quinta-feira, 26 de junho de 2014

Lição 13 - O Reino de Cristo e a Lei, por Paulo E. Penno



Para 21 a 28 de junho de 2014

Todo governo deve ter uma lei, uma Constituição. Se o governo de seu país fosse abolir todas as leis de trânsito das rodovias, você nunca se atreveria a viajar para qualquer lugar. Se alguém caminhasse pela estrada gritando: "Todas as leis de trânsito estão abolidas! Dirija em qualquer lado da estrada, por favor! Liberdade!" as pessoas saberiam que ele era um louco, e a polícia iria imediatamente prendê-lo.
Assim que alguém começa a encontrar falha na "lei perfeita da liberdade" de Deus, podemos também saber que ele é ou um tolo, ou é escravo do inimigo de Deus. Na verdade, este é o teste pelo qual podemos saber se Deus enviou um homem, ou se Satanás o enviou. Este é um aviso razoável, ao concluirmos esta série de estudos sobre Cristo e Sua lei.
As pessoas que dizem que a lei de Deus foi abolida não podem ter sido enviadas por Deus, pois o próprio Jesus disse: "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir. ... Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus" (Mat. 5:17-20).
Todo ser humano sobre a face da terra deve escolher entre a "gloriosa liberdade" dos filhos de Deus em obediência à Sua perfeita "lei da liberdade" em Seu reino, ou a escravidão de obediência à regra do mal de Satanás.
O inventor mestre de todos os esquemas diabólicos quer constranger Cristo. Se Satanás pudesse perpetuar o pecado entre o povo de Deus, ele alcançaria seu sucesso. Esta é a sua melhor maneira de sabotar o reino de Cristo.
Vamos encarar a realidade: apatia constante agora é pecado. E conforme o tempo passa, vai ser vista como uma crucificação de Cristo novamente. O inimigo não pode atualmente usar força física. Sua estratégia tem sido a de aproveitar-se da nossa ignorância do que o pecado é e, assim, induzir-nos numa paralisia espiritual. A nossa típica mornidão é uma letargia de aspecto encantador nas fronteiras do reino celestial.
Aqui está a fonte do mal. A campanha de Satanás na Terra contra Deus é uma luta cósmica que supera todas as nossas preocupações mesquinhas por nossa própria salvação pessoal. O destino de um mundo está em posição crítica. Mas, mais ainda: algo ainda maior está envolvido. Deus não pode ser um tirano no universo, governando sobre pessoas relutantes que não confiam nEle. O destino de Seu governo está em posição crítica também.
Se tiranos políticos caíram porque seus povos se libertaram das cadeias da opressão, exigindo democracia, assim certamente deve Deus reger somente pela voluntária aclamação do fundo do coração de seus súditos. Mentiras de Satanás devem ser desmascaradas e ele deve ser derrotado para que o reino de Deus seja estabelecido.
A guerra entre o bem e o mal não pode continuar para sempre, pois se isso acontecer vai provar que Deus é impotente. E isso significará que a verdade não pode prevalecer. Nenhuma notícia poderia ser pior do que esta. Vitória para a justiça deve vir. Este é precisamente o cenário que a Bíblia revela no livro do Apocalipse:
"Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do Seu Cristo: porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite.  E eles o venceram pelo sangue. do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte" (Apoc. 12:10, 11).
A verdadeira "salvação" é maior do que a nossa segurança pessoal. É a salvação da causa da justiça e da verdade. A nossa salvação pessoal está envolvida naquela maior salvação, como salvar o dedo do afogamento está incluído em salvar o seu corpo. Na verdade, a nossa salvação pessoal seria inútil sem que a maior salvação tivesse sido alcançada. Não há nenhuma maneira de almas "salvas" poderem existir independentemente de Deus!
Cada vez que oramos a oração do Senhor, nós oramos a oração que pode acabar sobre as nossas cabeças em entendimento. Este estabelecimento do "reino de Deus" é o mesmo que o objetivo da oração do Senhor: "Venha o Teu reino, seja feita Tua vontade, assim na terra como no céu" (Mat. 6:10).
