sexta-feira, 26 de março de 2010

Lição 13 — A Essência do Caráter Cristão, pelo Pr. Jerry Finneman

A lista de nove itens do fruto do Espírito, em Gálatas 5:22-21, é a mais bem conhecida relação de traços de caráter. Outras listas encontram-se em passagens como Col. 3:12-16, Efé. 4:2-3, 32, Tiago 3:17 e 2ª Pe. 1:5-7. Todas estas listas são importantes para a nossa compreensão do que constitui um caráter piedoso. O amor é a maior manifestação do caráter de Deus, que é amor. E a descrição mais simples e mais profunda de um caráter divino da mesma forma é amor.

Um caráter piedoso é o resultado do novo nascimento, outro termo para justificação pela fé. A obra de Deus em trazer fé justificadora, lança nossa glória no pó e em seguida, constrói dentro de nós um caráter à semelhança de Cristo (Rom. 8:29). Um caráter como o de Cristo é a justiça de Cristo entrelaçada com o caráter e a vida do crente. Ao ele permanece em Cristo, o crente anda como Jesus andou. Quanto mais ele anda com Cristo, mais completamente refletirá o caráter de Cristo. Isto será observado e comentado por outros. E, entretanto, aquele em quem Deus está operando essa mudança e crescimento do caráter, pode não estar ciente do que os outros observam.

Ao alguém se assemelhar ao caráter de Cristo mais de perto, a sua opinião de si mesmo torna-se mais humilde. Exemplos disto podem ser vistos nas experiências de Moisés, Paulo e João Batista. Moisés não sabia que sua face brilhava com o brilho refletido da glória de Deus. O brilho foi doloroso e até mesmo assustador para aqueles que não tinham comunhão com Deus como Moisés ao conversar com Ele. O manso, suave e humilde Moisés, não sabia que ele brilhou com a glória de Deus refletida. (Ex. 34:29-35).

Paulo tinha sido altamente honrado por Deus, mas a sua atitude humilde de si mesmo é revelada nas seguintes palavras: "Não que eu já tenha alcançado, ou que seja perfeito" (Filipenses 3:12). Ele falou de si mesmo como o principal dos pecadores (1ª Tim 1:15).

O testemunho do Batista foi semelhante ao de Paulo. Jesus disse que João era o maior dos profetas, enquanto a sua opinião de si mesmo era que ele não era digno de desatar as sandálias de seu Mestre (João 1:27). Ele disse que Jesus "deve crescer", enquanto ele "devia diminuir" (João 3:30).

Aqueles homens sentiram a sua grande necessidade do sangue expiatório de Cristo e da graça santificadora do seu Espírito. Assim será com todos os que experimentarem a obra do Espírito dentro da mente e do coração. O fruto do Espírito é o caráter de Cristo — Sua justiça — reproduzida apenas naqueles que são "nascidos de novo".

Aqueles em quem o fruto do Espírito cresce, vão, em princípio, ser firmes e destemidos no dever. Eles serão zelosamente piedosos pela causa de Deus. E, entretanto, serão humildes. A mansidão de Jesus será visto em ternura, com paciência para com todos. Eles estarão prontos e ansiosos para perdoar aqueles que os atacam com rancor. Esse é o resultado de terem estado com Jesus e sido ensinados por Ele.

O fruto do Espírito é também visto na atitude dos que servem a Deus e são reprovados por Ele se pecam em julgar, falar ou agir. Arrependimento para com Deus e fé em Jesus seguir-se-á à repreensão Divina.

Deus, às vezes, nos permite passar por provações que tornam manifesta as nossas fraquezas individuais e defeitos de caráter. Assim, oportunidade nos é dada para a troca da nossa fraqueza pela força de Cristo. Erros provarão ser uma grande bênção para aqueles que irão humildemente aceitar reprovação seguida de sincero arrependimento. Essa foi a experiência de Jones e Waggoner, no início, quando repreendidos pelo Espírito Santo de profecia. Em uma carta, de Ellen White para os irmãos Waggoner e Jones, em Fevereiro de 1887, ela os advertiu sobre como dar destaque a diferenças doutrinárias dentro da sala de aula e em artigos na (*revista adventista) "The Signs of the Times". As diferenças envolviam, “a lei acrescentada” de Gal. 3: 19. (Ver Carta 37, de 18 de fevereiro de 1887, que está xerocopiada na coletânea de Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 1, págs. 21-31).

A atitude de ambos, Jones e Waggoner, é revelada em sua graciosa aceitação da reprovação de Deus. Eles manifestaram fé e arrependimento sincero. Jones escreveu:

Vossa carta para mim e o irmão E. J. Waggoner, chegou-me há três dias. Eu a li cuidadosamente três ou quatro vezes, e já a enviei para ele. Da minha parte, agradeço ao Senhor por Sua bondade em me mostrar o que fiz de errado, e deverei tentar seriamente tirar proveito deste testemunho. Lamento realmente que eu tenha tido qualquer parte em qualquer coisa que tenderia a criar a cisão ou a prejudicar, de alguma forma, a causa de Deus. E eu deverei ser particularmente cauteloso no futuro. (Carta de A.T. Jones escrita em 13 de março de 1887 a Ellen White, e que se encontra na obra Manuscritos e Memórias de Minneapolis, pág. 66).

