quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Lição 14 — Algumas lições do livro de Jó, por Paul Penno



Para 24 a 31 de dezembro de 2016

À medida que nossas lições sobre Jó findam no final deste ano, o que pode ser extraído da interação de Deus com ele? Jó viveu nos dias do poder do evangelho revelado em sua fase de “luz da Lua” como revelada através de tipos e sombras no sistema de sacrifícios (Jó 42: 8). Estamos vivendo no tempo da fase de “luz solar” do evangelho revelada na purificação da verdade do santuário (Dan. 8:14). Temos um entendimento através da mensagem de 1888 de justificação pela fé que está em harmonia com a purificação do pecado por nosso Sumo Sacerdote, a fim de preparar um povo para encontrar a Cristo na Sua vinda.
Antes do início das provações de Jó, tanto Moisés como sobretudo Deus disseram ser ele “perfeito”, “reto”, temente a Deus em seu amor e que “evitava o mal” (Jó 1:1, 8; 2:3). Contudo, os comentaristas continuam a diminuir o que Deus disse sobre Jó ser “perfeito”, qualificando-o como “maturidade”.
As percepções da mensagem de 1888 nos levam a entender que a perfeição de Jó envolveu a vida sem pecado em carne pecaminosa. Em outras palavras, por sua escolha, Jó viveu a justiça pela fé. Sua fé foi tão tocada pelo amor de Deus que Jó decidiu diariamente deixar que o poder de Deus fizesse com que estivesse em harmonia com a lei de Deus
Assim, a perfeição de Jó não foi a do “perfeccionismo da carne santa”. Pelo contrário, Jó viveu justamente em carne tentada e pecaminosa, porque permitiu que Deus o livrasse momento a momento. Chama-se perfeição de caráter porque a fonte de sua perfeição é Deus. O caráter é o resultado das escolhas diárias de uma pessoa. A perfeição de Jó não derivou do próprio Jó pecador. Tornou-se a perfeição de Jó porque ele deixou que Deus fizesse isso nele. Em outras palavras, a vida sem pecado de Jó estava em carne pecaminosa.
Jó é outro exemplo de perfeição, como Enoque, da era antediluviana, que viveu a justiça pela fé e “caminhou com Deus” (Gên. 5:22, 24). Oh, sim, depois que Deus falou com Jó do turbilhão, ele confessou sua vileza e pôs a mão sobre a boca (Jó 40:4). Ele se aborreceu e se arrependeu no pó e na cinza (Jó 42:6). Mas depois de tudo dito e feito, Deus pronunciou o seu “bem feito” a Jó nestas palavras a seus amigos, “não falastes de Mim o que é certo, como Meu servo Jó” (Jó 42:7). Por meio disso, Jó nunca proferiu uma palavra pecaminosa contra Deus, como seus amigos. E “o Senhor também aceitou a Jó” (Jó 42:9). Em outras palavras, Deus justificou Jó. Ele poderia ter sido incluído na “Galeria dos Heróis da Fé” do Apóstolo Paulo, o capítulo de Hebreus 11, “pela fé Jó...”!
 “Eis que temos por bem aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó” (Tiago 5:11). Paciência é perfeição. E como é que Jó conseguiu isso? “A tribulação produz a paciência” (Romanos 5:3). Alguns pensam que teriam paciência se não tivessem provações que produzissem seu temperamento e raiva. Mas são as próprias provações na vida de alguém que produzem a paciência.
O divino exemplo de paciência de Jesus foi revelado pelas provas mais dolorosas que a humanidade jamais suportou. “Considerai, pois, Aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra Si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos” (Heb. 12:3). Devemos “considerar” Aquele que tomou nossa carne pecaminosa e “condenou o pecado na carne” (Romanos 8:3).
E. J. Waggoner (*um dos dois mensageiros de 1888, TM, 91) escreveu o seguinte: “É importante lembrar-se disto: como toda a fé que temos é dEle — ‘a fé de Jesus’ — toda a paciência é Sua. E como Sua paciência só vem pela tribulação, segue-se necessariamente que Ele assume a prova toda vez que um de Seus filhos é chamado a passar pela tribulação. O sofrimento opera aquela doce graça da paciência, porque Jesus mesmo compartilha o sofrimento, suporta a enfermidade, e sua graça toda-suficiente concede sobre o que é tentado sua própria  paciência”  (“Job's Patience” [A Paciência de Jó], The Present Truth, de 16 de Julho, 1896).
