terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Lição 13 — O caráter de Jó, por Arlene Hill



Para 17 a 24 de dezembro de 2016

Há muitas maneiras de entender mal a história de Jó. Uma delas é pensar que Deus buscou alguém na Terra com um caráter quase perfeito (Ele disse a Satanás “não há ninguém como ele”) para que pudesse fazer de Jó um exemplo a fim de ganhar uma aposta com o diabo. Deus não usa as pessoas como penhor. O ponto básico do livro de Jó é que, por Ele prometer terminar a obra que começou em nós, permite que coisas aconteçam conosco para amadurecer e fortalecer nossa fé.
Na conversa com os “filhos de Deus” (Jó 1:6-9), Deus disse algumas coisas muito boas sobre o caráter de Jó: ele é “irrepreensível”, “reto”, “se desvia do mal”. Por causa desses traços de caráter é fácil entender que Jó era respeitado pelos que o conheciam. Tinha um assento na “praça aberta”. A maioria das cidades antigas era construída em torno de uma área aberta de modo que as paredes formassem uma proteção contra os inimigos. Essa área protegida também servia como o mercado comercial para os cidadãos da cidade e arredores. Ter conquistado o direito a um assento seria uma indicação de que as pessoas da cidade respeitavam Jó e consideravam as suas opiniões em decisões importantes que afetavam os cidadãos. Podemos equiparar isso a ser membro do conselho da cidade. Ele era sábio, honesto e justo.
Ver coisas ruins acontecendo com uma pessoa tão boa não fazia sentido aos amigos de Jó, então eles argumentaram que ele não devia ser tão bom quanto parecia. No capítulo 31, Jó descreve todas as coisas boas sobre ele como prova de que seus amigos estavam errados. É-nos dito em “tudo isso” Jó não pecou, ​​mas não é pecado entender mal. O processo de refinamento é para amadurecer o nosso caráter, e Deus o permite porque Ele nos ama. Fazermos coisas boas ou termos bons traços de caráter não nos torna isentos.
No conceito cósmico de purificação do Dia de Expiação que os adventistas do sétimo dia chamam de “Juízo Investigativo”, o processo é para que cooperemos com o Espírito Santo em mostrar quem somos e os pecados que podemos ou não conhecer de tal forma que possamos deixar que Ele nos purifique e amadureça a nossa fé. A mensagem de 1888 ensina que haverá um grupo de pessoas no fim dos tempos que permite que Deus complete esse processo em seus corações e mentes, mas não estarão cientes disso. Como Jó, não serão capazes de pensar em algo que ainda precisam dar a Deus.
No último parágrafo da parte de quinta-feira, o nosso guia de estudos nos dirige a uma citação de Ellen G. White de “O Desejado de Todas as Nações”: “A própria imagem de Deus tem que ser reproduzida na humanidade. A honra de Deus, a honra de Cristo, acha-se envolvida no aperfeiçoamento do caráter do Seu povo” (pág. 671). Na mesma página (*dois parágrafos acima) ela diz que [o Espírito Santo] “primeiro habita no coração como o Espírito de verdade, e torna-Se assim o Consolador. Há conforto e paz na verdade. ... É por meio de falsas teorias e tradições que Satanás adquire seu domínio sobre a mente”.
O pecado veio ao mundo de forma disfarçada e misteriosa. Tornou-se portador da morte quando Lúcifer, um ser criado, se rendeu ao amor de si mesmo e inconscientemente propôs tomar o lugar do Criador. Adão se rendeu a esse mesmo amor de si mesmo no jardim, e ficou sobrecarregado com um terrível sentimento de culpa.
A raça humana tem procurado as coisas certas a fazer para se libertar dessa culpa. Tornou-se a força motriz por trás da ideia de justiça pelas obras. É aqui que o evangelho se torna a cura. Por ser o evangelho o poder de Deus, ele confronta nossa culpa mostrando-nos que somos culpados do pecado derradeiro de querer tomar o lugar do Criador. Quando compreendemos que somos impotentes para nos libertar dessa culpa, o evangelho nos liberta para descansar na capacidade e disposição de Deus de nos recriar. Este é o poder de Deus, e o poder de Deus perdoa, limpa e sustém a alma humana.
A experiência dos crentes de 1844 inaugurou o início de uma nova apreciação da aliança da hora do juízo do tempo do fim. Os crentes deveriam ver e compreender a rebelião do coração humano contra Deus e a verdade. Sua inimizade tinha permanecido inconsciente, aguardando a revelação na expiação final. 
            “Desde os séculos eternos, era o designo de Deus que todos os seres criados, desde os luminosos e santos serafins até ao homem, fossem um templo para a morada do Criador. Devido ao pecado, a humanidade cessou de ser o templo de Deus. ... Pela encarnação do Filho de Deus, porem, cumpriu-se o designo do Céu. Deus habita na humanidade, e mediante a salvadora graça, o coração humano se torna novamente um templo”.1 O céu é muito mais do que um mero local material — constitui um entendimento, uma experiência viva que começa aqui e agora para o povo de Deus neste mundo.
O mistério da iniquidade com seu fardo de culpa será substituído pelo mistério da piedade. Paulo nos diz que esse mistério “desde tempos eternos esteve oculto, mas que se manifestou agora e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações, para obediência da fé” (Rom. 16: 25 e 26).
 “Que magnífica conclusão! Ela alcança de eternidade a eternidade. O evangelho de Deus é o tema dos séculos. ... Patriarcas, profetas e apóstolos trabalharam em uníssono para torná-lo manifesto; e ‘nos séculos vindouros’ será tanto a ciência quanto o cântico dos redimidos ‘de todas as nações, tribos e povos e línguas’, que se reunirão com Abraão, Isaque e Jacó no reino de Deus, e dirão: ‘Àquele que nos amou, e em Seu sangue nos lavou de nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai, a Ele seja glória e poder para todo o sempre. Amém”.2 (*Apoc. 1: 5 e 6).

Arlene Hill

Notas:                                                                                 
1) Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, pág. 161.
2) Ellet J. Waggoner, Waggoner on Romans, p. 214.
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Os textos bíblicos são da Edição Almeida Corrigida e Revisada, Fiel ao Texto Original.

O vídeo, em inglês, do Pastor Paul Penno sobre esta lição, gravada com um sábado de antecedência,
está na Internet em: https://youtu.be/efrE1qRMMo0
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Biografia da autora: A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street, Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.

Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.
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