Para 10 a 17 de dezembro de 2016
O que Jó sabe?
Pela fé ele conhece três verdades maravilhosas: tem um Redentor vivo, este
Redentor estará sobre a Terra, e Jó o verá com os próprios olhos.
Ele diz, com
efeito: “Eu não acredito finalmente que o
deus monstro é o Deus que fez este mundo. Eu sei que o Deus que sempre temi e
amei está relacionado comigo por um pacto — eu pertenço a Ele e à Sua família e
Seu povo — e no final, mesmo que seja depois da minha morte, vou vê-Lo, e Ele
me vindicará de modo a que seja visto publicamente que fui um verdadeiro crente
com uma consciência limpa” (Jó 19: 25-27).
Jó sabe que
tem um Redentor vivo. O “Redentor” era alguém ligado a uma pessoa por concerto,
geralmente um parente, cujo chamado era defender a pessoa quando injustiçada.
Uma das ilustrações mais bonitas deste princípio está no livro de Rute, onde
Boaz atua como o parente-resgatador de Rute e Noemi, cuidando delas em sua
viuvez e tornando-se para Rute o marido de que ela precisava.
Jó está
confiante de que tem um Redentor que “vive”. Este Redentor não pode ser outro
senão o próprio Deus, que permanece como o Redentor de Seu povo.
Jó
sabe, por fé, que este Redentor “se levantará sobre a Terra”, “no pó”, referindo-se
à sepultura de Jó. Haverá um vindicador eternamente vivo de pé em meu túmulo,
atestando minha genuinidade e justificação perante Deus.
Jó
sabe que no final ele verá este Deus Redentor com os seus próprios olhos. Ele
espera que isso aconteça depois de sua morte
“depois de consumida a minha pele” (Jó 19:26). Jó estará escondido na
sepultura e então convocado na ressurreição para encontrar o seu Deus. Estar
diante de Deus tem o significado de justificação com Deus, ser vindicado. A fé
de Jó torna essa realidade futura tão vívida que é quase como se ele já
estivesse experimentando essa tão desejada visão de Deus. Jó é um profeta, e o
Espírito de Cristo dentro dele busca e indaga sobre que pessoa e tempo estejam
sendo indicados por esses anseios (1ª Pedro 1:10-12). O anseio mais profundo do
coração de Jó é apresentar-se vindicado diante do Deus que ama e adora.
A
menos que o livro de Jó não faça sentido, indica claramente que Jó reivindicou
a Deus. Aqueles que dizem que é blasfêmia ou quase blasfêmia reconhecer que os
pecadores convertidos possam ter a mínima parte em vindicar o Senhor e ajudar a
resolver o “grande conflito entre Cristo e Satanás”, têm ignorado a óbvia
importância de Jó.
O
Senhor colocou a honra de Seu trono sob risco no resultado das tentações de
Satanás sobre Jó. Há elos de ligação que unem Jó em seu monte de refugos com
Cristo em Sua cruz.
Imagine
por um momento o que teria acontecido se Jó tivesse falhado no teste: Satanás
teria proclamado por todo o universo que Deus estava derrotado, que Ele está
errado, equivocado, e que Seu plano de salvação é um fracasso. O fato de que Jó
não falhou (“Meu servo Jó” [tem] “falado de Mim o que é certo”, Jó 42: 8)
obviamente significa que Ele honrou a Deus, defendeu a Sua causa e silenciou a
Satanás — em suma — a Ele vindicou.
Alguns
dizem: “Só Cristo poderia fazer isso!” Mas o fato é que Jó também o fez! O fato
de que Jó reivindicou a Deus não significa que ele o fez por conta própria. Foi
pela fé (“Eu sei que o meu Redentor vive
...”). Foi justiça transmitida
pela fé.
Cristo
na Sua cruz, Jó no seu monte de refugos, e os santos aparentemente abandonados
por Deus durante o Tempo de Angústia, todos têm algo em comum: uma experiência
prática de expiação. Pela fé superam o terrível abismo do abandono de Deus que
todos sentiram. Não há sentido no universo celestial observar a demonstração se
ela não tem sentido!
Cristo
não foi atingido por bolhas ou lepra. Ele não perdeu uma família ou ouviu uma
esposa dizer: “Amaldiçoa a Deus e morre”.
Ele não sofreu nenhuma privação repentina e forçada de riqueza. Mas foi
tentado mais do que Jó poderia ter sido. Ao pender Ele em Sua cruz, não era
para Ele dizer: “Eu sei que o Meu Redentor vive!” Pelo contrário, era Sua sorte
suportar a nudez e o puro desespero destilado. Nenhuma convicção de justiça O
sustentou triunfalmente como foi o privilégio de Jó.