Em um tom semelhante Waggoner igualmente escreveu:

Li o depoimento várias vezes, com muito cuidado, e quanto mais eu o leio, mais me convenço de que foi oportuno e necessário. Foi-me possível ver algumas coisas no meu coração de que eu não estava consciente. Eu pensava que, o que eu tinha dito e escrito, foi impulsionado por nada mais que motivos puros e amor à verdade, mas (*agora) eu posso ver claramente que houve muito amor próprio envolvido. Posso ver como eu realmente prejudiquei o avanço da verdade, quando eu achava que a estava impulsionando .... Ao eu me humilhar diante de Deus, Ele ouviu a minha oração, e me deu uma medida de paz maior da que eu já havia experimentado. Mais uma vez, agradeço a Deus pelo testemunho de seu Espírito. A prova mais forte para mim quanto à autenticidade deste testemunho é que ele me mostrou (*a atitude do) meu coração a um ponto em que não poderia ser conhecido por qualquer um senão por Deus ....

Meu erro foi ter sido demasiado afoito em divulgar pontos de vista que poderiam suscitar controvérsia. Acho que aprendi uma lição que não vou esquecer. Eu espero e oro para que não (*esqueça) ....

Estou determinado, com a ajuda do Senhor, que meus escritos sejam mais caracterizados pelo amor de Deus. Eu oro para que esta repreensão do Senhor possa, de fato, continuar operando em mim o pacífico fruto de justiça. Eu posso em verdade falar, que eu não acaricio o menor sentimento de qualquer má sensação para com qualquer um dos meus irmãos. (E. J. Waggoner, carta escrita em 1º de abril de 1887 a Ellen White, Manuscritos e Memórias de Minneapolis, pág. 71).

Para concluir: Nesta lição aprendemos que um caráter piedoso, ou semelhante ao de Cristo, é o amor e a justiça de Cristo entrelaçada com nossa vida e caráter e manifestado na humildade de atitude, especialmente quando reprovadas.

Jerry Finneman

O irmão Geraldo L. Finneman é um pastor adventista, já tendo atuado nos estados de Michigan, Pensilvânia e Califórnia nos EUA. Ele prepara materiais para encontros evangelísticos, incorporados com os conceitos das Boas-Novas da Mensagem de 1888 de Justificação pela fé. Além de pastor da IASD ele também já foi presidente do Comitê de Estudos da Mensagem de 1888. Já há alguns anos não me encontro com ele, mas me parece que, devido à idade, está para, ou, já se aposentou, mas ouvi dizer que continua trabalhando por boa parte do dia, atualmente na área de Battle Creek, a cidade que abrigava antiga sede da igreja. Há um excelente livro escrito por ele, "Christ in the Psalms” [Cristo nos Salmos], infelizmente não está traduzido para o português.



Lição 13 -- A Essência do Caráter Cristão, pelo Pr. Paulo Penno

Às vezes, caráter e reputação são considerados como uma e a mesma coisa. Se alguém é referido como um bom caráter isto significa que ele têm uma boa reputação. Mas os dois são diferentes. A opinião que as pessoas têm de nós é reputação. A nossa verdadeira qualidade é caráter. O mundo valoriza reputação. Os discípulos do Senhor valorizam o caráter. Alguns mensageiros, com caráter virtuoso, não são apreciados porque têm a palavra de Deus, que não é popular. Alguns homens maus disfarçam o seu trabalho e o mundo os tem em alta estima. Um bom nome de família é valioso, mas um verdadeiro caráter é estimável. Um bom caráter estará de pé no julgamento de Deus e somente Cristo pode construí-lo sobre a rocha.

Os bons ou maus costumes morais determinam o caráter. Um aluno traz para a escola um pequeno dispositivo eletrônico para colar em um teste. Tal aluno tem um caráter desonesto. Um freguês esconde uma peça de roupa da prateleira, em sua bolsa e se apressa em sair da loja sem pagar. Ela tem um caráter desonesto. Um capanga pretende obter o seu objetivo através de táticas de intimidação. Ele é um personagem orgulhoso, ditatorial.

"Moral é caráter, e ciência é conhecimento, portanto, a ciência moral é conhecimento do caráter. O estudo da ciência moral é o estudo do conhecimento do caráter".1 Ao estudar a ciência moral, onde devemos ir? Será que devemos estudar o homem ou Deus? Se estudarmos o conhecimento do homem vamos beber do esgoto. Jesus disse: "Porque do interior do coração dos homens, saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura: todos estes males procedem de dentro, e contaminam o homem" (Marcos 7:21-23;. cf. Rom. 3:9-18). Quanto tempo pode uma pessoa estudar ciência imoral antes que ele possa tornar-se moral?

