terça-feira, 7 de agosto de 2018

Lição 6—O ministério de Pedro, por Paulo Penno



Para 4 a 11 de agosto de 2018

Desde os primórdios do cristianismo, houve conflitos sobre quão boa é a Boa Nova. A carta aos gálatas é uma evidência. Os primeiros conversos dos judeus tiveram que lutar contra uma ideia profunda de que ninguém poderia ser salvo, exceto os judeus, que os gentios eram automaticamente excluídos dos benefícios do sacrifício de Cristo. Lembre-se como Pedro teve que superar esse preconceito em Atos 10:28 quando foi enviado para Cornélio?
Preconceitos profundamente arraigados pareciam quase impossíveis de erradicar. Os “fiéis” cristãos judeus apenas sentiram no mais íntimo do ser que os portões da Nova Jerusalém tinham que ser fechados contra os gentios, que Cristo era o Messias e Salvador somente para eles mesmos, que o seu trabalho como apóstolos era ir a todos os judeus na diáspora espalhados pelo mundo. Mas a mente de Paulo tinha sido iluminada com uma visão muito mais clara de quão boa é a Boa Nova! “Deus . . . quer que todos os homens se salvem”, o Messias já é “o Salvador de todos os homens, especialmente daqueles que creem”, Ele “aboliu a morte [a segunda!] e trouxe vida e imortalidade à luz pelo evangelho”, e Se tornou o novo, ou, segundo Adão para toda a raça humana e deu, não meramente ofereceu, o “dom” da salvação a “todos os homens”, assim como Adão deu “condenação” a eles. (Veja 1ª Tim. 2: 4, 1ª Tim. 4:10; 2ª Tim. 1:10, Rom. 5:15, 16).
Essas “grandes ideias” (todas de Paulo) estenderam a mente e o coração dos primeiros cristãos judeus, e ainda hoje desafiam o nosso pensamento. O Filho de Deus apenas “oferece” justificação a “todos os homens” com a iniciativa em suas mãos, ou Ele, por iniciativa própria, a concedeu gratuitamente pela graça como um “presente” a “todos os homens”? Ele abre os portões da Nova Jerusalém para “todos os homens”, de modo que, no final, os únicos que estarão de fora serão aqueles que se recusam a entrar pela incredulidade? A boa nova poderia ser tão boa assim?
Muitas pessoas pensam que realmente não precisamos estudar o evangelho porque já entendemos isso. Na verdade, entendemos o evangelho há cerca de 150 anos. Tudo de que realmente precisamos é de mais dinheiro para que possamos aumentar o volume e ampliar o nosso entendimento atual do evangelho para que mais pessoas possam ouvi-lo em todo o mundo e, então, o trabalho seja concluído.
Mas o Senhor surpreendeu a todos nós em 1888, quando enviou dois jovens (A. T. Jones e E. J. Waggoner) com uma “mui preciosa mensagem” sobre o evangelho. Ellen White disse que era “nova luz”. Mas às vezes ela dizia que não era uma luz nova, e sim a luz antiga que havia sido recuperada. Houve muitas ocasiões, de fato, em que ela disse: Sim, de fato, é uma nova luz, é uma luz adicional; é, de fato, “o começo da luz do [quarto] anjo cuja glória encherá toda a Terra”.1 Ela disse que Deus ordenou que esta mensagem fosse dada ao mundo (*Testemunhos para Ministros, pág. 92). Triste, mas verdadeiro, é que muitos, dos nossos queridos irmãos anos atrás na sua maioria reagiram contra a mensagem que foi mantida longe da Igreja e do mundo.
O calvinismo falhou em penetrar no coração do evangelho quando diz que Cristo morreu apenas para justificar os eleitos. O arminianismo também falhou em penetrar no coração do evangelho, pois diz que Cristo morreu apenas para fazer uma provisão pela qual seria possível a todos os homens serem justificados somente se fizessem algo primeiro. A mensagem de 1888 atravessou as nuvens vindo à luz do sol dizendo o que Paulo, o apóstolo João e o próprio Senhor Jesus queriam dizer exatamente o que disseram: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito”. “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1ª João 2: 2). Cristo provou a segunda morte para cada homem. Ele morreu a segunda morte de cada homem (ver Apo. 2:11, 20:14). Não há razão nenhuma no céu para que qualquer ser humano vá para o lago de fogo, exceto ter resistido e rejeitado o que Cristo fez por ele ou ela.
Isso leva a outra bela verdade de que é fácil ser salvo e difícil de se perder se você entender como a Boa Nova é boa. O amor de Deus é um amor que está em busca. Ele não está esperando por nós para encontrá-Lo. O Bom Pastor está à procura de Sua ovelha perdida.
