terça-feira, 28 de agosto de 2018

Lição 9 —A segunda viagem missionária, por Paulo Penno



Para 25 de agosto a 1º de setembro de 2018

Paulo, fiel servo de Deus, sofreu uma repreensão humilhante em sua cruzada evangelística na grande cidade de Atenas. Ele cometeu o erro de tentar combinar filosofia com filosofia, tentando encontrar os estudiosos atenienses em seu próprio terreno. O resultado: quase falha em ganhar almas, embora alguns tenham respondido.
Quando chegou à cidade imoral de Corinto, ele diz que “nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1ª Cor. 2:2). O Espírito Santo, “pela graça” de Deus, moveu o apóstolo do Senhor a instar a todos nós (“a cada um dentre vós”) “a pensar moderadamente” (Rom. 12:3).
Pensar dessa maneira é a essência da vida neste grande Dia da Expiação na história do mundo—pouco antes do juízo final e da segunda vinda de Jesus. Divertimento egocêntrico e comédias são inapropriados agora neste “tempo do fim” especial (Dan. 12:4). Isso significa que “todos” cujo coração é movido por essa “graça” descobrirá que os prazeres e as comédias mundanas não satisfazem os anseios profundos que o Espírito Santo colocou em nossos corações agora mesmo.
 “Expiação” significa, em palavras muito simples, “estar como um”, ou reconciliação do coração com Deus; e só podemos conhecer a Deus conhecendo a Cristo, pois somente Ele pode revelar a Deus para que possamos entender o Pai. Isso significa que, a partir de agora, um interesse é primordial conosco: a ideia de “Cristo, e Ele crucificado” que Paulo abrigava quando foi de Atenas a Corinto (1 Cor. 2:1, 2).
 A medida da fé [genuína]” que Deus repartiu a cada um [de nós]” acrescenta Paulo, para que possamos pensar seriamente, “moderadamente”, em meio a um mundo de busca de prazeres (Rom. 12:3). É um presente daquela graça muito mais abundante de Deus. Nós nos arrependemos em favor daqueles que não conhecem este Dia da Expiação.
Ao examinar os quatro evangelhos, apenas uma vez Jesus disse que “precisamos” experimentar alguma coisa, e então acaba sendo algo que não podemos “fazer”. Ele disse a Nicodemos: “Necessário vos é nascer de novo” (João 3:7). E em apenas outro lugar no Novo Testamento nos é dito que “é necessário” fazer algo, e isto é, Heb. 11: 6, onde nos é dito, “Aquele que vem a Deus deve crer que Ele é, . . .” E quando o carcereiro perguntou a Paulo e Silas: “O que é necessário que eu faça para me salvar?” eles responderam: “Crê ...” (Atos 16:30). Estavam eles ensinando a heresia do “somente creia”?
A realidade é que João 3:16 não lista todas as coisas que devemos “fazer” para “ter vida eterna”. Diz claramente: “Creia”. Então, Jesus transmitiu o ensino de “crer somente”?
Quando Heb. 11:6 diz que “devemos crer”, está declarando a única coisa que as Escrituras nos dizem que “devemos” fazer. “A Escritura não pode ser anulada” (João 10:35). Não podemos forçar a Bíblia a ensinar a salvação pela fé e pelas obras; ensina salvação “pela graça mediante a fé”,fé que opera” (Efé. 2: 8, 9; Gál. 5: 6).
Finalmente, quando Jesus diz que “precisamos nascer de novo”, Ele não está falando de um programa de obras. Não pode ser; ninguém pode “nascer” sozinho—ou dar à luz a si mesmo. Devemos nascer, voz passiva do verbo. E quem é que concebe e “dá à luz”? Jesus diz em João 3, verso 8, como não se pode dizer de onde o vento vem ou aonde vai, “assim é todo mundo que é nascido do Espírito”. É Ele quem concebe em você a nova vida e dá à luz o novo coração; Você dá acolhida ao novo nascimento, deixa acontecer, pára a prática do aborto que tem feito toda a sua vida. Chame de cooperação se quiser, mas não pense nisso como sendo 50% seu próprio Salvador. Você coopera, deixando que Ele cumpra a Sua bendita vontade em você. E quando tudo for feito, finalmente, só a Ele irá dar toda a glória.
É chocante, mas é verdade: quando você lê o Novo Testamento, há apenas uma coisa que nos é dito que devemos fazer: e isso é “crer”. Está claro em João 3:7-16 e em Heb. 11: 6, bem como Atos 16:30, 31. E o Novo Testamento não ensina a heresia do que é conhecido como “somente-creia”, isto é, que um consentimento mental e confissão é tudo o que é necessário—sem obediência. Rom. 10:10 diz que “com o coração [nós] cremos . . . para a justiça” (salvação).
E se você crê com o coração, certamente há uma mudança na vida que leva você a obedecer a todos os mandamentos de Deus. Coloque todos esses textos juntos e deixe-os falar, e fica claro que o significado bíblico da palavra “crer” é bem diferente da ideia costumeira dos evangélicos católicos e protestantes. “Acreditar” não é um exercício de egoísmo, como comprar um bilhete de loteria na esperança de ganhar uma bolada.
Mas a fé na Bíblia não está centrada em ganhar algo, mesmo que seja uma fortuna celestial em vez de um prêmio terrestre acumulado. A fé bíblica é uma apreciação do coração do amor do Pai ao dar o “Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
De acordo com Jesus, esta é a única coisa que você deve fazer. Mas alguém diz, espere um minuto—Ele não diz que se “Me amais, guardareis os Meus mandamentos” (João 14:15)? Sim, mas por favor note: o motivo é o amor, não medo (*de condenação) ou esperança de recompensa! E Jesus prefacia essa observação com isto: “crede . . . em Mim” (v. 1). Ele está falando sobre receber a expiação, a reconciliação (Rom. 5:9, 10). Paulo nos implora: “Sede reconciliados com Deus” (2ª Cor. 5:20). Porquê e como? O versículo seguinte responde: porque Cristo "que não conheceu pecado, foi feito pecado por nós".
Deixe o seu pequeno coração contemplar o que aconteceu naquela cruz; então, como diz Davi, o seu coração será “dilatado” (Sal. 119:32). Em tal fé está a vida eterna. E a mensagem sobre isso é hoje — “a mensagem do terceiro anjo em verdade” (Ellen G. White, Review and Herald, 1 de abril de 1890).