O estudo do conhecimento de Deus vai produzir um caráter divino. "Mas todos nós, com o rosto descoberto, refletindo como um espelho, a glória (o caráter) do Senhor, somos transformados de glória em glória (de caráter em caráter) na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2ª Cor. 3:18, cf. Ex. 33:19, 34:6, 7; Jer. 31:3). O estudo da ciência moral divina gera a certeza da perfeição do caráter cristão.

O apóstolo Pedro apresenta a "escada do progresso cristão",2 como a evidência dos que são "participantes da natureza divina". "Acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, e à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade" (2ª Pedro 1:5-7).

Ao subir uma escada os olhos devem estar focalizados no topo. Olhar para baixo, do alto, provoca medo e pânico. Em cada passo do crescimento cristão devemos sempre manter os olhos fixos em Jesus, nosso grande exemplo. O eu é uma influência corruptora.3

A fé é o primeiro degrau da escada. É o mais amplo e mais forte alicerce para motivar todo o resto dos frutos culminando em Ágape. É interessante notar o fato de que a escada começa e termina com o fruto mais duradouro de todos eles, que é Ágape. Ágape é o teste de caráter cristão.

Cristo, do Santíssimo (*do Santuário Celestial) está nos ensinando que a fé é uma grata resposta a Ágape. "Você pode dizer que você crê em Jesus, quando você tem uma apreciação do custo da salvação. Você pode fazer esta afirmação, quando você sente que Jesus morreu por você na cruel cruz do Calvário, quando você tem uma fé inteligente, que compreende que Sua morte tornou possível você deixar de pecar, e para aperfeiçoar um caráter justo através da graça de Deus, concedida a você como a compra do sangue de Cristo".4 O amor de Cristo é uma fonte inesgotável dado para motivar a fé de cada cristão. Não há fim para a quantidade de boas obras que tal fé pode produzir sob a mais abundante graça.

Como podemos entender isso em termos práticos? Como é desenvolvido um caráter justo? Um caráter justo é a obediência aos Dez Mandamentos. Um caráter justo é um reflexo da imagem de Cristo. Um caráter justo é uma busca da vida inteira.

"Deixe que esteja em você, a mesma mente que houve também em Cristo Jesus" (Filipenses 2:5, KJV). "Deixe que a paz de Deus reine em vossos corações." "A palavra de Cristo habite em vós abundantemente" (Col. 3:15, 16). A palavra "deixar" significa "permitir," ou, "não obstruir." Nós "deixamos" a mente de Cristo "estar" em nós, no sentido de motivação". ... Ninguém se pode esvaziar a si mesmo do eu. Somente podemos consentir [dar permissão] em que Cristo execute a obra".5

O poder de escolha é nosso, e que o Senhor fizer em nós estará sempre condicionado à nossa escolha para deixá-lo fazer isso. Foi um sábio escritor que disse o seguinte: "O que você precisa entender é a verdadeira força da vontade. Este é o poder que governa a natureza do homem, o poder de decisão ou de escolha. Tudo depende da correta ação da vontade. Deus deu ao homem o poder da escolha; a ele compete exercê-la. Você não pode mudar seu coração, não pode, por si mesmo, consagrar a Deus as suas afeições, mas você pode escolher servi-Lo. Pode dar-Lhe a sua vontade; Ele então operará em você o querer e o efetuar segundo a Sua boa vontade".6 Deus realmente opera em nós a vontade e o poder de fazer (Filipenses 2:13). Mas isso não significa que Ele força a vontade sem o nosso consentimento.

Uma mulher gorda pode dirigir uma carreta (*de 5 eixos) com 18 rodas, com direção hidráulica. Ela pode sempre escolher movimentar ligeiramente o volante para a direita ou esquerda e os pneus, de grandes dimensões, vão responder ao o poder da direção funcionar. Sua escolha para dizer "sim" ao Espírito Santo que se senta ao seu lado traz de imediato, todo o Seu poder de suportar, operando em vós os frutos morais de um caráter justo. É realmente mais fácil ser salvo do que se perder.

Paul Penno


O irmão Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista da cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de A.T. Jones e E. J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Ig. Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno, foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior.


Notas do autor:
1º) A. T. Jones, "Qual Personagem é moral?" Artigo da Review and Herald, de 8 de novembro de 1898, pág. 715. Para o artigo completo, (*em inglês) veja:
http://www.1888mpm.org/articles/which-character-moral
2º) Este foi um dos temas favoritos de Ellen White. Ver Atos dos Apóstolos, pág. 530; My Life Today (Minha Vida Hoje), págs. 95-98.
3º) "... Quanto mais de perto ele [o cristão] se assemelhar a Cristo no caráter, tanto mais humilde será a sua opinião de si mesmo; mas será vista e sentida por todos ao seu redor. Os que têm a mais profunda experiência nas coisas de Deus, são o que mais completamente estão isentos do orgulho ou exaltação própria. Têm os mais humildes pensamentos a respeito de si mesmos e os mais exaltados conceitos da glória e excelência de Cristo. Sentem que o mais humilde lugar em Seu serviço é honroso demais para eles" (Carta de Ellen G. White, escrita, em 30 de maio de 1882, da Califórnia para irmãos e irmãs que estariam congregados nas reuniões campais. Citada em Testemunhos para a Igreja, vol. 5, pág. 223).
4º) Ellen G. White, "How Do We Stand?" artigo publicado na Review and Herald, de 24 de julho de 1888.
5º) Ellen G. White, Parábolas de Jesus, pág. 159.
6º) Ellen G. White, Caminho a Cristo, pág. 47.

