodeado de anjos maus, e pretendendo ser Deus, operará milagres de toda espécie para enganar, se possível os próprios escolhidos. O povo de Deus não encontrará sua segurança na operação de milagres, pois Satanás havia de falsificar qualquer milagre que fosse feito. O tentado e provado povo de Deus encontrará seu poder no sinal mencionado em Êxodo 31:12-18. Devem tomar posição baseados na Palavra viva - "Está escrito". Este é o único fundamento sobre que podem estar seguros. Os que quebraram seu concerto com Deus hão de naquele dia achar-se sem esperança e sem Deus no mundo.” Ídem pág. 54. “Os adoradores de Deus distinguir-se-ão especialmente por seu respeito ao quarto mandamento –uma vez que esse é o sinal de Seu poder criador e o testemunho de Seu direito sobre a reverência e homenagem dos homens. ... Na decisão da luta, toda a cristandade achar-se-á dividida em duas grandes classes - os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus, e os que adoram a besta e sua imagem e recebem seu sinal. ... Mas em meio do tempo de angústia que está para vir –um tempo de angústia tal como nunca houve desde que houve nação –o escolhido povo de Deus permanecerá firme. Satanás e seus anjos não os podem destruir, pois anjos excelentes em poder os protegerão.” Carta 119, 1904. Ídem, pág. 55.


2) Salmos 103: 1, 2 e 22; 104: 1 e 35;


3) Mateus 6:12; Lucas 11:4;


4) Testemunhos para Ministros, pág. 91, último parágrafo;


5) Mensagens Escolhidas, Vol. 1 págs. 234 e 235; Testemunhos para Ministros, págs. 96 e 97;


6) Em Mineápolis, em 1888, nas reuniões da Conferência Geral, no 3º trimestre daquele ano, Deus chamou a atenção do povo adventista para a justiça de Cristo, como um requisito para receber a chuva serôdia, de maneira enérgica, pelo ministério de dois jovens ministros, Jones e Waggoner.

Ellen White apoiou estes dois jovens ministros, que enfrentaram grande oposição da maioria dos deputados da Igreja naquele tempo, especialmente a liderança. ... Ellen White, ante a recusa da Igreja em aceitar esta luz, foi impressionada por Deus para perseverar em explicar a mensagem da justiça de Cristo diretamente ao povo. Assim ela tomou os jovens pregadores com ela e passaram a pregar nas várias igrejas a mensagem que não tinha sido endossada na Sessão da Conferência General.

"Foi-me confirmado tudo que eu tinha declarado em Minneapolis, que uma reforma deve ir pelas igrejas. As reformas devem ser feitas, pois fraqueza espiritual e cegueira estavam sobre as pessoas que tinham sido abençoadas com grande luz e oportunidades e privilégios preciosos. Como reformadores eles tinham saído das igrejas denominacionais, mas eles agora agem num modo semelhante que aquelas igrejas agiram. Esperamos que não haja necessidade para outra saída. Enquanto nos esforçarmos em manter o "unidade do Espírito" nos laços da paz, nós não iremos cessar de protestar falando e escrevendo contra o fanatismo". “Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 1, páginas 356, 357 (1889), LDE 48,1.

Depois de dois anos levando a mensagem de Cristo e Sua Justiça diretamente ao povo, parece que estes esforços não produziam fruto em algumas pessoas: "Por quase dois anos nós temos estado aconselhando ao povo para virem (*às reuniões) e aceitarem a luz e a verdade concernente à Justiça de Cristo, e alguns não sabem se devem vir e apossar-se desta verdade preciosa ou não. Eles estão amarrados às próprias idéias. Eles não deixam o Salvador entrar". Review and Herald, de 11 de março de 1890. No entanto, em maio de 1890, Ellen White relatou, na Review and Herald, que frutos de arrependimento e justiça começavam a ser notados: "Vimos almas saírem do pecado para a justiça. Vimos fé ressuscitada nos corações dos contritos". Review and Herald de 27 de maio de 1890;


7) Roberto J. Wieland é um pastor adventista jubilado, missionário na África por quase a totalidade de seu ministério de 50 anos, sendo hoje o maior pesquisador e escritor da “mui preciosa mensagem” da Justiça de Cristo, que nos foi outorgada na 27ª Assembléia da Conferência Geral da Igreja Adventista do 7º Dia, em Mineápolis, estado de Minnessota, EUA, em 1888. Ele é um profícuo autor, tendo escrito dezenas de livros e centenas de artigos, publicados em diferentes lugares e periódicos.

Ele escreve diariamente uma página inspiracional chamada “Dial Daily Bread” (Pão Diário Virtual), que você pode ler em inglês em dailybread@1888message.org, Falamos mais sobre ele na nota de nº 3 do comentário da 2ª lição da Escola Sabatina deste trimestre; e na nota 11 da lição 7. Você as pode conferir simplesmente clicando nos respectivos arquivos à margem deste blog.

Tenha um feliz sábado,

Lhe deseja o irmão em Cristo,

João Soares da Silveira.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Lição 12 - Missão e Comissão

Com alegria descobrimos que "O Evangelho" é a característica mais proeminente da lição desta semana! O autor põe uma meta clara da lição da semana na última sentença da introdução (a parte da seção de sábado à tarde): "Nesta semana, vamos estudar o evangelho no contexto da grande comissão".