Devemos começar a fazer as perguntas certas na hora certa. E o momento certo é este tempo da purificação do santuário celestial, enquanto nosso grande Sumo Sacerdote está completando Sua obra de expiação final. Cristo deve realizar uma obra única na história humana, desde que o pecado começou. Embora nenhum filho de Deus jamais afirme ter vencido todo pecado, e embora seja igualmente verdade que não podemos julgar qualquer indivíduo presente ou passado (exceto Cristo) que o tenha vencido como Ele venceu, isso não significa que o ministério de Cristo no compartimento mais sagrado (*o santíssimo do Santuário) falhará em alcançar tais resultados. Por muito que no passado ou no presente não o tenhamos vencido, dizer que é impossível vencer o pecado através da fé no Redentor é realmente justificar e encorajar o pecado e permanecer do lado do grande inimigo.
As perguntas certas a serem feitas são: o sacrifício de Cristo como Cordeiro de Deus, e Seu ministério como grande Sumo Sacerdote é suficientemente poderoso para salvar o Seu povo de (não em) seus pecados? Ele é realmente capaz de salvar até o fim [completamente] aqueles que vêm a Deus por Ele? Será Ele verdadeiramente bem-sucedido “como fundidor e purificador de prata ... e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata; então ao Senhor trarão oferta em justiça” (Mal. 3:3)? Quando Cristo vier pela segunda vez, Ele encontrará um povo de quem honestamente pode ser dito, “Aqui está a paciência [perfeição] dos santos”? (Apo. 14:12).
Se o Senhor quiser, Ele pode criar “uma coisa nova sobre a terra”, diz Jeremias (31:22); E o que Ele quer realizar é a preparação de um povo para a segunda vinda de Cristo. Pela primeira vez na história humana, um anúncio divino é feito, “Aqui ... estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus” (Apo. 14:12). E o próximo evento é a vinda do Senhor (vs. 14).
Dizer que esses santos realmente não guardam os mandamentos, mas Deus finge que o fazem, é violar o contexto das mensagens dos três anjos. O Céu declara que essas pessoas são “são ... virgens ... seguem o Cordeiro aonde quer que vá ... na sua boca não se achou engano, porque são irrepreensíveis (*estão sem culpa) diante do trono de Deus” (vs. 4, 5). Sabemos que são pecaminosos por natureza, “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:23). Mas para que esse pronunciamento tenha algum sentido, a fé de Jesus tem operado, e eles devem ter deixado de continuar pecando. Eles venceram, assim como Cristo venceu, Apo. 3:21. É claro, por Apo. 15: 2, que este mesmo grupo obteve a vitória antes do fim do tempo de graça para os homens.
As gerações anteriores nunca foram capazes de compreender claramente a verdade da perfeição cristã sem cair nos erros do perfeccionismo, pelo fato de que a hora para a purificação do santuário celestial ainda não havia chegado. Quando chegarmos aos “dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou aos Seus servos os profetas” (Apo. 10: 7). Aqui está a contribuição especial que os adventistas do sétimo dia devem fazer para a conclusão da grande Reforma e o cumprimento da comissão do evangelho. Deve haver uma união da verdade da purificação do santuário celestial e da verdade da justificação pela fé. E é aqui que começamos a sentir o real significado da mensagem de 1888 como o Senhor enviou para Seu povo.
A mensagem de 1888 era de gloriosa esperança, livre tanto do fanatismo quanto dos erros do perfeccionismo. Ambos os mensageiros, E.J. Waggoner e A.T. Jones (*Test. Para Ministros, pág. 91), desde o início da era de 1888, eram claros e enfáticos de que a vida sem pecado é possível, que o povo de Deus pode vencer tal como Cristo venceu e que a chave para esta possibilidade gloriosa está na fé do Seu povo, no ministério do sumo sacerdote no Santíssimo do Santuário celestial.
Paul Penno
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Notas:           
O video do Pr. Paulo Peno desta lição está, em inglês, na Internet em https://youtu.be/jZJHvE_G1RA
Os textos bíblicos são da Edição Almeida Corrigida e Revisada, Fiel ao Texto Original e os colocamos em itálico.
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Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 42 anos e foi jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
    Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Lição 13 — O caráter de Jó, por Arlene Hill



