quarta-feira, 25 de março de 2015

Lição 13 — As Mulheres e o Vinho, por Paul e. Penno

Para 21 a 28 de março de 2015

O capítulo final em nosso estudo de todo o trimestre de Provérbios é um relato de duas mulheres. O capítulo 31 ilustra a “Lei de Salomão”. Há o termo avulso “mulheres” (Prov. 31:1-3) contrastado com a “mulher virtuosa” (vs. 10).
Em profecia, uma mulher é um símbolo de uma igreja, uma mulher pura sendo uma igreja pura, e uma mulher má aplicando-se a uma igreja má. A “mãe” retratada em Apoc. 17:1 é um símbolo de uma igreja que tem sido infiel a Cristo, e que tem “filhas”.
 “Caiu caiu Babilônia ... que a todas as nações deu a beber do vinho da ira de sua prostituição” (Apoc. 14:8). Agora o anjo diz a João que “os que habitam na Terra se embebedaram” com esse vinho do mal (Apoc. 17:2). A pregação do puro e verdadeiro evangelho de Jesus Cristo concede sabedoria, bom julgamento e estabilidade às nações do mundo. À luz da verdade de Deus, elas podem fazer progresso.
A “Lei de Salomão” é adotar as falsas doutrinas ensinadas por Babilônia. Algumas das ideias de Babilônia são: a) os mortos podem comunicar-se com os vivos; b) a fé inicia o perdão de Deus; c) a esperança de recompensa e medo da punição do “fogo eterno” motivam o pensamento do velho concerto; (*etc... etc. ... As letras “a,” “b,” e “c” também foram acrescidas pelo tradutor). Tudo isso abre a porta para as mentiras mais confusas enviadas pelo próprio Satanás.
Quando as sete pragas começam a cair, o Espírito Santo é retirado daqueles que a Ele resistiram por tanto tempo. São deixados sem o bom senso normal, como um ébrio que não sabe o que está fazendo. Como nossa lição diz: “O efeito destrutivo do vinho ... deturpa ... facilmente o discernimento”1 
A história do Rei Salomão é uma das mais fantásticas em toda a história sagrada. Ele começa aparentemente perfeito com aquele mui raro dom da sabedoria, obtém tudo a ela adicionando: coleta anual de “666 talentos de ouro” até ter toneladas dele; desfruta paz com sua prosperidade, e (*fama:) “toda a terra buscava a face de Salomão para ouvir a sabedoria que Deus tinha posto no seu coração” (1º Reis 10:24).
Salomão, você conseguiu! Você trouxe o céu à Terra, melhor ainda, você está cumprindo a promessa de Deus a Abraão de que “em ti serão benditas todas as famílias da Terra” (Gên. 12:3). Daí, Salomão, você pôs tudo a perder; deixou de lado o certo e “seguiu após Astarote, a deusa dos sidônios, e após Milcom, a abominação dos amonitas”. Você edificou templos para deuses pagãs e os estabeleceu em sua santa cidade de Jerusalém (1 Reis 11:1-8)!  Por que, sim, por que, fez isso? O que o levou a cair dessa maneira?
Quanto mais Salomão bancava o bobo no que tange a mulheres, mais a mulher ideal o assustava. Quão rara ela era, essa mulher modelar que assustava os sonhos de Salomão. “Mulher virtuosa, quem a encontrará? Pois o seu valor muito excede ao de rubis” (Prov. 31:10). “Virtuosa” refere-se a pureza e todas as qualidades morais.
Salomão havia visto sua mulher ideal no vilarejo. “Ela faz para si cobertas de tapeçaria; seu vestido é de seda e púrpura” (Prov. 31:22). Nem mesmo a filha do Faraó, sua bajulada e privilegiada rainha criada no colo do luxo, se vestia melhor do que a mulher virtuosa. A rainha podia obter seus linhos no Egito e a seda da Índia. Suas vestes bordadas e capas de púrpura imperial podiam vir de bazares fenícios. Mas a esposa de Salomão — em toda a sua glória — não  se trajava mais gloriosamente do que a virtuosa mulher que tanto cativou o rei.
Seu devoto marido gostava que ela se vestisse bem. Ela havia obtido o direito de vestir seda e púrpura. Ela era uma rainha com todos os seus direitos. A mulher ideal trajava suas finas roupas com uma graça inconsciente e total falta de orgulho de ostentação.
Isso se aplica à noiva de Cristo dos últimos dias. Há um dom especial do Espírito de Deus para preparar o Seu povo para a trasladação por ocasião da vinda de Jesus. “Amadurece o grão para a colheita”, ou seja, atrai o Seu povo para longe de seu amor do mundo de modo a que deseje que o reino de Deus venha. 
Isso significa uma mudança na experiência cristã de pensamento do velho para o novo concerto. Foi a principal questão que impactou a mensagem de 1888. Ela demonstrava que aqui está a “luz” no evangelho que é maior do que aquela das igrejas populares observadoras do domingo.
A justificação pela fé no Dia da Expiação é algo que vai além do entendimento de Lutero, Calvino ou dos evangélicos.  
Vemos essa mudança em Apo. 19: “Vindas são as bodas do Cordeiro, e já a Sua esposa se aprontou” (vs. 7). A “mulher” cresce. Ela se torna uma Noiva que entende e ama o seu Noivo. A preocupação com Ele se torna maior do que sua anterior preocupação com a sua própria salvação.
Ellen White nos tem ensinado a pensar que a chuva serôdia é uma “mensagem da justiça de Cristo”, um entendimento mais claro de santidade prática — tudo pela fé.2 A ideia está no verso seguinte: “E a ela [a noiva] foi concedido que fosse vestida de linho fino, puro e branco: pois o linho fino é a justiça dos santos”.3
Finalmente, a chuva serôdia é bem-vinda, não mais resistida. Agora é recebida. O povo de Deus tomou o passo que conclui a mensagem da verdadeira testemunha — venceram como Ele venceu, Apoc. 3:21. Sua fé amadureceu sob o refrigério da “chuva serôdia” recebida.
Este relato quase incrível deve ter uma lição para nós hoje--é a “Lei de Salomão” que deve ser cumprida novamente 3.000 anos mais tarde até que a lição seja aprendida. Acrescente-se a impressionante “santa” obediência de Salomão em seus primeiros anos, com as inegáveis bênçãos de Deus, o fato do pensamento do velho concerto, e a receita dos chamados para o desenvolvimento da apostasia nacional se desenvolver. Salomão reverte 500 anos da história de Israel, leva-os de volta à escuridão “egípcia” da qual haviam sido libertos.
Agora, em nossa moderna história adventista, se acrescentarmos a toda nossa “santa” obediência à lei, com as inegáveis bênçãos de Deus, o fator da teologia do velho concerto, também inevitavelmente terminamos indo para “Babilônia” para aprender métodos de culto e padrões de pensamento. Novamente revertemos nossa própria história. Aqueles que foram sagradamente comissionados a proclamar, “caiu a grande Babilônia”, cumprem a “Lei de Salomão” por adotar a teologia e culto de Babilônia. Salomão finalmente teve o bom senso de se arrepender. Senhor, concede esse mesmo precioso dom a nós!
Paul E. Penno