O "reino" ainda não "veio." Tem sido aguardado o seu estabelecimento agora já por dois milênios desde que Cristo nos deu esta oração de expectativa; muitos que reverenciam a Bíblia como a Palavra de Deus lutam com a convicção de que está atrasado. Tem sido prejudicada. Mas eles também estão convencidos de que, se houver algum atraso, a honra de Deus será comprometida.
A vinda do reino também é equivalente ao grande clímax da obra de Cristo como Sumo Sacerdote do mundo: "Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus,... não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-Se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado" (Heb. 4:14, 15). A mensagem de 1888 é sobre a obra de nosso Sumo Sacerdote; reconciliar os corações alienados do povo de Deus a Ele; outro nome para isso é o ministério do Dia antitípico da Expiação (uma palavra simples, em unidade de coração com Deus). Sim, para isso acontecer seria um milagre; mas isso é o que a oração do Senhor tem proferido por todo este longo tempo!
A vinda do "reino" é equivalente ao grande "outro anjo [que] sai do templo, clamando com grande voz ao que está assentado sobre a nuvem: ‘Lança a Tua foice, e sega; a hora de segar Te é vinda, porque já a seara da terra está madura’" (Apoc. 14:15). É o grande final da história probatória desta terra.
Outra palavra para expiação é "a purificação do santuário celestial" (Dan. 8:14), uma frase que só faz sentido se for entendida como a purificação dos corações do povo de Deus de todo o pecado, conhecidos e também desconhecidos. A honra e vindicação de Cristo no "grande conflito com Satanás" está envolvida, portanto, no estabelecimento, do "reino". Essa é a nossa verdadeira motivação, algo que transcende a nossa preocupação para salvar nossas próprias pobres pequenas almas.
A inimizade e a guerra de Satanás estão agora dirigidas contra "nossos irmãos," isto é, contra todos os que são leais a Deus. Aqueles que são leais a Satanás permanecem ao lado dele. Todos os seres humanos estão, portanto, envolvidos nesta grande guerra espiritual, e ninguém pode eximir-se de estar em um ou outro lado.
Lealdade para com Deus é cara, pois significa (para muitos, pelo menos) o sacrifício da própria vida. Mas isso não é difícil para eles, pois eles são leais "até à morte" por meio da fé "no sangue do Cordeiro." Cristo foi fiel a eles "até a morte", "até mesmo a morte de cruz" (Fil. 2:8). Eles dizem: "Te agradecemos Senhor" por tal sacrifício.

- Paul E. Penno


Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99

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sexta-feira, 20 de junho de 2014

Lição 12 – A Igreja de Cristo e a Lei, por João Soares da Silveira

Para 14 a 21 de junho de 2014


A gente tem a impressão que Deus, ao longo de todas as eras, sempre desejou que a lei fosse unicamente escrita nos corações e mentes do Seu povo — assim foi do Éden até Abraão e Moisés, e assim será para a igreja remanescente, conforme profetizado por (Jeremias 31:33).
Veja, quando o povo chegou ao Sinai, Deus lhe diz: “se diligentemente ouvirdes a Minha voz e guardardes a Minha Aliança, então sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos” (Êxodo 19:4 e 5, KJV)
A que aliança Deus está se referindo: à única que então existia, aquela feita com os patriarcas. Parece que Deus intentou simplesmente escrever Sua lei nos corações e nas mentes dos israelitas. E isto é realmente o que Ele estava tentando desde Suas promessas aos patriarcas, e o que Ele promete fazer agora nos últimos Dias.
Mas o povo estava confiando em si mesmo e prometeu “tudo o que o Senhor tem falado faremos,” Êxodo 19:8, e isto eles não podiam cumprir. Desconheciam que eram incapazes
Assim Deus fez outra aliança com os filhos de Israel Ele foi provocado a assim agir devido à infantilidade deles em precipitadamente prometerem o que não podiam cumprir. Este é o concerto das obras.
Mas você dirá, espera um pouco, você está me dizendo que Deus fez um concerto de obras com o povo? Sim!!! Mas, é a Bíblia e o Espírito de Profecia que diz isto. Trata-se do ‘concerto do Sinai,’ o Velho Concerto, ou a ‘Antiga Aliança,’ referido em Êxodo 19. Esta é a aliança que ‘gera filhos para a servidão’ do pecado (Gal. 4:24). É o concerto da ‘justiça própria,’ das ‘obras da lei,’ a tentativa de se 'justificar pela lei" Gálatas 5:4.