--Paul E. Penno
Notas:                                                                                          

Veja, em inglês, o vídeo desta 9ª lição do 3º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/hQzDNQFK0yw

Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm
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Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:

Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há 42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia.” (Este livro postamos, por inteiro, no nosso blog Ágape Edições (agape-edicoes.blogspot.com) em 1º de agosto de 2017). Ao longo dos anos o Pr. Paulo Penno, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
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Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.
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terça-feira, 21 de agosto de 2018

Lição 8 — O concílio de Jerusalém, por Arlene Hill



Para 18 a 25 de agosto de 2018


Os paralelos entre o Concílio de Jerusalém e a Assembleia da Associação Geral de 1888 são significativos. Ambos os eventos foram motivados pela controvérsia sobre o que é necessário para a salvação. Os historiadores datam o Concílio como ocorrendo em 49 d.C. ou até 51, cerca de duas décadas depois que Cristo ascendeu ao céu, tendo antes iniciado Sua Igreja na Terra.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia desenvolveu-se a partir do desapontamento milerita em 1844. Por cerca de duas décadas depois de 1863, quando foi formalmente organizada. Por volta de 1864, Ellen White havia recebido várias visões que guiaram os novos crentes a um grupo reconhecido, embora a luz ainda estivesse se desenvolvendo. Como na Igreja cristã primitiva, surgiram divergências e os problemas precisaram ser resolvidos para preservar a unidade.
Jesus havia predito que onde quer que o verdadeiro evangelho fosse pregado, causaria divisão, mesmo dentro das famílias (ver Lucas 12: 51-53). Não surpreendentemente, a questão em ambas as situações dizia respeito a manter as "regras". Os humanos tendem a sentir-se hipócritas quando vêem os outros não guardando as regras tão conscienciosamente quanto pensam.
Na Igreja cristã primitiva havia “judaizantes” que afirmavam que, para serem salvos, os convertidos ao cristianismo precisavam ser circuncidados “conforme o uso (*costume) de Moisés” (Atos 15:1). Em essência, queriam que os cristãos se tornassem uma espécie de subgrupo dos judeus, em vez de simplesmente seguidores de Jesus. O Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia descreve esses dissidentes como “‘judeus que não queriam ser persuadidos’. A palavra traduzida como “incrédulo” comporta a ideia de uma descrença transformada em rebelião, e assim descreve bem o caráter desses judeus que perseguiram a Paulo e Barnabé”.1
O fato de que eles estavam exigindo que os conversos se tornassem circuncidados “prova o que não está claramente declarado em outra parte das Escrituras, que Paulo e Barnabé não exigiam que seus gentios conversos fossem circuncidados. Aqui se abre o registro da primeira grande controvérsia na Igreja cristã”.2
“Estes apóstolos [Paulo e Barnabé] estavam no centro da disputa, pois as exigências dos judaizantes apresentavam uma condenação direta da obra que esses dois missionários haviam realizado. ... Eles haviam proclamado a salvação pela fé em Cristo. Agora não podiam suportar silenciosamente, enquanto seus conversos eram informados de que a aceitação da graça de Deus através da fé não era suficiente, mas que os ritos externos devem ser realizados a fim de se obter a salvação. ... O fato de que a Igreja primitiva referiu a questão da circuncisão a um conselho dos apóstolos e anciãos em Jerusalém é um precedente altamente significativo para a organização da Igreja. Ela se opõe à teoria de que uma decisão final em assuntos eclesiásticos deve ser feita por um homem agindo como um autocrata”.3 A decisão final tomada pelos irmãos em Jerusalém aparentemente foi unânime (Atos 15:22).
Como isso faz paralelo com as Assembleias Gerais (*da Associação Geral) realizadas no final dos anos 1880 e 1890? Como a Igreja cristã primitiva, os adventistas do sétimo dia estavam ganhando adeptos com a sua mensagem de que o retorno de Cristo seria em breve. Também estávamos ensinando a importância da lei moral de Deus como padrão de vida cristã e o papel do sábado nos últimos dias. Os evangelistas adventistas venciam facilmente os argumentos contra a necessidade de guardar o sábado do sétimo dia em vez do domingo. Como uma entidade reconhecida, nós nos organizamos e fomos guiados pelas revelações especiais dadas por Deus através de Ellen White.
