quinta-feira, 26 de março de 2009

Lição 13 – Confiança no Dom Profético

Indubitavelmente, a Conferência Geral escolheu publicar (*o tema para) este trimestre (*em) particular porque compreende que a confiança em, ou o amor para com os escritos de Ellen White diminui na igreja.

O Senhor Jesus, lamentando Se indagou, "Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra"? (Lucas 18:8). O Senhor é todo-poderoso, é onipotente, mas Ele não força Seu povo a crer se amam a incredulidade.

Um exemplo muito sério do mal da incredulidade é a atitude popular em relação ao começo da Chuva serôdia1 e do alto clamor2 de Apocalipse 18:1-4.

Pode você imaginar fazendeiros de uma terra seca, onde suas colheitas estão murchando, ficarem infelizes quando o Senhor lhes envia chuva no momento e na quantidade certa? Isso seria impensável, não é mesmo? Mas nossos líderes viveram este cenário inimaginável em 1888. Estávamos em perigo de perder as três mensagens angélicas, a razão de nossa existência como um povo; o Senhor não os impressionou com relâmpago, trovão, e grandes chuvas torrenciais — somente uma chuva suave do Espírito Santo no poder da chuva serôdia.

O Senhor deu Seu Espírito Santo a dois jovens numa mensagem de justificação pela fé que era como uma chuva suave em terra sedenta; Ellen White estava eufórica de alegria. Ela disse que nunca tinha ouvido algo tão maravilhoso em qualquer tempo, nem em qualquer lugar! Ela imediatamente reconheceu a direção do Espírito Santo. Mas sentiu-se triste pela rejeição que os irmãos manifestaram: "O curso que foi tomado em Mineápolis, em 1888, foi crueldade ao Espírito de Deus" (Manuscrito 30, de 1889). "Eu sei que naquela época o Espírito Santo foi insultado" (Carta 24, de 1892).

"O tempo virá quando muitos estarão dispostos a fazer algo e todo o possível para ter uma oportunidade de ouvir o chamado que eles rejeitaram em Minneapolis. ... Melhores oportunidades nunca virão, sentimentos mais profundos eles não terão" (Carta 19d, de 1892; ao Pr. O. A. Olsen3, Presidente da Conferência Geral à época).

O Senhor Jesus disse, "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça" (Mat. 5:6); podemos adicionar, (*sede de) justiça pela fé, porque essa é a única espécie que nós podemos receber!

Agora, hoje, agora mesmo, é o tempo para termos fome e sede de tal justiça. Se você tem "fome" dela, anseia por ela, a procura, tem saudade dela, feliz é você!

Agradeça a Deus que nós ainda "podemos colher os fragmentos que permanecem, que nada se perdeu" (cf. João 6:12). Na Sua sabedoria infinita, o Senhor conservou para nós por escrito a mensagem que Ele nos enviou há 121 anos — como o "começo" do alto clamor e da chuva serôdia.

Não deixe que nada impeça sua procura!

Robert J. Wieland

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira

Notas do tradutor:

1) A Chuva Serôdia - Na palestina o ciclo do cultivo da lavoura começa em setembro e outubro, quando aram a terra por ocasião da primeira chuva, chamada de temporã, preparando-a para a semeadura do trigo e da cevada. Com a geminação, o crescimento e o aparecimento dos grãos, é necessária nova chuva, para o amadurecimento dos grãos e posterior colheita, a chuva serôdia, que cai por volta de março e início de abril.

Os escritores bíblicos as usam como símbolos do derramamento do Espírito Santo.

Atos 2:1-41 foi o cumprimento da profecia de Joel 2 como chuva temporã. Esse foi o início da proclamação do evangelho eterno a todo o mundo., vs. 36. Mas Joel 2 tem um segundo cumprimento como chuva serôdia em uma segunda manifestação do Espírito Santo, envolvendo todo o mundo, retratado em Apocalipse 14:6 e 7 e 18:1-4, com a pregação do "evangelho eterno ... a toda tribo, e língua, e povo" (vs.14;6) por meio de um corpo de crentes representado por anjos.

Mas, individualmente, a conversão e o batismo, são a chuva temporã para cada um que crê em Jesus como seu Salvador pessoal.

"Embora acariciemos as bênçãos da primeira chuva, não devemos, do outro lado, perder de vista o fato de que, sem a chuva serôdia para encher a espiga e amadurecer o grão, a colheita não estará pronta para a ceifa, e o trabalho do semeador terá sido em vão." – Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, págs. 507 e 508.

Assim: Há uma chuva temporã para a igreja, corporativamente, no âmbito escatológico, e há uma chuva temporã na vida de cada pessoa que crê em Jesus como seu Salvador.

“As bênçãos recebidas sob a chuva temporã, são-nos necessárias até ao fim... Ao irmos ao Senhor em busca do Espírito Santo, Este operará em nós mansidão e humildade, bem como consciente confiança de que Deus nos concederá a aperfeiçoadora chuva serôdia.” – Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, págs. 507 e 509).

“Só podemos ser habilitados para o céu mediante a operação do Espírito Santo no coração, pois temos de ter a justiça de Cristo; precisamos diariamente ser transformados pela influência do Espírito, a fim de sermos participantes da natureza divina. É obra do Espírito Santo enobrecer o homem todo.” – Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 374.

O Anjo de Apoc. 18:1 simboliza a mensagem da justiça de Cristo que nos foi outorgada em 1888. Este anjo não traz uma nova verdade, apenas reforça a mensagem do terceiro anjo que é a Tríplice Mensagem Angélica e revela a Justiça e os Méritos de Jesus.

Esse anjo representa o fiel remanescente que dará a última mensagem de advertência ao mundo e triunfará por ocasião do segundo advento de Cristo.

Será um evento que encherá toda a Terra com a glória de Deus. Esse clímax está profetizado primeiro em Atos 3:19 e 20, quando Pedro disse: "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério, e que envie Ele o Cristo, que já vos foi designado, Jesus." Aqui, Pedro faz referência a três acontecimentos distintos.

a) O derramamento da plenitude do Espírito Santo (Chuva Serôdia).

b) A remoção final dos pecados dos justos que confiaram a vida a Jesus

(A intercessão de Jesus no santuário celestial).

c) O segundo advento de Cristo como clímax final.

“Vi que ninguém poderia participar do "refrigério" a menos que obtivesse a vitória sobre toda tentação, orgulho, egoísmo, amor ao mundo, e sobre toda má palavra e ação. Deveríamos, portanto, estar-nos aproximando mais e mais do Senhor, e achar-nos fervorosamente à procura daquela preparação necessária para nos habilitar a estar em pé na batalha do dia do Senhor” (Primeiros Escritos, pág. 71).

“Cumpre-nos remediar os defeitos de caráter, purificar de toda a contaminação o templo da alma. Então a chuva serôdia cairá sobre nós, como caiu a temporã sobre os discípulos no dia de Pentecostes” (Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 69).

“Não há coisa alguma que Satanás tema tanto como que o povo de Deus desimpeça o caminho mediante a remoção de todo impedimento, de modo que o Senhor possa derramar Seu Espírito sobre uma enfraquecida igreja. ... Toda tentação, toda influência contrária seja ela franca ou oculta, será resistida com êxito, "não por força, nem por violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos exércitos, Zac. 4:6” (Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 124).

“A chuva serôdia virá, e a bênção de Deus encherá toda alma que estiver purificada de toda contaminação. É nossa obra hoje entregar nossa alma a Cristo, para estarmos preparados para o tempo de refrigério pela presença do Senhor - preparados para o batismo do Espírito Santo” (Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 191).