quinta-feira, 18 de março de 2010

"O Fruto do Espírito é Verdade", Pr. Paul Penno

A questão não é o que é a verdade? O ponto vital é, quem é a verdade? Não há dúvida alguma. As palavras de Cristo faladas a Tomé, na noite antes da Sua crucificação, eram a essência do evangelho. "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim" (João 14:6). O verdadeiro Vigário (Pregador) de Cristo, que é enviado por Ele, é o Espírito Santo. "Mas quando vier o Consolador, que Eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de Mim" (João 15:26). O testemunho do Espírito Santo de Jesus é da Palavra de Deus. "Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade" (João 17:17). Jesus é a Verdade.

Toda a verdade que Jesus ensinou, viveu e continua a revelar em Seu ofício como Sumo Sacerdote no Santíssimo, por meio do Espírito da Verdade, pode ser verificada na Palavra escrita. Qualquer despertamento espiritual que esteja centrado nos sentimentos ou iluminação individual são suspeitos. O Espírito da Verdade não é independente do que Ele inspirou os profetas a escrever.

Somos informados que ao o inimigo se aproximar do momento em que seu trabalho será interrompido pela vinda do Senhor, ele irá trabalhar "com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade, para se salvarem" (2ª Tess. 2:10). "É o amor da verdade, em benefício da verdade, que devemos ter. ... Cristo é a Verdade. ... Receber o amor da verdade é receber o amor de Cristo".1 Satanás não quer que recebamos Ágape, porque ele sabe que o seu poder será quebrado. Enquanto o "eu" estiver firme no lugar, o seu poder não foi quebrado na vida. O amor da verdade resultará no "eu" ser posto para fora do caminho para que se possa crescer no conhecimento e na estatura de um homem em Jesus Cristo (Efésios 4:13; 3:17-19).

Com o conceito de Ágape do Novo Testamento E. J. Waggoner e A. T. Jones quebraram a síntese dos antigos cristãos do conceito helenístico de amor eros. Em seu apoio, Ellen White se juntou a eles. "Grandes verdades que não foram ouvidas e contempladas desde o dia de Pentecostes, resplandecerão da palavra de Deus em sua pureza original. Aos que realmente amam a Deus o Espírito Santo revelará verdades que desapareceram da mente, e também lhes revelará verdades inteiramente novas".2 "Neste tempo o Senhor tem preciosa verdade para nos revelar. Não é verdade nova, mas a verdade velha, velha verdade, embora, para o cristão que a recebe, seja nova, grandemente inspiradora e gloriosa verdade. Tem sido resgatada da companhia do erro, e foi colocada na moldura da verdade. Já por muito tempo têm as preciosas palavras de verdade do Senhor sido pervertidas para servir o objetivo do inimigo".3 O movimento do Advento é uma restauração do Ágape da verdade como ela é em Jesus.

A verdade está em combate mortal com o inimigo de toda a verdade nessas horas culminantes do grande conflito. "O dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo" (Apocalipse 12:17). A mulher está sob o ataque do mundo "cristão," não sobre os mandamentos de Deus. Ela é cercada por dentro de suas próprias fileiras por uma contínua erosão da autoridade da Bíblia e do Espírito de Profecia. A pena inspirada observou: "... O grande conflito crescerá mais e mais forte, e se tornará mais e mais firme. Mentes serão dispostas contra mentes, planos contra planos, princípios de origem celeste contra os princípios de Satanás. A Verdade, nas suas variadas fases, estará em conflito com o erro na sua sempre variável, crescentes formas, e que, se possível, enganariam até os escolhidos".4 É neste momento, em que todo o vento de doutrina está soprando, que "uma especial mensagem de verdade, apropriada para este tempo, a qual deve ser recebida, crida, e posta em prática",5 deve ir adiante.

A grande contrafação da verdade (*maquinada) por Satanás é a Babilônia moderna, que a mensagem do segundo anjo declara que quase entrou em colapso (Apoc. 14: 8). "Caiu, caiu a grande Babilônia" (Apoc. 18: 2). A implosão de Babilônia será completa quando, em total contraste com o seu evangelho egocêntrico, "a terra" for "iluminada com a Sua glória" (Apoc. 18: 1).

