Para 7 a 14 de novembro de 2015
Jeremias escreveu um dos livros mais longos do Antigo Testamento, com 52
capítulos, e na sequência redigiu o
livro das Lamentações, de 5 capítulos. Ao passarmos em revista Jeremias vemos
que ele procede de uma família sacerdotal de Anatote, um subúrbio de Jerusalém.
É interessante comparar os fundamentos de Paulo e Jeremias; ambos foram
escolhidos para os seus ministérios antes do nascimento, e ambos tinham missões
específicas para os gentios, mas a missão e a mensagem principal de Jeremias
foram dirigidas a Judá.
Outra nota surpreendente sobre Jeremias é que em sua tenra idade ele
relutou em falar em público — sentia-se inadequado. Será que isto não nos faz
lembrar de Moisés, que na sua idade tardia, aos 80 anos, sentia que não podia
falar bem? No entanto, Deus trabalhou por meios poderosos com Moisés para que
liderasse o Seu povo. No chamado de Isaías, um serafim tocou a sua boca com um
carvão quente para purificá-lo (Isa. 6: 6, 7). No caso de Jeremias, o Senhor
tocou-lhe a boca para que transmitisse a Sua mensagem (Jer. 1:9).
Jeremias é um grande profeta, bem intenso da personalidade humana,
aquele com quem podemos nos identificar, compreender e apreciar. Ele é dotado
de tal poder misterioso do alto que às vezes somos surpreendidos com a sua
grandeza. Vemos Jeremias tão humanamente fraco, no entanto, tão divinamente
firme; seu amor tão humanamente terno, contudo tão divinamente santo; seus
olhos derramando lágrimas ao contemplar a aflição a advir sobre o seu povo,
todavia brilhando com ardor de fogo de indignação contra os seus pecados e
abominações. Seus lábios transbordavam com simpatia para com a filha de Sião,
apenas para pronunciar-se no mesmo fôlego sobre o juízo e condenação que ela
tão plenamente merecia. Jeremias é verdadeiramente uma personalidade marcante e
poderosa. Ele é tão compassivo, que não podemos deixar de reconhecer nele um
instrumento especialmente escolhido e preparado por Deus de graça e força e
sabedoria.
Vemos o desdobramento do ministério de Jeremias. O povo de Deus tinha
sido cativado pela idolatria, adultério, calúnia e maus caminhos, resultando no
afastamento de seus corações de Deus. Parece ser o que está acontecendo
hoje. Quando você ler Jeremias 9, verá a dor e o pranto do profeta sobre Sião.
Eles estavam perdendo o conhecimento de Deus. Ao mesmo tempo, Deus também está
chorando quando o Seu povo está à deriva, seguindo seus próprios caminhos. Este é
exatamente o conceito de arrependimento corporativo que Jeremias está
praticando; sua preocupação é para com todas as pessoas, não apenas para si
mesmo. Embora ele próprio fosse inocente, Jeremias confessou e se arrependeu
dos pecados de seus pais: “Posto que as
nossas maldades testificam contra nós, ó Senhor, age por amor do Teu nome;
porque as nossas rebeldias se multiplicaram; contra Ti pecamos” (Jer 14 :
7).
“Há paralelos marcantes na
história da obra de Deus: Jeremias e Ezequiel confiantes de que o desastre
nacional deve ultrapassar o reino de Judá, a menos que o arrependimento fosse
recebido no mais alto nível de liderança, sempre um “coro solitário” de pessoas
que tremiam ante a palavra do Senhor, mas eram poucos e humildes. Nos primeiros
dias dos apóstolos, Paulo advertiu que “depois
da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao
rebanho. E que dentre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas
perversas, para atraírem os discípulos após si” (Atos 20:29, 30). Mais uma
vez, um “coro solitário” disse a verdade que foi largamente ignorada. “Houve um
afastamento” e falsidades pagãs foram autorizadas a se infiltrar na Igreja,
levando à Idade das Trevas da grande apostasia”.1
Nos capítulos 7 e 26 Jeremias busca trazer o seu povo ao arrependimento.
