quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Lição 9 — O jugo de Jeremias, por Daniel Peters



Para 21 a 28 de novembro de 2015

Nunca há um momento em que não se esteja a levar um jugo — seja jugo de escravidão ou o
jugo de Cristo, recebido por aceitar o convite de Jesus para ser crucificado com Ele.
Jeremias trouxe uma mensagem de Deus aos líderes da nação e foi rejeitada — em 1888, Waggoner e Jones trouxeram uma mensagem de Deus para a liderança desta Igreja que também foi rejeitada. Nada mudou desde a época de Jeremias. Como houve consequências, então, assim haverá agora.
 “Há dois jugos e dois fardos. O fardo do pecado é realmente pesado e, se ele não for perdido ao pé da cruz, irá afundar o portador à perdição. Para todos os que estão fortemente carregados de pecado, Jesus diz: ‘Vinde a Mim, ... e Eu vos aliviarei’. Não há dúvida sobre isso. Se forem, diz Ele, ‘achareis descanso para as vossas almas’. Então, por que não ir? Por que carregar um fardo pesado, quando alguém oferece livremente transportá-lo para você? Em troca lhe dará a sua própria carga, que é leve. O ‘jugo de escravidão’ é um jugo mortificante. Deste Cristo irá livrar a quem for a Ele, e garante: ‘Se pois, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres’. João 8:36.1
A única parte desta lição que nos é dito para confiar à memória é: “Então Ele disse a todos: Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me”. (Lucas 9:23).
Ellen White, forte apoiadora da mensagem de 1888, escreve: “Devemos levar o jugo de Cristo para que possamos ser postos em completa união com Ele. ... Ouvi o que Deus diz: ‘Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me’. O jugo e a cruz são símbolos que representam a mesma coisa”.2 A Bíblia deixa claro que qualquer coisa que conduza à salvação que traga sobre si as impressões digitais do homem é um jugo de escravidão — o contínuo pecar.
 “O fracasso com muitas pessoas é que fazem uma distinção entre a cruz de Cristo e as suas próprias cruzes. Não há nenhuma cruz que venha a qualquer pessoa sobre a Terra, exceto a cruz de Cristo. Se sempre nos lembrarmos disso, será vida e alegria para nós.
 “O Senhor não nos dá algumas cruzes nossas próprias,-- pequenas cruzes adaptadas a diferentes pessoas, — um tendo uma cruz e outra levando outra. Não podemos separar Cristo da Sua cruz. Cristo está crucificado, Ele é o único crucificado; portanto, qualquer que seja a cruz que venha a nós deve ser a cruz de Cristo, e essa cruz está conosco continuamente. Mas na cruz de Cristo encontramos o próprio Cristo.
 “O que conseguimos através da cruz? — O perdão dos pecados, a reconciliação. 'Também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus' (1ª Pedro 3:18). ‘Para que pudesse reconciliar ambos com Deus em um só corpo pela cruz’. É a cruz, então, que nos une a Deus, e faz-nos um com Ele. Tudo, então, que seja uma cruz é vida para nós, porque nos leva a Deus. Tome as coisas que vêm a nós; novos deveres talvez, nos sejam revelados; pecados, talvez, nos sejam mostrados, que precisam ser negados. Coisas diferentes surgem que eliminam nossos hábitos e nosso próprio caminho e conveniência. Podemos carregá-los de uma forma dura e triste, reclamando sobre a nossa religião, e dando a todos que se aproximam com ideia que não concordam com as nossas, que temos de suportar o serviço de Cristo na esperança de que, no além, vamos obter algo melhor, quando sairmos deste serviço desgastante. Ou podemos encontrar a alegria na cruz e salvação e paz e descanso, ao reconhecermos nessa cruz a cruz de Cristo.
 “Suponha que somos mesquinhos. Bem, temos que fazer sacrifícios pela causa de Deus, e assim sabemos que temos de dar alguma coisa. Nós reclamamos sobre isso, e recuamos disso, mas finalmente à força de trabalho duro, conseguiremos realizar alguma coisa . Então penso sobre que cruz difícil carregamos. ... Não é assim; quando a consideramos dessa maneira, então é a nossa própria cruz, com Cristo deixado de fora, e não há salvação senão na cruz de Cristo.
 “Com mil outras coisas é o mesmo. Lamentamos sobre elas, e é somente pela força de vontade que temos força até o esgotamento, e tomamos o remédio amargo, consolando-nos com o pensamento de que, aos poucos, tudo isso vai acabar. Não haverá tempos difíceis quando chegarmos ao Reino.
 “Possivelmente destacamos isto fortemente e ainda esta é a ideia da vida cristã com um grande número de pessoas que professam ser cristãs. Cantamos sobre como 'descansaremos no celeste porvir’, e de alegrias a vir, dando ao mundo a ideia de que não há alegria no presente. A ideia também comumente é de quanto mais difícil for a cruz, mais alegria haverá quando isso tiver findado3. Isso não é cristianismo, em absoluto, mas paganismo.