Motas:                                                                       
[1] 3º parágrafo da lição de domingo;                                           
[2] Testemunhos para a Igreja, vol . 6, pág. 19  (de 1906);          
[3] Ver Joel 2:23, 24, margem, “ensino de justiça”. Aqui em Apoc. 19 Cristo emprega um substantivo diferente, indicando que agora a grande mudança na experiência cristã teve lugar do velho para o novo concerto. Sua palavra é dikaiomata, enquanto o termo comum para justiça de Cristo é dikaiosune. O último é imputado ao crente num sentido legal; Sua dikaiomata é comunicado num sentido prático, agora uma parte intrínseca do caráter, ainda pela fé somente, mas real. Agora finalmente um imenso obstáculo no grande conflito com Satanás foi superado — pela fé de Jesus. Seu povo “condenou” o pecado em sua carne caída, pecaminosa.

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley  Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em
Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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quarta-feira, 18 de março de 2015

Lição 12 - A humildade dos Sábios, por Roberto Wieland

Para 14 a 21 de março de 2015

O rei Salomão foi o homem mais sábio de sua geração (talvez de todos os tempos). O Senhor o tinha ricamente dotado de sabedoria que superava a de todos em seus dias.
No entanto, isso era respaldado por uma base sólida de humildade pura, o que tornou possível que o Senhor o abençoasse como o fez. Quando o Senhor lhe ofereceu (como descendente do rei Davi) qualquer coisa que desejasse pedir, ele foi sábio para pedir as coisas certas: “Senhor, meu Deus, fizeste [me] Teu servo em lugar de Davi, meu pai, e sou apenas um menino pequeno. Não sei como sair, nem como entrar . . . Dá, pois, ao teu servo um coração de entendimento . . . para que eu possa discernir entre o bem e o mal” (1 Reis 3: 7-9).
O Senhor o elogiou por ele não ter pedido riquezas, fama ou poder: “E esta palavra agradou ao Senhor, que Salomão tenha pedido tal coisa” (vs. 10).
Numa atitude de humildade de espírito, Salomão escreveu: “Eu não aprendi a sabedoria, nem tenho o conhecimento do santo” (Prov. 30: 3). Esta é uma confissão de que a sabedoria que Salomão possuía quando estava em seu auge era um dom direto de Deus, e todas as suas ideias procediam da mesma fonte divina. Sua sabedoria não era fundamentada em raciocínio, mas era sabedoria revelada. Portanto, o Senhor deu-lhe o que ele tinha pedido, mas além disso, o Senhor deu-lhe riqueza e poder e fama além do que se possa imaginar: “Eu também te dou o que não pediste, tanto riquezas quanto honra” (vs. 12, 13). Mas, como Provérbios 18:12 nos diz: “Antes da honra está a humildade”.
Uma “dinâmica” muito importante da mensagem de 1888 é que Cristo veio todo o caminho até onde estamos, tomando sobre Si a “semelhança da carne do pecado”. Assim, Ele é um Salvador “que se pode achar”, não distante. Ele é o “Salvador de todos os homens”, até mesmo do “principal dos pecadores”.
Nossa lição faz a pergunta: “Quem você pensa que é?” Jesus teve que lutar com a mesma pergunta por toda a Sua vida na Terra como nosso Salvador. O primeiro indício de que sabia quem era veio com a idade de 12 anos, quando perguntou a Maria e José no Templo de Jerusalém, “[não sabem] que Eu devia estar cuidando dos negócios do Meu Pai?” (Lucas 2:49).
Mas problemas vieram à tona nas tentações do deserto depois de Seu batismo com a idade de 30 anos: “Se, se, se . . . Tu és o Filho de Deus . . .!” (Mat. 4:6ss). Mateus parece ser o mais consciente deste problema com  que Jesus constantemente lutou. Satanás não deixaria Jesus sozinho, mesmo quando foi pendurado na cruz em Suas horas finais: “Se tu és o Filho de Deus, desce da cruz!” (Mat. 27:40).
Assim, se o divino Filho de Deus em nossa carne ou natureza humana teve que lutar com este problema na tentação, não desanime se está se perguntando quem você é! Você tem o direito de manter sua cabeça erguida, ou é Satanás quem está certo ao humilhar você e procurar destruir a sua autoestima?
Salomão quis saber sobre o Redentor que desceu e depois subiu aos céus. “Quem subiu ao céu e desceu? . . . qual é o seu nome, e qual é o nome de seu filho, se é que o sabes?” (Prov. 30: 4). Cristo “desceu” ao ponto mais baixo do universo — o ponto da segunda morte de todos os habitantes deste planeta (cf. Heb. 2: 9), a entrega voluntária de Si mesmo para morrer aquela morte da qual jamais se poderá esperar ressurreição.
Mas o Pai não deixou o Seu Filho na sepultura. A ascensão de Cristo ao céu depois de Sua ressurreição foi um triunfo cósmico. O “cativeiro”, que ele levou “cativo” foi a hoste de santos ressuscitados com Ele (cf. Mat. 27:52, 53).