Se Judá voltar para Deus, pode evitar a destruição horrível de invasão
babilônica que paira sobre a nação como uma nuvem escura no horizonte. Foi
triste a tarefa de Jeremias em alertar o seu povo tantas vezes da destruição
que se aproximava e de que essa catástrofe era um julgamento de Deus. Esta
mesma mensagem despertou raiva entre os judeus. Jeremias foi visto como um
traidor, e foi perseguido de uma forma mais intensa do que qualquer outro
profeta hebreu. Cristo foi tratado da mesma maneira.
Há também um paralelo no que Ellen G. White escreveu sobre o tempo de
Elias: “Para o ferido Israel só havia um remédio — Afastarem-se dos pecados que
haviam atraído sobre eles a mão punidora do Onipotente, e tornarem-se para o
Senhor com inteiro propósito de coração. A eles fora-lhes dada a certeza: ‘Se eu cerrar os céus, e não houver chuva, ou se ordenar aos gafanhotos
que consumam a terra, ou se enviar a peste contra o Meu povo; e se o Meu povo,
que se chama pelo Meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a Minha face e se
converter dos seus maus caminhos, então Eu ouvirei dos céus, e perdoarei os
seus pecados, e sararei a sua terra’ (2ª Crônicas 7:13,14). Foi para fazer
que chegasse a esse bendito resultado, que Deus continuou a reter deles o
orvalho e a chuva até que tivesse lugar uma decidida reforma”.2
Esta declaração resume lindamente o núcleo da mensagem de 1888: “Em
misericórdia, Deus procura conduzir os injustos ao arrependimento. O obediente
vai se comprazer na lei do Senhor. Ele coloca as Suas leis em suas mentes, e as
escreve em seus corações... O seu discurso será como inspirado por um Salvador
que habita em seu íntimo. Eles têm aquela fé que atua pelo amor e purifica a
alma de toda contaminação das sugestões de Satanás. Seu coração anseia por
Deus. Em sua conversão gostam de se demorar em Sua misericórdia e bondade, pois
para eles Ele é totalmente desejável. Aprendem a linguagem do Céu, o país da
sua adoção”.3
Que aprendamos a lição que Jeremias está trazendo através da preciosa
mensagem de arrependimento, e do amor misericordioso que brota do coração de
Deus para o Seu povo. Ele está sempre batendo à porta do nosso coração,
disposto a nos dar um novo coração.
Examine a letra deste antigo hino, palavras surpreendentes do “O
Amor Divino”, de Carlos Wesley (Hino 107 do Hinário Adventista:)
Alegrias
vem trazendo o eternal e santo amor,
Lá
do alto firmamento, para os crentes no Senhor;
Vem
e limpa a nossa vida, e com meiga compaixão
Purifica,
nós rogamos, o perverso coração.
Vem preside nossa vida, Divinal e santo amor,
Dá-nos força nesta lida, até o nosso sol se pôr!
Que estejamos bem dispostos nosso sangue entregar
Pela causa da verdade, vida ou morte, mas lutar!4
Tenha coragem e esperança nas infalíveis amorosas
misericórdias do nosso Senhor.
Notas do autor:
1) Meditação
diária do Pr. Roberto Wieland, de 2004;
2) Ellen G. White, Profetas e Reis, pág. 128;
3) Ellen G. White, The Upward Look
[Olhar para o Alto]; Carta 281, de 10/10/1905, escrita ao Dr. Daniel H. Kress e
esposa;
4) Hino 107 do Hinário Adventista;
autoria de Carlos Wesley.
A irmã Maria Chun é uma
enfermeira padrão (com as graduações: RN e BSN), graduada pela Universidade Adventista Andrews, e vive
na área de Loma Linda. Ela é membro ativa da igreja da Universidade de Loma
Linda, e é a diretora do ministério de Saúde da Universidade de Loma Linda —
CHIP = Coronary Health Improvement Project —
(Projeto de Melhora da Saúde Coronária). Maria cresceu no sul da
California, em cultura chinesa de crenças místicas, mas converteu-se ao
adventismo do sétimo dia e agora gosta de estudar a "mui preciosa
mensagem" da Justiça de Cristo.
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