Em Hebreus 8:9 Deus chega mesmo e dizer “a aliança que Eu fiz, ... Minha aliança” (início e meio do verso). Deus fez com eles essa Antiga Aliança (ou velho concerto). Mas por que um concerto de obras? Porque o povo prometeu (Êxo. 19:8, e 24: 3 e 7), sem pensar, que eles não podiam cumprir, como logo após caíram em idolatria (Êxo. 23). O intento de Deus era que, após falharem em seus próprios esforços, compreendessem que necessitavam do poder vindo do alto para obedecerem à Sua santa lei, isto é, careciam do poder do Messias.
Não só a Bíblia, mas Ellen G. White, em Patriarcas e Profetas, pág. 371, também faz  referência a esta segunda aliança: Outro pacto, chamado nas Escrituras de ‘o velho’ concerto, foi formado entre Deus e Israel no Sinai, ...” (início do segundo parágrafo daquela página).
Muitos se equivocam ao deixar de distinguir a diferença entre a Antiga Aliança de Êxodo 19 e 24 e a Nova Aliança. Também outros deixam de distinguir as duas fases da nova aliança — a de antes da cruz e a de depois da cruz. Ellen G. White as chama de dispensações: “O Ensinador é o mesmo em ambas as dispensações” (ob. Citada, pág. 373, final do 2º parágrafo). Aquela primeira fase, ou dispensação também recebe o título de Antiga Aliança ou Velho Concerto, o que contribui ainda mais para se estabelecer equívocos. E tem mais, em Hebreus, a ‘primeira’ fase, etapa ou dispensação da Nova Aliança é denominada por Paulo como Antiga Aliança; e a ‘segunda’ fase, etapa ou dispensação da Nova Aliança ele a denomina Nova Aliança, o que contribui ainda mais para que muitos façam confusão. Assim, não é correto o entendimento de que as duas dispensações, supra referidas, sejam aquela Antiga Aliança, de Êxodo 19 e 24, que gera filhos para a escravidão do pecado, e a Nova Aliança, iniciada no Éden e que vai até o Éden restaurado.
Graças a Deus que não nos deixou sem a verdadeira luz:
1º) o Senhor nos enviou uma “mui preciosa mensagem” através dos irmãos A.T. Jones e E. J. Waggoner (Testemunho para Ministros, pág. 91, sic). Este último mensageiro nos diz que “AS ALIANÇAS NÃO SÃO UMA QUESTÃO DE TEMPO MAS DE CONDIÇÃO.” O antigo concerto não terminou na cruz, e nem o novo começou naquele momento. Ambos têm existido desde o Éden, e ambos correm hoje paralelamente. É impossível viver no novo concerto, e ser incapaz de distingui-lo clara e categoricamente do antigo. Cristo “foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:8), ainda que manifestado no Calvário. Você pode estar vivendo no novo concerto, ou no antigo, dependendo de qual for a sua compreensão e qual a sua fé em quão boas são as boas novas do evangelho.
2º) Louvado Seja Deus que, através de Sua serva Ellen G. White nos legou uma excelente explanação, que elucida bem todo esse assunto, sem deixar margem alguma de dúvida, conforme se lê a seguir do livro Patriarcas e Profetas, sendo que as ênfases e as notas de referência foram-lhe todas acrescentadas por nós:

As duas alianças, Ellen G. White em Patriarcas e Profetas
[Pág. 367] “A lei cerimonial1 foi dada por Cristo. Mesmo depois que ela não mais devia ser observada, Paulo apresentou-a aos judeus em sua verdadeira posição e valor, mostrando o seu lugar no plano da redenção e sua relação para com a obra de Cristo; e o grande apóstolo declara gloriosa esta lei, digna de seu divino Originador. O serviço solene do santuário tipificava as grandiosas verdades que seriam reveladas durante gerações sucessivas. A nuvem de incenso que ascendia com as orações de Israel, representa a Sua justiça que unicamente pode tornar aceitável a Deus a oração do pecador; a vítima sangrenta sobre o altar do sacrifício, dava testemunho de um Redentor vindouro; e do santo dos santos resplandecia o sinal visível da presença divina. Assim, através de séculos e séculos de trevas e apostasia, a fé se conservou viva no coração dos homens até chegar o tempo para o advento do Messias prometido.” 