Para 17 a 24 de dezembro de 2016

Há muitas maneiras de entender mal a história de Jó. Uma delas é pensar que Deus buscou alguém na Terra com um caráter quase perfeito (Ele disse a Satanás “não há ninguém como ele”) para que pudesse fazer de Jó um exemplo a fim de ganhar uma aposta com o diabo. Deus não usa as pessoas como penhor. O ponto básico do livro de Jó é que, por Ele prometer terminar a obra que começou em nós, permite que coisas aconteçam conosco para amadurecer e fortalecer nossa fé.
Na conversa com os “filhos de Deus” (Jó 1:6-9), Deus disse algumas coisas muito boas sobre o caráter de Jó: ele é “irrepreensível”, “reto”, “se desvia do mal”. Por causa desses traços de caráter é fácil entender que Jó era respeitado pelos que o conheciam. Tinha um assento na “praça aberta”. A maioria das cidades antigas era construída em torno de uma área aberta de modo que as paredes formassem uma proteção contra os inimigos. Essa área protegida também servia como o mercado comercial para os cidadãos da cidade e arredores. Ter conquistado o direito a um assento seria uma indicação de que as pessoas da cidade respeitavam Jó e consideravam as suas opiniões em decisões importantes que afetavam os cidadãos. Podemos equiparar isso a ser membro do conselho da cidade. Ele era sábio, honesto e justo.
Ver coisas ruins acontecendo com uma pessoa tão boa não fazia sentido aos amigos de Jó, então eles argumentaram que ele não devia ser tão bom quanto parecia. No capítulo 31, Jó descreve todas as coisas boas sobre ele como prova de que seus amigos estavam errados. É-nos dito em “tudo isso” Jó não pecou, ​​mas não é pecado entender mal. O processo de refinamento é para amadurecer o nosso caráter, e Deus o permite porque Ele nos ama. Fazermos coisas boas ou termos bons traços de caráter não nos torna isentos.
No conceito cósmico de purificação do Dia de Expiação que os adventistas do sétimo dia chamam de “Juízo Investigativo”, o processo é para que cooperemos com o Espírito Santo em mostrar quem somos e os pecados que podemos ou não conhecer de tal forma que possamos deixar que Ele nos purifique e amadureça a nossa fé. A mensagem de 1888 ensina que haverá um grupo de pessoas no fim dos tempos que permite que Deus complete esse processo em seus corações e mentes, mas não estarão cientes disso. Como Jó, não serão capazes de pensar em algo que ainda precisam dar a Deus.
No último parágrafo da parte de quinta-feira, o nosso guia de estudos nos dirige a uma citação de Ellen G. White de “O Desejado de Todas as Nações”: “A própria imagem de Deus tem que ser reproduzida na humanidade. A honra de Deus, a honra de Cristo, acha-se envolvida no aperfeiçoamento do caráter do Seu povo” (pág. 671). Na mesma página (*dois parágrafos acima) ela diz que [o Espírito Santo] “primeiro habita no coração como o Espírito de verdade, e torna-Se assim o Consolador. Há conforto e paz na verdade. ... É por meio de falsas teorias e tradições que Satanás adquire seu domínio sobre a mente”.
O pecado veio ao mundo de forma disfarçada e misteriosa. Tornou-se portador da morte quando Lúcifer, um ser criado, se rendeu ao amor de si mesmo e inconscientemente propôs tomar o lugar do Criador. Adão se rendeu a esse mesmo amor de si mesmo no jardim, e ficou sobrecarregado com um terrível sentimento de culpa.
A raça humana tem procurado as coisas certas a fazer para se libertar dessa culpa. Tornou-se a força motriz por trás da ideia de justiça pelas obras. É aqui que o evangelho se torna a cura. Por ser o evangelho o poder de Deus, ele confronta nossa culpa mostrando-nos que somos culpados do pecado derradeiro de querer tomar o lugar do Criador. Quando compreendemos que somos impotentes para nos libertar dessa culpa, o evangelho nos liberta para descansar na capacidade e disposição de Deus de nos recriar. Este é o poder de Deus, e o poder de Deus perdoa, limpa e sustém a alma humana.
A experiência dos crentes de 1844 inaugurou o início de uma nova apreciação da aliança da hora do juízo do tempo do fim. Os crentes deveriam ver e compreender a rebelião do coração humano contra Deus e a verdade. Sua inimizade tinha permanecido inconsciente, aguardando a revelação na expiação final. 
            “Desde os séculos eternos, era o designo de Deus que todos os seres criados, desde os luminosos e santos serafins até ao homem, fossem um templo para a morada do Criador. Devido ao pecado, a humanidade cessou de ser o templo de Deus. ... Pela encarnação do Filho de Deus, porem, cumpriu-se o designo do Céu. Deus habita na humanidade, e mediante a salvadora graça, o coração humano se torna novamente um templo”.1 O céu é muito mais do que um mero local material — constitui um entendimento, uma experiência viva que começa aqui e agora para o povo de Deus neste mundo.
O mistério da iniquidade com seu fardo de culpa será substituído pelo mistério da piedade. Paulo nos diz que esse mistério “desde tempos eternos esteve oculto, mas que se manifestou agora e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações, para obediência da fé” (Rom. 16: 25 e 26).
 “Que magnífica conclusão! Ela alcança de eternidade a eternidade. O evangelho de Deus é o tema dos séculos. ... Patriarcas, profetas e apóstolos trabalharam em uníssono para torná-lo manifesto; e ‘nos séculos vindouros’ será tanto a ciência quanto o cântico dos redimidos ‘de todas as nações, tribos e povos e línguas’, que se reunirão com Abraão, Isaque e Jacó no reino de Deus, e dirão: ‘Àquele que nos amou, e em Seu sangue nos lavou de nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai, a Ele seja glória e poder para todo o sempre. Amém”.2 (*Apoc. 1: 5 e 6).

