quinta-feira, 6 de março de 2008

Lição 10 - Desvios no Discipulado

A lição desta semana (*no final da introdução—a parte de sábado), faz algumas fortes perguntas sob o título Prévia da semana”: "Que advertência devemos aprender da busca dos discípulos pelo poder político? Que lições Judas tem para nós? O que existia por trás da vontade de Tiago e João de destruir os que haviam rejeitado Jesus?"

Estas perguntas descem à base do problema do pecado que reside em cada um de nossos corações. Cada uma destas perguntas, em sua origem, lidam com o mesmo problema: auto-exaltação. Usar a força ou o poder de posição, políticos ou religiosos, através da manipulação de indivíduos e situações, para alcançar um propósito pessoal, ou apoiar uma opinião pessoal, foi o exato coração do problema de Lúcifer (ver Patriarcas e Profetas, págs. 35-41).

Por tornar-se dependente de um único vício, um pecado acariciado, Judas se deu em escravidão a Satanás, e absorveu-lhe o caráter. "Achava que podia reter seus próprios juízos e opiniões,” (O Desejado de Todas as Nações, pág. 717) e assim abriu seu coração à incredulidade, “e o inimigo forneceu pensamentos de dúvida e rebelião.” (idem, pág. 718). Assim como Lúcifer fez no céu, Judas desejou uma alta posição no reino de Cristo (como entendeu esse reino), assim apoiou a causa de Cristo, mas sem render o seu coração ao Salvador. Tal dicotomia de pensamento suporta o fruto da destruição. "Um espírito contrário ao Espírito de Cristo negá-lo-ia, fosse qual fosse a profissão de fé" (idem, pág. 357). Uma séria lição para nós ao defrontarmos os enganos do tempo do fim.

Quando os ensinos de Cristo tornaram-se mais aguçados concernentes à Sua missão divina de morrer pelos pecados do mundo inteiro (e.g., veja João 6:22-60), Judas projetou tramas pelas quais ele esperava alcançar sua meta, adaptando seu trabalho à sua própria agenda. "Introduzia controvérsias e enganadores sentimentos, repetindo os argumentos apresentados pelos escribas e fariseus contra as reivindicações de Cristo" (idem, pág. 719). Tentando apoiar sua posição e confundir a mente dos discípulos, ele usou “textos da Escritura que não tinham nenhuma ligação com as verdades que Cristo estava apresentando" (ibidem).

Cristo estava plenamente ciente de tudo que acontecia ao Seu redor. Ele bem sabia que Satanás estava usando Judas para influenciar os outros discípulos numa maneira negativa, trabalhando contrariamente à clara verdade que Ele estava ensinando. Apesar deste terrível pecado contra Cristo, o amor de Deus saiu à procura de Judas para atraí-lo ao convívio dos discípulos1. Mas Judas não cederia suas opiniões preconcebidas e renderia seu coração ao Mestre. A traição de Jesus foi um dos mais horrendos de todos os pecados, entretanto Jesus morreu para salvar Judas, assim como morreu salvar a você a mim de nossos pecados.

Em realidade, não há um pecado maior ou menor que outro. Todo pecado—grande ou pequeno, venial2 ou mortal, "pequenas mentiras brancas”, ou enganos de corações enegrecidos—todos causaram a morte de Cristo. Todos nossos pecados encheram o santuário celestial com corrupção tão atroz e desprezível, que só o sangue do Filho de Deus pode limpar as máculas.

No entanto, a purificação do santuário celestial deve se iniciar aqui na terra. Deve haver um fim de auto-exaltação entre o povo de Deus. Um desejo adequadamente motivado para submeter nossa vontade à de Cristo, a ser finalmente manifestada em todos que reivindicam ser discípulos dEle, antes que Ele possa completar Seu ofício como nosso Sumo Sacerdote.

"A purificação do santuário terrestre (como o próprio santuário celestial), era o afastamento de todas as transgressões do povo e do santuário, que, através do serviço dos sacerdotes, eram introduzidas no santuário durante o serviço anual. E esta torrente (*de pecados) tinha que ser interrompida na fonte (*ou seja), nos corações e vidas dos adoradores, antes que o santuário pudesse ser purificado.”

"Portanto a primeira obra na purificação do santuário era a purificação do povo. Isto que era preliminar e essencial para a purificação do próprio santuário, para a terminação da transgressão e para trazer a justiça eterna, aí [no santuário típico], era o fim da transgressão, trazendo um fim aos pecados, e fazendo reconciliação pela iniqüidade, e trazendo justiça eterna [cf. Dan. 9:24] no coração e vida de cada uma das pessoas" (A. T. Jones, O Caminho Consagrado para a Perfeição Cristã, pág. 120, edição de Glad Tidings Publishers).

Este é o trabalho final de nosso Sumo Sacerdote no Dia antitípico da Expiação—a purificação dos corações do povo.