Jesus é um evangelista. Ele terá um povo que ama a verdade. O amor da verdade, os unificará. A verdade final a respeito de Deus precisa vir no clímax do grande conflito entre Cristo e Satanás. Satanás tem levantado certas acusações contra a verdade de Deus, (*por exemplo,) “—A lei de Deus não pode ser obedecida pelos pecadores—.” Até agora o argumento de Satanás parece ter triunfado. Se o evangelho revela-se ineficaz na produção de um povo que guarda os mandamentos, então o governo de Deus está em perigo e sua lei abolida.

Que papel o "remanescente" desempenha na vindicação de Deus em Sua hora do juízo (Apoc. 14:6)? A verdade deve ser dita! Dos 144.000 está escrito: "Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. ... E na sua boca não se achou engano" (Apoc. 14: 4 e 5). Em outras palavras, todos falam e vivem a mesma verdade. Como o Apóstolo Paulo testificou, "Eu digo a verdade em Cristo, não minto, a minha consciência dá testemunho no Espírito Santo" (Rom. 9: 1, cf. 1ª Tim. 2:7).

Assim como o céu irrompeu em louvores quando Jesus magnificou a lei pelo seu “um só ato de justiça" (Isaías 42:21; Rom. 5:18), ao morrer na cruz, assim também os santos serão crucificados com Ele, para que o "eu" venha a ser esvaziado (Este é o assunto da marca da besta). A justiça da lei (a verdade) do evangelho deve "iluminar a Terra com Sua glória” (Apocalipse 14: 12). Os santos terão um papel crucial a desempenhar ao dar o seu voto em favor do governo de Deus. O derramamento da chuva serôdia do Espírito Santo irá acompanhar a mensagem do "grande clamor" da mensagem do terceiro anjo (Apoc. 14: 7 e 18: 1). Deus será vitorioso através do triunfo do evangelho na vida de Seu povo.

Paul Penno


O irmão Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista da cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de A.T. Jones e E. J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Ig. Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno, foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior.

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira

Notas do autor:

1) E. J. Waggoner, no artigo "Do You Want to Know the Truth?" [Você Quer Saber a Verdade?] a Verdade?” publicado na revista adventista The Present Truth, de 24 de maio de 1894. Para o artigo completo (*em Inglês), veja: http://www.1888mpm.org/articles/do-you-want-know-truth.

2) Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã, pág. 473.

3) Ellen G. White, no artigo "A Imperativa Necessidade da Busca da Verdade", publicado na revista adventista Review and Herald, de 15 de novembro de 1892. "Uma questão me tem sido perguntada: ‘Você acha que o Senhor tem mais luz para nós como um, povo?’ Eu respondo que ele tem luz que é nova para nós, e, entretanto, é preciosa velha luz que deverá brilhar a partir da palavra da verdade. Temos apenas o vislumbre dos raios de luz que ainda estão por vir a nós". Ellen G. White, " 'As Trevas Não A Entendem'", da Revista Review and Herald, de 3 de junho de 1890.

4) Ellen G. White, Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 4, pág. 1645.

5) Ellen G. White, no artigo "A Obra Final," publicado na revista adventista Review and Herald, de 13 de outubro de 1904; está também em Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 24.

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Lição 12 — O Fruto do Espírito É Verdade

Pilatos perguntou a questão fundamental em João 18:38: "O que é a verdade?" Ele estava na presença dAquele que é a Verdade, João 14:6, e perguntou por um conceito abstrato.

Verdade é, em última análise, o Homem, Jesus Cristo. Este fato Pilatos não estava preparado para receber.

Podemos julgar Pilatos duramente por enviar Jesus à cruz. Mas Pilatos estava sob incrível pressão. Sua posição (*política) e sua vida estavam em jogo. Parecia que a verdade iria custar-lhe tudo. Ele escolheu o caminho que parecia estar em seu próprio interesse e, assim agindo, perdeu tudo.

Deixado à minha própria sorte, também vou cometer o mesmo erro que Pilatos. As pressões que eu enfrento são as mesmas que ele enfrentou. Jesus me diz hoje, “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6). Como Pilatos, almejo a paz e a liberdade que são inerentes à verdade (João 8:32). Como Pilatos, eu estou na presença dAquele que é a Verdade, pois a Palavra me diz em Apocalipse 3:20 que Ele está batendo na porta do meu coração. Como Pilatos, eu tenho uma pergunta a formular; uma escolha a fazer. Mateus 27:22 traz uma outra pergunta na voz de Pilatos, mas é, na verdade, a pergunta que devo decidir hoje: "Disse-lhes Pilatos: Que farei então com Jesus, chamado Cristo?"

Jesus é mencionado em João 1:1 como o Verbo. As escrituras, quando abordadas com oração, em espírito submisso, são a própria presença de Cristo. Através do Espírito, a Palavra é a voz, a reprovação, o conforto de Deus para mim. Hoje, se eu permitir as pressões da vida afastar-me da Palavra, vou fazer escolhas da mesma qualidade como a que Pilatos fez. Mas se eu deixar que Cristo, que está a bater, entre em meu coração — se eu Lhe der tempo, literalmente, de "cear" comigo (Apocalipse 3:20) — se eu Lhe rogar que me abençoe, antes da alva, Gênesis 32:26, então o mundo não vai ter oportunidade de me pressionar "no seu molde" (Romanos 12: 2, versão Phillips).