Arlene Hill

Notas:                                                                                 
1) Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, pág. 161.
2) Ellet J. Waggoner, Waggoner on Romans, p. 214.
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Os textos bíblicos são da Edição Almeida Corrigida e Revisada, Fiel ao Texto Original.

O vídeo, em inglês, do Pastor Paul Penno sobre esta lição, gravada com um sábado de antecedência,
está na Internet em: https://youtu.be/efrE1qRMMo0
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Biografia da autora: A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street, Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.

Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Lição 12 — O Redentor de Jó, por Paulo Penno



Para 10 a 17 de dezembro de 2016

O que Jó sabe? Pela fé ele conhece três verdades maravilhosas: tem um Redentor vivo, este Redentor estará sobre a Terra, e Jó o verá com os próprios olhos. 
Ele diz, com efeito: “Eu não acredito finalmente que o deus monstro é o Deus que fez este mundo. Eu sei que o Deus que sempre temi e amei está relacionado comigo por um pacto — eu pertenço a Ele e à Sua família e Seu povo — e no final, mesmo que seja depois da minha morte, vou vê-Lo, e Ele me vindicará de modo a que seja visto publicamente que fui um verdadeiro crente com uma consciência limpa” (Jó 19: 25-27).
Jó sabe que tem um Redentor vivo. O “Redentor” era alguém ligado a uma pessoa por concerto, geralmente um parente, cujo chamado era defender a pessoa quando injustiçada. Uma das ilustrações mais bonitas deste princípio está no livro de Rute, onde Boaz atua como o parente-resgatador de Rute e Noemi, cuidando delas em sua viuvez e tornando-se para Rute o marido de que ela precisava.
Jó está confiante de que tem um Redentor que “vive”. Este Redentor não pode ser outro senão o próprio Deus, que permanece como o Redentor de Seu povo.
Jó sabe, por fé, que este Redentor “se levantará sobre a Terra”, “no pó”, referindo-se à sepultura de Jó. Haverá um vindicador eternamente vivo de pé em meu túmulo, atestando minha genuinidade e justificação perante Deus.
Jó sabe que no final ele verá este Deus Redentor com os seus próprios olhos. Ele espera que isso aconteça depois de sua morte  “depois de consumida a minha pele” (Jó 19:26). Jó estará escondido na sepultura e então convocado na ressurreição para encontrar o seu Deus. Estar diante de Deus tem o significado de justificação com Deus, ser vindicado. A fé de Jó torna essa realidade futura tão vívida que é quase como se ele já estivesse experimentando essa tão desejada visão de Deus. Jó é um profeta, e o Espírito de Cristo dentro dele busca e indaga sobre que pessoa e tempo estejam sendo indicados por esses anseios (1ª Pedro 1:10-12). O anseio mais profundo do coração de Jó é apresentar-se vindicado diante do Deus que ama e adora.
A menos que o livro de Jó não faça sentido, indica claramente que Jó reivindicou a Deus. Aqueles que dizem que é blasfêmia ou quase blasfêmia reconhecer que os pecadores convertidos possam ter a mínima parte em vindicar o Senhor e ajudar a resolver o “grande conflito entre Cristo e Satanás”, têm ignorado a óbvia importância de Jó.
O Senhor colocou a honra de Seu trono sob risco no resultado das tentações de Satanás sobre Jó. Há elos de ligação que unem Jó em seu monte de refugos com Cristo em Sua cruz.
Imagine por um momento o que teria acontecido se Jó tivesse falhado no teste: Satanás teria proclamado por todo o universo que Deus estava derrotado, que Ele está errado, equivocado, e que Seu plano de salvação é um fracasso. O fato de que Jó não falhou (“Meu servo Jó” [tem] “falado de Mim o que é certo”, Jó 42: 8) obviamente significa que Ele honrou a Deus, defendeu a Sua causa e silenciou a Satanás — em suma — a Ele vindicou.