Então a verdadeira resposta para a pergunta: O que devo fazer para ser salvo? não é estudar sua Bíblia, testemunhar mais, orar mais, etc. A verdadeira resposta da Bíblia a essa pergunta é exatamente o que a Bíblia diz: "Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo" (Atos 16:31). E então as pessoas dizem, não, isso não pode ser verdade porque há algo além de acreditar que é necessário. 100 anos atrás, nossos irmãos não gostaram da mensagem porque achavam que ela degradava obras ou não dava a devida atenção. Esse é o medo hoje. A Bíblia não ensina que somos salvos pela fé e pelas obras. A Bíblia ensina claramente que somos salvos pela fé, mas é uma fé que funciona.
E isso nos leva à cruz de Cristo, entender o que é a fé. A fé é uma apreciação de todo o coração das enormes dimensões do amor Ágape revelado na cruz. Alguém faz uma pergunta: “É realmente verdade que o que a Igreja a nível mundial precisa é de uma revelação de Cristo e Ele crucificado? Não devíamos estar pregando contra saias curtas, TV, e essa e aquela abominação? Não devia ser essa a preocupação da nossa mensagem?” Aprendemos esta semana que, se acreditarmos na Bíblia, a única resposta para o problema do pecado é a cruz, onde há muito mais graça abundante.
Aprendemos sobre os dois concertos, que não somos salvos fazendo promessas a Deus. Não somos salvos mesmo tentando manter nossas promessas a Deus, mas somos salvos por crer em Suas promessas para nós. Aprendemos que o Pentecostes, o derramamento do Espírito Santo, vieram para a antiga igreja de Israel quando entenderam o princípio da culpa corporativa e do arrependimento corporativo. Perceberam que foram eles que crucificaram o Filho de Deus. O Espírito de Deus caiu sobre os gentios na casa de Cornélio quando entenderam que não foram apenas os romanos e os judeus que crucificaram a Cristo, mas eles. Participaram desse pecado mesmo que não estivessem presentes no Calvário. O pecado de crucificar a Cristo é o pecado do mundo.
É dito que os apóstolos se maravilharam de que os gentios experimentassem a mesma reação fenomenal à cruz como se dera com os judeus crentes, e assim receber o dom do Espírito Santo (Atos 10:44-47). Pedro e seus seguidores, evidentemente, não esperavam essa reação, porque Pedro foi cuidadoso em seu sermão na casa de Cornélio em dizer aos gentios que foram os judeus que “mataram e penduraram [a Cristo] em uma árvore” (v. 39). Ele não disse nada sobre os gentios serem culpados. A recepção fenomenal do Espírito Santo deveu-se ao fenomenal arrependimento pelo pecado dos séculos de parte dos judeus—crucificar o Filho de Deus. Como podiam os gentios “inocentes” compartilhar desta experiência?
O Espírito Santo enviou Suas palavras para mais perto deles do que Pedro esperava. Seus ouvintes contritos identificaram-se com os judeus e reconheceram-se como compartilhando plenamente a culpa. Só assim poderiam compartilhar as profundezas do arrependimento que tornou possível a recepção do poder do Espírito Santo. Em outras palavras, eles experimentaram o arrependimento corporativo.
A chuva serôdia virá quando percebermos nossa verdadeira culpa corporativa; que a culpa dos outros seria a nossa culpa, exceto pela graça de Cristo. A culpa dos outros é a nossa culpa porque todos nós temos a mesma carne e natureza pecaminosa. Toda essa linda verdade transmite uma motivação que cura a indiferença. É impossível que uma Igreja de nível mundial seja morna se essa Igreja entender o evangelho.

Paul E. Penno
_____________________________________

Nota final:                                                                           

1) Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 363;                       
_____________________________________

Notas:                                                                                                                  

Veja, em inglês, o vídeo desta 6ª lição do 3º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/QpP48RaKAOw

Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm
_____________________________________

Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há 42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia.” (Este livro postamos, por inteiro, no nosso blog Ágape Edições (agape-edicoes.blogspot.com) em 1º de agosto de 2017). Ao longo dos anos o Pr. Paulo Penno, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
    Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­
_____________________________________