 [370] “Assim como a Bíblia apresenta duas leis, uma imutável e eterna, e outra provisória e temporária, assim há dois concertos. O concerto da graça2 foi feito primeiramente com o homem no Éden, quando, depois da queda, foi feita uma promessa divina de que a semente da mulher feriria a cabeça da serpente. A todos os homens este concerto oferecia perdão, e a graça auxiliadora de Deus para a futura obediência mediante a fé em Cristo. Prometia-lhes também vida eterna sob condição de fidelidade para com a lei de Deus. Assim receberam os patriarcas a esperança da salvação.
"Este mesmo concerto foi renovado a Abraão, na promessa: "Em tua semente serão benditas todas as nações da Terra." Gên. 22:18. Esta promessa apontava para Cristo. Assim Abraão a compreendeu (Gál. 3:8 e 16), e confiou em Cristo para o perdão dos pecados. Foi esta fé que lhe foi atribuída como justiça. O concerto com Abraão mantinha também a autoridade da lei de Deus. O Senhor apareceu a Abraão e disse: "Eu sou o Deus todo-poderoso, anda em Minha presença e sê perfeito." Gên. 17:1. O testemunho de Deus concernente a Seu fiel servo foi: "Abraão obedeceu à Minha voz, e guardou o Meu mandado, os Meus preceitos, os Meus estatutos, e as Minhas leis."Gên. 26:5. E o Senhor lhe declarou: "Estabelecerei o Meu concerto entre Mim e ti e a tua semente depois de ti em suas gerações, por concerto perpétuo, para te ser a ti por Deus, e à tua semente depois de ti." Gên. 17:7.
 “Se bem que este concerto houvesse sido feito com Adão e renovado a Abraão, não poderia ser ratificado antes da morte de Cristo. Existira pela promessa de Deus desde que se fez a [371] primeira indicação de redenção; fora aceito pela fé; contudo, ao ser ratificado por Cristo, é chamado um novo concerto. A lei de Deus foi a base deste concerto, que era simplesmente uma disposição destinada a levar os homens de novo à harmonia com a vontade divina, colocando-os onde poderiam obedecer à lei de Deus.
 “Outro pacto3, chamado nas Escrituras o "velho" concerto, foi formado entre Deus e Israel no Sinai, e foi então ratificado pelo sangue de um sacrifício4. O concerto abraâmico foi ratificado pelo sangue de Cristo, e é chamado o "segundo", ou o "novo"concerto, porque o sangue pelo qual foi selado foi vertido depois do sangue do primeiro5 concerto. Que o novo concerto era válido nos dias de Abraão, evidencia-se do fato de que foi então confirmado tanto pela promessa como pelo juramento de Deus, "duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta". Heb. 6:18.
 “Mas, se o concerto abraâmico continha a promessa da redenção, por que se formou outro concerto no Sinai6? - Em seu cativeiro, o povo em grande parte (a) perdera o conhecimento de Deus e os princípios do concerto abraâmico. Libertando-os do Egito, Deus procurou revelar-lhes Seu poder e misericórdia, a fim de que fossem levados a amá-Lo e confiar nEle. Trouxe-os ao Mar Vermelho — onde, perseguidos pelos egípcios, parecia impossível escaparem — a fim de que se compenetrassem de seu completo desamparo, e da necessidade de auxílio divino; e então lhes operou o livramento. Assim eles se encheram de amor e gratidão para com Deus, e de confiança em Seu poder para os ajudar. Ele os ligara a Si na qualidade de seu Libertador do cativeiro temporal.
 “Havia, porém, uma verdade ainda maior a ser-lhes gravada na mente. Vivendo em meio de idolatria e corrupção, (b) não tinham uma concepção verdadeira da santidade de Deus, (c) da excessiva pecaminosidade de seu próprio coração, (d) de sua completa incapacidade para, por si mesmos, prestar obediência à lei de Deus, e (e) de sua necessidade de um Salvador. Tudo isto deveria ser-lhes ensinado.