Alguns dizem: “Só Cristo poderia fazer isso!” Mas o fato é que Jó também o fez! O fato de que Jó reivindicou a Deus não significa que ele o fez por conta própria. Foi pela fé (“Eu sei que o meu Redentor vive ...”). Foi justiça transmitida pela fé.
Cristo na Sua cruz, Jó no seu monte de refugos, e os santos aparentemente abandonados por Deus durante o Tempo de Angústia, todos têm algo em comum: uma experiência prática de expiação. Pela fé superam o terrível abismo do abandono de Deus que todos sentiram. Não há sentido no universo celestial observar a demonstração se ela não tem sentido!
Cristo não foi atingido por bolhas ou lepra. Ele não perdeu uma família ou ouviu uma esposa dizer: “Amaldiçoa a Deus e morre”. Ele não sofreu nenhuma privação repentina e forçada de riqueza. Mas foi tentado mais do que Jó poderia ter sido. Ao pender Ele em Sua cruz, não era para Ele dizer: “Eu sei que o Meu Redentor vive!” Pelo contrário, era Sua sorte suportar a nudez e o puro desespero destilado. Nenhuma convicção de justiça O sustentou triunfalmente como foi o privilégio de Jó.
Jó foi “feito justiça de Deus”, mesmo em seus momentos mais sombrios, e se alegrou com a convicção de inocência que lhe foi imputada pelo Inocente. Mas Cristo foi “feito pecado”, e tanto na aparência como na realidade, foi contado com os transgressores (2ª Cor. 5:21 e Isa. 53:12). A taça amarga que Ele sorveu foi a segunda morte, a dor e a culpa do pecado nu e cru, de que Ele foi “feito” por nossa conta, e que Lhe foi imputado. Jó não tomou aquele cálice, mas foi sustentado pelos frutos da expiação de Cristo. “A luz que ilumina a todo homem” brilhava em sua alma.
Cristo vindicou a Deus por suportar a escuridão da segunda morte. Se Ele não tivesse suportado aquela escuridão, teria sido sustentado pela esperança, e assim o Seu sacrifício não teria sido completo. É somente quando esta verdade é compreendida que uma expiação completa se torna possível de observar.
A mensagem de 1888 vê o sacrifício de Cristo na cruz como realizando infinitamente mais do que “meramente adiar” a punição original pelo pecado. “A punição ou salário do pecado — morte eterna” não foi “renunciada”, “postergada”, nem “adiada”, mas totalmente infligida sobre Cristo. Este é o único fundamento sobre o qual a graça pode descansar. A graça que não descansa no completo sacrifício de Cristo deve ser “graça barata”. Ele real e verdadeiramente pagou a dívida do pecado de cada homem, e, portanto, morreu completamente a segunda morte de “cada homem”. Assim, não há razão para que uma alma humana morra na segunda morte, exceto por sua própria incredulidade pessoal, sua recusa em apreciar o que Cristo realmente (não provisionalmente) realizou por ele na cruz (João 3:17-19). Esta visão da cruz pode ser de tirar o fôlego, mas vemos isso como clara verdade bíblica.
 “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras” (1ª Cor. 15:3). Isso foi o equivalente da segunda morte. Ele comprometeu tudo quanto tinha para entregar-Se à morte e ao inferno para sempre, sem reter nada. Esta é a medida de Seu (*amor) Ágape.
A expiação de Cristo é infinitamente mais do que estávamos prontos a entender. Cada ser humano está envolvido: “Jesus, o Redentor do mundo, está entre Satanás e toda alma. ... Os pecados de todos os que viveram sobre a Terra foram colocados sobre Cristo, testemunhando o fato de que ninguém precisa ser um perdedor no conflito com Satanás”. (Ellen G. White, Review and Herald, 23 de maio de 1899). Que boa notícia! E como o mundo tem fome de ouvi-la!