2) O Alto Clamor - "A Chuva Serôdia Produzirá o Alto Clamor" (EventosFinais, pág. 186)

A mensagem de 1888 "É a terceira mensagem angélica que deve ser proclamada com alto clamor e regada com o derramamento de Seu Espírito Santo em grande medida" (Testemunhos para Ministros, pág. 91 e 92)

"Ao se aproximarem os membros do corpo de Cristo do período de luta final, ‘o tempo da angústia de Jacó’, crescerão em Cristo e partilharão grandemente de Seu Espírito. À medida que a terceira mensagem se avoluma e se torna alto clamor, e que a obra final é acompanhada de grande poder e glória, o fiel povo de Deus participa dessa glória. É a chuva serôdia que os vivifica e fortalece para passar pelo tempo de angústia. Seus rostos brilharão com a glória daquela luz que acompanha a mensagem do terceiro anjo” (E Recebereis Poder, pág. 344).

“O tempo de prova está exatamente diante de nós, pois o alto clamor do terceiro anjo já começou na revelação da justiça de Cristo, o Redentor que perdoa os pecados. Esse é o princípio da luz do anjo cuja glória há de encher a Terra” (Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 363).

“Servos de Deus, com o rosto iluminado e a resplandecer de santa consagração, apressar-se-ão de um lugar para outro a fim de proclamar a mensagem do Céu. Por milhares de vozes em toda a extensão da Terra, será dada a advertência" (SDA Bible Commentary, vol. 7, pág. 985).

"O capítulo 18 do Apocalipse indica o tempo em que, como resultado da rejeição da tríplice mensagem do capítulo 14:6-12, a igreja terá atingido completamente a condição predita pelo segundo anjo, e o povo de Deus, ainda em Babilônia, será chamado a separar-se de sua comunhão. Esta mensagem é a última que será dada ao mundo, e cumprirá a sua obra" (GC, pág. 390).

Outra voz do Céu; Em conexão com a proclamação da tríplice mensagem angélica, outra voz do céu é ouvida através do movimento representado por aquele anjo poderoso sob o poder do Espírito Santo. Antes de terminar o tempo de prova, ele faz o chamado final ao povo fiel de Deus ainda em Babilônia, para sair antes que as pragas de Deus sejam derramadas sobre ela. Apocalipse 18:4 e 5.

“Deus tem filhos honestos entre os adventistas nominais e as igrejas caídas. Antes que as pragas sejam derramadas, pastores e povo serão chamados a sair dessas igrejas. Alegremente receberão a verdade. Satanás sabe disso. Antes que o alto clamor da terceira mensagem angélica seja ouvido, ele suscitará despertamento nessas corporações religiosas, a fim de que os que rejeitaram a verdade pensem que Deus está com eles. Espera enganar os honestos e levá-los a pensar que Deus ainda trabalha pelas igrejas. Porém, a luz brilhará. Todos os honestos deixarão as igrejas caídas, e tomarão posição ao lado dos remanescentes” (Primeiros Escritos, pág. 261).


3) O pastor Ole Andres Olsen (1845-1915) foi presidente da Conferencia Geral durante 9 anos, eleito na assembléia de 1888, realizada em Mineapolis, como se pode ver da Enciclopédia Adventista, da série SDABC, vol 10, pág. 1028. Veja outra carta que Ellen White escreveu ao Pr. Olsen, postada neste blog na sexta-feira, 13/02/09, juntamente com a lição 7 deste trimestre.


quinta-feira, 19 de março de 2009

Lição 12 – As Bênçãos do Dom Profético

O dom profético de Deus traz muitas bênçãos a toda humanidade, e isto é especialmente verdadeiro para o povo de Deus. Um exemplo de bênçãos estendidas a alguém fora da nação de Israel era Naamã, comandante do exército sírio. Doente com lepra, ele soube que o profeta de Deus, Elias, podia ajudá-lo. Apesar da raiva de Naamã e relutância em aceitar o remédio de Deus, ele finalmente se submeteu à instrução dada pelo profeta, 2º Reis 5:1-14.

A glória de Naamã foi colocada no pó e Deus fez para ele o que era impossível fazer por si mesmo. O caso dele é sintomático da determinação da humanidade em buscar a própria cura física e espiritual, embora todos esforços tenham se provado fúteis. Somente quando Naamã finalmente submeteu-se a Deus recebeu a cura disponível.

Outra bênção do dom profético é o caso quando Jeosafá, rei de Judá, escutou e seguiu a instrução de Jaaziel, profeta de Deus naquela época, 2º Cron. 20:1-25. Este foi o tempo quando os exércitos do inimigo estavam para empenhar-se em guerra contra Judá. Jaaziel disse (*ao povo e) ao reipostai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco” (vs. 17) pois a peleja não é vossa, mas de Deus” (vs. 15). Um coro foi escolhido e foi encarregado de ir à frete do exército de Judá. Quando o coro começou a cantar e a louvar a Deus, os inimigos foram direcionados por soldados celestiais enviados de Deus.

Jeosafá encorajou o povo com esta declaração, "Crede no SENHOR vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas, e prosperareis [vencereis]” (*vs. 20).

As bênçãos em ambos os casos (de Naamã e de Jeosafá) vieram em consequência de crerem e seguirem o que cada profeta disse. Em ambos os casos a glória do homem foi rebaixada (*colocada no pó). Ao cada líder se humilhar, Deus operou poderosamente em seu favor e os levantou (veja Tiago 4:10; 1 Peter 5:6)1. Em ambos os casos o poder de Deus foi testemunhado às nações das referidas regiões do mundo. Vale à pena mencionar que nem Elias nem Jaaziel são considerados como escritores "canônicos". Em outras palavras, nenhum livro deles foi usado na formação do cânon bíblico. Não obstante, os que aceitaram suas mensagens e as seguiram tornaram-se sustentados e edificados na Palavra de Deus. Assim será nestes últimos dias.

Também em nossos dias, Deus escolheu enviar um profeta não-canônico, uma mensageira, para abençoar Seu povo juntamente com as pessoas do mundo. Algumas das bênçãos dadas incluem princípios de educação, de saúde, de governo para o lar e o estado, de filosofia e de teologia. A eternidade falará da influência do dom profético dado por Deus a Ellen White para ser compartilhado com Seu povo e com todos os habitantes de terra. Central a estes princípios é a restauração de imagem do Deus no homem.

Especialmente é isto verdade de sua teologia. Ela apresentou a Cristo levantado (*crucificado) como a única esperança para a humanidade. Ela demorou-se muito no grandioso e central tema da Bíblia—o plano da redenção que envolve a restauração da imagem de Deus na alma do homem. Os que se humilham, que crêem e seguem seu conselho, tornam-se estabelecidos na Palavra de Deus e serão salvos eternamente. Os que recusam crer e que rejeitam o presente (dom) profético rejeitam as bênçãos inerentes ao dom.

Uma das maiores dádivas a nós é encontrado na mensagem da Justificação pela fé dada no cenário do tempo do fim (em que nós vivemos). A mensagem veio a nós por escolha que Deus fez de dois jovens, Alonso T. Jones e Ellet J. Waggoner. Eles dois são mencionados na lição de quinta-feira, junto com Ellen White, “que desempenhou papel decisivo em proteger a igreja de cair fundo no legalismo” (*pág. 115 do guia de estudos dos professores, e 85 no dos alunos)2.