Paulo foi o mensageiro especial dos primeiros cristãos por quem Deus deu revelações. Tanto os adventistas quanto a Igreja primitiva começaram pregando o alegre evangelho da justiça pela fé em Jesus Cristo. Ambos começaram a sofrer críticas e lutar pela supremacia vários anos após o início de sua existência.
Ironicamente, a questão dos primeiros cristãos era se a circuncisão devia ser exigida honrando as leis dadas por Deus através de Moisés. A questão dos adventistas era se manter essa mesma lei era necessário para a salvação. Ambos os grupos procuravam adicionar um ato feito pelo crente para merecer a salvação. Em ambas as situações, os mensageiros do Senhor se opuseram fortemente a tal perversão do evangelho, mas foram persistentemente desafiados por aqueles que estavam promovendo suas próprias agendas.“Durante o verão de 1884, E. J. Waggoner escreveu dez artigos sobre a lei e o evangelho e sua relação de um para com o outro. Em seu artigo de 11 de setembro de 1894 tratou mais especificamente da lei em Gálatas e afastou-se da posição adventista aceita de que a lei em Gálatas se referia à lei cerimonial: foi durante o ano letivo de 1884-1885 que E. J. Waggoner começou a apresentar as mesmas opiniões no Healdsburg College. Embora alguns ficassem satisfeitos com os escritos e ensino de Waggoner, outros ficaram muito preocupados. Urias Smith, editor da Review and Herald, e G. I. Butler, Presidente da Associação Geral, foram os que mais abertamente expressaram suas preocupações”.4
O Presidente Butler pressionou Ellen White a resolver a questão, esperando que ela “convocasse nossos bons irmãos da revista Sinais dos Tempos” na próxima Assembleia da Associação Geral [de 1886] ... por seus pontos de vista de uma “minoria” e sua “muito alardeada doutrina da justificação pela fé’”. Mais tarde, W. C. White lembrou que “havia desejo por parte de alguns, de que os pastores Waggoner e Jones fossem condenados sem serem ouvidos”.5
Ellen White finalmente recomendou que o assunto fosse discutido abertamente, o que aconteceria cerca de dois anos depois, na Assembleia da Associação Geral de 1888. Este foi um conselho sábio, mas ao contrário do Concílio de Jerusalém, não alcançou unidade na questão. A Igreja aceitou a mensagem discutida na Assembleia da Associação Geral de 1888?
“No entanto, a questão importante não é se a Igreja aceitou a mensagem. Ellen White diz que “Satanás conseguiu afastá-la do nosso povo, em grande medida” (cf. Messagens Escolhidas, livro 1, págs. 234 e 235; 1896). A Igreja nunca teve uma oportunidade justa de considerá-la sem distorções e sem oposição. A questão é se a liderança a aceitou”.6
Por muitos anos a nossa Igreja baseou muitos argumentos a favor do sábado do sétimo dia sobre as exigências da lei dos Dez Mandamentos. Raramente ouvimos pregar ou ensinar sobre o outro elemento singular de nossa fé, que é a solução de Deus para o problema do pecado, coletivamente chamado de “purificação do santuário”. Corremos o risco de nos tornarmos uma denominação de assunto único, com a maioria de nossos membros pensando que o sábado dos dez mandamentos é o único problema real da Igreja. (Existem outras denominações que acreditam como nós em relação ao sábado e ao estado dos mortos).
A mensagem dada em 1888 foi uma compreensão única da mudança de coração que Deus quer dar aos que estão dispostos a consentir. Uma vez que percebamos que a salvação é de fato um dom gratuito para nós aceitarmos, o Espírito Santo operará em nossos corações uma purificação que seja completa e genuína, e não por seguirmos os requisitos da guarda da lei de Deus.
“Foi dito a Israel que construísse o tabernáculo para o Senhor ‘habitar entre eles’ (Êxo. 25:8). Mas eles chegaram a considerar que o que realmente contava era a realização dos diversos ritos. Essa mesma mentalidade dos judeus pode ser o nosso perigo. Se meramente transferirmos o que eles fizeram na Terra para uma rotina similar realizada no céu e esquecermos que o pecado é o problema, permaneceremos sob o velho concerto sem esperança. Eles falharam em entender que os serviços foram dados por causa do problema do pecado. Deus e o pecado não podiam permanecer juntos. Um ou outro tinha que ser abandonado. Assim, houve guerra no céu e assim ficou evidente que o pecado real é a vontade de exterminar a Deus.”7