A ideia é que Ele subiu às alturas do céu e capturou o espólio do inimigo, oferecendo tudo em “presentes” a todos nós. Ele tomou um pequeno grupo de camponeses da Galileia e lhes fez um primeiro pagamento de uma multidão de pessoas que ao longo dos séculos têm sido os “dotados” líderes de sua Igreja. Tendo ressuscitado do túmulo, Cristo assenhoreou-Se do universo e redistribuiu a sua riqueza!
Jesus tem simpatia especial por pessoas que desperdiçaram suas vidas e cujo coração está cheio de remorso. Eles são os objetos especiais de Sua compaixão. Na verdade, são os únicos que Ele veio salvar. O pobre publicano que batia no peito e nem sequer levantava os olhos ao céu, que orou: “Deus, sê propício a mim, pecador!” foi o único que voltou para casa justificado. Foi endireitado, posto em posição correta perante Deus.
Por que Jesus tem uma simpatia especial por essas pessoas? Só há uma resposta possível: porque Ele Se arrependeu em seu lugar; Ele tomou a sua natureza; Ele foi tentado como são tentadas; Ele é o Sumo Sacerdote (Heb. 2: 14-18.). E agora Ele convida você a compartilhar o Seu amor e simpatia com todos os pecadores do mundo, para todos os filhos pródigos que alimentam os porcos, por todos os publicanos que clamam por misericórdia. E quando começar a compartilhar a Sua compaixão, a alegria de sua própria vida apenas começou.
Ellet J. Waggoner, um dos “mensageiros” de 1888, escreveu: “a humanidade [de Cristo] só velava a Sua natureza divina, pela qual Ele estava inseparavelmente ligado ao Deus invisível, e que era mais do que capaz de resistir com sucesso às fraquezas da carne. Houve por toda a Sua vida uma luta. A carne, manipulada pelo inimigo de toda a justiça, tenderia para o pecado, mas a Sua natureza divina nunca por um momento nutria um mau desejo, contudo o Seu poder divino jamais por um momento vacilou. Tendo sofrido na carne tudo o que os homens podem possivelmente sofrer, Ele retornou ao trono do Pai tão impecavelmente quanto de quando deixou as cortes de glória” (Cristo e Sua Justiça, 32 pp., 33, edição Glad Tidings).
A última pergunta em nossa lição (sexta-feira) assim reza: “Como encontramos equilíbrio em tudo o que fazemos?”
No início deste estudo citamos o Rei Salomão: “Dá, pois, ao teu servo um coração entendido . . . para que eu possa discernir entre o bem e o mal” (1 Reis 3: 7-9). Isso pode ser entendido como “equilíbrio”, uma palavra popular usada para descrever as relações entre os diferentes entendimentos do evangelho.
Os cristãos conservadores por centenas de anos têm discutido a relação entre fé e obras. A palavra favorita empregada para descrever isso é “equilíbrio”. A idéia popular é que se deve manter a fé e as obras em “equilíbrio”. Se você falar sobre a fé por dez minutos, então também deve falar sobre obras por dez minutos. No entanto, uma verificação da concordância revela que em nenhum lugar da Bíblia é a palavra “equilíbrio” usada para descrever essa relação. Em escritos inspirados, não há praticamente nada que sugira o uso da palavra como sendo apropriado.
A Escritura e escritos inspirados são claros, “além de qualquer dúvida” de que a salvação é totalmente pela graça mediante a fé, e Paulo até mesmo vai além do seu caminho para acrescentar: “Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efé. 2: 8, 9). A ideia de “equilíbrio” sugere fortemente que a salvação é pela fé e pelas obras, uma transação de 50/50. Se isso for verdade, certamente daria aos salvos algo para se vangloriar: “Sim, Jesus me salvou, mas olha, eu fiz a minha parte também!”
Um popular livro de Ellen G. White tem por título Fé e Obras, sendo o título adicionado por editores muito tempo depois da morte da autora. Contudo, dentro de suas capas ela repetidamente fala da fórmula correta como sendo “a fé que opera”.
Já se sentiu como o rei Salomão, sem saber como “sair ou entrar” como se não soubesse como viver nestes novos tempos? Bem-aventurado será se confessar essa realidade diante do Senhor, e simplesmente pedir-Lhe para dirigir os seus passos, para guardar você de cometer qualquer erro estúpido, salvá-lo de si mesmo, para que possa viver para Aquele que morreu por você. O Senhor ainda ouve uma oração dessas!
Agora podemos manter a nossa cabeça erguida, e ao mesmo tempo entesourar a verdadeira humildade de alma, percebendo que a nossa identidade, o nosso futuro, o nosso prestígio, tudo o que somos e sempre seremos, é pela graça de Cristo.
A partir dos escritos de Roberto Wieland

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido.