 “Deus os levou ao Sinai; manifestou Sua glória; deu-lhes Sua lei, com promessa de grandes bênçãos sob condição de obediência: "Se diligentemente ouvirdes a Minha voz, e guardardes o Meu concerto,7 então... Me sereis um reino sacerdotal e o povo santo." Êxo. 19:5 e 6. O povo não compreendia a pecaminosidade [372] de seus corações, e que sem Cristo lhes era impossível guardar a lei de Deus; e prontamente entraram em concerto com Deus. Entendendo que eram capazes de estabelecer sua própria justiça, declararam: "Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos." Êxo. 24:7. Haviam testemunhado a proclamação da lei, com terrível majestade, e tremeram aterrorizados diante do monte; e, no entanto, apenas algumas semanas se passaram antes que violassem seu concerto com Deus e se curvassem para adorar uma imagem esculpida. Não poderiam esperar o favor de Deus mediante um concerto8 que tinham violado; e agora, vendo sua índole pecaminosa e necessidade de perdão, foram levados a sentir que necessitavam do Salvador revelado no concerto abraâmico e prefigurado nas ofertas sacrificais9. Agora, pela fé e amor, uniram-se a Deus como seu Libertador do cativeiro do pecado. Estavam então, preparados para apreciar as bênçãos do novo concerto.10
 “As condições do "velho concerto"11 eram: Obedece e vive - "cumprindo-os[estatutos e juízos] o homem, viverá por eles" (Ezeq. 20:11; Lev. 18:5); mas "maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei". Deut. 27:26. O "novo concerto" foi estabelecido com melhores promessas: promessas do perdão dos pecados, e da graça de Deus para renovar o coração, e levá-lo à harmonia com os princípios da lei de Deus."Este é o concerto12 que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a Minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração. ... Porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais Me lembrarei dos seus pecados." Jer. 31:33 e 34.
 “A mesma lei que fora gravada em tábuas de pedra, é escrita pelo Espírito Santo nas tábuas do coração. Em vez de cuidarmos em estabelecer nossa própria justiça, aceitamos a justiça de Cristo. Seu sangue expia os nossos pecados. Sua obediência é aceita em nosso favor. Então o coração renovado pelo Espírito Santo produzirá os"frutos do Espírito". Mediante a graça de Cristo viveremos em obediência à lei de Deus, escrita em nosso coração. Tendo o Espírito de Cristo,13 andaremos como Ele andou. Pelo profeta Ele declarou a respeito de Si mesmo: "Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; sim, a tua lei está dentro do Meu coração." Sal. 40:8. E, quando esteve entre os homens, disse: "O Pai não Me tem deixado só, porque Eu faço sempre o que Lhe agrada." João 8:29.
 [373] “O apóstolo Paulo apresenta claramente a relação entre a fé e a lei, no novo concerto. Diz ele: "Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo." Rom. 5:1. "Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei." Rom. 3:31. "Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne — ou seja, ela não podia justificar o homem, porque em sua natureza pecaminosa este não a poderia guardar "Deus, enviando o Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito." Rom. 8:3 e 4.
 “A obra de Deus é a mesma em todos os tempos, embora haja graus diversos de desenvolvimento e diferentes manifestações de Seu poder, para satisfazerem as necessidades dos homens nas várias épocas. Começando com a primeira promessa evangélica, e vindo através da era patriarcal e judaica, e mesmo até ao presente, tem havido um desenvolvimento gradual dos propósitos de Deus no plano da redenção. O Salvador, tipificado nos ritos e cerimônias da lei judaica, é precisamente o mesmo que Se revela no evangelho. As nuvens que envolviam Sua divina pessoa foram removidas; o nevoeiro e as sombras desapareceram; e Jesus, o Redentor do mundo, Se acha revelado. Aquele que do Sinai proclamou a lei e entregou a Moisés os preceitos da lei ritual, é o mesmo que proferiu o sermão do monte. Os grandes princípios de amor a Deus, que estabeleceu como fundamento da lei e dos profetas, são apenas uma repetição do que Ele dissera por meio de Moisés ao povo hebreu: "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder." Deut. 6:4 e 5. "Amarás o teu próximo como a ti mesmo." Lev. 19:18. O Ensinador é o mesmo em ambas 14 as dispensações. As reivindicações de Deus são as mesmas. Os mesmos são os princípios de Seu governo. Pois tudo procede dAquele "em Quem não há mudança nem sombra de variação". Tia. 1:17. 15
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Notas de referência:
1 Como ela – a lei cerimonial – ‘foi dada por Cristo’ é inconcebível que ela fizesse parte daquela Antiga Aliança que ‘gera filhos para a escravidão’ (Gálatas 4.24) do pecado, simbolizada por Agar. A lei cerimonial faz, sim, parte da primeira fase da Nova Aliança.