Jó foi “feito
justiça de Deus”, mesmo em seus momentos mais sombrios, e se alegrou com a
convicção de inocência que lhe foi imputada pelo Inocente. Mas Cristo foi “feito pecado”, e tanto na aparência
como na realidade, foi contado com os transgressores (2ª Cor. 5:21 e Isa.
53:12). A taça amarga que Ele sorveu foi a segunda morte, a dor e a culpa do
pecado nu e cru, de que Ele foi “feito” por nossa conta, e que Lhe
foi imputado. Jó não tomou aquele cálice, mas foi sustentado pelos frutos da
expiação de Cristo. “A luz que ilumina a todo homem” brilhava em sua alma.
Cristo
vindicou a Deus por suportar a escuridão da segunda morte. Se Ele não tivesse
suportado aquela escuridão, teria sido sustentado pela esperança, e assim o Seu
sacrifício não teria sido completo. É somente quando esta verdade é
compreendida que uma expiação completa se torna possível de observar.
A
mensagem de 1888 vê o sacrifício de Cristo na cruz como realizando
infinitamente mais do que “meramente adiar” a punição original pelo pecado. “A
punição ou salário do pecado — morte eterna” não foi “renunciada”,
“postergada”, nem “adiada”, mas totalmente infligida sobre Cristo. Este é o
único fundamento sobre o qual a graça pode descansar. A graça que não descansa
no completo sacrifício de Cristo deve ser “graça barata”. Ele real e
verdadeiramente pagou a dívida do pecado de cada homem, e, portanto, morreu
completamente a segunda morte de “cada homem”. Assim, não há razão para que uma
alma humana morra na segunda morte, exceto por sua própria incredulidade
pessoal, sua recusa em apreciar o que Cristo realmente (não provisionalmente)
realizou por ele na cruz (João 3:17-19). Esta visão da cruz pode ser de tirar o
fôlego, mas vemos isso como clara verdade bíblica.
“Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo
as Escrituras” (1ª Cor. 15:3). Isso foi o equivalente da segunda morte. Ele
comprometeu tudo quanto tinha para entregar-Se à morte e ao inferno para
sempre, sem reter nada. Esta é a medida de Seu (*amor) Ágape.
A
expiação de Cristo é infinitamente mais do que estávamos prontos a entender.
Cada ser humano está envolvido: “Jesus, o Redentor do mundo, está entre Satanás
e toda alma. ... Os pecados de todos os que viveram sobre a Terra foram
colocados sobre Cristo, testemunhando o fato de que ninguém precisa ser um
perdedor no conflito com Satanás”. (Ellen G. White, Review and Herald, 23 de maio de 1899). Que boa notícia! E como o
mundo tem fome de ouvi-la!
--Paul E. Penno
Nota
do tradutor (*):
1) O que Cristo realizou por nós na cruz foi
provisional ou real?
A
salvação que Cristo efetuou na Sua cruz não foi provisional no sentido de que
depende do crente aceitá-la.
Cristo salvou o mundo. "O castigo que nos traz a paz estava sobre
Ele, ... o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos" (Isaías 53:5, 6). Pedro diz que Sua
identidade com os nossos pecados era profunda, não superficial, pois levou "Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados" (1ª Pedro
2:24). Temos assim identidade
"com Cristo," como "Emanuel,
Deus conosco",
Esta ideia é bem diferente do que definir o
evangelho como simplesmente uma salvação
provisional, como o fazem aqueles que
ensinam a visão vicária da substituição.
É
interessante que a palavra “vicário” não aparece em nenhum lugar na Bíblia, e
Ellen White a usou em seus livros somente uma vez, e com outro enfoque.
Se
você quer uma experiência vicária como piloto de um avião supersônico você pode
comprar um programa de simulador de voo com o qual você terá uma experiência
virtual, sentindo, como que, até mesmo as vibrações da aeronave ao treinar e
aprender como decolar, voar e aterrissar em 20.000 aeroportos em todo o mundo.
É uma experiência virtual, mas não é real. Se você quiser uma experiência
real peça a um piloto experiente para voar com você, e você vai compartilhar
com ele (piloto e copiloto) juntos.
"Se
alguém quer vir após Mim, ... tome a sua cruz e siga-Me .... Quem perder a sua
vida por Minha causa a encontrará" (Mat.
16:24, 25) .
Paulo compreendeu essa ideia de substituição compartilhada:
"Estou crucificado com Cristo" (Gál.
2:20). Nós “fomos batizados em Jesus
Cristo, ... batizados na Sua morte, ... sepultados com Ele pelo batismo na
morte; ... fomos plantados juntamente [com Ele] na semelhança da Sua morte, ... o nosso homem velho [o amor de si
mesmo] foi com Ele crucificado, ...
morremos com Cristo." Se tudo isso for verdade, então "nós também viveremos com Ele"
(Rom. 6:3-8).