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sexta-feira, 13 de março de 2015

Lição 11 – Vivendo pela fé, por Daniel Peters

Para 7 a 14 de março de 2014


Nosso tema da lição, "Vivendo pela Fé", é uma das "grandes verdades do evangelho" da mensagem de 1888, portanto, esta semana gostaríamos de compartilhar com você uma dissertação que se concentra mais sobre este tema a partir da Bíblia, Ellen G. White, e E. J. Waggoner, um dos "mensageiros" de 1888.

A Dinâmica da Mensagem de 1888 Concernente à Fé.                      
Quando primeiro tomei conhecimento da mensagem de 1888 estava confuso sobre a fé—"a nossa fé", "a fé de Jesus", etc. A boa nova da "mui preciosa mensagem" (*Testemunho Para Ministros, pág. 91) começou a tornar-se clara para mim quando entendi a simplicidade da salvação de Deus e o que realmente nos foi concedido.
Uma das primeiras coisas que aprendi foi sobre Hebreus 12: 2: "Olhando para Jesus, autor e consumador da nossa fé" (KJV). Eu aprendi que a palavra "nossa" não estava no original e que foi adicionada porque os tradutores não conseguiam entender como o próprio Jesus teria fé. (*Na Almeida Fiel não foi feito este acréscimo). Assim, a linguagem real aqui é: "Olhando para Jesus, autor e consumador da fé." Então, Jesus é o criador e aperfeiçoador da fé—por isso, é a fé de Jesus que nos aperfeiçoa, se não resistirmos à Sua operação.
Uma só fé: “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos” (Efé. 4:4-6). Há uma só fé, e esta é a fé de Jesus. É muito importante tomar a Palavra como se lê e aceitá-la pelo que diz.
A medida da fé: A seguir aprendi que Deus tinha dado uma medida de fé para todos: "Digo a cada um dentre vós, ...  pense com moderação, conforme a medida da fé que  Deus repartiu a cada um” (Rom. 12: 3; *grifamos). Então é aí onde obtemos a "nossa" fé? Sim, Ele deu a todos uma medida de fé, mas nos concedeu muito mais no processo. E. J. Waggoner abriu minha mente para o verdadeiro dom que veio com fé: "Em que medida é que Deus deu a cada homem fé? Isto é realmente respondido no fato já aprendido de que a fé que Ele dá é a fé dEle. A fé de Jesus é dada no dom do próprio Jesus, e Cristo é dado em Sua plenitude a cada homem ... Cristo não está dividido, portanto, a cada um é dado tudo de Cristo e toda a Sua fé. Há somente uma medida".1 (grifo nosso).
A Fé de Jesus: Em Apocalipse 14:12 temos o termo "a fé de Jesus" (KJV). Esta é a tradução correta do original e deve ser usada sempre que se encontra o termo "fé em Jesus."
"Nós" sabemos "que o homem não é justificado por obras da lei, mas pela fé de Jesus Cristo, e temos também crido em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé de Cristo e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada" (Gál 2:16, KJV). O profeta Habacuque, sob inspiração, escreveu: "O justo viverá pela Sua fé" (Hab. 2: 4). Ele entendeu que era pela própria fé de Deus que vivemos.
As obras da fé: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie; Pois somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para a boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas" (Efé. 2: 8-10).
"A fé que atua pelo amor" (Gál. 5: 6). Neste verso nos é dito que é a fé que "opera". A salvação de Deus não tem nada a ver com o legalismo (os esforços do homem), exceto para nos livrar dele!
É a fé de Jesus que obedece os mandamentos de Deus—o homem não pode obedecer, é por isso que a salvação é um dom. "Se você reunir tudo o que é bom e santo e nobre e encantador no homem, e, em seguida, apresentar o assunto para os anjos de Deus como representando um papel na salvação ou mérito da alma humana, a proposição seria rejeitada por traição."2