--Paul E. Penno

Nota do tradutor (*):
1) O que Cristo realizou por nós na cruz foi provisional ou real?
 A salvação que Cristo efetuou na Sua cruz não foi provisional no sentido de que depende do crente aceitá-la.
Cristo salvou o mundo. "O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, ... o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos" (Isaías 53:5, 6). Pedro diz que Sua identidade com os nossos pecados era profunda, não superficial, pois levou "Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados" (1ª Pedro 2:24). Temos assim identidade "com Cristo," como "Emanuel, Deus conosco",
Esta ideia é bem diferente do que definir o evangelho como simplesmente uma salvação provisional, como o fazem aqueles que ensinam a visão vicária da substituição.
É interessante que a palavra “vicário” não aparece em nenhum lugar na Bíblia, e Ellen White a usou em seus livros somente uma vez, e com outro enfoque.
Se você quer uma experiência vicária como piloto de um avião supersônico você pode comprar um programa de simulador de voo com o qual você terá uma experiência virtual, sentindo, como que, até mesmo as vibrações da aeronave ao treinar e aprender como decolar, voar e aterrissar em 20.000 aeroportos em todo o mundo. É uma experiência virtual, mas não é real. Se você quiser uma experiência real peça a um piloto experiente para voar com você, e você vai compartilhar com ele (piloto e copiloto) juntos.
"Se alguém quer vir após Mim, ... tome a sua cruz e siga-Me .... Quem perder a sua vida por Minha causa a encontrará" (Mat. 16:24, 25) .
Paulo compreendeu essa ideia de substituição compartilhada: "Estou crucificado com Cristo" (Gál. 2:20). Nós “fomos batizados em Jesus Cristo, ... batizados na Sua morte, ... sepultados com Ele pelo batismo na morte; ... fomos plantados juntamente [com Ele] na semelhança da Sua morte, ... o nosso homem velho [o amor de si mesmo] foi com Ele crucificado, ... morremos com Cristo." Se tudo isso for verdade, então "nós também viveremos com Ele" (Rom. 6:3-8).
Cristo não morreu de tal modo que nós, em troca possamos viver; mas Ele morreu e ressuscitou sendo nós a fim de que nós possamos, pela fé, participar em Sua morte e ressurreição. Ao assumir nossa corpórea humanidade pecaminosa e condenada, que necessitava ser redimida, Cristo foi feito pecado, o que nós somos, a fim de que nós possamos ser feitos justiça de Deus nEle (veja 2ª Cor. 5:21). Como o segundo Adão (humanidade) Cristo tomou nosso lugar e morreu nossa morte a fim de que nós possamos ser identificados com Ele, tanto na Sua morte como na Sua ressurreição. Isto é o que o nosso batismo significa (veja Romanos 6:3-11).
Ao Cristo identificar-Se corporativamente, em cada sentido, com nossa humanidade caída, Ele Se qualificou para ser o Segundo Adão; Cristo foi assim legalmente qualificado para ser nosso substituto em Sua missão salvadora.
De acordo com esta visão, Cristo não simplesmente viveu uma vida perfeita em nosso lugar, Ele não simplesmente morreu em vez de nós. Ao contrário, Sua obra, Sua perfeita vida e morte sacrifical, em verdade mudou a história da raça humana. Toda a humanidade foi legalmente justificada na cruz porque toda a humanidade estava em Cristo.