2 O ‘concerto da graça’ ou a ‘Nova Aliança’ teve duas etapas, fases ou dispensações: a primeira, antes da cruz; e a segunda, depois da cruz. Além do ‘concerto da graça’ há também o ‘concerto do Sinai’ ou a ‘Antiga Aliança’, a qual foi celebrada em uma cerimônia única, conforme se lê em Êxodo 24, por volta de 1491 a.C., cerca de um ano antes da inauguração do Santuário Terrestre, ocorrida por volta de 1490 a.C., descrita em Hebreus 9.18-22. “A construção do tabernáculo não se iniciou senão algum tempo depois que Israel chegou ao Sinai; e tal edificação sagrada foi pela primeira vez erguida no início do segundo ano a partir do êxodo.” (PP 374).
3 O ‘outro pacto’ – aqui referido – trata-se do ‘concerto do Sinai’ ou a ‘Antiga Aliança’, referido em Êxodo 19 e 24. Este é o que ‘gera filhos para servidão’ (Gal. 4:24) do pecado. É o concerto da ‘justiça própria’, das ‘obras da lei’, a tentativa de se ‘justificar pela lei’ (Gálatas 5.4).
4 Sacrifício de novilhos, conforme Êxodo 24.5.                                       
5 Primeiro concerto ou antiga aliança de Êxodo 19 e 24.                         
6 Ou seja: se já, desde o Éden, existia a Nova Aliança – da graça – por qual razão foi feita a Antiga Aliança, o Concerto ‘das obras da lei’, que gera para escravidão? Deus fez com eles essa Antiga Aliança para que, após fracassarem, compreendessem a necessidade de crerem no verdadeiro e único concerto exequível, o concerto eterno.
7 Qual concerto? O ‘abraâmico’ logicamente, pois não havia sido oficializado nenhum outro concerto entre o Senhor e os homens. Deus estava lhes propondo a renovação do Novo Concerto, porém eles – supondo-se capacitados de, por suas próprias forças, guardar a Lei de Deus–propuseram-Lhe o Antigo Concerto. Pelas cinco razões – supra expostas: a, b, c, d, e – o Senhor aceitou a proposta deles e firmou com eles o Antigo Concerto, o qual teve uma só e única cerimônia em toda a Bíblia, Êxo. 24:5.  Desde a entrada do pecado  o Antigo Concerto está  vigente, ‘gerando para a servidão’.
Alguém está sob o Antigo Concerto ou Antiga Aliança sempre que pretende guardar a Lei de Deus, i. é, desenvolver um caráter cristão por suas próprias forças, buscando forçar sua natureza humana pecaminosa a agir corretamente. Em outras palavras, sempre que tentamos vencer uma tentação, sem, fé no poder criador e transformador da Palavra de Deus, estamos na Antiga Aliança. Em cada tentação Cristo citava a Palavra de Deus, confiando nEla. Faça igual a Cristo: Defronte o inimigo com um "está escrito", e o diabo vai desaparecer. “Resisti ao diabo e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7).
Todos os que, seguindo o exemplo de Jesus, registrado em Mateus 4, enfrentam toda tentação, cientes de que a Palavra [Jesus] tem poder de criar em suas mentes o conteúdo da citação, estão na Nova Aliança, entraram, portanto, no ‘descanso de Deus’ (Heb. 4), abandonando suas ‘obras da lei’, seus ‘trapos da imundícia’ (Isaías 64.6). Obviamente a ‘obediência por fé’ (Rom. 1.5) no poder criador da Palavra de Deus não se trata de ‘trapos da imundícia’ e, sim, das vestes ‘de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos.’ (Apoc. 19.8).