Fé e Pecado: "Tudo o que não é de fé é pecado" (Rom. 14:23). Isso mostra que a Lei de Deus é a justiça dentro de nós, como resultado de Cristo em nós. É a Sua fé que perfeitamente obedece à lei de Deus, e assim se dá que o que não procede desta fé é pecado.
Crucificado com Cristo: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, que me amou e Se entregou por mim" (Gál. 2:20)." Só a cruz tem o poder de salvar. ... É somente na morte que nos tornamos unidos a Ele (Rom. 6: 3). ... A cruz faz uma nova criação"3
Quando estamos crucificados já não vivemos. Estamos mortos. Os mortos não têm pecado, vida, ou fé. Mas (*o texto de Gál. 2:20) diz que há vida presente, mas não é nossa, é a dEle! Cristo vive em nós e tudo o que Cristo tem vem com Ele. Este é o "mistério" de Deus—Cristo vivendo em nós.
"O mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações, e que agora foi revelado aos seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória" (Col. 1:26, 27). Então como é que este mistério de "Cristo em vós" se relaciona com o nosso tema de viver pela fé?
Judas escreve: "Tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (Judas 1: 3, NKJV, grifo do autor). É esta "fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" uma fé diferente do que temos vindo a discutir? Ellen White diz não:
"Um grande número de pessoas que afirmam crer na verdade presente, não sabe o que constitui a fé que uma vez foi entregue aos santos, —Cristo em vós, a esperança da glória. Acham que estão defendendo os marcos antigos, mas são mornos e indiferentes."4
Portanto, a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos é "Cristo em vós, a esperança da glória" (*Col. 1:27 ú p.).— o evangelho completo. Esta é a fé de Jesus—e Jesus é o evangelho.
"A fé de Abraão em Deus, como alguém que poderia trazer coisas à existência pela Sua Palavra, foi exercida com respeito à Sua (*fé) ser capaz de criar a justiça em uma pessoa destituída da mesma."5
"A Bíblia ensina claramente que a justiça é pela fé. Por isso, o único elemento de que o povo de Deus precisa a fim de se preparar para a segunda vinda de Cristo é a fé genuína."6 Esta fé genuína é a fé de Jesus. (*Grifamos).
"Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê ... Porque a justiça de Deus é revelada, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá pela fé" (Rom. 1:16-17).
De fé em fé. "Note-se que ‘de fé em fé’ é dito ser paralelo com ‘o justo viverá pela fé’. ... Assim como vivemos naturalmente pela respiração, também vivemos espiritualmente pela fé, e toda a nossa vida deve ser espiritual. Fé é o sopro de vida para o cristão. Assim como nós naturalmente vivemos de respiração a respiração, devemos viver espiritualmente de fé em fé. Podemos viver, somente um sopro de cada vez; por isso não podemos viver espiritualmente excepto pela presente fé (*de Cristo, momento a momento, em nós).. Se vivemos uma vida de dependência consciente de Deus, a Sua justiça será nossa, porque haveremos de respirá-Lo continuamente."7
"Então, crendo em Cristo, somos salvos pela fé de Cristo, uma vez que temos a Ele pessoalmente habitando em nós, exercendo a Sua própria fé. Todo o poder no céu e na terra está em Suas mãos. Reconhecendo isso, nós simplesmente permitimos a Ele exercer o Seu próprio poder a Sua própria maneira."8
"Se a fé em Cristo é boa para alguma coisa, é boa para tudo. E isso é apenas para a coisa que é boa."9 Isto é o que é viver pela fé.