É-nos dito que muito da pregação, antes da mensagem dada em Mineapolis, em 1888, era "seca como as colinas de Gilboa, sem orvalho ou chuva" (Materiais de Ellen G. White sobre 1888, pág. 557). Não obstante, Deus enviou algumas gotas da "Chuva serôdia" e o começo do "Alto clamor" na mensagem de Mineapolis (R & H, 22 de Nov. de 1892). Hoje necessitamos crer e seguir o que a profetiza disse concernente a esta mensagem. Deus mandou-nos levá-la ao mundo. Ele ainda espera que este comando e essa mensagem seja crida e posta em prática

“Esta é a mensagem [trazida por Jones e Waggoner] que Deus manda proclamar ao mundo. É a terceira mensagem angélica que deve ser proclamada com alto clamor e regada com o derramamento de Seu Espírito Santo em grande medida” (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 92).

A obra de publicação será envolvida "em grande medida" apresentando esta mensagem ao mundo como retratado em Apoc. 18:1 (veja Testemunhos para a Igreja, vol. 7, pág. 140). Esta mensagem iluminará a terra com a glória de Deus.

Desejo finalizar com uma nota pessoal. Enquanto eu frequentava uma igreja adventista, antes de me tornar membro, eu pensei que ouvi (mas não foi o que o pastor disse) que na quarta-feira seguinte ia estar presente na igreja uma mulher (Ellen White) que nos daria uma mensagem profética. Para mim isto era algo novo. Fiquei curioso. Decidi assistir. O que eu entendi mal era, começando na noite da quarta-feira seguinte, os membros da igreja iam estudar o dom profético de Ellen White.

De um dos membros daquela igreja eu recebi alguns livros escritos por ela. Os primeiros eram Caminho a Cristo e O Maior Discurso de Cristo. Posso testificar das bênçãos que eu recebi, e continuo a receber, ao ler estes e outros materiais escritos pela sra. White. Com o meu coração transbordando de gratidão eu, às vezes, parava, cantando e louvando a Deus em ação de graças. Possa esta experiência continuar comigo e com você.

"Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas, e prosperareis [sereis vitoriosos]” (2º Cron. 20:20).

Gerald L.. Finneman

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.

Notas do tradutor:

:

1). “Humilhai-vos perante o Senhor, e Ele vos exaltará” (Tiago 4:10); “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte” (1ª Pedro 5:6).


2). Á luz do que consta na lição de hoje, quinta-feira, 19/03/2009, foi providencial que Deus nos desse a mensagem da justiça de Cristo através daquele trio: Ellen G. White; Alonso T. Jones, e Ellet J. Waggoner, como mencionado, para “proteger a igreja de cair fundo no legalismo”. E no mesmo contexto os três foram grandes defensores da “salvação pela fé unicamente em Cristo, sem as obras da lei.” E mais, na pág. 155 do guia de estudos dos professores lemos: “As Escrituras nos conduzem à salvação que vem pela fé em Cristo.” Deus deve ter sentido a urgente necessidade de nos outorgar tal “mui preciosa mensagem” eis que o inimigo já atacara a igreja com o movimento da “carne santa”, no estado de Indiana, no começo do século XX, bem como com a primeira tentativa de introdução da doutrina católico-romana do “pecado original”, através do Pr. Albion Fox Ballanger (1861-1921), (SDABC, vol.10, Enciclopédia Adventista, pág. 121, ed. de 1976) também citado na lição duas linhas antes.

Sob ângulos diferentes o inimigo procurava assim apagar da mente do povo de Deus a idéia de um Deus Altruísta, Ágape, que correu o “risco de perda eterna” ao assumir a nossa natureza caída, tornando-Se um de nós, a fim de ser “Deus Conosco.”

A lição diz: “Quando A.F. Ballenger tentou mudar o ensino do santuário, ela [Ellen White] assumiu posição forte contra ele,” uma vez que ele estava pregando idéias que levavam à aceitação do entendimento daquela doutrina católico-romana.

Embora sendo um pr. adventista ele declarou, em 1890:

“Todos os homens foram corrompidos sem sua vontade ou cooperação, e, portanto, todos os homens poderiam ser resgatados sem sua vontade ou cooperação. Que! Salvar um homem sem sua vontade? Sim.” (The Proclamation of Liberty and the Unpardonable Sin, pág. 64).

Isto é o pecado original. Santo Agostinho, partiu de uma falsa premissa, de que ao Adão e Eva ao rejeitarem o amor de Deus, sucumbindo ao orgulho e amor próprio satânicos, transmitiram aos seus descendestes não somente a natureza pecaminosa mas, também, a culpa de Adão. O pecado original tem, assim, para Santo Agostitnho, um caráter hereditário (de “estado”), transmissível de geração a geração, para toda a humanidade, abandonando a idéia bíblico-judaica de “pecado decisão”. Os descendentes de Abraão, judeus e islamitas, compartilhavam a idéia de que Deus ao criar o homem lhe dotou do “livre arbítrio”, com a possibilidade de rejeitá-Lo. Esta é a definição de pecado amplamente difundida também nas sagradas Escrituras.

Ao raciocinar nos termos acima (a tese cotizada do livro de Ballanger, acima em vermelho), ele desenvolveu numa série de falsas idéias, passando, em consequência, a negar: 1º) a doutrina do Santuário; 2º) o ministério de Cristo no lugar santíssimo; 3º) a natureza de Cristo; 4º) a expiação, e, 5º) a natureza do homem, tudo conseqüência do errôneo entendimento da natureza do pecado.

São duas teses distintas e oponentes: “Pecado status” e “pecado decisão”. A qual você aceitar te levará às conclusões da premissa adotada.

A doutrina da natureza do homem e o conceito do que é o pecado, firmou-se bem cedo na igreja adventista. Já de início um sumário razoável do que seria a visão da natureza do homem aparece na Review and Herald de 26 de set. de 1854. “uma carta que John Byington, que viria a ser o primeiro presidente da Associação Geral, em que ele descreve uma conversa que teve com um homem com relação ao espiritismo, se seria do diabo: ‘... A bondade de Deus se manifestou em criar o homem à Sua própria imagem, capaz de conhecer e manter comunhão com seu Deus. Mas sendo um ser criado, dependente, era razoável que ele devesse estar sob o governo de seu Fabricante; portanto Ele lhe deu Sua lei, que abrangia toda Sua vontade concernente a ele. A lei dada a um ser possuidor de liberdade e inteligência, implica poder para obedecer ou desobedecer. À sua existência, portanto, está vinculada a provação (*durante o tempo de vida da pessoa); e isto implica um dia de acerto de contas, ou um dia de julgamento.’

“Aqui, Byington liga a imagem de Deus com ser ‘capaz de conhecer e manter comunhão com Deus,’ e afirma que o homem era dotado com o livre arbítrio ‘para para obedecer ou desobedecer’” (SDABC, vol.10, Enciclopédia Adventista, pág. 846, 2ª ed., 1976)

Partindo disto veio a maturar a crença adventista de que “o homem herdou uma natureza pecaminosa com a propensão para pecar, e os seus escritos [da igreja] rejeitam ou não salientam a idéia de herdar a culpa da transgressão de Adão” (ibidem).

E agora, da pág. 383: “As Escrituras, consistentemente, ensinam que todas as coisas criadas subsistem pelo poder de Deus (Atos 17:25, 28; Col. 1:16, 17). . ... Deus criou o homem com um livre arbítrio, capaz de escolher obedecer ou desobedecer: assim ele colheria a conseqüência—morte (Gen. 2:16, 17). Existência continuada (*vida eterna) foi feita (*dada) condicional à obediência contínua. “Quando Adão e Eva escolheram desobediência eles deveriam ser aniquilados se não fosse o Filho de Deus ter morrido em seu lugar.”

