terça-feira, 10 de novembro de 2015

Lição 7— A crise continua, por Mary Chun



Para 7 a 14 de novembro de 2015

Jeremias escreveu um dos livros mais longos do Antigo Testamento, com 52 capítulos, e na sequência  redigiu o livro das Lamentações, de 5 capítulos. Ao passarmos em revista Jeremias vemos que ele procede de uma família sacerdotal de Anatote, um subúrbio de Jerusalém. É interessante comparar os fundamentos de Paulo e Jeremias; ambos foram escolhidos para os seus ministérios antes do nascimento, e ambos tinham missões específicas para os gentios, mas a missão e a mensagem principal de Jeremias foram dirigidas a Judá.
Outra nota surpreendente sobre Jeremias é que em sua tenra idade ele relutou em falar em público — sentia-se inadequado. Será que isto não nos faz lembrar de Moisés, que na sua idade tardia, aos 80 anos, sentia que não podia falar bem? No entanto, Deus trabalhou por meios poderosos com Moisés para que liderasse o Seu povo. No chamado de Isaías, um serafim tocou a sua boca com um carvão quente para purificá-lo (Isa. 6: 6, 7). No caso de Jeremias, o Senhor tocou-lhe a boca para que transmitisse a Sua mensagem (Jer. 1:9).
Jeremias é um grande profeta, bem intenso da personalidade humana, aquele com quem podemos nos identificar, compreender e apreciar. Ele é dotado de tal poder misterioso do alto que às vezes somos surpreendidos com a sua grandeza. Vemos Jeremias tão humanamente fraco, no entanto, tão divinamente firme; seu amor tão humanamente terno, contudo tão divinamente santo; seus olhos derramando lágrimas ao contemplar a aflição a advir sobre o seu povo, todavia brilhando com ardor de fogo de indignação contra os seus pecados e abominações. Seus lábios transbordavam com simpatia para com a filha de Sião, apenas para pronunciar-se no mesmo fôlego sobre o juízo e condenação que ela tão plenamente merecia. Jeremias é verdadeiramente uma personalidade marcante e poderosa. Ele é tão compassivo, que não podemos deixar de reconhecer nele um instrumento especialmente escolhido e preparado por Deus de graça e força e sabedoria.
Vemos o desdobramento do ministério de Jeremias. O povo de Deus tinha sido cativado pela idolatria, adultério, calúnia e maus caminhos, resultando no afastamento de seus corações de Deus. Parece ser o que está acontecendo hoje. Quando você ler Jeremias 9, verá a dor e o pranto do profeta sobre Sião. Eles estavam perdendo o conhecimento de Deus. Ao mesmo tempo, Deus também está chorando quando o Seu povo está à deriva, seguindo seus próprios caminhos. Este é exatamente o conceito de arrependimento corporativo que Jeremias está praticando; sua preocupação é para com todas as pessoas, não apenas para si mesmo. Embora ele próprio fosse inocente, Jeremias confessou e se arrependeu dos pecados de seus pais: “Posto que as nossas maldades testificam contra nós, ó Senhor, age por amor do Teu nome; porque as nossas rebeldias se multiplicaram; contra Ti pecamos” (Jer 14 : 7).
 “Há paralelos marcantes na história da obra de Deus: Jeremias e Ezequiel confiantes de que o desastre nacional deve ultrapassar o reino de Judá, a menos que o arrependimento fosse recebido no mais alto nível de liderança, sempre um “coro solitário” de pessoas que tremiam ante a palavra do Senhor, mas eram poucos e humildes. Nos primeiros dias dos apóstolos, Paulo advertiu que “depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho. E que dentre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (Atos 20:29, 30). Mais uma vez, um “coro solitário” disse a verdade que foi largamente ignorada. “Houve um afastamento” e falsidades pagãs foram autorizadas a se infiltrar na Igreja, levando à Idade das Trevas da grande apostasia”.1
Nos capítulos 7 e 26 Jeremias busca trazer o seu povo ao arrependimento. Se Judá voltar para Deus, pode evitar a destruição horrível de invasão babilônica que paira sobre a nação como uma nuvem escura no horizonte. Foi triste a tarefa de Jeremias em alertar o seu povo tantas vezes da destruição que se aproximava e de que essa catástrofe era um julgamento de Deus. Esta mesma mensagem despertou raiva entre os judeus. Jeremias foi visto como um traidor, e foi perseguido de uma forma mais intensa do que qualquer outro profeta hebreu. Cristo foi tratado da mesma maneira.
Há também um paralelo no que Ellen G. White escreveu sobre o tempo de Elias: “Para o ferido Israel só havia um remédio — Afastarem-se dos pecados que haviam atraído sobre eles a mão punidora do Onipotente, e tornarem-se para o Senhor com inteiro propósito de coração. A eles fora-lhes dada  a certeza: ‘Se eu cerrar os céus, e não houver chuva, ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra, ou se enviar a peste contra o Meu povo; e se o Meu povo, que se chama pelo Meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a Minha face e se converter dos seus maus caminhos, então Eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra’ (2ª Crônicas 7:13,14). Foi para fazer que chegasse a esse bendito resultado, que Deus continuou a reter deles o orvalho e a chuva até que tivesse lugar uma decidida reforma”.2
Esta declaração resume lindamente o núcleo da mensagem de 1888: “Em misericórdia, Deus procura conduzir os injustos ao arrependimento. O obediente vai se comprazer na lei do Senhor. Ele coloca as Suas leis em suas mentes, e as escreve em seus corações... O seu discurso será como inspirado por um Salvador que habita em seu íntimo. Eles têm aquela fé que atua pelo amor e purifica a alma de toda contaminação das sugestões de Satanás. Seu coração anseia por Deus. Em sua conversão gostam de se demorar em Sua misericórdia e bondade, pois para eles Ele é totalmente desejável. Aprendem a linguagem do Céu, o país da sua adoção”.3
Que aprendamos a lição que Jeremias está trazendo através da preciosa mensagem de arrependimento, e do amor misericordioso que brota do coração de Deus para o Seu povo. Ele está sempre batendo à porta do nosso coração, disposto a nos dar um novo coração.
Examine a letra deste antigo hino, palavras surpreendentes do “O Amor Divino”, de Carlos Wesley (Hino 107 do Hinário Adventista:)
Alegrias vem trazendo o eternal e santo amor,
Lá do alto firmamento, para os crentes no Senhor;
Vem e limpa a nossa vida, e com meiga compaixão
Purifica, nós rogamos, o perverso coração.