O Evangelho é a revelação de Jesus Cristo nos homens: Romanos 1:16, 17 diz que “... o evangelho de Cristo é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê ...”, e que neste evangelho poderoso, a justiça de Deus é demonstrada no crente. Isto é "pela graça... pela 'fé em Jesus' (Apoc. 14:12), e isso não vem de nós; é dom de Deus" (Efésios 2,8).

Paulo foi muito claro sobre como ele recebeu o evangelho. O evangelho que ele pregou não era de acordo com os homens, ninguém o recebeu de homem algum, nem foi ensinado por eles, mas veio pela revelação de Jesus Cristo, quando agradou a Deus revelar Seu Filho nele (Gálatas 1:11, 12, 15, 16).

O Evangelho é a lei em Cristo. O Evangelho é o próprio Jesus Cristo.

Um dos mensageiros de 1888, de quem Ellen G. White disse que portava credenciais do céu1, escreveu: "Somos plenamente assegurados de que o Evangelho é tornar Cristo conhecido nos homens. Ou antes, o Evangelho é Cristo nos homens, e a pregação dele é manifestar aos homens a possibilidade de Cristo habitar neles. ... O mistério de Deus é a Sua manifestação na carne. Quando os anjos fizeram conhecido aos pastores o nascimento de Jesus, foi o anúncio que Deus tinha vindo ao homem na carne; e quando foi dito que esta boa nova devia ser para todas as pessoas, foi revelado que o mistério da habitação de Deus em carne humana era para ser proclamado a todos os homens, e repetido a todos que devessem crer nEle" (E. J. Waggoner, The Present Truth, o periódico A Verdade Presente, de 5 de maio de 1896).

O Evangelho é uma salvação sempre presente: Assim é que “Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus." (1ª João 4:2, 3). Preste atenção novamente (*no termo verbal “confessa”) no tempo presente. Não é suficiente confessar que Jesus Cristo veio na carne; isso não trará nenhuma salvação a qualquer pessoa. Devemos confessar, com conhecimento indiscutível, que Jesus vem agora em carne, e então nós somos de Deus. Cristo encarnou-Se há 1800 anos atrás2 para demonstrar tal possibilidade. O que Ele fez uma vez, Ele pode fazer outra vez. Aquele que nega a possibilidade (*a capacidade) de Sua vinda na carne dos homens agora, nega assim esta possibilidade (*esta realidade) de ter Ele jamais entrado na carne3. (*Carne humana caída4).

"Então nossa parte é, com humildade de mente, confessar que somos pecadores; que, em nós, não há nenhuma coisa boa. Se não o fazemos, então a verdade não está em nós; mas, se o fizermos, então Cristo, que veio ao mundo com o propósito expresso de salvar pecadores, virá e assumirá Sua morada conosco, e, então, a verdade de fato estará em nós. Então haverá perfeição manifestada em meio à imperfeição. Haverá integralidade em meio à fraqueza. Porque nós somos 'perfeitos nEle' (Col. 2:10). Ele criou todas coisas pela palavra do Seu poder, e portanto pode tomar homens que não são senão nada, e pode fazer deles (*filhos) 'para louvor e glória da Sua graça' (Efésios 1:6) (*vs. 5). 'Porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém.(Romanos. 11:36)" (Idem, 18 de maio de 1893).

O Evangelho cria discípulos pela cruz:Porque o amor (Ágape) de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se Um morreu por todos, logo todos morreram. E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou” (II Cor. 5:14, 15). "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e Se entregou a Si mesmo por mim” (Gálatas 2:20).

O Evangelho equipa os discípulos através de Ágape, (II Cor. 5: 16, 17, 20, 21):

Verso 16: “Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne.” Aprendemos a ver aos outros com os "olhos de Ágape”:

Verso 17:“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é;... eis que tudo se fez novo”. A Bíblia quer dizer exatamente o que diz—tornamo-nos uma nova criação, e é agora tão natural andar no Espírito como antes era natural andar na carne. Este poder que nos recria é o Ágape de Deus. Cria em nós o que não existia aí antes. “Porque somos feitura Sua” (Efésios 2:10) e Sua fé, trabalhando por amor, faz as obras de Deus em nós (Gálatas 5:6).

Verso 20, Somos feitos para ser "embaixadores da parte Cristo" (II Cor. 5:20).
Verso 21: Isso “para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus.”

O Evangelho comissiona os discípulos: Jesus sumaria o Evangelho e a comissão na Sua oração ao Pai, achada em João 17:

O verso 6: “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo Me deste.”
O verso 11: “E Eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo.”
O verso 14: “Dei-lhes a Tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu não Sou do mundo.”

O verso 18: "Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo.

Somos chamados para fora do mundo, mas permanecemos aqui. Nós não somos mais do mundo, mas somos enviados a ele.

O discipulado no tempo do fim não será diferente de discipulado em qualquer outro tempo, porque discipulado é sempre o seguir um Salvador presente no tempo presente.


Daniel Peters5


Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.