Voltando a Ballenger, ele cria que quando Jesus foi para o céu Ele foi direto para o santíssimo. Ele alegava que não havia dois compartimentos no santuário celestial, que era o próprio céu; Ele assim desafiou a doutrina da expiação. Começou a ensinar que a expiação foi feita na cruz, e que Cristo está no céu apenas aplicando os benefícios da expiação.

Assim 1844 foi lançado por terra, porque se Jesus foi direto para o santíssimo quando Ele subiu ao céu, o que Ele estava fazendo em 1844? Ele estaria no mesmo lugar desde quando ascendeu ao céu. Embora tenha falecido em 1921, o Yearbook de 1905 é o último a registrar Ballanger ligado à igreja. Ele era então superintendente da Missão Irlandesa. (SDABC, vol. 10, Enciclopédia Adventista, pág. 121)

Desmond Ford também partiu da mesma premissa errônea de que “Cristo fez toda expiação na cruz, e Ele agora apenas aplica os benefícios da expiação,” tentando derrubar: 1844, o juízo investigativo, a doutrina do santuário, etc, como tentou fazer Ballenger.

Infelizmente esta é a doutrina prevalecente (para muitos) na IASD hoje (aqueles que adotam o livro Questionos on Doctrines” (QOD).

Judas 3 nos diz para “batalharmos pela fé que uma vez foi dada aos santos.”

E parafraseamos dizendo: Batalhar pela fé uma vez dada aos nossos pioneiros.

Satanás odeia a mensagem adventista, e, portanto a tenta minar.

Todas as doutrinas relacionadas com a doutrina do santuário foram o pilar de nossa fé, e nos separa do mundo e nos torna um povo distinto.

Tenha um feliz sábado,

Do irmão em Cristo,

João Soares da Silveira

quarta-feira, 11 de março de 2009

Lição 11 – Interpretando os Escritos Proféticos

O "evangelho eterno" é o mesmo em todas as gerações; mas a revelação da luz da verdade concernente à justiça de Cristo é continuamente desdobrada, mais clara e brilhantemente, com o resultado final de tornar um povo preparado para a vinda do Senhor, Prov. 4:18. "E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e estrela da alva apareça em vossos corações” ( 2ª Pedro 1:19).

Há uma diferença distinta entre a mensagem de 1888 e a dos Reformadores protestantes. As nítidas declarações de Ellen White são no sentido de que a mensagem de 1888 é o começo do "chuva serôdia" e do " alto clamor" (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangelicos, pág. 92; Review and Herald, de 22 de Nov. de 1892).1 Os Reformadores ensinaram muitas verdades; mas nunca proclamam a plena luz da gloriosa verdade profetizada em Apoc. 18:1. Dizer que as mensagens dos três anjos foram proclamadas pelos Reformadores é negar o que Deus nos ensinou em nossa história (Life Sketches, pág. 196)2

Esta mensagem era, particularmente, uma apresentação "da justiça de Cristo em relação à lei ... não apresentada ... nesta luz até então" por nosso povo (Materiais de Ellen White sobre 1888, vol. 1, pág. 164). Os Reformadores nunca realmente entenderam a lei em sua magnitude (Isa. 42:21)3. Ellen White fez esta declaração em Minneapolis: "Disse meu guia, 'há muita luz ainda para brilhar da lei de Deus e do evangelho de justiça. Esta mensagem, entendida em seu verdadeiro caráter, e proclamada no Espírito iluminará a terra com sua glória'." (Materiais de Ellen White sobre 1888, pág. 166). A. T. Jones e E. J. Waggoner apresentaram a lei de certa maneira que verdadeiramente a "magnificou" e "honrou" como nós nunca a lemos em Lutero e Wesley e outros escritores adventistas do Sétimo-Dia. Ellem White altamente recomendou as apresentações de Jones e Waggoner como luz enviada de Deus. Não tivesse sua mensagem sido resistida e rejeitada, suas apresentações simples (*provindas) de corações inflamados (*pela verdade) teriam quebrado o preconceito de muitos nas igrejas populares. "O Senhor projetou que as mensagens de advertência e instrução dada pelo Espírito a Seu povo, devesse ir a toda parte. Mas a influência que cresceu da resistência à luz e verdade em Minneapolis, tendeu a tornar de nenhum efeito os Testemunhos que Deus tinha dado a Seu povo (Boletim da Conferência Geral de 1893, em 28 de Fev. de 1893, pág. 407).

A mensagem de 1888 era um entendimento da justiça pela fé que estava em harmonia com a purificação do santuário. Os Reformadores não tiveram nenhum conceito dessa doutrina. O entendimento adventista de justiça pela fé não é o mesmo dos Reformadores. A importância ética da purificação do santuário certamente será preparar um povo para a vinda do Senhor, "sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante" (Ef. 5:27)—uma comunidade do povo de Deus que virá a ser “... um homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo" (Ef. 4:13).

Sua mensagem, como Deus a pretendeu, teria trazido libertação da raiz do pecado—o amor de si mesmo. Segue-se que uma genuína e completa aceitação teria tornado um povo pronto para a vinda do Senhor naquela mesma geração. Não é nenhuma depreciação dos santos que estão em repouso, dizer que Deus pretende que Seu povo progrida continuamente em direção a atingir realmente um padrão mais alto que qualquer geração prévia alcançou, nada menos que perfeita semelhança a Jesus em caráter. Esta experiência é bem distinta da (*da mensagem de) "justificação pela fé" pregada pelos Reformadores. Ellen White frequentemente descreve a mensagem de 1888 como "a mensagem da justiça de Cristo" mais do que como "justificação pela fé," embora ela ocasionalmente tenha (*também) usado este último termo. Lutero foi maravilhoso, e desbravou o caminho; mas Jones e Waggoner foram muito mais além.

Tiveram um conceito mais claro do amor de Deus em Cristo do que os Reformadores. Entenderam que justificação pela fé é baseado em amor genuíno, e começaram a quebrar a síntese de amor helenístico, centrado no homem e o agape do Novo Testamento (que é amor que Se dá) que tinha enfraquecido os adventistas do Sétimo Dia antes de 1888. Eles restauraram o (*conceito Ágape de) amor no Novo Testamento a seu legítimo lugar como o condicionador poder que cria uma nova vida.

--Paul E. Penno

_____________________


Tradução e Acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.

Notas:

1) "Esta é a mensagem que Deus manda proclamar ao mundo. É a terceira mensagem angélica, que deve ser proclamada com alto clamor e regada com o derramamento de Seu Espírito Santo em grande medida " (Testemunhos a Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 92).

2) "Nada temos a recear quanto ao futuro, a menos que nos esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado" (E Recebereis Poder, MM de 1999, pág. 231; Eventos Finais, pág. 72, e Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 443, onde lemos a nota dos editores: “Extraídas da última mensagem pessoal da Sra. White para a igreja, Life Sketches, pág. 196, 15 de abril de 1915”).