 “Agora todas essas coisas sobre que temos laborado podem ser coisas que Deus exige que façamos. Ele não nos obriga a nos açoitar com chicotes, ou ir em peregrinação de joelhos; mas a única diferença entre nós mesmos, quando transformamos nossos deveres em encargos, e o homem que se chicoteia ou sobe escadas de joelhos é que tornamos penitências aquelas coisas que Deus exige, e o outro faz sua penitência além das coisas que o Senhor de nós requer. No entanto, julgamos ser melhores do que ele!
 “Ambas as classes estão tentando colocar uma cruz que tomaria o lugar da cruz de Cristo. As pessoas pedem ao Senhor para aceitar a sua oferta pelo pecado. Cada cruz que os homens carregam dessa forma é dura. Se isso fosse tudo o que há na cruz, essas cruzes deveriam ter servido ao seu propósito, pois foram amargas e cruéis o suficiente, então deve haver algo mais na cruz além de dureza. Popularmente a ideia é de que qualquer coisa que seja desconfortável – que uma pessoa não gosta de fazer — é uma cruz, e alguns homens realizam suas obrigações ... tornando-se desconfortáveis o tempo todo.
 “A ideia tem sido: ‘Nenhuma cruz, nenhuma coroa’; quanto mais sofremos, mais desfrutaremos do além. Este é tempo de sofrimento, no além termos o tempo de desfrute. Então, vamos suportar isso. Certamente, pensamos, essas cruzes nos levarão para mais perto de Deus.
“Sempre desejamos chegar mais perto, contudo encontrando-nos longe. Então não tivemos Cristo na cruz, embora nos convencêssemos de que estávamos acreditando em Cristo e levando a Sua cruz. ... O problema foi que tivemos uma cruz no lugar da cruz de Cristo, — um  substituto para ela.
 “Quem estava naquela cruz? — o Eu. O poder da cruz de Cristo é o poder de Sua vida, — o  poder de uma vida infinita. O poder em nossas cruzes era somente o poder da nossa própria vida, o que é nada, e não poderia trazer-nos para mais perto de Deus. Estávamos crucificando-nos em nossas próprias cruzes; e ao pensarmos que essas cruzes eram a cruz de Cristo, fomos nos colocando no lugar de Cristo”. [4]
Lembre-se, só há uma cruz real no mundo, e é a cruz de Jesus Cristo. Se aceitarmos o ponto de vista popular do velho concerto de que Cristo está apenas perto de nós, necessitaríamos de nos crucificar na nossa própria cruz perto de Cristo. Esta é uma falsa “verdade” sem salvação ou perdão dos pecados nela.
A mensagem trazida a nós em 1888 refutou esta opinião popular e restaurou a cruz de Cristo ao seu lugar de direito dentro da Igreja — dentro do crente. Essa restauração é que foi rejeitada.
 “A questão para todos é: ‘Você sabe que Cristo vive em você? Você está unido a Ele?’ Há muitas pessoas que são professos obreiros para Ele, que não ousam dizer que Cristo vive neles; não sabem que Cristo é um com eles. Quando estávamos transportando cruzes segundo a maneira que descrevemos, não poderíamos dizer, ‘Cristo vive em mim’. Assim, estávamos separados de Deus e, separados da Sua cruz. Era eu no lugar de Cristo, uma ‘forma de piedade, mas negando a eficácia dela’, pois o poder da divindade é a cruz de Cristo. Nós negamos a cruz de Cristo, por isso negamos o poder do Evangelho.
 “Cristo foi crucificado pelo pecado. Não houve cruz exceto para o pecado. Ele levou os nossos pecados. Há uma alegria maravilhosa derivada deste fato para nós, de que enquanto estamos ainda no pecado somos autorizados a reivindicar a Cristo como nosso, e dizer ‘Estou crucificado com Cristo; não obstante vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e a Si mesmo se entregou por mim’. Se nós não podíamos afirmar isso com toda segurança enquanto ainda pecadores, nunca poderemos fazê-lo. Mas, enquanto em pecado, podemos reivindicar a Cristo como nosso, e que Ele está em nós. Sabemos disso porque o Espírito Santo diz que é assim. Para o homem que crê no Senhor e se atreve a afirmá-lo, é força eterna.
 “Cristo é o Salvador presente de todos os homens. ... Tomar a cruz é levá-Lo. Negar a si mesmo é apropriar-se dEle. Crucificar o eu de fato é tomar a Sua vida, e a vida que vivemos com Ele não é de dureza e desconforto, e o exercício de deveres desagradáveis por causa do gozo do além, mas é o constante brotar de vida e da alegria; de forma que com alegria e sem resmungos tiramos água das fontes da salvação. Faz toda a diferença quando temos a Sua cruz”.5
Aceitaremos a mensagem que Deus nos enviou em 1888, ou vamos cegamente permanecer sob o jugo da escravidão, enquanto aguardando consequências eternas adicionais? Aceitaremos a mensagem de Cristo em nós — não apenas perto de nós?

