quinta-feira, 11 de março de 2010

Lição nº 11 — O Fruto do Espírito é Justiça

Efésios 5:9 é um texto muito importante que deve ser mantido em mente quando se discute o tema da "justiça". "Porque o fruto do Espírito está em toda bondade, e justiça e verdade" (Ef 5:9). No contexto do Grande Conflito, quando se trata de seres humanos, a justiça é um "fruto" que só o Espírito pode produzir.


Há uma tendência na natureza humana de procurar algum crédito pelo que só Deus pode fazer. Só Deus pode produzir justiça na carne caída. Isso foi feito na vida de Cristo. Ele "cumpriu" a lei em carne humana (ver Mat. 3:15, 5:18). Nossa atividade não adiciona, de fato, não pode acrescentar (*nada) a essa realização, embora nós bem que desejaríamos que fosse possível.


No entanto, a justiça de Deus é um dom que é dado à humanidade "independentemente das obras" (Rom 4:6). A Versão Almeida é, talvez, um pouco mais enfática. Ele usa a expressão "sem as obras". Isso não significa que o crente justificado não pratique obras. Indica apenas o fato de que o crente não tenta ser justificado pelas obras.


"Quando o apóstolo fala de não praticar obras, é evidente que ele quer dizer não praticar obras para ser justificado. Um homem não é tornado justo pelas obras, mas o homem justo pratica obras – mas, sempre pela fé "(E. J. Waggoner, Carta aos Romanos, pág. 4,82).


A obediência à lei é o único meio de salvação. Mas não é a nossa obediência, não importa o quão real ela possa ser, que é o meio de nossa salvação.


"A provisão feita para a salvação dos homens, através da justiça imputada de Cristo, não acabar com a lei, ou diminui em nada as suas santas reivindicações; porque Cristo veio para exaltar a lei e torná-la gloriosa, para revelar a sua extraordinária amplitude e imutável caráter. A glória do evangelho da graça, mediante a justiça imputada de Cristo, não fornece nenhuma outra forma de salvação do que através da obediência à lei de Deus, na pessoa de Jesus Cristo, o substituto divino" (Ellen White, Signs of the Times, de 5 de setembro de 1882).


Quando se trata da questão da salvação, nossas obras são separados e distintas da justiça que Deus dá e imputa. Esta é uma questão que é muito pouco compreendida. Muito frequentemente, boas obras são feitas, que honram a Deus e então elas são estragadas pelo pensamento de que a prática dessas obras tem merecido a bênção de Deus ou contribuído para a salvação. Mesmo quando fizemos a coisa certa, talvez mesmo tendo manifestado a verdadeira justiça de Cristo, não temos mérito. A salvação continua inteiramente um dom gratuito.


"Deixe o assunto ser tornado nítido e claro que não é possível para qualquer efeito em nossa posição diante de Deus ou no dom de Deus para nós, através do mérito da criatura. Devessem a fé e as obras adquirirem o dom da salvação para alguém, então o Criador estaria sob obrigação para com a criatura. E aí estaria uma oportunidade para a falsidade ser aceita como verdade. Se qualquer homem pode merecer a salvação por qualquer coisa que ele possa fazer, então ele está na mesma posição que a Igreja Católica ao fazer penitência por seus pecados. A salvação é, então, parte da dívida, que possa ser auferida como salário. Se o homem não pode, por qualquer de suas boas obras, merecer a salvação, então deve ser inteiramente de graça, recebida pelo homem como um pecador, porque ele recebe e crê em Jesus. É, inteiramente, um dom gratuito "(Ellen White, Fé e Obras Pg. 19,3).


Sim, aquele que tem fé genuína sempre revelará algum grau de boas obras. No entanto, se a sua obediência é verdadeira, não é uma manifestação de justiça própria. É uma manifestação da justiça de Cristo. Todo o mérito é ainda de Cristo e nós não obtemos nenhum crédito e não podemos reivindicar justiça, exceto a justiça de Cristo.


Muitos ficam confundidos com a aparente diferença entre as expressões de Paulo e Tiago. No entanto, as Sagradas Escrituras, escritas por Paulo e Tiago, ambas são originárias do mesmo Autor. Elas não revelam diversidade de pontos de vista. Tiago e Paulo foram ambos inspirados pela mesma Pessoa (ou seja, a terceira pessoa da Divindade) e ambos ensinaram a mesma opinião. As falsas percepções estão enraizadas na incapacidade de se perceber que Paulo e Tiago não estão abordando o mesmo problema. Portanto, suas "respostas" não devem ser aplicadas à mesma pergunta. Este erro gerou falsa percepção e incompreensão.


A questão de Paulo é a justificação diante de Deus.


"Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem algo de que se vangloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? "Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado por justiça" (Romanos 4:1-3).


Tiago está lidando com a justificação perante o homem. É por isso que ele cita o exemplo de um irmão indigente e faminto e faz a pergunta "que proveito virá daí"?


"E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? "(Tiago 2:15-16)


Tiago discute a justificação pelas obras aos olhos do homem. Paulo argumenta contra a justificação pelas obras, aos olhos de Deus. No entanto, Tiago concorda com Paulo que nós não somos justificados pelas obras aos olhos de Deus e Paulo concorda com Tiago que somos justificados por obras aos olhos do homem.


Salvação diz respeito aos “olhos de Deus". Portanto, devemos concordar que a justificação é "sem obras". E nossas obras não contribuem em nada para a nossa salvação, apesar de que as genuínas obras da fé são uma prova da recepção do dom da salvação do pecado (isto é, a justiça de Cristo).


Numa análise final, quando temos realmente obedecido pelo poder do Espírito, e revelado, em certa medida, a justiça de Cristo, ainda somos "servos inúteis". Portanto não temos mérito.


"Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer” (Lucas 17:10).


Mark Duncan



O irmão Marcos Duncan é um engenheiro, que trabalha na cidade de Fort Wayne. Na igreja adventista que frequenta, localizada no endereço: 228 W. Lexington Ave, Fort Wayne, Indiana, 46.807, USA, ele é ancião, pianista, e professor da escola sabatina, e também faz parte da mesa administrativa da igreja, na comissão audiovisual e tecnológica.


Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira


__________________________________________