A lição desta semana trata da "Verdade" como uma parte do fruto do Espírito. A bênção de Deus a Adão e Eva era que deveriam ser frutíferos (Gênesis 1:28). Ao longo dos evangelhos, encontramos Deus buscando o fruto do Espírito na vida de Seu povo.

Enquanto eu detiver "a verdade" como uma fórmula externa — uma teoria — vou achar que ela é impotente para trazer vida e liberdade à minha alma. Mas, quando permitir que Deus defina a verdade a mim e em mim, vou descobrir que a Verdade, na pessoa de Cristo, torna-Se um poder irresistível para produzir o fruto que Ele procura. "E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17:3).

(*No entendimento humano) "conhecer" algo é meramente ter um entendimento mental a respeito deste algo, ou conhecimento dele. (*Mas) "conhecer" alguém, no sentido bíblico, é ter uma íntima comunhão com tal pessoa — tão íntima, de fato, que nova vida é gerada. Tendo isso em mente, compare as seguintes passagens, com espírito de oração:

• Salmo 51:6, "Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria."

• João 17:23, "Eu neles, e Tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que Tu Me enviaste a Mim, e que os tens amado a eles, como Me tens amado Mim.”

• Isaías 54:5 "O teu Criador é o teu marido, o Senhor dos Exércitos é o seu nome, e O Santo de Israel é o teu Redentor.”

• 1 Coríntios 6:19 “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?"

• Hebreus 8:10, 11 "Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor: Porei as Minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e Eu lhes serei por Deus, e eles Me serão por povo, e não ensinará cada um a seu próximo ... porque todos Me conhecerão.”

Agora a passagem, "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João 8:32) pode ser vista no seu contexto pretendido. Este "saber" não é um mero conhecimento das mais sábias decisões a tomar, ou a resposta verdadeira para uma determinada questão. "Conhecer" a verdade, nesse sentido, é ser completamente rendido "ao homem, Cristo Jesus," como a esposa deve ser ao marido, para que o casamento seja frutífero. A menos que a vida de Cristo seja implantada em nossa vida, nós permanecemos para sempre estéreis. Quando nós permitirmos que Ele se torne "o Autor e Consumador da nossa fé" (Hebreus 12:2), a mudança em nós vai ser tão real e evidente como a mudança que ocorre em uma mulher que está grávida.

Diferentes vezes, nos últimos meses, a mídia falou de mulheres dementes que abriram o ventre de outras, grávidas, no final de gestação, e tentaram se apoderar de crianças como se fossem suas próprias. Ficamos espantados com pessoas assim tão tolas em pensar que crianças deste modo obtidas pudessem ser delas.


No entanto, se alguma vez procuramos nos tornar justos, tentando fazer as coisas direitas, o "fruto" assim produzido não é mais válido do que um filho roubado de outra (*mãe). Na verdade, as Escrituras declaram tal “justiça ," como sendo "trapos da imundícia" (Isaías 54:6).

O fruto do Espírito é gerado por aqueles que se rendem "a Ele e O seguem. Ele cuidará que conheçamos a verdade, e nisto nós confiamos nEle" (A. T. Jones, Boletim Diário da Conferencia Geral, de 27 de janeiro de 1893). Aqueles que optarem por deixar Cristo atuar em suas vidas "não são simplesmente considerados justos, mas realmente tornados justos, pela obediência de Cristo, que é tão justo como sempre foi, e que vive hoje, naqueles que se rendem a Ele. ... O que Deus fez na pessoa do Carpinteiro de Nazaré, Ele está disposto e ansioso para fazer por todo aquele que crê. O dom gratuito vem sobre todos, mas nem todos irão aceitá-lo e, portanto, nem todos serão feitos justos por ele. No entanto, "muitos" serão feitos justos pela Sua obediência. Quem será um dos muitos?" (E. J. Waggoner, Signs of the Times, de 12 de março de 1896)

—Helene Thomas

A irmã Helena Thomas é esposa de um obreiro bíblico adventista. Eles vivem no estado de Michigan, nos EUA. Além de exercer as funções do lar, como esposa, mãe e avó, ela é escritora, e produz artigos literários de dentro da própria casa. Desde Janeiro de 2010 ela é a nova editora do Comitê de Estudos da Mensagem de 1888.

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.

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sábado, 13 de março de 2010

Justiça, O Fruto do Espírito, por Ellet J. Waggoner

(Colhido da revista adventista The Present Truth, de 23 de março de 1893)

Antes de Jesus voltar da terra ao céu, Ele prometeu enviar o Consolador — o Espírito Santo — para habitar com o seu povo para sempre, como seu representante. Considerando que foi pela unção do Espírito que Ele cumpriu toda a Sua obra aqui na terra (ver Isaías 61:1-3), é evidente que a presença do Espírito é o mesmo que a presença do Senhor. O Espírito prossegue na mesma instrução, conselhos e obras de amor que vem de Cristo.