--Daniel Peters
Notas:                                 Endnotes:

1) E. J. Waggoner, "Judgment and Mercy," [Julgamentoe Misericórdia] The Signs of the Times, 3 de Nov. de 1887;

2) Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, pág. 1090;

3) E. J. Waggoner, "The Cross and Crosses," [A Cruz e Cruzes]  The Present Truth, 22 de Feb. 22, de 1894;

4) Iibidem;

5) Ibidem.           

O irmão Daniel Peters e sua esposa Linda, vivem na parte leste da cidade de Los Angeles, Estado da Califórnia, EUA. Ele trabalha como conselheiro oficial antidrogas e álcool para mães e mulheres grávidas. O seu coração foi sensivelmente tocado pela “mui preciosa mensagem” (Test. p/ Ministros, págs . 91 e 92) e sua vida tem sido apaixonadamente dedicada a esta mensagem que Deus outorgou à Sua igreja em 1888. Ele e sua família são membros da igreja adventista do sétimo dia de Whittier, uma cidade a 19 kms ao sul de Los Angeles, localizada no nº 8841 na Calmada Avenue, Whittier, Ca. 90605, EUA. Ele é tataraneto de Ellet J. Waggoner. O irmão Daniel é um ardoroso estudante da Bíblia e do Espírito de Profecia e de toda literatura relativa à mensagem de 1888. Ele foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, realizado em 21 e 22 de maio de 2010) na Igreja Adv. Do 7º Dia da cidade de Reno, estado de Nevada, localizada na 7125 Weest 4th Street.
          Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Lição 8 — As reformas de Josias, por Roberto J. Wieland