Arlene Hill
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Notas finais:                                                                               

1) O  Comentario Bíblico Adventista, vol. 6, pág. 295.               

2) Idem pág. 305                                                                         

3) Idem pág. 306                                                                         

4) Ron Duffield, The Return of the Latter Rain: (O Retorno da Chuva Serôdia) A Historical Review of Seventh-day Adventist History From 1844 Through 1891, (Uma Revisão Histórica da História da Igreja Adventista de !844 até 1891) pág. 60 (edição de 2010).

5) Idem, pág. 62                                                                         

6) Robert J. Wieland e Donald K. Short, 1888 Re-examined,(1888 Re-examinado) pág. 26 (1987); enfases são do original.

7) Donald K. Short, "Then Shall the Sanctuary Be Cleansed," (Então o Santuário Será Purificado) pág. 49 (edição CFI de 2018); enfases são do original.

Esta nova conveniente edição de Donald K. Short está agora disponível no sitio http://cfibookdivision.com/TSSBC/TSSBC-sales.html
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Notas:                                                                                                                  

Veja, em inglês, o vídeo desta 7ª lição do 3º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/HUUIicc-NQQ

Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm
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Biografia da autora:

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street, Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia, telefone: +001 XX 760-749-9524

Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.
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terça-feira, 14 de agosto de 2018