Notas do tradutor:


1) Realmente, Ellen G. White foi bem específica e clara quando, após ter analisado as pessoas e mensagem dos dois jovens pastores Waggoner e Jones, pregadores oficiais da assembléia da Conferência Geral de Mineápolis (1888), endossou-os em mais de 100 declarações. Comece examinando o que está impresso em português em:

Testemunhos para Ministros, a partir da pág. 91

Na pág. 97 (no meio da página): “... esses homens ... têm sido como que sinais no mundo, testemunhas de Deus, ... zelosos, movidos pelo Espírito de Deus, ... firmes como a rocha aos princípios...” E no último parágrafo daquela página, você lê: “Se rejeitardes os mensageiros delegados por Cristo, rejeitais a Cristo.” Ao meio da pág. 93, lemos: “Deus deu a seus servos um testemunho que apresentava a verdade como está em Jesus, e que é a terceira mensagem angélica, em linhas claras e distintas.” E à pág. 95, primeiras linhas: “É essa justamente ... a mensagem que Ele deu a Seus servos... exatamente o de que o povo necessita. Os que receberam a mensagem foram grandemente abençoados, pois viram os brilhantes raios do Sol da Justiça, e lhes brotaram no coração a vida e a esperança.” Voltando à pág. 92, lemos: “Esta é a mensagem que Deus manda proclamar ao mundo. É a terceira mensagem Angélica que deve ser proclamada com alto clamor e regada com o derramamento de Seu Espírito Santo em grande medida. ... A mensagem do evangelho de Sua graça devia ser dada em linhas claras e distintas, para que não mais o mundo dissesse que os adventistas do sétimo dia falam na lei, na lei, mas não ensinam a Cristo e nem nEle crêem.” Voltando à pág. 93, ao meio: “por anos tem estado a igreja olhando para o homem, e dele esperando, mas sem olhar para Jesus, em quem Se centraliza nossa esperança de vida eterna.”


Em Mensagens Escolhidas, vol. 3, no meio da pág. 174, ela apela para que esta mensagem fosse apresentada com “um espírito semelhante ao de Cristo, como o Pastor E. J. Waggoner revelou durante toda a apresentação de suas idéias; e que esse assunto não fosse tratado em forma de debate. ... Visto que o Pastor Waggoner (*não se excedia, mas) se portava como um cavalheiro cristão, ...


2) Isto foi escrito por Ellet Josaeph Waggoner no final do século XIX. Hoje nós dizemos que Cristo encarnou-se há 2.000 anos atrás;


3) O Comentário Bíblico Adventista, vol. 7, pág. 661 nos diz que “A verdade enunciada em I João 4:2 e 3, precisa ser enfatizada em todos os tempos, mas especialmente nos nossos próprios dias. ... Nós precisamos estar pessoalmente cônscios da encarnarão, para lembrar-nos de que Deus, que tornou este milagre possível, está também apto para realizar qualquer milagre que seja necessário para nossa salvação.” Este milagre é Ele viver em cada um de nós hoje, em nossa carne pecaminosa. Ele está desejoso de o fazer, mas não violará nosso livre arbítrio se não O permitirmos. Quando Cristo leu de Isaias 61:1 (conforme registrado em Lucas 4:18) “O Espírito do Senhor ... Me enviou para apregoar liberdade aos cativos”, Ele quis significar: viver em nós para que sejamos livres, livres do pecado do qual somos escravos. Há uma atitude perigosa concernente à vitória sobre o cativeiro do pecado ocorrendo no pensamento de alguns cristãos. Uma das mais comuns expressões que são ouvidas hoje da boca de “cristãos” é “—eu posso entender que Deus perdoa meus pecados, más é difícil para mim crer que Ele possa me fazer parar de pecar.” Muitos hoje vivem resignados com a idéia de que “Sobre este pecado tal e tal eu não consigo obter vitória, já tentei minha vida toda, eu sempre fui assim, Deus me conhece, me compreende. Eu só vou parar de cometê-lo quando Ele voltar, vitória para mim não é possível". É verdade que vitória para o homem, por si só, é impossível, Mas Jesus confirmou que veio de Deus para proclamar liberdade do pecado aos cativos. Para tal é necessário que Ele habite em nossa carne pecaminosa agora. Se não O confessarmos como vindo hoje em carne, na nossa carne, tal como ela é desde a queda, não estamos agindo como filhos de Deus. Tais pessoas privam-se da bênção de uma vida vivida em Cristo.


4) Lembre-se de que no Novo Testamento o termo “carne”, (“SARX”, do grego), é a natureza humana caída, deteriorada, pecaminosa.

Karl Barth, (1886/1968) geralmente considerado por muitos o maior teólogo cristão-protestante do século XX, pastor da Igreja Reformada, diz, em sua obra Church Dogmatics: “Carne é a natureza humana marcada pelo pecado de Adão.”

O dicionário Revised Bauer-Arndt-Gingrich Greek Lexicon, diz que a palavra “sarx”, “carne”, em grego, é a tendência dentro do homem caído para desobedecer a Deus em todas as áreas da vida; o instrumento desejoso do pecado (particularmente nos escritos de Paulo).


5) Daniel Peters vive na parte leste da cidade de Los Angeles, Estado da Califórnia, EUA, e trabalha como Conselheiro Oficial antidrogas e álcool para mães e mulheres grávidas. O seu coração foi sensivelmente tocado pela "mui preciosa mensagem" e sua vida tem sido apaixonadamente dedicada a esta mensagem que Deus outorgou à Sua igreja em 1888. Ele e a sua família são membros da igreja adventista do sétimo dia de Whittier, uma cidade a 19 kms ao sul de Los Angeles, localizada no nº 8841 Calmada Avenue, Whittier, CA 90605, EUA. Ele é tataraneto de Ellet J. Waggoner, e tem um site na internet: http://www.1888mpm.org/ onde você pode ler, em inglês, a maioria dos livros de Woggoner. O irmão Daniel é um ardoroso estudante da Bíblia, do Espírito de Profecia, e de toda a literatura relativa à mensagem de 1888.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Lição 11 - Mais Lições sobre Discipulado

Nossa lição analisa duas questões: temor de perseguição, e o perigo dos ensinos dos fariseus. À primeira vista, estes temas podem não parecer relacionados. Entender os líderes judeus trará luz ao nosso estudo dos temores dos discípulos de Jesus. Nos ajudará a entender o temor que nos afeta a todos, e nos mostra a necessidade de uma mensagem que nos livrará desses temores de modo que, verdadeiramente nós possamos viver pela fé.