Para 14 a 21 de novembro de 2015

“Por centenas de anos após a morte de Salomão, uma visão estranha e melancólica poderia ser percebida em frente do Monte Moriá. Coroando o ponto mais alto do Monte das Oliveiras, e olhando por cima dos bosques de árvores de murta e oliveiras, havia imponentes edifícios para o culto idólatra de gigantescas imagens de madeira e pedra. ...  Mal sabia Salomão que quando ele construiu santuários profanos no monte diante de Jerusalém, essas evidências de sua apostasia permaneceriam de geração em geração para testemunhar contra ele. Não obstante o seu arrependimento, o mal que ele fez perdurou após ele, testemunhando da queda terrível do maior e mais sábio dos reis.
 “Mais de três séculos mais tarde, Josias, o reformador jovem, demoliu, em seu zelo religioso, aqueles edifícios e todas as imagens de Astarote e Quemós e Moloque. Muitos dos fragmentos partidos rolaram pelo canal do Cedrom, mas grandes massas de ruínas permaneceram . Até mesmo nos dias de Cristo, as ruínas no ‘Monte das Ofensas’, como o lugar era chamado por muitos dos que eram de coração sincero em Israel, ainda podiam ser vistas. Pudesse Salomão, quando erguendo esses santuários idólatras, ter contemplado o futuro, recuaria em horror ao pensar no triste testemunho que dariam do Messias!
 “Quão triste é o pensamento de que a influência de longo alcance da apostasia de Salomão nunca poderia ser totalmente neutralizada. O rei confessou os seus pecados, e redigiu, para benefício de gerações posteriores, um registro de sua loucura e arrependimento. Mas ele nunca poderia esperar destruir a influência nefasta de suas más obras. Encorajado por sua apostasia, muitos continuaram a fazer o mal, e só o mal. E o percurso descendente de muitos dos governantes que o sucederam pode ser atribuído à triste influência da prostituição dos seus poderes concedidos por Deus” (Ellen G. White, Review and Herald, 15 de fevereiro de 1906).
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O que há no relato das “reformas de Josias”, ocorridas ao tempo dos reis da época do Velho Testamento, que pode possivelmente se relacionar com a mensagem de 1888? E com a Igreja Adventista do Sétimo Dia (nós) hoje?
Há uma palavra que se destaca na citação acima de Ellen White, e na história como discutido na lição: arrependimento!
Moisés clamou a sucessivas gerações para reconhecer e confessar sua culpa corporativa com “seus pais”: “E confessarão a sua iniquidade, e a iniquidade de seus pais, com as suas transgressões com que transgrediram contra Mim; como também eles andaram contrariamente para comigo. Eu também andei para com eles contrariamente, e os fiz entrar na erra de seus inimigos; se então o seu coração incircunciso se humilhar, e então tomarem por bem o castigo de sua iniquidade ... Por amor deles Me lembrarei da aliança com os seus antepassados, que tirei da terra do Egito” (Lev. 26:40, 41 e 45. Leia do vs. 3 até 45). Eles deviam explicitamente confessar a sua iniquidade, e a iniquidade de seus pais (vs.40).
* O Pr. Wieland está tentando mostrar através deste texto que a culpa corporativa e arrependimento corporativo não são conceitos “novos”. A sentença, "Eles deviam, explicitamente, confessar a sua iniquidade, e a iniquidade de seus pais" fortalece o fato de que este conceito remonta ao tempo de Moisés.
Gerações sucessivas muitas vezes reconheceram a verdade deste princípio. O rei Josias, procurando promover arrependimento corporativo no seu tempo, confessou que “grande é o furor do Senhor, que se acendeu contra nós, porquanto nossos pais não deram ouvidos às palavras deste livro, para fazerem conforme tudo o que está escrito a nosso respeito” (2º Reis 22:13). Ele não disse nada sobre a culpa de sua própria geração por ver de forma tão clara o seu envolvimento com a culpa de gerações anteriores. O escritor do livro de Crônicas concorda com esta confissão de culpa corporativa (2º Crô. 34:21).
O zelo deste jovem rei para com o Senhor era ilimitado. Mais uma vez, em profunda piedade ele procurou renovar a antiga aliança (*o velho concerto): “Ele fez todos os que se achavam em Jerusalém e em Benjamim [tomassem a sua posição por ela]” (2º Crô. 34: 31, 32).
O reavivamento e reforma do rei Josias teve por base levar todas as pessoas a fazerem uma promessa a Deus de que “cumpririam” os “Seus mandamentos”. Lemos: E o rei se pôs em pé junto à coluna, e fez a aliança perante o Senhor, para seguirem o Senhor, e guardarem os seus mandamentos, os seus testemunhos e os seus estatutos, com todo o coração e com toda a alma, confirmando as palavras desta aliança, que estavam escritas naquele livro; e todo o povo apoiou esta aliança (2º Reis 23: 3).
Podemos estar inclinados a pensar que foi uma coisa boa. Mas é essencialmente o mesmo erro que seus antepassados cometeram quando Deus lhes deu a Sua promessa de eterna aliança no Monte Sinai. A aliança de Deus foi a mesma que fizera com Abraão.