3) Parece haver uma analogia de Isaias 42:18 A 24 com o povo remanescente. “Surdos, ouvi, e vós, cegos, olhai, para que possais ver. Quem é cego, senão o meu servo, ou surdo como o meu mensageiro, a quem envio? E quem é cego como o que é perfeito, e cego como o servo do Senhor? Tu vês muitas coisas, mas não as guardas; ainda que tenhas os ouvidos abertos, nada ouves. O Senhor se agradava dele por amor da sua justiça; engrandeceu-o pela lei, e o fez glorioso. Mas este é um povo roubado e saqueado; todos estão enlaçados em cavernas, e escondidos em cárceres; são postos por presa, e ninguém há que os livre; por despojo, e ninguém diz: Restitui. Quem há entre vós que ouça isto, que atenda e ouça o que há de ser depois? Quem entregou a Jacó por despojo, e a Israel aos roubadores? Porventura não foi o Senhor, aquele contra quem pecamos, e nos caminhos do qual não queriam andar, não dando ouvidos à sua lei?”

O Comentário Bíblico, no vs. 18 diz: “Estas palavras são dirigidas ao professo povo de Deus (veja o vs. 19), muitos dos quais são espiritualmente cegos e mudos. ... No livro de Isaias cegueira geralmente se refere a cegueira espiritual por parte do professo povo de Deus. ... Os vs. 18 e 20 implicam que o ‘servo cego’ do vs. 19 erra em não ver, e que Deus o chama a emendar o seu caminho. Portanto o ‘sevo cego e mudo’ do vs . 19 provavelmente designa o povo de Deus (veja Apoc. 3: 17-20)”. (SDABC, vol. 4, pág. 257).


______________________

quinta-feira, 5 de março de 2009

Lição 10 – A Mensagem dos Profetas

A lição desta semana começa com o que poderia ser um pensamento desanimador: "O pecado é o maior problema que enfrentamos". Sabendo que o pecado é o que nos separa de Deus, Isa. 59:2, e que o persistir no pecado nos impedirá eternamente de experimentar a Nova Terra, 1ª Cor. 6:9, 10, é fácil tornar-se desanimado na batalha com o pecado. Fácil, sim, se você ainda não aprendeu quão boas as Boas Novas realmente são. O que são as “Boas Novas"? Satanás é um inimigo derrotado. Paulo diz isto plenamente no capítulo 6 de Romanos: "Porque o pecado não terá domínio sobre vós" (vs. 14). Leia essa sentença outra vez, meditando cuidadosamente. Domínio significa "poder" ou "controle absoluto". (*Assim) a promessa é, o pecado não terá controle absoluto sobre você. O poder do pecado foi quebrado. Quando o foi, e por que meio? A resposta a estas duas simples perguntas é o ponto crucial do poder do Evangelho.

A primeira promessa dada a Adão e Eva quando eles se rebelaram contra seu Criador no Jardim (*do Édem), era a garantia de que o pecado não deveria ter domínio sobre eles, Gen. 3:15. Essa promessa era a promessa do concerto eterno de que haveria um Salvador, um Parente Remidor,1 que traria restituição da herança perdida. Uma declaração muito confortante da pena inspirada nos diz, "logo que houve pecado, houve um Salvador" (O Desejado de Todas as Nações, pág. 210). E "no momento em que o homem aceitou as tentações de Satanás, e fez exatamente as mesmas coisas que Deus tinha dito que não devia fazer, Cristo, o Filho de Deus, postou-Se entre a Vida e a morte, dizendo “—Que o castigo caia sobre Mim. Eu ficarei no lugar do homem. Ele terá uma nova oportunidade’" (SDABC, vol. 7A, págs. 16 e 17). Deus é a "Vida" e Adão (*e Eva) eram os "mortos" a que se refere esta declaração. A presteza do ato de Deus em redimir a humanidade é (*algo) profundo “—tão logo houve pecado"; naquele “instante" em que Adão pecou, houve um Salvador que tomou a pena que Adão devia sofrer. A próxima batida do coração e respiração de ar puro de Adão foi pela graça do poder do Cordeiro sobre o pecado e efeitos do pecado.

Quando nós aprendemos a apreciar a boa nova de que o poder do pecado foi quebrado, desde a fundação do mundo, pelo Cordeiro que tira o pecado do mundo (Apoc. 13:8; João 1:29), então podemos experimentar uma alegria ilimitada, mesmo vivendo neste mundo de crescente aflição. Grande liberdade vem aos que verdadeiramente apreciam tudo o que Deus fez por nós. Pela fé no poder do Cordeiro, nós somos libertados de ambos os impasses mencionados na lição: o legalismo e a graça barata. Ambos são abismos que colocam o indivíduo sob o peso do velho concerto. O legalismo nos traz sob o velho concerto porque acreditamos que podemos adicionar algo à salvação provida por Cristo. Como E. J. Waggoner se expressa em Boas Novas, pág. 71, "O que causa todo o problema é que mesmo quando os homens estão dispostos a reconhecer completamente o Senhor, eles querem fazer uma barganha com Ele. Querem que seja um negócio "mútuo" —uma transação em que eles se possam considerar em pé de igualdade com Deus". Tal atitude foi a raiz do problema no Sinai quando o povo em coro respondeu, "Tudo o que o SENHOR disser, faremos" (Ex. 19:8). A graça barata igualmente nos coloca sob o velho concerto porque nós presunçosamente supomos que podemos entrar no céu sem mudar o nosso caráter, acreditando que somos suficientemente bons como estamos e que o amor de Deus desconsiderará nosso continuado pecar.

Jesus veio salvar o Seu povo “dos seus pecados” (Mat. 1:21), não em seus pecados. Na noite antes da Sua crucificação Ele orou a Seu Pai, "Eu glorifiquei-Te na terra: Acabei a obra que Me deste para fazer" (João 17:4). Na cruz Ele declarou em voz alta, "está consumado"! "O pecado não terá domínio sobre vós"! Como Jesus podia estar tão seguro disto? Porque Ele assumiu a natureza caída de homem na Sua encarnação e defrontou o inimigo no próprio território dele. Tomando sobre Si o equipamento defeituoso pelo qual Satanás tão facilmente nos causa cair sob seu poder, Cristo provou que nossa natureza caída não é desculpa para continuar pecando. A natureza de Cristo "é tudo para nós. É a corrente dourada que une nossas almas a Cristo, e por meio de Cristo a Deus. Isto deve ser nosso estudo". (Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 244; veja também A Corrente Dourada, por Robert J. Wieland). Por que isto é tão importante que necessite ser "nosso estudo"? Porque o que Cristo fez em carne caída, pela fé no poder de Seu Pai, nós também podemos fazer pela fé no poder de Cristo sobre Satanás e o pecado. Tristemente, a justiça de Cristo é vastamente ignorada pela maioria das pessoas que se denomina "cristã". Isto é o que leva ao "desânimo na vida espiritual" mencionado pelo autor do guia de estudos deste trimestre.

"Há muitos que tentam viver a vida cristã na força da fé que eles exercitaram quando compreenderam sua necessidade de perdão pelos pecados de sua vida passada. ... Da alegria de viver para Deus e de andar com Ele pela fé eles nada sabem, e quem fala disto fala de uma linguagem estranha para eles. ... Temos ouvido muitas pessoas contarem quão duro eles acham fazer o que é certo. Sua vida cristã era muito insatisfatória para eles, sendo marcada só por fracasso, e eles foram tentados a desistir em desânimo. Não é de se admirar que eles estejam desanimados. Contínuo fracasso é suficiente para dissuadir qualquer pessoa. O soldado mais corajoso do mundo tornar-se-ia covarde se tivesse sido derrotado em cada batalha. Às vezes estas pessoas desoladamente dirão que perderam confiança em si mesmos. Pobres almas. Se eles tão somente tivessem inteiramente perdido confiança em si mesmos e posto sua confiança inteira em quem é poderoso para salvar, teriam uma história diferente a contar. ... O homem que não se regozija em Deus, embora tentado e afligido, não luta a boa luta da fé, luta a pobre batalha de autoconfiança e derrota". (E. J. Waggoner, A Biblioteca de Estudante de Bíblia, "Vivendo Por Fé," págs. 4-6; artigo que também pode ser achado em Lições sobre Fé, do mesmo autor)2.