Os discípulos tinham deixado tudo (seu trabalho, as suas famílias, a segurança do anonimato) e seguiram a Jesus. Considerando tudo que era íntimo para eles (os ensinos de Jesus, Seus milagres, tudo que abrangia o Seu ministério) pensaríamos que os discípulos estariam maduros na fé por estas experiências. Mas eram medrosos. Quer fosse a tempestade no mar, ou um demoníaco, ou a pressão para adaptarem-se à autoridade dos fariseus, todas estas situações revelam que os discípulos não estavam firmes na fé. Sua experiência lembrava a do Israel antigo durante o êxodo. Tinham experimentado tanto, mas permanecido duros e insensíveis à direção divina; por quê?

Quando Jesus deu Suas instruções finais aos discípulos (João 13-16), as perguntas que Ele foi forçado a responder sumarizam a falta de fé madura dos discípulos. Olhe as indagações feitas por Pedro (João 13:36-14:4), Tomé, (14:5-7), Filipe (14:8-21), e Judas, não o Iscariote (14:22-31). Elas expõem uma falta de conhecimento claro sobre Jesus e Sua missão. Se os discípulos tinham gastado tanto tempo com Ele, por que demonstraram conhecimento espiritual e confiança tão pequenos?

Havia quatro áreas em que os discípulos estavam espiritualmente ignorantes. (1) Previsão: Mesmo que Jesus os tendo advertido do que estava para vir, eles nunca pareciam pensar que aconteceria; (2) Uma clara percepção da verdade: Sua idéia do Messias e Sua missão eram anuviadas pelas próprias expectativas (como os fariseus); ficaram procurando um Messias que nunca tinha sido prometido; (3) Real conhecimento de si próprios: Embora nem todos eram tão falantes quanto Pedro, eles mostraram ignorância do que eram em caráter; (4) Disciplina de experiência: Sim, tinham respondido ao chamado de Jesus, sacrificado muitas coisas, e visto e participado de muitos acontecimentos de graça salvadora, entretanto careciam de fé para ficar firmes quando defrontados com a oposição. Note o padrão: Os discípulos confiavam no Homem (*Jesus), mas lutavam com suas expectativas e agendas pessoais, que estavam fora de sincronização com as palavras de Jesus.

Considere os fariseus. Começaram como um grupo durante (*o tempo das) guerras dos macabeus, quando opressão estrangeira das culturas helenística e romana (pagã) tentou dominar a verdade que tinha sido confiada a Israel. Porque permaneceram firmes na verdade como encontrada na Torá (*do hebráico תּוֹרָה, que é o Pentateuco para o cristianismo) o grupo tornou-se conhecido como os "pios" (fariseus, *devotos, religiosos). Dedicaram-se a Deus e assumiram a responsabilidade de dirigir Israel de volta a Ele. Seus ensinos foram calculados para exaltar a Lei e cumprir a missão que Deus tinha querido que Israel alcançasse. Muitas de suas crenças estavam de acordo com os ensinos de Jesus. Ensinavam que Deus amava o Seu povo e esperava que vivessem uma vida de obediência. Todo mundo tem o poder de escolher entre o bem e o mal, e a Tora (a Bíblia) deve ser seu guia.

Por que então os fariseus faziam tanta oposição a Jesus? A resposta simples é que Jesus não guardava a lei como eles a entendiam. Eles eram tão preocupados com os detalhes (legalismo) que não conseguiram ver os maiores aspectos da fé. Viam a obediência à lei como um dever da pessoa em cumprir o concerto entre Deus e Israel. Posto de maneira simples, eles nunca tinham deixado o Velho Concerto. Por causa disto, os fariseus sentiram que Jesus destruía tudo que eles tinham trabalhado para sustentar, e subvertia seu "chamado" para guiar o povo à "verdade" da justificação por obras.

A conexão entre os temores dos discípulos e o fermento dos fariseus pode agora ser vista. Os dois grupos estavam limitados por seu prévio aprendizado. Suas expectativas impediram-nos de ver a realidade como Jesus a apresentava. Idéias preconcebidas os estavam cegando à verdade que mudaria suas vidas. A diferença entre os discípulos e os fariseus estava somente em como eles se viam em relação a Jesus, como, amigo ou inimigo.

Os discípulos foram atraídos a Jesus porque estavam famintos por justiça. Seus temores começaram quando tornaram-se incapazes de interligar o que eles pensavam que sabiam, com o que eles observavam e experimentavam na presença de Cristo, especialmente quando envolvia ensino sobre Sua rejeição e morte. Isto levou a uma perturbação de suas vidas, mas, embora confusos, permaneceram porque não havia nenhum outro lugar para ir. Tinham provado a verdade e nada podia tomar o seu lugar. O mesmo foi experimentado pelo mileritas no Grande Desapontamento.