Quando Ele viveu uma vida perfeita, toda a humanidade viveu uma vida perfeita nEle. Quando Ele morreu, toda a humanidade morreu nEle. Isto é bem diferente do que definir o evangelho como simplesmente uma salvação provisional, como o fazem aqueles que ensinam a visão vicária da substituição.
A única razão para alguém perder-se é por incredulidade, Hebreus 3:19. “A falta de fé dos filhos de Israel, demonstrada por sua desobediência, tornou impossível a entrada deles na terra prometida” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 7, pág. 416). Oro para que isto não se repita com você e comigo, pois “nada temos a temer quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado” (Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 162).
A ideia evangélica popular de salvação provisional com a “substituição” vicária, sob certo sentido está a ensinar que Cristo obedeceu “em vez de” nós, de modo que nós não necessitamos obedecer; Ele morreu “por nós”, de tal modo que nós não necessitamos morrer para o pecado; Ele negou o eu “em nosso lugar”, e assim podemos ser egoisticamente indulgentes; Ele guardou os mandamentos “por nós”, e assim podemos transgredi-los; Ele guardou o Sábado “em nosso lugar” de modo que podemos “encontrar nosso próprio prazer” sete dias por semana; Assim, nessa linha de raciocínio, podemos dizer que Ele foi para o céu “por nós” de tal modo que nós nunca chegaremos lá.
Como vemos a ideia popular da doutrina de substituição de Cristo é um entendimento infantil, especialmente em vista de nossa verdade do santuário. Vivemos no grande dia cósmico da Expiação, é hora de mudarmos este conceito.
 A Bíblia não ensina uma substituição vicária, mas uma substituição compartilhada. Há uma grande diferença! A primeira ensina uma troca de experiência; enquanto a última ensina uma experiência compartilhada. A primeira é a ideia evangélica, e a última é a ideia da mensagem de Justificação pela Fé da Igreja Adventista que nos foi outorgada em 1888, segundo nos diz a serva do Senhor em Testemunho para Ministros, págs. 91 em diante.
Mas esta real substituição não significa que toda a humanidade está automaticamente salva experimentalmente. Esta é a heresia do universalismo. A justificação legal é o supremo presente a toda a raça humana (veja João 3:16). Ao o Senhor outorgar Seu supremo dom, Ele está desejoso de que o crente não resista à AÇÃO de Cristo vivendo nele, a fim de que a justificação se torne efetiva (ver Romanos 5:17). Paulo exclamou:“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no Filho de Deus, O qual me amou, e Se entregou a Si mesmo por mim” (Gálatas 2:20)
Muito embora todos os feitos de Cristo pertençam, legal e objetivamente, a cada ser humano, individualmente [Rom. 5.18], porque todos estão 'em Cristo', os mais preciosos benefícios não são efetivos para nós, nem se tornam uma experiência subjetiva em nós, se resistirmos à ação de Cristo em nós.



             Nota:                                                                                   

O vídeo, em inglês, do Pastor Paul Penno sobre esta lição, gravada com um sábado de antecedência,

Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 42 anos e foi jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
  
    Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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