terça-feira, 9 de março de 2010

Condenados por Pecado Alheio?

Considerações para a lição de 9/3/10

Na lição de hoje, terça-feira, a pergunta sete parece querer nos induzir a concluir que o ato de desobediência de Adão “nos levou a ser condenados.” Este é um entendimento que surgiu com a interpretação errônea do que a igreja católica chama de o pecado original.

Como o cabeça da humanidade, Adão perdeu tudo na queda, e nos fez herdar a natureza pecaminosa que temos, entretanto, não a sua culpa. Ao ser vencido Adão transferiu a Satanás o controle temporário deste mundo, mas Cristo foi Vitorioso em todas as tentações, Satanás nada tinha contra Ele (João 14:30) e assim Ele pôde assumir a nova paternidade da raça humana, tornou-Se o 2º Adão, o nosso 2º Pai1. Ele interceptou as conseqüências do pecado (Gen. 3:15), dando a cada um, individualmente, uma nova oportunidade de decidir se serviria à lei de Deus ou à lei do egoísmo, a nova natureza que passamos a ter com a queda de Adão.

Paulo entendeu que lhe competia escolher entre: crer no poder redentor do Messias ou rejeitá-Lo (Rom. Cap. 7).

Eu não sou responsável pelo pecado de Adão, somente pelos meus, e somente pelos meus serei condenado. Pecado é escolha, não “estado.” Eu não peco porque sou descendente de Adão, mas quando escolho repetir seu ato de rebelião.

Santo Agostinho repetidamente transgredia o 7º mandamento, tendo mesmo tido um filho fora do casamento. Passou, então, a procurar uma desculpa para seu constante fracasso. Pressupôs que o pecado era invencível, assim, Cristo não poderia ter a nossa natureza caída, pois, nesse caso herdaria “o pecado original,” e seria um pecador, e necessitaria, Ele próprio, de um redentor.... Com esta falsa premissa, concluiu que o homem é culpado não somente por seus próprios pecados, mas, principalmente, pelo pecado original de Adão. Assim, para Agostinho, o pecado era um status do ser humano, não dependente da profanação do decálogo. Ele, como muitos hoje, mesmo entre nós, deixam de ver que a diferença entre Cristo e nós é uma questão de CARATER, não de natureza.

A Bíblia, a igreja adventista, e as leis humanas, combatem esta idéia de Agostinho. Entre nós o pastor Albion Fox Ballanger foi desligado da organização adventista, suas credenciais caçadas, e excluído do rol de membros da sua congregação local, por adotar tal entendimento quanto ao pecado original. Veja o que ele disse “Todos os homens foram corrompidos sem sua vontade ou cooperação, e, portanto, todos os homens poderiam ser resgatados sem sua vontade ou cooperação” (The Proclamation of Liberty and the Unpardonable Sin, A Proclamação da Liberdade e o Pecado Imperdoável, pág. 64). Concluindo o raciocínio Ballanger pergunta, e ele mesmo responde “—Como é que é!? Salvar um homem sem sua vontade? Exatamente isto!”

Deuteronômio 24: 16 diz: “Os pais não morrerão pelos filhos, nem os filhos pelos pais; cada um morrerá pelo seu pecado.” Quando o povo adorou o bezerro de ouro, e Moisés intercedeu por eles, pedindo a Deus que riscasse seu nome do livro que Ele, Deus, tinha escrito, Deus lhe respondeu: “Aquele que pecar contra Mim, a este riscarei do Meu livro” (Êxodo 32:33). “Assim feriu o Senhor o povo, por terem feito o bezerro de ouro” (verso 35).

Há um capítulo inteiro na Bíblia que trata exclusivamente deste assunto, é Ezequiel 18. Os versos 3 e 2 dizem: “nunca mais direis esta parábola em Israel, ... Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram,” “a alma que pecar, essa morrerá” (verso 4). “Sendo, pois, o homem justo, e praticando juízo e justiça, ... certamente viverá” (versos 5 e 9). “E se ele gerar um filho [que venha a cometer tais e tais pecados, este] ... não viverá ... certamente morrerá: o seu sangue será sobre ele” (versos 10 e 13). “E eis que também, se ele gerar um filho, que veja todos os pecados que seu pai fez e, vendo-os, não cometer coisas semelhantes... certamente viverá” (versos 14 e 17). “Seu pai, porque praticou [tais e tais pecados] ... e fez o que não era bom no meio de seu povo, morrerá pela sua iniqüidade” (vs. 18). “Mas dizeis: Por que não levará o filho a iniquidade do Pai? Porque o filho procedeu com retidão e justiça, e guardou todos os meus estatutos, e os praticou, por isso certamente viverá. A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele. Mas se o ímpio se converter de todos os pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e proceder com retidão e justiça, certamente viverá; não morrerá” (Vs. 19 a 21). E Deus conclui o capítulo dizendo: “Não tenho prazer na morte do que morre” (vs.32).