Os fariseus responderam de forma diferente a Jesus com suas idéias preconcebidas, porque, ao menos em parte, eles temeram possível perda de honra e autoridade perante o povo. Como podiam abandonar este poder? Jesus deve ser rejeitado porque ameaçou destruir tudo o que os fariseus acreditavam. Jesus salientou o curso equivocado de sua "missão" para tornar Israel obediente à lei de Deus por meio do velho concertismo, mas recusaram ver isto. Esta foi a experiência de pouco mais que alguns de nós, quando o Alto Clamor e a Chuva serôdia começaram em 1888.1

Os fariseus não permitiriam submeter-se a Jesus. Como Caifás o põe: "convém que um só homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação" (João 11:49, 50). Os fariseus pensavam que Se o povo cresse em Jesus, eles perderiam a sua autoridade e finalmente a sua nação. A "terra prometida" tinha se tornado a razão de sua vida. O Deus da promessa que os dirigiu e os susteve foi esquecido, rejeitado, e então crucificado. Assim, se permitissem influenciá-los, o fermento dos fariseus teria segado os discípulos à coisa que daria às suas esperanças verdadeiro cumprimento.

É interessante que, na véspera do Sua crucificação, Jesus falou claramente a Seus discípulos sobre crer, não tanto "fazer". As "boas obras” viriam em conseqüência da fé. Jesus manteve Seus discípulos focalizados em crer nEle, não somente acreditando nos fatos sobre Ele, mas tendo fé nELE, como uma pessoa em quem eles podiam ter confiança. Mesmo em sua confusão havia o conhecimento esmagador de que eles nunca tinham visto nem ouvido alguém como Jesus. Eram testemunhas oculares da Sua vida e ministério. Esses eram fatos reais! Foi necessário destruir as falsas esperanças e sonhos dos discípulos de seu Messias para desenvolver fé e confiança nEle como uma pessoa. Então, nada os pararia, porque o amor lança fora o temor (I João 4:18).

Robert Van Ornam2



Tradução, ênfases e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.



Notas do tradutor:

1) 1888 Re-Exminado, escrito, originalmente como um documento confidencial para a Associação Geral, pelos pastores Roberto J. Wieland e Donald K. Short (ambos com mais de 100 anos, em conjunto, no ministério de nossa igreja, a maior parte como missionários na África). Posteriormente foi liberado para publicação, entretanto não cremos devam alguns de seus temas ser apresentados em discussão nas unidades evangelizadoras, porque requerem estudo mais delongado. Aqui as apresentamos para apreciação pessoal daqueles preocupados com a aplicação do tema abordado na lição e no comentário acima. Selecionamos alguns §§ do cap. 3, com o título


O Alto Clamor que Virá de Modo Surpreendente:

“Por décadas, antes de 1888, a igreja e sua liderança antecipavam ansiosamente os "tempos do refrigério", quando a longamente esperada chuva serôdia viria. Essa era uma expectação acariciada entre nós um século atrás, assim como a longamente esperada vinda do Messias se dava entre os judeus ao tempo de João Batista.

Contudo, poucos pareciam reconhecer que a chuva serôdia e o alto clamor seriam primariamente uma compreensão mais clara do evangelho [ou seja, viriam com uma mensagem]. ...” (*Não um grande barulho trovejante) ...

“... Não estávamos preparados para a pequena e suave voz de uma revelação de graça como a verdadeira motivação da terceira mensagem angélica. O poder sobrenatural que esperávamos deve ser conseqüência de nossa aceitação daquela luz maior do evangelho. Essa deve iluminar a terra com glória.(*Apoc 18:1).

Houve um terrível perigo de que os líderes judeus pudessem rejeitar seu Messias quando viesse "subitamente". E houve igual perigo de que os líderes responsáveis de nossa igreja desprezassem o alto clamor quando começasse. Já em 1882 Ellen White havia advertido de que poderiam algum dia ser incapazes de reconhecer o verdadeiro Espírito Santo:

“ ... Ellen White havia antecipado o tempo em que o Senhor assumiria a liderança e suscitaria instrumentalidades humanas em que Ele pudesse confiar: Quando tivermos homens tão dedicados como Elias, e possuindo a fé que ele possuía, veremos que Deus Se revelará a nós como o fez aos homens santos do passado. Quando tivermos homens que, conquanto reconhecendo suas deficiências, pleiteiem com Deus em fé ardorosa, como fez Jacó, veremos os mesmos resultados.’ (4T 402).

“Especificamente, o presidente da Associação Geral (G. I. Butler, por carta) em 1885 foi advertido de que a menos que ele e alguns outros ...sejam despertados ao senso de seu dever, não reconhecerão a obra de Deus quando se fizer ouvido o alto clamor do terceiro anjo. Quando luz sair para iluminar a terra, em vez de virem em auxílio do Senhor, desejarão amarrar Sua obra a fim de ajustar-se a suas idéias limitadas. Permitam-me dizer-vos que o Senhor operará nesta última obra de um modo bastante fora do comum e de maneira que será contrária a qualquer planejamento humano. . . . Os obreiros se surpreenderão com os meios simples que Ele empregará para pôr em andamento e aperfeiçoar a Sua obra de justiça.’ (1º de outubro de 1885; TM 300). ... O Senhor seria forçado em 1888 a passar por alto ministros experientes a fim de empregar agentes mais jovens ou mais obscuros ... (Veja também: OE, antiga edição, pág. 126, e 5T, págs. 81, 82).

Aqueles testemunhos de 1882 revelam uma inspirada previsão. Era como se Ellen G. White escrevesse a história de 1888 antecipadamente!

...