Vem preside nossa vida, Divinal e santo amor,
Dá-nos força nesta lida, até o nosso sol se pôr!
Que estejamos bem dispostos nosso sangue entregar
Pela causa da verdade, vida ou morte, mas lutar!4

 Tenha coragem e esperança nas infalíveis amorosas misericórdias do nosso Senhor.

Notas do autor:
1) Meditação diária do Pr. Roberto Wieland, de 2004;
2) Ellen G. White, Profetas e Reis, pág. 128;
3) Ellen G. White, The Upward Look [Olhar para o Alto]; Carta 281, de 10/10/1905, escrita ao Dr. Daniel H. Kress e esposa;
4) Hino 107 do Hinário Adventista; autoria de Carlos Wesley.                

A irmã Maria Chun é uma enfermeira padrão (com as graduações: RN e BSN), graduada pela Universidade Adventista Andrews, e vive na área de Loma Linda. Ela é membro ativa da igreja da Universidade de Loma Linda, e é a diretora do ministério de Saúde da Universidade de Loma Linda — CHIP = Coronary Health Improvement Project    (Projeto de Melhora da Saúde Coronária). Maria cresceu no sul da California, em cultura chinesa de crenças místicas, mas converteu-se ao adventismo do sétimo dia e agora gosta de estudar a "mui preciosa mensagem" da Justiça de Cristo.
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