Qual é a causa do desânimo? A autoconfiança, que é o erro do velho concerto tanto do legalista como dos que acreditam na graça barata.

No entanto, Waggoner não deixa o leitor nesta posição desanimadora. "A conquista é agora; as vitórias a serem ganhas são batalhas sobre a cobiça da carne, a cobiça dos olhos, e o orgulho da vida—vitórias sobre o eu e indulgências egoísticas. O homem que luta e vê o inimigo fugir pode regozijar-se; ninguém o pode impedir de se rejubilar, porque alegria vem espontaneamente como resultado de se ver o inimigo fugir (*Tiago 4:7). Alguns olham com pavor sobre o pensamento de ter que empreender uma guerra ininterrupta contra o eu e a cobiça mundana. Isso é porque, até agora, ainda não sabem nada sobre a alegria da vitória. Experimentaram unicamente derrota. Mas não é tão doloroso batalhar constantemente, quando há contínua vitória" (Ibidem). Como a vitória de Cristo se torna efetiva em nossa vida pessoal? Pela fé na Sua poderosa justiça, abandonamos toda autoconfiança e aprendemos, dia a dia, a render-nos plenamente a Cristo, para ser crucificados com Ele (Gal.. 2:20).

‘Nossa força está na Sua liderança; somos fortes porque Ele o é; somos inspirados a vencer todo pecado porque Ele o fez na mesma carne que todos possuímos. Quando Deus finalmente tiver um povo a quem Ele pode apontar e exclamar: ‘Aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus, e têm a fé de Jesuu,’ então a purificação do santuário estará completada. Cristo então virá resgatar o Seu povo e fazer plena restauração de tudo que Adão perdeu. Cristo "redime a terra da maldição, para que possa ser a eterna possessão (*dos remidos) que Deus originalmente projetou ser; e Ele também redime o homem da maldição, que possa ter sido estabelecida para a posse de tal herança. Esta é a suma do evangelho" (E. J. Waggoner em, Boas Novas, pág. 70).

—Ann Walper

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.
Notas do tradutor:
1) Este parente tinha que ser próximo. Mas isto não era suficiente, tinha que ser O mais próximo. Isto nos fala da posição que Cristo assumiu ao vir a este mundo, encarnando-Se em nossa exata natureza caída, para ser Deus Conosco, para estar ao seu e ao meu lado. Veja: Boás disse a Rute: “...é verdade que eu sou remidor, mas ainda outro remidor há mais chegado do que eu” (Rute 3:12). Também Lev. 21:2, e Números 27:11, falam de “parente mais chegado”.
2) É realmente bela a mensagem de 1888, que nos foi trazida pelos dois mensageiros E.J.Waggoner e A T Jones, com total e irrestrito apoio de E.G.White, que declarou, entre centenas de outras afirmações de endosso: que os dois tinham “credenciais divinas”. Como o final da parte de sexta-feira diz: “Ellen White apoiou Waggoner fortemente. Ela chamou suas apresentações de ‘mensagem preciosa.’” Traduzindo diretamente do original gostamos de dizer “mui preciosa mensagem.”



__________________________

O Dispensacionalismo e o Arrebatamento Secreto

A lição de hoje, quinta-feira, 5/3/09, nos fala do grande erro do arrebatamento secreto.

Em verdade seus protagonistas “deixaram para trás” as verdades da bela profecia dos 2.300 anos e a purificação do santuário celestial, tão essenciais para a compreensão da mensagem de 1888.

Para pregá-la, principalmente aos evangélicos, devemos estar bem inteirados de seus grandes erros. Como surgiu, o que pretende ensinar, quais seus resultados, etc. ... Os nomes dos seus personagens, que estão em negrito, no texto que se segue, estão mencionados em nossa lição de hoje.

Os reformadores protestantes no século 16 identificaram o papado como o anticristo1. Preocupados com isto, com os avanços do protestantismo e com a perda de fiéis, o papa e bispos reuniram-se na cidade italiana de Trento com o objetivo de traçar um plano de reação. Este encontro ficou conhecido como "O Concílio de Trento", tendo se reunido de 1545 a 1563.

Poucos anos antes, 1534, havia sido fundada uma ordem religiosa por Ignácio de Loyola, aprovada pelo papa Paulo III, à qual foi dado o nome de Companhia de Jesus, mais conhecida como "jesuítas".

No Concílio de Trento os jesuítas foram comissionados a desenvolver uma nova interpretação das escrituras que fosse capaz de contra-atacar a aplicação protestante das profecias concernentes ao anticristo.

Duas foram as alternativas encontradas para negar a interpretação dos protestantes: Uns disseram que todas as profecias concernentes ao anticristo tiveram cumprimento no passado, outros no futuro:

1ª) no passado, interpretação preterista. Aplicava a profecia de Daniel 8:14 a Antíoco Epifânio,

2ª) a outra corrente joga todos os acontecimentos concernentes ao anticristo no futuro, sendo, por isso, chamada de interpretação futurista. Trata-se da teoria dispensacionalista que faz uma agressão à profecia dos 2.300 dias/anos, particularmente na parte separada para o povo judeu, as 70 semanas, mutilando-a, retirando a septuagésima semana da seqüência profética e colocando-a no futuro, baseada na idéia de que as profecias do antigo testamento que dizem respeito a Israel, terão cumprimento só no futuro.

Embora pregada hoje amplamente pelo protestantismo, esta idéia teve origem, ironicamente, no Concílio de Trento, quando a igreja Católica deu à Ordem dos Jesuítas a missão específica de destruir o protestantismo.

Francisco Ribera (1537-1591) um brilhante padre jesuíta, e o cardeal Roberto Bellarmine (1542-1621) um excelente escolástico jesuíta, deram início à escola futurista que ganhou aceitação entre os católicos, mas permanecendo exclusivamente entre eles por uns 300 anos após o concílio de Trento. Segundo Ribera um futuro anticristo pessoal apareceria no tempo do fim e continuaria no poder por três anos e meio.3 Por quase três séculos, o futurismo foi largamente confinado à Igreja Católica Romana, até que, em 1826, Samuel R. Maitland (1792-1866) bibliotecário do arcebispo de Canterbury, publicou um panfleto de 72 páginas4 no qual promoveu a idéia de Ribera de um futuro anticristo.

Logo outros clérigos protestantes adotaram a idéia e começaram a propagá-la amplamente. Entre eles estava John Henry Newman, líder do movimento Oxford, que depois tornou-se cardeal católico romano, e Edward Irving, famoso ministro presbiteriano escocês.

Mas no século XIX, João Nelson Darby (1800-1882) excelente advogado, pastor e teólogo, chamado hoje o pai do dispensacionalismo moderno, e Eduardo Irving, promoveram a teoria do arrebatamento secreto antes da tribulação, incorporando os ensinamentos dos jesuítas da teoria futurista.