--Daniel Peters
Notas de rodapé:
1) E. J. Waggoner, em Sinais dos Tempos de 6 de agosto de 1896;                           
2) Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol, 2, pág. 816;                                      
3) E. J. Waggoner, em Gálatas Tornado Claro, Editora Glad Tidings, pág. 139:        
4) Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 1, pág. 403, grifamos;                          
5) E. J. Waggoner em Sinais dos Tempos de 13 de outubro de 1890;                          
6) Robert J. Wieland,  verdade nº 9 de “Dez Grandes Verdades do Evangelho”;           
7) E. J. Waggoner, Waggoner em Romanos, pág. 26;                                                    
8) E. J. Waggoner, em Gálatas Tornado Claro, Editora Glad Tidings, pág. 42;              
9) E. J. Waggoner, A Verdade Presente de 21 de maio de 1891.                                  
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*      Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
*                   O irmão Daniel Peters e sua esposa Linda, vivem na parte leste da cidade de Los Angeles, Estado da Califórnia, EUA. Ele trabalha como conselheiro oficial antidrogas e álcool para mães e mulheres grávidas. O seu coração foi sensivelmente tocado pela “mui preciosa mensagem” (Test. p/ Ministros, págs . 91 e 92) e sua vida tem sido apaixonadamente dedicada a esta mensagem que Deus outorgou à Sua igreja em 1888. Ele e sua família são membros da igreja adventista do sétimo dia de Whittier, uma cidade a 19 kms ao sul de Los Angeles, localizada no nº 8841 na Calmada Avenue, Whittier, Ca. 90605, EUA. Ele é tataraneto de Ellet J. Waggoner. O irmão Daniel é um ardoroso estudante da Bíblia e do Espírito de Profecia e de toda literatura relativa à mensagem de 1888. Ele foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, realizado em 21 e 22 de maio de 2010) na Igreja Adv. Do 7º Dia da cidade de Reno, estado de Nevada, localizada na 7125 Weest 4th Street.
         
Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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quarta-feira, 4 de março de 2015

Lição 10 – Por Trás da Máscara, por Paul E. Penno

Para 28 de fevereiro a 7 de março de 2015

Ellen White escreveu sobre “aqueles que nunca vão admitir estarem errados”, e ao fazê-lo “justificam-se”. Toda oração do mundo não vai mudá-los e eles não admitem qualquer reforma. “Eles não veem que estão com falhas, e estão satisfeitos com a sua própria maneira errada de agir, e creem que todos devem estar tão satisfeitos com eles como estão consigo mesmos”.
Depois de citar as palavras de Salomão, “Vês um homem sábio aos seus próprios olhos? Maior esperança há para o tolo do que para ele”, Ellen White continua (Prov. 26:12.): “O grande Mestre tem seus agentes humanos, a quem chama de subpastores; e a estes, sob a Sua direção, Ele designa o trabalho de pôr as coisas em ordem”.1
Hoje, os historiadores e líderes da Igreja dizem que a mensagem de Jones e Waggoner era velha luz que terminou sendo aceita, embora tardiamente, pela maioria da época de 1888, continuando até os dias atuais. Isso suscita a pergunta, é a luz da mensagem de Apocalipse 18 “nova luz” ou “velha luz”?
Em certo sentido, é de fato “velha luz”, porque Salomão diz que “não há nada novo debaixo do sol” (Ecls. 1:9). Até mesmo Jesus não ensinou “nova luz”. Mas, oh, por qualquer padrão humano de avaliação Sua mensagem era “nova luz preciosa” para este mundo obscurecido! “Como algo estranho e novo, as palavras [de Cristo] caíam sobre os ouvidos da multidão maravilhada”. Ellen White disse2 muitas vezes praticamente o mesmo em relação à mensagem de Jones e Waggoner.
Durante anos tem havido uma obsessão com a ideia de que a mensagem de 1888 não era “nova luz”, mas apenas uma reiteração do que as igrejas protestantes ensinavam no século 19. No entanto, nunca Ellen White identificou-a como uma “reênfase”, e essa posição exige logicamente que as Igrejas protestantes ensinassem “a mensagem do terceiro anjo, em verdade”.
Nenhuma geração do povo de Deus já foi trasladada sem ver a morte; nunca antes “a seara da Terra” esteve “madura” para a foice do Salvador (Apo. 14:15). Era intenção do Senhor que a mensagem de 1888 preparasse um povo para a trasladação e para a colheita. Não requereria isso que a mensagem fosse mais madura e desenvolvida do que qualquer geração anterior já haja apreendido?
A verdadeira pergunta  permanece: será que a luz da mensagem do alto clamor contém verdades não enunciadas por Lutero, Calvino, Wesley, Moody, Spurgeon, Billy Graham, etc., sim, até mesmo pelo apóstolo Paulo?
Embora Ellen White diga que Lutero ensinava a justificação pela fé “claramente”, ela também afirma que ele não proclamou o evangelho completo, pois deve ainda ser proclamado, já que esta mensagem é uma parte do evangelho que só poderia ser proclamada nos últimos dias. . . . Os Reformadores não a proclamaram”.3 Se os Reformadores não proclamaram o evangelho completo, tinham eles toda a luz?
É apropriado, portanto, reconhecer que a mensagem que está a preparar o grão para a colheita deve incluir “uma parte do evangelho”, que os Reformadores não proclamaram. “O evangelho” é a justificação pela fé, e a mensagem do terceiro anjo em verdade é a mesma. A luz que os Reformadores não viram e proclamaram obviamente seria uma “nova luz” no  que tange ao povo de 1888.