Ao prometer o Consolador, Jesus disse: "E quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo" (João 16:8). "Pela lei vem o conhecimento do pecado" (Romanos 3:20). Mas "a lei é espiritual" (Romanos 7:14). É a natureza do Espírito, pois a justiça da lei é o fruto do Espírito. Portanto, não há convicção do pecado, em qualquer alma na terra que não seja a obra do Espírito de Deus.

Mas, enquanto o Espírito convence do pecado é sempre um Consolador. É como um Consolador que convence. Poucas pessoas param para pensar nisso. Lembre-se de que em nenhum lugar é dito que o Espírito condena pelo pecado. Há uma diferença entre convicção e condenação. A convicção é a revelação do pecado. Mas depende, obviamente, da conduta da pessoa depois que ele foi convencido do pecado, se ele vai ser condenado ou não. Pois "a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más" (João 3:19). O simples apontar para uma pessoa que ele é um pecador não é condenação, a condenação vem de apegar-se ao pecado, depois que lho é revelado.

Deixe a mente captar o pensamento de que o mesmo Espírito que convence do pecado também convence da justiça. É sempre um Consolador. O Espírito não deixar de lado uma função, enquanto executa outra. Não deixa de lado a revelação da justiça quando convence do pecado, nem abandona o ofício de convencedor do pecado, quando revela a justiça. Ele faz as duas coisas ao mesmo tempo, e aqui está o conforto para todos aqueles que irão recebe-Lo. Ele convence do pecado, porque convence da justiça. Mas vamos considerar esta questão um pouco, e então meditar sobre ela.

O Espírito Santo é o Espírito de Deus — o Espírito do Pai e do Filho. Portanto, a justiça revelada por Ele é a justiça de Deus. Agora, é só por olhar para a justiça que nós podemos conhecer o pecado e sua pecaminosidade. A lei, pela qual vem o conhecimento do pecado, não é pecado, mas é a expressão da justiça de Deus. Um homem pode olhar para o pecado, e se ele nunca viu nada mais, ele vai pensar que está tudo certo. Mesmo quem conhece o direito, pode perder tal conhecimento, olhando para o pecado, devido à grande sedução do pecado. Assim, o Espírito deve revelar a justiça de Deus em Sua lei antes que o pecador possa conhecer o pecado como pecado. O apóstolo diz que, "eu não conheci o pecado, senão pela lei" (Romanos 7:7). Assim é como revelador da perfeita justiça de Deus que o Espírito convence do pecado.

É evidente, portanto, que quanto mais perto alguém se chega a Deus, obtendo assim uma visão mais perfeita dEle, maior será o seu senso de suas próprias imperfeições. Ele recebe este conhecimento do pecado, não se auto-estudando, mas por olhar a Deus. Como exemplo, tome o homem em relação às obras de Deus. Quando é que alguém sente a sua insignificância tanto como quando está no meio do oceano, ou de frente para ele? Sua vastidão lhe faz sentir a sua pequenez. Assim (*também), quando alguém está no meio das altas montanhas. Em tal ocasião, não se tem que olhar para si mesmo para perceber quão pequeno é. É olhando para cima — contemplando as maravilhas de Deus — que ele percebe que comparativamente não é nada. O salmista diz: "Quando vejo os Teus céus, obra dos Teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; que é o homem mortal para que Te lembres dele? e o filho do homem, que o visites?" (Salmo 8:3, 4).

Se isto é um resultado do contato com, e da contemplação das obras de Deus, qual deve ser o resultado quando se considera o caráter do próprio Deus? "Porque o Senhor Deus é um sol" (Salmo 84:11). Ele é maior do que todos os céus. "A tua justiça é como as grandes montanhas; os teus juízos são um grande abismo" (Salmo 36:6). Quando ao contemplarmos as obras visíveis das mãos de Deus sentimos a nossa própria insignificância física, também ao contemplarmos a justiça de Deus, tornamo-nos conscientes de nossa falta de espiritualidade. Agora, a mensagem de conforto que Deus envia a Seu povo, especialmente para os dias imediatamente anteriores à sua vinda, é esta: "Eis o vosso Deus!" (Isaías 35:4). Isso significa que, como uma preparação necessária para a Sua vinda, Ele quer que conheçamos a nossa própria falta de justiça, por contemplar a Sua justiça.

Até aqui falamos do conhecimento do pecado pela justiça de Deus. Agora, observe o conforto que existe nessa mesma convicção de pecado. Lembre-se que a sensibilidade pela falta de justiça é causada pela revelação da justiça de Deus. Lembre-se também que o Espírito que convence do pecado e da justiça, é dado aos homens. Cristo disse: "Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê, nem o conhece, mas vós O conheceis, porque Ele habita convosco e estará em vós" (João 14:16, 17).