A justificação pela fé de Abraão era para ter sido o guia da missão mundial de uma nação. “Em ti serão benditas todas as famílias da terra”, o Senhor prometeu (Gên. 12:3). Abraão não fez nenhuma promessa em troca; tudo quanto fez foi acreditar na promessa do Senhor (Gên. 15:6). Essa promessa de Deus era a nova aliança (*o novo concerto).
Antes da promulgação da lei no Sinai com os “trovões, e relâmpagos”, terremoto, fogo e os limites da morte, o Senhor tentou restabelecer o mesmo novo pacto com os descendentes de Abraão: “Se diligentemente ouvirdes a Minha voz, e guardares a Minha aliança [Sua promessa da nova aliança com Abraão], então sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos” (Êxo. 19: 5).1  Dentre todas as nações do mundo, eles deviam ser “a cabeça e não a cauda” (Deut. 28:13). Mas o Monte Sinai foi o ponto de retorno no destino da nação, pois recusaram a nova aliança do Senhor da justificação pela fé. Em vez de humildemente dizerem “Amém” à promessa de Deus como Abraão fez (a palavra hebraica para “acreditar” é amém), o povo prometeu um programa de obras de obediência, “Tudo o que o Senhor tem falado, faremos” (Êxo. 19:8), (*“e obedeceremos”, 24:7). Essa era a antiga aliança (*o velho concerto, promessas de homens). A nação envolveu-se num longo desvio que finalmente a levou ao terrível ato da crucificação de Cristo.
Deus disse a Josias através da profetisa Hulda o que Ele apreciava nele: Porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante o Senhor, quando ouviste o que falei contra este lugar, e contra os seus moradores, que seria para assolação e para maldição, e que rasgaste as tuas vestes, e choraste perante mim” (2º Reis 22:19). Já dá para perceber o que motivou o arrependimento de Josias. Foram as palavras de Deus contra Judá e a maldição da desolação. A fé de Josias foi motivada pelo temor do que Deus havia previsto que cairia sobre eles. Esta motivação de medo era antiga aliança (*o velho concerto) do começo ao fim. Essa fé baseada no medo nunca poderia produzir uma reconciliação de coração, uma harmonia com o plano divino.
Hulda profetizou a morte precoce de Josias. Deus falando através dela, disse: “Eis, portanto, que eu te recolherei a teus pais, e tu serás recolhido em paz à tua sepultura; e os teus olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este lugar” (vs. 20). Josias praticou todos os tipos de mudanças exteriores de reforma. Deus apreciou os seus esforços. Mas as mudanças foram apenas de natureza cosmética. Nem o coração do rei, nem o do povo experimentou a fé genuína, que é uma apreciação de coração por Deus tê-los amado e Se dado por sua salvação do pecado.
Apesar de manter tal devoção ao Espírito de Profecia escrito, Josias conseguiu rejeitar a sua demonstração viva. O problema foi que o “dom espiritual” renovado veio pela forma mais improvável que o rei ou o povo pudessem imaginar — da boca de um rei supostamente pagão!
Faraó Neco do Egito estava conduzindo o seu exército em oposição ao poder crescente de Babilônia. Josias pensou que era seu dever atacá-lo. (*Afinal de contar) não dissera Moisés no Espírito de Profecia que Israel se opusesse aos  pagãos? Mas o rei zeloso não podia discernir como Neco estava a serviço de Deus. Ele alertou Josias, guarda-te de te opores a Deus, que é comigo, para que Ele não te destrua” (2º Crô. 35:21). O cronista diz que o rei “não deu ouvidos às palavras de Neco, que saíram da boca de Deus”. O Senhor foi forçado a deixar o jovem rei morrer de seus ferimentos de batalha (v. 22-24). Jeremias ficou de coração partido pelo reavivamento de Josias extinguir-se com a sua morte prematura. A partir de então, foi tudo morro abaixo.
Como Josias, seria possível que nós, como adventistas do sétimo dia, pensemos ser super-fiéis ao “Espírito de Profecia” ao mesmo tempo em que rejeitamos a sua demonstração viva? Isso aconteceu em 1888; nossos irmãos foram repetindo o “filme” de Josias. Ao rejeitar a “mui (*sic) preciosa mensagem” “enviada do céu” eles imaginavam que estavam sendo fiéis a antigos escritos de Ellen White, pondo de lado a mensagem viva do Senhor.2 (*Veja também Testemunhos para Ministros, págs. 91 em diante).
Será que estamos repetindo revivamentos e reformas da antiga aliança (*do velho concerto) de Israel? Reflexão séria força uma resposta: como uma corporação somos tão mornos agora como estávamos mais de um século atrás. Quando “nós” “em elevado grau” e “em grande medida” rejeitamos a “mui (*sic) preciosa” nova verdade da aliança que veio na época de 1888, “nós” nos trancamos em “muitos anos mais” de um desvio de uma aliança antiga como certamente fez Israel no Sinai.3