“Como o Alto Clamor Não Foi Reconhecido

“Já em abril de 1890, Ellen White, tendo maior entendimento, aplicou a linguagem de Apocalipse 18 para a mensagem de 1888: Vários têm-me escrito perguntando se a mensagem [de 1888] de justificação pela fé é a terceira mensagem angélica, e tenho respondido: '—É a terceira mensagem angélica em verdade'. O profeta declara: 'Depois destas coisas vi descer do céu outro anjo que tinha grande autoridade, e a terra se iluminou com a sua glória [Apoc. 18:1].’ (RH, 1º de abril de 1890).

“Em 1892, ela estava pronta para declarar inequivocamente que a mensagem era realmente o início do longamente aguardado alto clamor:O alto clamor do terceiro anjo já se iniciou na revelação da justiça de Cristo, o Redentor que perdoa o pecado. Este é o começo da luz do anjo cuja glória encherá a terra toda.’ (RH, 22 de novembro de 1892).

...

‘O Pastor Butler, o oficial mais responsável da igreja, destacou-se em sua oposição à preciosa luz do alto clamor. ... Em sua cega oposição ao alto clamor podemos ver o trágico cumprimento da advertência inspirada que lhe foi enviada em 1º de outubro de 1885 (cf. TM, pág. 300):... Nunca me esquecerei da experiência que tivemos em Mineápolis, ou das coisas que foram-me então reveladas com respeito ao espírito que controlava homens, as palavras proferidas, as ações praticadas em obediência aos poderes do maligno... Eles eram movidos na reunião por outro espírito, e ignoravam que Deus havia enviado esses jovens homens... para apresentarem-lhes uma mensagem especial que trataram com ridicularia e desprezo, deixando de reconhecer que inteligências celestiais estavam velando por elas... Eu sei que naquele tempo o Espírito de Deus foi insultado. (Ct. 24, 1892).

“Assim a liderança desta igreja, ansiosamente esperando ser vindicada perante o mundo no longamente esperado alto clamor, na verdade desdenhou o Espírito de graça e desprezou as riquezas de Sua bondade.

Tornemos claro que esse pecado de insultar o Espírito Santo não prendeu o corpo da igreja coletivamente no pecado imperdoável. O pecado dos antigos judeus contra o Espírito Santo consistiu em atribuir a Sua obra a Satanás (Marcos 3:22-30). Não queremos dizer que os nossos irmãos em geral, da era de 1888, foram a esse ponto, conquanto alguns indivíduos possam tê-lo feito. (Insultá-Lo já foi suficientemente mau!). Ellen White continuou a ministrar a esta igreja até sua morte em 1915, assim indicando sua crença de que o perdão é possível, e de que a solução ao nosso problema não é a desintegração ou abandono denominacional, mas o arrependimento denominacional e a reconciliação com o Espírito Santo.


A Verdadeira Razão Por Que a Mensagem Foi Rejeitada

“ ... Aceitar a mensagem era demasiada humilhação. As implicações eram de que Deus estava de algum modo descontente com a condição espiritual daqueles que eram os "canais apropriados" para a luz especial do céu. Observem a análise de Ellen White quanto ao cerne do problema: ‘Se os raios de luz que brilharam em Mineápolis tivessem podido exercer o seu poder convincente sobre aqueles que tomaram posição contra a luz, se todos tivessem renunciado a seus caminhos e submetido sua vontade ao Espírito de Deus naquele tempo, teriam recebido as mais ricas bênçãos, desapontado o inimigo, e permanecido como homens fiéis, verdadeiros a suas convicções. Eles teriam tido uma rica experiência; mas o eu declarou: ‘Não’. O eu não estava disposto a ser afetado; o eu lutou pelo predomínio, e todas aquelas almas serão novamente provadas nos pontos em que falharam então. . . O eu e a paixão desenvolveram características odiosas.’ (Carta 19, 1892).

Alguns têm estado cultivando ódio contra os homens a quem Deus tem comissionado para levarem uma mensagem especial ao mundo. Eles começaram essa obra satânica em Mineápolis. Posteriormente, quando viram e sentiram a demonstração do Espírito Santo testificando que a mensagem era de Deus, odiaram-na ainda mais, porque era um testemunho contra eles.’(TM, págs. 78, 80; edição de 1895).

... ‘Vi que Jones e Waggoner tiveram sua contrapartida em Josué e Calebe. Como os filhos de Israel apedrejaram os espias com pedras literais, vós apedrejastes esses irmãos com pedras de sarcasmo e ridículo. Vi que vós voluntariamente rejeitastes o que sabíeis ser a verdade. Apenas porque ela era por demais humilhante para a vossa dignidade. Vi alguns de vós em vossas tendas arremedando e fazendo toda a sorte de galhofas desses dois irmãos. Vi também que se tivéssemos aceito a mensagem deles teríamos estado no reino após dois anos daquela data, mas agora temos de retornar ao deserto e ficar 40 anos.’ E.G.White, Escrito de Melbourne, Austrália, 09.05.1892. (*Este ano, 2008, completamos 3 vezes este período: 120 anos desde a mensagem de Mieápolis. Deus deu aos antediluvianos este mesmo período de tempo. Será que isto tem alguma relação?)

... “Obviamente, a mensagem de 1888 foi muito mais do que uma mera reiteração de uma doutrina negligenciada. Os delegados à Assembléia chegaram inesperadamente a defrontar a Cristo face a face quando depararam face a face a Sua mensagem. ‘O que é justificação pela fé? É a obra de Deus em lançar a glória do homem no pó’ (TM., pág. 456; COR, pág. 104). O confronto envolvia a humilhação de suas almas até esse pó, e não estavam preparados para tanto. ...