Darby desenvolveu uma elaborada filosofia da História a qual ele dividiu em oito eras ou dispensações, (daí a designação de Dispensacionalismo) "cada uma das quais contendo uma ordem diferente pela qual Deus operou Seu plano redentivo".5

Além disso, Darby afirmava que a vinda de Cristo poderia ocorrer em dois estágios. O primeiro, um invisível "arrebatamento secreto" dos verdadeiros crentes fecharia o grande "parêntesis" ou a era da Igreja que começou quando os judeus rejeitaram a Cristo. Em seguida ao arrebatamento, as profecias do Antigo Testamento concernentes a Israel seriam literalmente cumpridas,6 levando à grande tribulação que terminaria na segunda vinda de Cristo em glória. Nesse tempo, o Senhor estabeleceria um reino literal de mil anos sobre a Terra, tendo Israel como centro (Reis e Sacerdotes) numa mistura de verdades e mentiras.

A visão escatológica de Darby figurou proeminentemente no fundamentalismo americano nos anos da década de 1920, quando cristãos conservadores defenderam o cristianismo protestante contra os desafios do darwinismo e da teologia liberal. Hoje, a maioria dos cristãos evangélicos aceitam as principais colunas da escatologia de Darby.

O conceito de um arrebatamento antes do período da tribulação final, na verdade, não foi invenção de Darby. "Peter Jurieu em seu livro Approaching Deliverance of the Church (1687) ensinou que Cristo poderia vir para arrebatar os santos e retornar ao Céu antes do Armagedon. Ele falou de um arrebatamento secreto antes da Sua vinda em glória e o julgamento do Armagedon. O Comentário do Novo Testamento de Philip Doderidge e o do Novo Testamento, de John Gill, usaram o termo "rapto" e a ele se referiram como iminente. Mas esses homens criam que esse acontecimento precederia a descida de Cristo à Terra e o tempo do julgamento. O propósito era preparar crentes do tempo do julgamento."7

Cyrus Ingerson Scofield (1843-1921) já no século XX publicou a sua famosa Bíblia de referência, também conhecida como a Bíblia de Scofield (1909) que se tornou extremamente popular e disseminada ao redor do mundo.

O Futuro do Grande Planeta Terra, de Hal Lindsey, nos anos da década de 1970, e muitos outros livros propagaram a teoria do arrebatamento secreto, elevando o futurismo às massas do Cristianismo.

Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins, nos anos da década de 1990 deram início a uma série de publicações e filmes de ficção a respeito do arrebatamento secreto projetando a 70ª semana no futuro, fazendo uma mutilação à profecia, criando um intervalo de tempo indefinido entre a 69ª e a 70ª semanas.

A era cristã é, assim, para eles, um intervalo de tempo no relógio divino.

Não há base alguma para tal interpretação. É uma lacuna aberta na profecia por todos que citamos, dos jesuítas aos modernos dispensacionalistas.

Estes caíram na armadilha dos primeiros.

—João Soares da Silveira

.

Notas:

1) Martinho Lutero, por exemplo, disse: "Eu creio que o papa é o demônio mascarado e encarnado, porque ele é o anticristo." Sämtliche Schriften, S. Louis: Concordia Pub. House, 1887, vol. 23, pág. 845.

2) L. R. Conradi, The Impelling Force of prophetic Truth, Londres: Thynne and B. Co., Ltd., 1935, pág.. 346.

3) L. R. Conradi, The Impelling Force of prophetic Truth, Londres: Thynne and B. Co., Ltd., 1935, vol. 2, págs. 489 a 493.

4) An Enquiry Into the Grounds on Which the prophetic Period of Daniel and St. John has been supposed to Consist of 1260 Years, 2ª ed., Londres, 1837, p.2.

5) Walter A. Elwell, Evangelical Dictionary of Theology, Grand Rapids : Baker Book House, 1984, pág. 292.

6) Essa visão ignora completamente a natureza condicional de muitas profecias do Antigo Testamento (Deut. 28:1 e 15; Jer. 4:1; 18:7-10).

7) Mal Couch (editor), Dictionary of Premillennial Theology: A Practical Guide to the People, Viewpoints and History of Prophetic Studies, Grand Rapids : Kregel Publications, 1996, pág. 346.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Textos Difíceis sobre a Condição do Homem Após a Morte.