Lição 7—A primeira viagem missionária de Paulo, por Paulo Penno


Para 11 a 18 de agosto de 2018


Se você é completamente humano, sem dúvida, às vezes se perguntou se Deus escolheu você para ser salvo. Sabe que precisa de um Salvador; e sabe que muitas pessoas vão se perder. Existem cristãos sinceros que realmente acreditam que Deus elege alguns para serem salvos e outros para se perderem. Um texto que parece apoiar essa ideia é Atos 13:48. Paulo tinha pregado o evangelho em sua primeira viagem missionária a Antioquia. Então Lucas diz: “Todos os que foram ordenados para a vida eterna creram” (Versão King James). A Nova Versão Internacional diz o mesmo: “Todos os que foram designados para a vida eterna creram”.
Isso soa como más notícias e desencorajadoras para aqueles que não são tão “designados” ou “ordenados”. Algumas pessoas queridas desistem desanimadas; dizem a si mesmas: “É muito difícil; os jovens dizem que a tentação é forte demais; tenho certeza de que Deus não me designou para ser salvo; ele não me elegeu”. Os calvinistas realmente usam este texto para apoiar a sua doutrina da dupla predestinação.
Mas o verbo grego não diz o que a KJV e a NIV dizem. É que tetagmenoi é uma forma reflexiva do verbo para “ordenar”, o que significa que a tradução deveria ser: “Todos os que se designaram para a vida eterna creram”. Em outras palavras, eles ouviram Paulo pregar as boas novas; disseram para si mesmos: “Ei, eu quero isso! Isso é para mim! Vou me apegar a essa pregação de Paulo!” Uma vez que tomaram essa decisão, imediatamente seus corações começaram a derreter e aprenderam a apreciar a cruz de Cristo sobre que Paulo estava pregando, enfim, “creram”.
Este tem que ser o entendimento correto de acordo com o contexto. No verso 46, Paulo se dirigiu aos judeus que escolheram não crer: “visto que a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios”. Eles fizeram o oposto do que os crentes fizeram. É a mesma ideia, apenas ao contrário. Aqueles que acreditavam que estavam cumprindo uma agenda pré-programada, a eles determinada antes da fundação do mundo (“predestinação” calvinista); tomaram a verdade para si mesmos, agarraram-na, “julgaram-se” favorecidos por Deus com o evangelho.
Então, agarre todos os raios de luz que aparecerem no seu caminho; não espere um momento; "Apressei-me e não me detive", diz Davi (Sal. 119:60). Se for esperto, sempre conseguirá uma barganha no momento em que a vir. A ideia não é que Deus prega o evangelho com indiferença, ou apenas de vez em quando. O problema é que o seu próprio coração pode se tornar endurecido, procrastinador e indiferente. Acredite nas boas novas agora; tudo o que Deus prometeu é para você.
O presente é dado a "quem quiser" recebê-lo (Apo. 22:17). Inclui o perdão dos pecados (Atos 13:38-39) e a fé para acreditar que foram perdoados. O perdão de Deus não é um “perdão” temporário que diz que Ele não se importa se pecarmos novamente—não; se Deus nos perdoa, significa que nunca mais faremos isso.
O discernimento inovador da mensagem de 1888 é que "por este se vos anucia a remissão (*o perdão) dos pecados" (Atos 13:38). Escrevendo sobre a cura do homem paralítico por Jesus, E. J. Waggoner escreve: “Eles fizeram uma mudança no homem, e essa mudança foi permanente. Mesmo assim deve ser com o perdão do pecado. A ideia comum é que quando Deus perdoa o pecado, a mudança se dá Nele próprio, e não no homem. Pensa-se que Deus simplesmente deixa de ter qualquer coisa contra aquele que pecou, ​​mas isso implica que Deus tinha uma atitude severa contra o homem, o que não é o caso. Deus não é um homem, Ele não gosta de inimizade, nem abriga sentimentos de vingança. Não é que Ele tenha um sentimento severo em Seu próprio coração contra um pecador que perdoa, mas porque o pecador tem algo em seu coração. Com Deus está tudo bem—o homem está todo errado; portanto, Deus perdoa o homem, para que também fique bem”.1