Qual é a resposta às três perguntas urgentes mencionadas na abertura de nossa lição? Só uma coisa: "Não eu, mas Cristo". O desejo ardente de Cristo é curar a doença do nosso "eu" e nos purgar de todo desejo de auto-exaltação, procurando poder e posição sobre outros, para impor nossa própria vontade. Paulo nos diz: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e Se entregou a Si mesmo por mim.” (Gal. 2:20). Isto é discipulado verdadeiro.

E. J. Waggoner observou: "Aqui está o segredo da força. É Cristo, o Filho de Deus, a quem todo poder no céu e na terra é dado, Quem faz a obra. Se Ele vive no coração para fazer a obra, é vangloriar-se dizer que contínuas vitórias podem ser ganhas? Sim, é vangloriar-se; mas vangloriar-se no Senhor, e isso é admissível" (Signs of the Times, de 25 de março de 1889).

(*Ao longo da História Mundial) exércitos terrenos ganharam vitórias sobre seus inimigos por acreditarem que seus líderes eram invencíveis. "Bem, nosso Capitão é o Senhor dos exércitos. Ele defrontou o maior inimigo de todos e o venceu. Os que O seguem invariavelmente vão adiante conquistando e para conquistar. Oh, que os que professam ser Seus seguidores ponham sua confiança nEle, e, então, por repetidas vitórias que eles ganhariam, mostrariam os louvores dAquele que [nos] chamou das trevas para Sua maravilhosa luz"! (Ibidem).

O verdadeiro chamado de discipulado é "seguir o Cordeiro onde quer que Ele vá" (Apoc. 14:4); pela fé seguindo-O, avançando para a vitória sobre todo pecado. Seguindo o Cordeiro, o povo de Deus não só ganha vitória sobre o pecado em suas vidas pessoais, mas Deus é vindicado contra as alegações que Satanás primeiro proferiu no céu, de que Deus é injusto e de que Sua lei é impossível de ser guardada. Como discípulos verdadeiros de Cristo, nós temos uma parte crucial a desempenhar nos acontecimentos finais da história da terra. (*É meu desejo) que pela fé de Cristo, esse "ouro" que já "foi provado no fogo" (Apoc. 3:18), do qual Ele repartiu a cada indivíduo uma medida (Rom. 12:3), posamos ficar firmes e leais em todas as provas e perseguições.

—Ann Walper3

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.

Notas do tradutor:

1) Deus não desiste de nenhum de Seus filhos. Ele está sempre em “safári” nos caçando;

2) “Venial, adj., que é digno e suscetível de perdão, e que, segundo alguns teólogos, não faz perder a salvação a quem o pratica, nem leva ninguém ao inferno. É o antônimo de pecado mortal”, (Dicionário Caudas Aulete) como usado pela irmã Ana acima;

3). Ana Walper é uma enfermeira de curso superior, ávida estudante da Bíblia, e é ativa na igreja adventista que freqüenta; este ano exercendo as funções de diretora da Escola sabatina; instrutora de uma de suas unidades, e líder do dep. de Liberdade Religiosa. Durante os meses de verão ela trabalha como enfermeira voluntária em diversos acampamentos de jovens adventistas dos estados de Kentucky e Tennessee, nos EUA. Ela escreve, já por 14 anos, artigos no jornal de sua cidade sobre as Boas Novas de Cristo e Sua Justiça.

4) Uma nota a mais gostaríamos de lhe apresentar: Refere-se ao Verso para memorização, que diz: “Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os cavalos? Se tão-somente numa terra de paz estás confiado, como farás na enchente do Jordão?” Almeida Fiel.

O Comentário Bíblico, vol. 4, pág. 408 assim diz: “A lição ao profeta (*Jeremias) pode bem se aplicar a cada um hoje. Se nós negligenciamos as pequenas tarefas da vida, como poderemos assumir as grandes responsabilidades que podem vir a nos ser dadas? Se sucumbimos ante as pequenas tentações da vida diária, como poderemos vencer nas maiores crises da vida? Se nós não podemos suportar as menores dificuldades cotidianas, como poderemos estar de pé ante as terríveis tribulações que ainda advirão sobre nós? E, finalmente, se fracassamos em defrontar as situações dos dias presentes, com fé e confiança, como poderemos ser aptos para agüentar as insuportáveis misérias e os quase subjugantes enganos que nos sobrevirão no “tempo de angústia?"(Grifamos).

Em O Grande Conflito, pág. 622, nos é dito:O tempo de angústia como nunca houve" está prestes a manifestar-se sobre nós; e necessitaremos de uma experiência que agora não possuímos, e que muitos são demasiado indolentes para obter. Dá-se muitas vezes o caso de se supor maior a angústia do que em realidade o é; não se dá isso, porém, com relação à crise diante de nós. A mais vívida descrição não pode atingir a grandeza daquela prova. Naquele tempo de provações, toda alma deverá por si mesma estar em pé perante Deus. "Ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem na Terra, vivo Eu, diz o Senhor Jeová, que nem filho nem filha eles livrariam, mas só livrariam as suas próprias almas pela sua justiça", Ezeq. 14:20. Agora, enquanto nosso grande Sumo Sacerdote está a fazer expiação por nós, devemos procurar tornar-nos perfeitos em Cristo” (Grifamos).