“Em suma, podemos ver como o amor de Cristo que derrete corações e o orgulho do clero profissional são incompatíveis. Eles estavam montados sobre o êxito, e a humildade de coração tornou-se-lhes uma pedra de tropeço.

“Poderia este ser ainda nosso problema hoje?”

Negritos, sublinhados e adições, marcadas com asteriscos, de João Soares da Silveira.


2) O Pastor Roberto Van Ornam fez curso superior em Religião, com ênfase em Teologia, na Universidade Adventista de Loma Linda, Califórnia, EUA. Serviu como missionário na Coréia do Sul e Quênia, áfrica Oriental. Nos últimos 26 anos, ele lecionou a estudantes do primeiro e segundo graus a matéria “Como Estudar a Bíblia”. Atualmente leciona religião no colégio Adventista do Vale de Shenandoah, no estado americano da Virginia.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Lição 10 - Desvios no Discipulado

A lição desta semana (*no final da introdução—a parte de sábado), faz algumas fortes perguntas sob o título Prévia da semana”: "Que advertência devemos aprender da busca dos discípulos pelo poder político? Que lições Judas tem para nós? O que existia por trás da vontade de Tiago e João de destruir os que haviam rejeitado Jesus?"

Estas perguntas descem à base do problema do pecado que reside em cada um de nossos corações. Cada uma destas perguntas, em sua origem, lidam com o mesmo problema: auto-exaltação. Usar a força ou o poder de posição, políticos ou religiosos, através da manipulação de indivíduos e situações, para alcançar um propósito pessoal, ou apoiar uma opinião pessoal, foi o exato coração do problema de Lúcifer (ver Patriarcas e Profetas, págs. 35-41).

Por tornar-se dependente de um único vício, um pecado acariciado, Judas se deu em escravidão a Satanás, e absorveu-lhe o caráter. "Achava que podia reter seus próprios juízos e opiniões,” (O Desejado de Todas as Nações, pág. 717) e assim abriu seu coração à incredulidade, “e o inimigo forneceu pensamentos de dúvida e rebelião.” (idem, pág. 718). Assim como Lúcifer fez no céu, Judas desejou uma alta posição no reino de Cristo (como entendeu esse reino), assim apoiou a causa de Cristo, mas sem render o seu coração ao Salvador. Tal dicotomia de pensamento suporta o fruto da destruição. "Um espírito contrário ao Espírito de Cristo negá-lo-ia, fosse qual fosse a profissão de fé" (idem, pág. 357). Uma séria lição para nós ao defrontarmos os enganos do tempo do fim.

Quando os ensinos de Cristo tornaram-se mais aguçados concernentes à Sua missão divina de morrer pelos pecados do mundo inteiro (e.g., veja João 6:22-60), Judas projetou tramas pelas quais ele esperava alcançar sua meta, adaptando seu trabalho à sua própria agenda. "Introduzia controvérsias e enganadores sentimentos, repetindo os argumentos apresentados pelos escribas e fariseus contra as reivindicações de Cristo" (idem, pág. 719). Tentando apoiar sua posição e confundir a mente dos discípulos, ele usou “textos da Escritura que não tinham nenhuma ligação com as verdades que Cristo estava apresentando" (ibidem).

Cristo estava plenamente ciente de tudo que acontecia ao Seu redor. Ele bem sabia que Satanás estava usando Judas para influenciar os outros discípulos numa maneira negativa, trabalhando contrariamente à clara verdade que Ele estava ensinando. Apesar deste terrível pecado contra Cristo, o amor de Deus saiu à procura de Judas para atraí-lo ao convívio dos discípulos1. Mas Judas não cederia suas opiniões preconcebidas e renderia seu coração ao Mestre. A traição de Jesus foi um dos mais horrendos de todos os pecados, entretanto Jesus morreu para salvar Judas, assim como morreu salvar a você a mim de nossos pecados.

Em realidade, não há um pecado maior ou menor que outro. Todo pecado—grande ou pequeno, venial2 ou mortal, "pequenas mentiras brancas”, ou enganos de corações enegrecidos—todos causaram a morte de Cristo. Todos nossos pecados encheram o santuário celestial com corrupção tão atroz e desprezível, que só o sangue do Filho de Deus pode limpar as máculas.

No entanto, a purificação do santuário celestial deve se iniciar aqui na terra. Deve haver um fim de auto-exaltação entre o povo de Deus. Um desejo adequadamente motivado para submeter nossa vontade à de Cristo, a ser finalmente manifestada em todos que reivindicam ser discípulos dEle, antes que Ele possa completar Seu ofício como nosso Sumo Sacerdote.

"A purificação do santuário terrestre (como o próprio santuário celestial), era o afastamento de todas as transgressões do povo e do santuário, que, através do serviço dos sacerdotes, eram introduzidas no santuário durante o serviço anual. E esta torrente (*de pecados) tinha que ser interrompida na fonte (*ou seja), nos corações e vidas dos adoradores, antes que o santuário pudesse ser purificado.”

"Portanto a primeira obra na purificação do santuário era a purificação do povo. Isto que era preliminar e essencial para a purificação do próprio santuário, para a terminação da transgressão e para trazer a justiça eterna, aí [no santuário típico], era o fim da transgressão, trazendo um fim aos pecados, e fazendo reconciliação pela iniqüidade, e trazendo justiça eterna [cf. Dan. 9:24] no coração e vida de cada uma das pessoas" (A. T. Jones, O Caminho Consagrado para a Perfeição Cristã, pág. 120, edição de Glad Tidings Publishers).