O perdão divino implica em muito mais do que mera eliminação de culpa; o perdão leva o pecado embora. O perdão transmite no lugar do pecado (que existia) um ódio divino ao próprio pecado.
Incluído nesse dom mui precioso está a reconciliação do coração com o Pai; Ele agora está trabalhando para efetuar essa reconciliação, pois lemos em 2ª Cor. 5:19 que "Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo".
O perdão inclui essa reconciliação do coração com o Pai, “em Cristo”. Isto é, passamos a crer (mesmo que ainda não tenhamos aprendido a entender) que agora odiamos o próprio pecado; não há ressentimento no coração contra o Pai. Até mesmo a dor e o sofrimento de um amor traído e perdido (que nos amarra) são curados por essa “paz” que o Salvador dá—não apenas oferece.
Quase as últimas palavras que Jesus falou para “nós” quando estava sendo levado em Sua ascensão ao céu foram: "Paz seja convosco" (Luc. 24:36). Essa não foi uma saudação vaga; Ele dá essa paz—não apenas a oferece. Tal “paz” é o oposto de preocupação ou temor; na verdade, é um antídoto para a preocupação e o temor!
Milagre dos milagres! Um coração ferido é curado pela “paz” que Jesus deu como Seu último legado quando da ascensão. Sim, tem havido sofrimento, pois a “paz” que Jesus dá não seria apreciada a menos que a provássemos; “a vós é concedido . . . não somente crer Nele, como também padecer por Ele” (Fil. 1:29).
“Concedido a nós!” (*Dado a nós!) Sim! Um “presente” de sofrimento para fazer você feliz no dia em que Jesus vier; e está feliz mesmo agora agradecendo a Ele por isso, antecipadamente.

Paul E. Penno
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Nota de rodapé:
1) E. J. Waggoner, "The Power of Forgiveness," (O poder do Perdão) Signs of the Times (10 de Abril de 1893),
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Notas:                                                                                                                 

Veja, em inglês, o vídeo desta 7ª lição do 3º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/iE02Whkw52I

Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm



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                Você sabia que temos estes artgigos de JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ, aplicáveis à lição da semana, também na modalidade bilíngue? É útil não só para quem tem o inglês como segunda língua, mas também para principiantes (cada parágrafo em português é repetido em inglês).
                A tradução é acadêmica — de alto nível.
                É só nos pedir (agapeed@gmail.com) dando-nos seu e-mail, e mandaremos semanalmente.  
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Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há 42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia.” (Este livro postamos, por inteiro, no nosso blog Ágape Edições (agape-edicoes.blogspot.com) em 1º de agosto de 2017). Ao longo dos anos o Pr. Paulo Penno, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
   
Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.

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