A experiência de fé da nova aliança foi o principal enfoque da oposição da liderança à mensagem de 1888. Enquanto se opuseram aos “mensageiros”, A. T. Jones e E. J. Waggoner, realmente preferiram os elementos essenciais da antiga aliança. A Ellen White foi mostrado em visão que esses líderes reverenciados estavam perdendo tempo tentando incitar uma opinião diferente da de Waggoner, porque ela estava “demonstrando” que ele estava certo.4
Ideias da Antiga Aliança continuaram a predominar em nossa experiência. Nossos reavivamentos e reformas seguiram o padrão dos de Israel. Ainda não temos como Igreja verdadeiramente recuperado a nova aliança que “nós” em grande parte rejeitamos um século atrás.
No grande dia final da expiação, todas as falhas do antigo Judá e Israel devem e vão finalmente ser corrigidas num arrependimento de todos os tempos. Jesus diz: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo, sê pois zeloso, e arrepende-te” (Apo. 3:19).
Existe alguma razão especial por que nosso Senhor chama a “Igreja remanescente” a arrepender-se? É fácil supor que somente as igrejas falsas ou apóstatas precisam se arrepender. Quanto mais convencidos somos de que uma certa denominação representa a verdadeira “Igreja remanescente” da profecia bíblica mais perplexos ficamos em entender como ela precisa seriamente de uma experiência de arrependimento. Mas sua única esperança reside em tal possibilidade.
O pecado fundamental de toda a humanidade é o ódio e rejeição de Cristo, que se manifestou na Sua crucificação. O arrependimento por esse pecado é onde o milagre da expiação ocorre. A nossa história de 1888 ilustra esta verdade, e a mensageira inspirada do Senhor foi rápida em discernir o seu significado. A Assembleia de 1888 foi um calvário em miniatura. Proporcionou uma demonstração pública do mesmo espírito de descrença e ódio da justiça de Deus que inspirou os judeus a assassinarem o Filho de Deus. (*Veja Mensagens Escolhidas, vol. 1, págs. 234, último parágrafo, e 235 primeiro parágrafo).
Ellen White explica por que precisamos nos arrepender, e como nos relacionamos com o “antigo povo” de Deus:
 “Se com toda a luz que brilhava sobre o Seu povo antigo traçado diante de nós, viajarmos sobre o mesmo terreno, valorizarmos o mesmo espírito, nos recusarmos a receber a repreensão e advertência, então nossa culpa será grandemente aumentada, e a condenação que caiu sobre eles cairá sobre nós, só que será tanto maior quanto a nossa luz é maior nesta época do que foi a sua luz em sua época”.5
 “Todo o universo do céu testemunhou o tratamento vergonhoso de Jesus Cristo, representado pelo Espírito Santo [na Assembleia de 1888]. Se Cristo estivesse perante eles, [os líderes] O teriam tratado de uma forma semelhante àquela em que os judeus trataram a Cristo”.6
Homens que professam piedade desprezaram a Cristo na pessoa de Seus mensageiros [E. J. Waggoner e A. T. Jones]. Como os judeus, eles rejeitam a mensagem de Deus”.7  (*Referindo-se a estes dois jovens mensageiros ela diz mais: “Se rejeitardes os mensageiros delegados por Cristo, rejeitais a Cristo” Testemunhos para ministros, pág. 97, no meio do último parágrafo).
Ela acreditava que a Igreja Adventista do Sétimo Dia é a verdadeira “Igreja remanescente” da profecia bíblica, encarregada da proclamação ao mundo da última mensagem de misericórdia do evangelho de Deus; e que o arrependimento e a humildade de coração diante de Deus seriam a única resposta apropriada que “nós” podemos dar para permitir ao Céu derramar a plenitude do Espírito Santo para a realização da tarefa.
A nossa história denominacional é, de fato, um contínuo apelo ao arrependimento. O arrependimento a que Cristo chama está começando a ser realizado. Quando um membro de uma congregação cai em pecado, um pouco de reflexão pode convencer muitos membros de que partilham em sua culpa. Se tivéssemos sido mais alerta, mais bondosos, mais prontos para falar “uma boa palavra ao que está cansado”, mais eficazes em comunicar a verdade pura e poderosa do evangelho, poderíamos ter salvado o membro errante de cair. Portanto, é encorajador acreditar que dentro desta geração um grande senso de preocupação amorosa pode ser obtido em escala mundial. Com “a mente de Cristo”, um laço de simpatia e companheirismo está estabelecido “nEle.” Este milagre irá seguir as leis de graça.
Essa experiência vai transformar a Igreja em um dínamo do amor. É plano de Deus que nenhuma igreja terá capacidade de assento para os pecadores convertidos que vão querer entrar nela. Arrependimento corporativo e denominacional é toda a Igreja experimentando o amor semelhante ao de Cristo e empatia para com todos por quem Ele morreu.
 “É chegado o tempo de realizar uma reforma completa. Quando esta reforma começar, o espírito de oração atuará em cada crente e banirá da Igreja o espírito de discórdia e luta. ... Todos estarão em harmonia com a mente do  Espírito”.8