A lição de hoje, quarta-feira, 4 de março de 2009, nos fala sobre "O Estado dos Mortos."
Primeiramente, no SDABC, vol. 5, pág. 831, vemos que "a ideia de um estado consciente do homem após a morte começou a aparecer na literatura judaica depois dos 70 anos do cativeiro babilónico, e ao tempo de Jesus havia se tornado parte da tradição judaica."
Devido a isto há alguns textos problemáticos na bíblia em conexão com este ensino a respeito da condição do homem na morte, mas todos têm respostas fáceis.
Não temos tempo para considerar a todos, mas apenas um em particular, e se acha em Lucas 16: 19-31. Trata-se da história do homem rico e Lázaro.
As pessoas que acreditam na imortalidade da alma, e vida imediatamente após a morte, oferecem esta passagem como prova.
Mas, é isso realmente o que a parábola ensina?
Vários princípios de interpretação bíblica são de especial auxílio aqui, e isto extraímos também do SDABC, vol 5, pág 204:
l °) Uma parábola reflete a verdade; não é a própria verdade;
2°) O contexto no qual uma parábola é dada—o lugar, circunstâncias, pessoas a quem a parábola é dita, e o problema em discussão—devem ser tomados em consideração, e são a chave para sua interpretação;
3°) A própria introdução e conclusão de Cristo à parábola, geralmente tornam seu propósito fundamental claro;
4°) Cada parábola ilustra um aspecto fundamental da verdade espiritual (embora esteja em inglês, você pode ver a lista de princípios ilustrados pelas várias parábolas do nosso Senhor, às págs. 205 - 207 do volume do qual estamos citando). Detalhes de uma parábola são significativos somente ao contribuírem para a clarificação daquele ponto particular da verdade;
5°) Antes que o significado da parábola, na esfera espiritual, possa ser entendido, é necessário ter-se um claro quadro da situação descrita na parábola, em termos de costumes e modos de pensar e se expressar orientais. Parábolas são claras fotos que devem ser vistas, por assim dizer, antes de que possam ser entendidas;
6°) Em vista do fato fundamental de que uma parábola é dada para ilustrar uma verdade, e, geralmente, uma verdade particular, nenhuma doutrina deve ser baseada em detalhes incidentais de uma parábola;
7°) A parábola deve ser interpretada em termos da verdade que tem o propósito de ensinar, como estabelecida em linguagem literal no contexto imediato e em outras partes da Escritura.
Com esses princípios em mente, consideremos mais detidamente a parábola do rico e Lázaro.
Primeiramente, muitas pessoas na audiência de Jesus vieram a acreditar no estado consciente de existência entre a morte e a ressurreição. Essa crença não se firmava no Velho Testamento mas vinha à tona em escritos judaicos após o exílio babilónico, e ao tempo de Jesus haviam se tornado parte dos ensinos tradicionais judaicos.
Permita-me explicar isso um pouco mais. Essa parábola que Jesus ofereceu na verdade aparece nos escritos de Flávio Josefo,1 e ele nos fala a respeito dessa lenda judaica que se baseava na mitologia grega.
Jesus estava simplesmente empregando uma lenda judaica e destacando-a a fim de estabelecer um ponto mais importante, que surge no estudo da própria parábola. Não temos tempo para isto aqui. Mas permita-me ler o que Josefo tem a dizer concernente a essa lenda judaica, ou ensino judaico tradicional.
Diz Flávio Josefo "Agora, com respeito ao nades, onde as almas dos justos e injustos estão detidas, é necessário falar-se a respeito. Hades é um lugar no mundo, não regularmente acabado, uma região subterrânea" (*vejam ai a ideia do submundo grego), "onde a luz deste mundo não brilha, ali se vive em trevas perpétuas. Essa região é designada como lugar de custódia das almas, onde anjos são designados como seus guardiões e que lhes distribuem punições temporárias, segundo o comportamento e conduta de cada um.
"Nessa região há um certo lugar separado, como um lago de fogo inextinguível,' (*veja aí uma ligação de onde a ideia do inferno se originou) 'onde ninguém ainda foi lançado, mas é preparado para o dia previsto por Deus em que uma sentença justa será determinada merecidamente sobre todos os homens. Os injustos, os que foram desobedientes a Deus e prestaram homenagens aos ídolos, frutos das vãs operações das mãos dos homens, como se fossem o próprio Deus, serão encaminhados a essa punição eterna como sendo a causa da contaminação, enquanto os justos obterão o reino incorruptível e que nunca se desfará. Esses estão, de fato, reservados no 'hades', mas não no mesmo lugar em que os injustos se acham detidos, pois há uma escada para essa região e há um arcanjo que determina que portão a se tomar. Os que o atravessam são conduzidos pelo anjo designado sobre as almas, e não seguem pelo mesmo caminho, mas os justos são guiados para o lado direito e são acompanhados de hinos cantados por anjos designados para estarem naquele lugar, uma região de luz, no qual os justos têm estado desde o princípio do mundo, não limitados por necessidade, mas sempre desfrutando a perspectiva das coisas boas que vêem, e regozijando-se na expectação de novos gozos que serão particulares a cada um deles."
O contraste entre a habitação dos justos e a região de sofrimento dos ímpios é estarrecedor: Os primeiros do lado direito, e a punição dos fracos do lado esquerdo; Os justos estão num lugar de luz perpétua, eos ímpios em lugar de contínua escuridão; Estes são arrastados pela força, pela mão esquerda, pêlos anjos designados para a punição, e os justos conduzidos, pela mão direita, vivendo doravante inteiramente livres de todo mal e perigo, enquanto os ímpios como prisioneiros dominados pela violência; todos sorriem para os justos, mas aos ímpios os anjos são enviados para repreendê-los e ameaçá-los com sua terrível aparência e lança-los para baixo no fogo.
Continuando,
"E, estimando essas coisas além disto, para os justos não há lugar de trabalho, nenhum calor sufocante, nem frio enregelante, nem há quaisquer espinhos. Mas o semblante do Pai e dos justos sempre vêm sorrindo para eles, enquanto esperam aquele repouso e nova vida eterna no céu que se seguirá a essa região. A esse lugar nós chamamos o 'seio de Abraão."
Note esta última sentença descrevendo esse lugar bendito de felicidade, onde não há calor ou frio excessivos, e há vida eterna. A esse lugar chamam de "seio de Abraão", a própria expressão empregada por Jesus, indicando claramente que Ele estava fazendo alusão a essa lenda judaica ao pronunciar essa parábola.
E essa a condição das coisas como são na realidade? Não, não podemos crer que essa parábola seja nada mais do que aquilo que tencionava ser —uma parábola, algo que não ilustra teorias de verdades eternas, sendo, simplesmente, dada para ilustrar um ponto que Jesus estava tentando transmitir às pessoas que Lhe estavam ouvindo.
É que, neste caso, haverá uma multidão de justos, que terão, talvez, um filho ou filha, ou qualquer outro parente, que se perderam e estarão nesse lugar de tormento. E do seio do velho homem ,olhando através do abismo, para ver filhos e filhas, e outros entes queridos, talvez um pai, ou uma mãe, ou seja quem for, que estão naquele lugar de tormento, sofrimento, angústias por toda a eternidade.
E isso realmente o céu? Imagine um indivíduo que tem um ente querido numa distância em que pode até conversar com ele, sofrendo torturas que não se pode narrar, e isso prosseguindo ano após ano, por séculos, milénios, ou bilhões de anos, e nunca tendo um fim? Eu, particularmente, não desejo ter parte alguma num tal céu como esse.
Isso é, simplesmente, uma parábola que Jesus usou para ilustrar um ponto.
Essa parábola é a última, numa série de cinco, que estão em Lucas 15 e 16. Jesus narrou a história em resposta à queixa dos fariseus de que Ele comia com os pecadores, Luc. 15:2. Cada uma destas histórias condena o orgulho e hipocrisia tão destacados entre aqueles líderes religiosos. Jesus informou que o Seu reino era mais do que forma e cerimónia, era, na verdade, comunhão com Deus e os homens.
Em particular, o homem rico estava seguro de seu lugar, por ser um filho de Abraão. Ademais ele provavelmente acreditava que sua riqueza comprovava sua boa "postura" diante de Deus. Na verdade, nada existe na parábola para sugerir que fosse uma má pessoa, ora, ele até deixava Lázaro esmolar junto ao seu portão. Quão semelhante era ele aos fariseus. Ele, e eles, criam que, pelo que eram, obteriam mérito diante de Deus.
O reino eterno pertencia a pessoas como Lázaro. O homem rico, conquanto alegasse ser filho de Abraão, estava perdido para sempre quanto ao reino de Deus.
Assim, ao considerarmos esta parábola, podemos ver que nada há que diga respeito ao ensino da condição dos homens na morte.
O apóstolo Paulo também fala da diferença entre o corpo natural e o corpo espiritual2. E com isto está se referindo a algo que, novamente, não significa que haverá uma condição após a morte de contínua consciência.
A Bíblia ensina que a morte é um sono até à ressurreição. Essa fé sempre foi uma barreira contra o espiritismo e as chamadas aparições dos queridos que morreram, como se dá hoje nas seções espíritas. Mas o dia da ressurreição virá quando todos os que estão adormecidos em Cristo viverão, e os que estiverem vivos vão ser transformados, e para sempre estarão com o Senhor.
E isso é o que importa. Eu digo, amém.

Nota:
1) Flávio Josefo, (37 a 100 d.C.). Nas próprias palavras dele, em sua biografia,disse: "...eu tenho meu nascimento no primeiro ano do reinado do imperador Caio César." (Esse imperador era conhecido como Caligula, eseu reinado foi de 37 a 41. d.C..
Josefo era também conhecido por dois outros nomes: o hebraico Yosef bem Matityahu (José Filho de Matias), e, após se tornar um cidadão romano, como Tito Flávio Josefo.
Ele foi um historiador e apologista judaico-romano, descendente de uma linhagem de importantes sacerdotes e reis. Ele registrou in loco a destruição de Jerusalém no ano 70, pelas tropas do imperador romano Vespasiano, comandadas pelo seu filho Tito, futuro imperador.
2) Em 1a Cor. 15:44 lemos "Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual" (Almeida Fiel, editada pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil).
3) Este artigo adaptamos do final da lição 8, "A Condição na Morte", e parte da 9 e do epílogo (lição 14), gravadas em Fitas K7 e CDs no segundo semestre de 1999, narrado em português, em estúdio, pela equipe de Ágape Edições, com o título geral "A Natureza do Homem ", dos comentários das lições da escola sabatina para aquele trimestre, pelo pastor Alexandre Snyman, missionário adventista na África peia maior arte do seu longo ministério.
Este "KJt", em um lindo estojo com 7 fitas K.7, ou 7 CDs, todos de 80 minutos, você pode adquirir pedindo-o a nós, e lhe remeteremos pelo correio. As abundantes citações do Espírito de Profecia são narradas em uma voz feminina, dando a impressão de se estar ouvindo a própria autora.