8 Primeiro concerto ou antiga aliança de Êxodo 19 e 24, que “gera filhos para a escravidão” (Gal. 4:24).
9 Como está claramente declarado, o Santuário Terrestre com suas ofertas sacrificais sempre fizeram parte do concerto abraâmico – o Novo Concerto – exclusivamente.
10 Primeiramente os israelitas fizeram com Deus o Velho Concerto: "Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos." Êxo. 24:7. Em bem pouco tempo romperam tal aliança – por terem adorado o bezerro de ouro – e: (a) após reconhecerem os princípios do concerto abraâmico; (b)reconhecendo a santidade de Deus, (c) dando-se conta da excessiva pecaminosidade de seu próprio coração, (d) e de sua completa incapacidade para, por si mesmos, prestar obediência à lei de Deus, e (e) de sua necessidade de um Salvador fizeram, com o Senhor, um outro concerto: O concerto da graça, a Nova Aliança, em sua primeira fase, mediante as ordenanças da Lei Cerimonial, Santuário Terrestre, Sacerdotes, sacrifícios, etc. Depois de romperem o Velho Concerto, aceitaram o Concerto Abraâmico, que Deus lhes tinha proposto inicialmente. Frisemos: o Concerto Abraâmico também se intitula Velho Concerto, entretanto trata-se de outra realidade, integralmente diversa daquela que “gera para a escravidão,” de Ex. 19 e 24.
11 Primeiro concerto ou antiga aliança de Êxodo 19 e 24.                        
12 Jeremias viveu cerca de 900 anos após o Êxodo. Ao fazer a promessa de um ‘novo concerto’ com a ‘casa de Israel’ [a Igreja cristã], o Senhor estava Se referindo, sim, à segunda fase da Nova Aliança – a de após a cruz – ocasião em que haveria a substituição do Santuário Terrestre pelo Celestial; do sacerdócio segundo a ordem de Levi pelo Sacerdócio ‘segundo a ordem de Melquisedeque’ (Heb. 6.20) e dos sacrifícios de animais pelo sacrifício do Cordeiro de Deus.
Em Hebreus 8.7 lemos: “Porque, se aquela primeira aliança – antes da cruz tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para segunda.” Note-se que o defeito estava na aliança, não no povo. E qual era o defeito senão este: “Porque é impossível que sangue de touros e de bodes remova pecados” (Heb. 10.4)!
“Os melhores esforços que o homem, em suas próprias forças pode fazer, não tem valor para satisfazer a santa e justa lei que ele transgrediu; mas pela fé em Cristo pode ele alegar a justiça de do Filho de Deus como toda suficiente. ...  A fé genuína apropria-se da justiça de Cristo, e o pecador é feito vencedor com Cristo; pois ele se faz participante da natureza divina, e assim se combinam divindade e humanidade” (Mensagens Escolhidas, Livro 1, págs. 363 e 364).
13 Fil. 2:5, KJV: “De sorte que haja em vós a mesma mente que houve em Cristo Jesus." O caráter abnegado de Cristo é visto nos sete passos descendentes que Cristo tomou para salvar  a humanidade. 
14 Quais são as duas dispensações, referidas acima? São as duas dispensações da Nova Aliança: a primeira – antes da cruz – e a segunda – depois da cruz! Em Hebreus, a ‘primeira’ fase, etapa ou dispensação da Nova Aliança é denominada por Paulo como Antiga Aliança; e a ‘segunda’ fase, etapa ou dispensação da Nova Aliança ele a denomina Nova Aliança.
Alguém poderia buscar entender que as duas dispensações, supra referidas, seriam aquela Antiga Aliança, que gera para a escravidão do pecado – Êxodo 19 e 24 – e a Nova Aliança, iniciada no Éden e que vai até o Éden restaurado, entretanto tal entendimento laboraria em equívoco.
15 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pág. 367-373.

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