Cristo não morreu de tal modo que nós, em troca
possamos viver; mas Ele morreu e ressuscitou sendo nós a fim de que nós
possamos, pela fé, participar em Sua morte e ressurreição. Ao assumir nossa
corpórea humanidade pecaminosa e condenada, que necessitava ser redimida,
Cristo foi feito pecado, o que nós somos, a fim de que nós possamos ser feitos
justiça de Deus nEle (veja 2ª Cor. 5:21). Como o segundo Adão (humanidade)
Cristo tomou nosso lugar e morreu nossa morte a fim de que nós possamos ser
identificados com Ele, tanto na Sua morte como na Sua ressurreição. Isto é o
que o nosso batismo significa (veja Romanos 6:3-11).
Ao
Cristo identificar-Se corporativamente, em cada sentido, com nossa humanidade
caída, Ele Se qualificou para ser o Segundo Adão; Cristo foi assim
legalmente qualificado para ser nosso substituto em Sua missão salvadora.
De
acordo com esta visão, Cristo não simplesmente viveu uma vida perfeita em
nosso lugar, Ele não simplesmente morreu em vez de nós. Ao
contrário, Sua obra, Sua perfeita vida e morte sacrifical, em verdade mudou a
história da raça humana. Toda a humanidade foi legalmente justificada na cruz
porque toda a humanidade estava em Cristo.
Quando
Ele viveu uma vida perfeita, toda a humanidade viveu uma vida perfeita nEle.
Quando Ele morreu, toda a humanidade morreu nEle. Isto é bem diferente
do que definir o evangelho como simplesmente uma salvação provisional, como o
fazem aqueles que ensinam a visão vicária da substituição.
A única razão para alguém perder-se é por
incredulidade, Hebreus 3:19. “A falta de fé dos filhos de Israel, demonstrada
por sua desobediência, tornou impossível a entrada deles na terra prometida” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 7,
pág. 416). Oro para que isto não se repita com você e comigo, pois “nada temos a
temer quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos
tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado” (Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 162).
A ideia evangélica popular de salvação provisional
com a “substituição” vicária, sob certo sentido está a ensinar que Cristo
obedeceu “em vez de” nós, de modo que nós não necessitamos obedecer; Ele morreu
“por nós”, de tal modo que nós não necessitamos morrer para o pecado; Ele negou
o eu “em nosso lugar”, e assim podemos ser egoisticamente indulgentes; Ele
guardou os mandamentos “por nós”, e assim podemos transgredi-los; Ele guardou o
Sábado “em nosso lugar” de modo que podemos “encontrar nosso próprio prazer”
sete dias por semana; Assim, nessa linha de
raciocínio, podemos dizer que Ele foi para o céu “por nós” de tal modo que nós
nunca chegaremos lá.
Como vemos a ideia popular da doutrina de
substituição de Cristo é um entendimento infantil, especialmente em vista de
nossa verdade do santuário. Vivemos no grande dia cósmico da Expiação, é hora
de mudarmos este conceito.
A Bíblia não ensina uma
substituição vicária, mas uma substituição
compartilhada. Há uma grande diferença! A primeira ensina uma troca de
experiência; enquanto a última ensina uma experiência compartilhada. A
primeira é a ideia evangélica, e a última é a ideia da mensagem de Justificação
pela Fé da Igreja Adventista que nos foi outorgada em 1888, segundo nos diz a
serva do Senhor em Testemunho para
Ministros, págs. 91 em diante.
Mas esta real substituição não significa que toda a
humanidade está automaticamente salva experimentalmente. Esta é a heresia do
universalismo. A justificação legal é o supremo presente a toda a raça humana
(veja João 3:16). Ao o Senhor outorgar Seu supremo dom, Ele está desejoso de
que o crente não resista à AÇÃO de Cristo vivendo nele, a fim de que a
justificação se torne efetiva (ver Romanos 5:17). Paulo exclamou:“Já estou
crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida
que agora vivo na carne, vivo-a na fé no Filho de Deus, O qual me amou, e Se
entregou a Si mesmo por mim” (Gálatas 2:20)
Muito embora todos os feitos de Cristo pertençam, legal
e objetivamente, a cada ser humano, individualmente [Rom.
5.18], porque todos estão 'em Cristo', os
mais preciosos benefícios não são efetivos para nós, nem se tornam uma
experiência subjetiva em nós, se resistirmos à ação de Cristo em
nós.
Nota:
O
vídeo, em inglês, do Pastor Paul Penno sobre esta lição, gravada com um sábado
de antecedência,
está na
Internet em: https://www.youtube.com/watch?v=W8pyFaHo34g
Biografia
do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo
Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na
Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no
endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi
ordenado ao ministério há 42 anos e foi jubilado em junho de 2016, Após o curso
de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele
preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White.
Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos
na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos,
escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela
fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo,
DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim
nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador
do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de
2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church
localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley
Center, Califórnia.
Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos
do tradutor.
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