O que necessariamente se conclui disso? Apenas isso, que quem aceita o Espírito (que, por revelação da justiça de Deus convence a alma do pecado e lhe permite permanecer com ele), desse modo recebe a justiça que Ele traz. O senso de necessidade é, em si, a promessa de provisão. É Deus que produz uma sensação de falta de justiça, que é a convicção do pecado. Mas Ele não faz isso para insultar o pecador, e levá-lo ao desespero. Ele faz isso com a finalidade de deixar o pecador saber que Ele tem o que lhe suprirá abundantemente tudo o que lhe falta. Na verdade, é pela própria provisão do fornecimento de justiça, que a alma conhece que é ingênua. Portanto, qualquer que tomar a Deus exatamente por Sua palavra, não precisa estar sob condenação por um único minuto, apesar de sempre e sempre de novo, consciente de suas próprias imperfeições. Ao cada novo defeito ser apontado, ele pode gritar: "Ó Senhor, agradeço-Te que tens essa nova coisa para me dar, e eu a tomo tão graciosamente como Tu a dás." Esta é a verdadeira alegria no Senhor.

Esta é a verdade que Deus estava tentando ensinar a Israel antigo, quando falou a Sua lei do Sinai, e é o que Ele tem sido ansioso para que nós possamos aprender todos estes anos. A lei foi ordenada "na mão de um Mediador" (Gálatas 3:19). Ou seja, nas mãos de Cristo, porque Ele é o "único Mediador entre Deus e o homem" (1ª Timóteo 2:5). Ele é mediador, porque Ele nos reconcilia com Deus. Desde que a inimizade consiste no fato de que não estamos sujeitos à lei de Deus, a reconciliação consiste em colocar a referida lei no coração e na mente. Portanto, Cristo é o Mediador porque Ele é o meio através do qual a justiça de Deus é transmitida para nós.

Isto foi fortemente ilustrado na outorga da lei no Sinai. Algum tempo antes o povo estava a perecer de sede, e “Deus disse a Moisés: Passa adiante do povo, e toma contigo alguns dos anciãos de Israel; e toma na tua mão a tua vara, com que feriste o rio, e vai. Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a Rocha em Horebe, e tu ferirás a Rocha, e dela sairão águas para que o povo possa beber" (Êxodo 17:5, 6). Isso foi feito, e o povo bebeu e foram revigorados. Mas a água que bebiam era milagrosamente dada por Cristo. Na verdade veio diretamente dEle. O apóstolo Paulo diz, "porque bebiam da Pedra espiritual que os seguia; e que a Pedra era Cristo" (1ª Coríntios 10:4). A Rocha que o povo viu, e que Moisés feriu, era um símbolo de Cristo.

Mas Horebe é outro nome para Sinai.2 Assim que a lei de Deus foi falada da própria montanha a partir do qual Deus tinha causado a água a fluir, que até então estava a saciar a sua sede. Quando Deus desceu sobre o monte, (*a Rocha) era a própria personificação dEle e de Sua lei. Nenhum homem poderia tocá-la sem morrer. No entanto, a partir dela, ao mesmo tempo a água que dava vida estava fluindo. Esta água que veio de Cristo, é um símbolo do Espírito, que é dado a todos os que crêem. Veja João 4:10, 13, 14; 7:37-39. Nesse evento Deus nos deu uma grande parábola. Embora a lei dê o conhecimento do pecado, e o pecado é a morte, a lei vem-nos nas mãos de um Mediador, ministrada a nós pelo Espírito, e "a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus"(*Rom 8:2), nos torna livres da lei do pecado e da morte. É assim que o mandamento de Deus é vida eterna.

Não há nisto a própria essência de conforto? No mesmo momento em que o conhecimento do pecado vem a nós, a justiça para cobrir e tirar todo o pecado é revelada. "Onde o pecado abundou, superabundou a graça" (Romanos 5:20). A lei que convence é espiritual, e o Espírito é a água da vida que é dada gratuitamente a todos que tomarem dela. Poderia alguma coisa superar a maravilhosa provisão da graça do " o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação"? (*2ª Cor. 1:3). Quem não vai beber e beber de novo, e será assim continuamente saciado?

"Ouvi Jesus a me dizer:
Da água viva Eu dou;
Ó vem, de graça vem beber,
Pois Eu a fonte Sou.”

Eu vim a Cristo e me prostrei
Às águas e bebi;
Jamais a sede sentirei,
Estando eu sempre aqui".1

Ver Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, págs. 91 e 92.

(*Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira)

Notas do tradutor:

1) Hino 465 do Hinário Adventista americano; 187 do Hinário Adventista brasileiro e 192 e 239 do nosso antigo hinário Cantai ao Senhor. Entre estes dois últimos há uma pequena variação de termos, mas o sentido é o mesmo.

2) O Monte Sinai ( também conhecido como Monte Horebe ou Jebel Musa, (Monte de Moisés”) em árabe, está situado no sul da península do Sinai, no Egito. Esta rigião é considerada sagrada por três religiões: cristianismo; judaísmo e islão. (pt.wikipedia.org/wiki/Monte_Sinai).

3) As ênfases em negrito e sublinhado são de Waggoner, os itálicos nos textos bíblicos são nossos.

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