Este é o trabalho final de nosso Sumo Sacerdote no Dia antitípico da Expiação—a purificação dos corações do povo.

Qual é a resposta às três perguntas urgentes mencionadas na abertura de nossa lição? Só uma coisa: "Não eu, mas Cristo". O desejo ardente de Cristo é curar a doença do nosso "eu" e nos purgar de todo desejo de auto-exaltação, procurando poder e posição sobre outros, para impor nossa própria vontade. Paulo nos diz: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e Se entregou a Si mesmo por mim.” (Gal. 2:20). Isto é discipulado verdadeiro.

E. J. Waggoner observou: "Aqui está o segredo da força. É Cristo, o Filho de Deus, a quem todo poder no céu e na terra é dado, Quem faz a obra. Se Ele vive no coração para fazer a obra, é vangloriar-se dizer que contínuas vitórias podem ser ganhas? Sim, é vangloriar-se; mas vangloriar-se no Senhor, e isso é admissível" (Signs of the Times, de 25 de março de 1889).

(*Ao longo da História Mundial) exércitos terrenos ganharam vitórias sobre seus inimigos por acreditarem que seus líderes eram invencíveis. "Bem, nosso Capitão é o Senhor dos exércitos. Ele defrontou o maior inimigo de todos e o venceu. Os que O seguem invariavelmente vão adiante conquistando e para conquistar. Oh, que os que professam ser Seus seguidores ponham sua confiança nEle, e, então, por repetidas vitórias que eles ganhariam, mostrariam os louvores dAquele que [nos] chamou das trevas para Sua maravilhosa luz"! (Ibidem).

O verdadeiro chamado de discipulado é "seguir o Cordeiro onde quer que Ele vá" (Apoc. 14:4); pela fé seguindo-O, avançando para a vitória sobre todo pecado. Seguindo o Cordeiro, o povo de Deus não só ganha vitória sobre o pecado em suas vidas pessoais, mas Deus é vindicado contra as alegações que Satanás primeiro proferiu no céu, de que Deus é injusto e de que Sua lei é impossível de ser guardada. Como discípulos verdadeiros de Cristo, nós temos uma parte crucial a desempenhar nos acontecimentos finais da história da terra. (*É meu desejo) que pela fé de Cristo, esse "ouro" que já "foi provado no fogo" (Apoc. 3:18), do qual Ele repartiu a cada indivíduo uma medida (Rom. 12:3), posamos ficar firmes e leais em todas as provas e perseguições.

—Ann Walper3

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.

Notas do tradutor:

1) Deus não desiste de nenhum de Seus filhos. Ele está sempre em “safári” nos caçando;

2) “Venial, adj., que é digno e suscetível de perdão, e que, segundo alguns teólogos, não faz perder a salvação a quem o pratica, nem leva ninguém ao inferno. É o antônimo de pecado mortal”, (Dicionário Caudas Aulete) como usado pela irmã Ana acima;

3). Ana Walper é uma enfermeira de curso superior, ávida estudante da Bíblia, e é ativa na igreja adventista que freqüenta; este ano exercendo as funções de diretora da Escola sabatina; instrutora de uma de suas unidades, e líder do dep. de Liberdade Religiosa. Durante os meses de verão ela trabalha como enfermeira voluntária em diversos acampamentos de jovens adventistas dos estados de Kentucky e Tennessee, nos EUA. Ela escreve, já por 14 anos, artigos no jornal de sua cidade sobre as Boas Novas de Cristo e Sua Justiça.

4) Uma nota a mais gostaríamos de lhe apresentar: Refere-se ao Verso para memorização, que diz: “Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os cavalos? Se tão-somente numa terra de paz estás confiado, como farás na enchente do Jordão?” Almeida Fiel.

O Comentário Bíblico, vol. 4, pág. 408 assim diz: “A lição ao profeta (*Jeremias) pode bem se aplicar a cada um hoje. Se nós negligenciamos as pequenas tarefas da vida, como poderemos assumir as grandes responsabilidades que podem vir a nos ser dadas? Se sucumbimos ante as pequenas tentações da vida diária, como poderemos vencer nas maiores crises da vida? Se nós não podemos suportar as menores dificuldades cotidianas, como poderemos estar de pé ante as terríveis tribulações que ainda advirão sobre nós? E, finalmente, se fracassamos em defrontar as situações dos dias presentes, com fé e confiança, como poderemos ser aptos para agüentar as insuportáveis misérias e os quase subjugantes enganos que nos sobrevirão no “tempo de angústia?"(Grifamos).

Em O Grande Conflito, pág. 622, nos é dito:O tempo de angústia como nunca houve" está prestes a manifestar-se sobre nós; e necessitaremos de uma experiência que agora não possuímos, e que muitos são demasiado indolentes para obter. Dá-se muitas vezes o caso de se supor maior a angústia do que em realidade o é; não se dá isso, porém, com relação à crise diante de nós. A mais vívida descrição não pode atingir a grandeza daquela prova. Naquele tempo de provações, toda alma deverá por si mesma estar em pé perante Deus. "Ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem na Terra, vivo Eu, diz o Senhor Jeová, que nem filho nem filha eles livrariam, mas só livrariam as suas próprias almas pela sua justiça", Ezeq. 14:20. Agora, enquanto nosso grande Sumo Sacerdote está a fazer expiação por nós, devemos procurar tornar-nos perfeitos em Cristo” (Grifamos).