Extraido dos escritos de Robert J. Wieland
Notas:

1) A palavra hebráica geralmente traduzida por “obedece” significa “ouça” (shamea). A palavra traduzida “guarde” neste texto é shamar, que em Gênesis 2:15 significa “apreciar,” entesourar, honrar sobremaneira, mas não explicitamente “obedecer”.

2) Veja, por exemplo, as cartas de Urias Smith e G;I; Butler a Ellen G. White, de 17 de fevereiro de 1890, e 24 de setembro de 1892, respectivamente Manuscripts and Memories of Minneapolis 1888, (Manuscritos e Memórias de Mineapolis,  em 1888), págs. 152-157 e 206-212). O Senhor não somente enviou “profetas” a Israel, mas também “mensageiros” (2º Crônicas 36: 16, Versão do Rei Tiago, King James version; e, em português na Almeida, edição Contemporânea, e outras);

3) Veja a carta 184, de Ellen G. White, 1901; e Evangelismo pág. 696;    

4) Veja as cartas de Ellen G. White: 30 e 59 de 1890;                                

5) E. G. White, Review and Herald, de 11 de abril de 1893;                       

6) E. G. White, Special Testimonies, Serie A, nº. 6, pág. 20;                       

7) E. G. White, Fundamentos da Educação Cristã, pág. 472;                      

8) E. G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 8, pág. 251.                       

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido.
Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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