Ellen White acrescenta a declaração chocante: “Paulo, como vimos, não a pregou”. Pregou o quê? “Uma parte do evangelho que só poderia ser pregada nos últimos dias”.4 Essa “parte do evangelho” não são cálculos matemáticos frios dos 2.300 dias. O ponto genial da mensagem de 1888 foi a sua relação da justificação pela fé com a verdade especial do julgamento ao tempo da purificação do santuário. “Paulo . . . não a pregou”. A purificação do santuário é certamente “uma parte do evangelho eterno”.
Ela diz que Jones e Waggoner “descobriram o precioso minério nas ricas veias de verdade . . .  que esteve escondido por muito tempo”.5 Nenhum “precioso minério” é jamais “novo”, porque é sempre o velho minério que esteve sepultado na terra desde a criação. Mas por todos os padrões de comunicação humana, algo “descoberto” que o mundo nunca viu antes é “novo”.
Ellen White ficou impressionada com esta realidade a respeito de Paulo. Ela diz que “grandes verdades que ficaram despercebidas e sem serem vistas desde o dia de Pentecostes, devem brilhar” no futuro.6 Desde quando? Do tempo de Lutero? Dos dias de Paulo? Não. “Desde o dia de Pentecostes”. Por isso, é lógico que há algumas “grandes verdades” “do evangelho” que Paulo não ensinou, porque o dia de Pentecostes precedeu o ministério de Paulo. No dia de Pentecostes, Pedro proclamou arrependimento, “que seus pecados sejam apagados” (Atos 3:19).
Então, por que Ellen White disse que a mensagem de 1888 não era “nova luz”? A resposta, obviamente, está em seu contexto. É apologética. Ela está defendendo a mensagem contra os seus críticos que a ridicularizavam como “romance” ou falsa doutrina inventada por dois jovens entusiastas; e sua apreciação da mensagem mais tarde cresceu até que pôde identificá-la como a mensagem de Apocalipse 18: 1. Essa valorização mais ampla deve iluminar suas declarações anteriores.
Se nós experimentamos a justificação pela fé, “ temos paz com Deus ... porque o amor [Ágape] de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, ... agora temos recebido a expiação [reconciliação com Deus!] . . . e como o pecado reinou para morte, também reine a graça mediante a justificação para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rom. 5: 1, 5, 11, 21).
Todas estas bênçãos estão envolvidas na experiência da justificação pela fé. É por isso que E. J. Waggoner, redator do The Signs of the Times, disse uma vez corretamente que “há somente uma coisa neste mundo de que um homem precisa, e trata-se da justificação” a fim de estar pronto para a vinda de Cristo.7 Por quê? Isso inclui o que é comumente tido como sendo a santificação! Ele tinha uma ideia correta do que a fé é—uma apreciação de coração do Ágape, do que realmente aconteceu na cruz de Cristo. Esta é a verdade do santuário. Um coração antes alienado está agora reconciliado com Deus.


Paul E. Penno


Notas do autor:                                                                                 
1)   “Palavras aos Jovens,” Ellen G. White, em The Youth’s Instructor (O Instrutor da Juventude) de 31 de agosto de 1893;
2)   O Maior Discurso de Cristo, Ellen G. White,  pág.6;
3)   O Grande Conflito, Ellen G. White, pág. 356;                                
4)   Ibidem                                                                                           
5) “As Trevas não o Entendem,” Ellen G. White na Review and Herald, de 3 de June de 1890.
6) Fundamentos da Educação Cristã, Ellen G. White, pág. 473, escrito em 1897.
7)”Como a Justiça é Obtida,” Ellet J. Waggoner em The Signs of the Times, 18 de Maio de 1891, pág. 255.
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áfuturo. [6]ereiro a 7 de março de 2015                                                         

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