Como se isto não bastasse, considere que, também as leis humanas não admitem uma pessoa pagar a pena de um culpado. Que juiz de toda a terra aplicará a pena de um culpado sobre alguém inocente quanto ao ato cometido?. Isto não é somente injusto, mas, também, ilegal e ante ético.

Agostinho passou a ver o homem retratado em Romanos 7: 24-27 como um homem completamente convertido, sendo que o entendimento anterior, em toda a literatura existente, o via como um sincero indivíduo, lutando e falhando na fraqueza humana. Ele não entendeu os fracassos legalísticos deste homem de Romanos 7, e nem a completa vitória dele quando se rendeu ao amor e poder de Jesus Cristo. Agostinho o viu como salvo em um relacionamento com Deus. Ele ignorou o testemunho pleno de Paulo em relação a esta passagem: “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço” (vs. 14 e 15).

“De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem” (vs. 17 e 18).

“Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?” (vs. 24).

E Ele responde: “Graças dou a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Vs. 25, p.p.).

Como Cristo declarou que não tinha pecado, a igreja Católica adotou a errônea doutrina da Imaculada Concepção da Virgem Maria, para gerar o “Ente Santo,” referido em Lucas 1:35.

Este 1º erro de Agostinho, levou a Igreja Católica a adotar diversas outras doutrinas errôneas, decorrência lógica, de causa e efeito:

1º) Cristo não é o nosso Mediador nem nosso exemplo;
2º) Assim, não podendo socorrer os que são tentados, foram canonizados novos mediadores, homens e mulheres, pecadores que cederam às tentações, como nós, e que passaram a ser designados de “Santos”;

3º) Maria foi considerada mediadora;

4º) Chegou-se ao entendimento que mesmo no poder de Deus os humanos nunca poderiam ganhar vitória sobre o pecado;
5º) Para contornar a heresia de que todos os homens herdam a culpa pelo “pecado original” de Adão, criou-se o entendimento de que o ato do batismo, em si, removia a culpa; mas
6º) Para os não batizados, principalmente bebês, foi criado o limbo, um lugar imaginário, para onde, de acordo com a teologia católica, vão as almas que não prestam nem para o céu nem para o inferno;
7º) Depois o batismo infantil foi introduzido no dogma católico;
8º) Institui-se a unção do abdômen de mães grávidas, moribundas, como garantia de que elas e os nascituros, iriam para o céu;

Nem a Bíblia nem o Esp. de Profecia fazem uso da expressão “Pecado Original.”

“A doutrina católica ensina que a Bendita Virgem Maria não só foi concebida imaculada, isto é, sem a mínima mancha do pecado original, mas era sem o menor pecado atual durante toda a sua vida. ... Ela não era somente sem pecado, original ou atual, mas ela era, também, em certo sentido incapaz de pecar devido a um privilégio especial” (Comentário Bíblico, vol. 9 da série SDABC, pág. 608, apud “Impeccability and Predestination of Mary).

— João Soares da Silveira

Notas de roda-pé:

1) Deus criou corporativamente todos os homens em Adão, tornando-o o cabeça da humanidade. Todas as vidas humanas são uma multiplicação da vida de Adão: 'de um só fez toda raça humana.' (Atos 17.26).

O Dicionário Webster, edição de 1957, pág. 21, diz que “a palavra Adão significa, em cinco línguas antigas (hebraico, caldeu, siríaco, etíope e árabe), o nome da espécie humana, a humanidade; especialmente na Bíblia, o progenitor da raça humana;

Eis porque Jesus pôde viver e morrer por nós, pelo fato de Ele ser nós, a HUMANIDADE, ser o 2º Adão, nós todos; a humanidade toda estava 'nEle'.

Ele tornou-Se representante da raça humana assumindo a nossa natureza, tornando-Se o novo Pai e Representante da raça humana, a própria Humanidade. O que o 1º Adão perdeu, o 2º reconquistou e reverteu.

Ao unir a Divindade com a humanidade pecadora Jesus tornou-Se nós, a humanidade toda — e nós nos tornamos, coletivamente, um 'nEle', conforme Gálatas 3.28, ú.p.: “...porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” Somos, legalmente, um só corpo 'nEle'.

Dessa forma, Jesus, sendo nós todos, adquiriu o direito legal de viver e agir por nós. A mesma capacitação que era exercida pelo primeiro Adão, isto é, a primeira humanidade. Todos os Seus atos afetariam todos os humanos, porque todos estavam 'nEle'.



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