quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Lição 5—A conversão de Paulo, por Ann Walper



Para 28 de julho a 4 de agosto de 2018


Enquanto o grupo de Saulo descia a sinuosa colina até o oásis fértil, a jornada longa e quente estava quase no fim. Abaixo deles, ficava a bela extensão de campos verdes e pomares maduros que cercavam Damasco. De repente, um "um resplendor de luz do céu" (*Atos 9:3) brilhou ao redor deles. O líder do grupo, Saulo, foi vencido pela intensidade da luz e caiu no chão.
Saulo era cidadão romano de nascimento e judeu de descendência. Ele havia recebido a melhor educação disponível na época. Ele era bem versado nas línguas grega, latina, hebraica e aramaica. Por sua educação, ele se sentou aos pés de Gamaliel, o ilustre teólogo judeu, e aprendeu "a verdade da lei" (Atos 22: 3). Ele era fariseu dos fariseus, o jovem advogado mais brilhante do Sinédrio (Fil. 3: 5, 6).
Sua missão atual a Damasco foi totalmente apoiada financeira e teologicamente, pelo sumo sacerdote e pelo conselho do Sinédrio. Eles haviam lhe dado cartas de autoridade para que pudesse respirar "ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor", para levá-los a Jerusalém para serem castigados por heresia (Atos 9: 1; 22: 5). Agora, deitado de bruços no chão, ele ouviu uma voz. "Saulo, Saulo, por que Me persegues? ... Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões!" (Atos 9: 4, 5). Ele perguntou: "Quem és, Senhor?" A mesma voz respondeu: "Eu sou Jesus de Nazaré".
Essas palavras atingiram o coração de Saulo como um raio. Jesus de Nazaré estava morto, morto e enterrado! Saulo acreditava firmemente que eram apenas mentiras circuladas por Seus discípulos que incitavam as pessoas a pensar que Jesus havia ressuscitado dos mortos. Tremendo de medo, ele disse: "Senhor que queres que eu faça?" (*v.6). Jesus respondeu, dizendo-lhe para entrar na cidade e esperar por mais instruções. A glória foi retirada e Saulo se levantou, mas se viu totalmente privado de visão. Ele tropeçou nos últimos quilômetros de sua jornada "guiado pela mão dos que estavam com ele".
Por três dias Saulo estave "sem ver, e não comeu nem bebeu" (*Atos 9:9). Durante esse tempo, ele examinou de perto suas crenças anteriores sobre Jesus de Nazaré. Ele lembrou como ele havia lutado contra o testemunho de Estevão e consentido com sua execução injusta. Como ele pessoalmente arrastou muitos dos discípulos de Jesus perante o Sinédrio para serem processados. Em agonia de alma, ele revisou as profecias relativas à vinda do Messias. Ele estava certo de que o Messias deveria suportar os pecados do povo, libertá-los da opressão e renovar a nação de Israel à sua antiga glória.
Mas, num piscar de olhos, outras profecias se espalharam pela mente de Saulo. O Messias devia ser desprezado e rejeitado, e ferido pelas transgressões do povo; fez uma oferta pelo pecado e separou-Se da terra dos viventes (Isa. 53: 3-9). Saulo sabia que Daniel predisse que quando o Messias viesse, Ele confirmaria o concerto com o povo por sete anos, e, "no meio" daqueles sete anos, Ele faria com que o sacrifício e as ofertas cessassem (Daniel 9:27). Mas o Templo ainda estava de pé e as oferendas continuavam a fluir para ele. Todas as coisas continuaram como antes, exceto pelo pequeno grupo de homens que se chamavam de "discípulos" daquele homem morto, que estavam espalhando mentiras sobre Seu poder sobre a morte.
Atormentado por seus pensamentos, Saulo gritou: "Oh Senhor, eu estive errado? Estive lutando contra Ti em vez de por Ti? Ajude-me a entender!" Saulo estava completamente sozinho em sua luta. Ele não podia apelar aos judeus não convertidos de Damasco. Eles nunca acreditariam em sua história. Os seguidores de Jesus evitavam-no como um enganador, recusando-lhe toda a simpatia. Aprisionado por sua cegueira e rejeitado pelos homens, sua única fonte de ajuda e conforto era um Deus misericordioso. Para esta fonte, ele apelou com um coração quebrantado e contrito.
"Senhor, explica-me como Jesus pode ser o Messias. A Lei claramente ensina que qualquer pessoa pendurada em uma árvore é amaldiçoada por Ti para sempre" (veja Deu. 21:22, 23). "Como Jesus pode agora ser o Exaltado, a Consolação e a Redenção de todo o Israel?" (Lucas 2:25)
Ao refletir sobre o significado dessas profecias, a mente obscurecida de Saulo foi iluminada pelo Espírito Santo. Ele ficou surpreso com sua antiga falta de compreensão e vergonhado de ter sido persuadido por outros a rejeitar a verdade de quem era Jesus. Quando Saulo se entregou ao poder convincente do Espírito Santo, ele pôde curvar-se com humildade diante de Deus e confessar sua indignidade. Ele defendeu os méritos do Salvador crucificado e ressuscitado, pedindo perdão por seus pecados. Com a simplicidade de uma criancinha, ele começou a compreender o amor de Deus. Ele viu que Jesus de Nazaré era a personificação de toda a "lei e os testemunhos", o cumprimento de todo serviço do santuário.
Ao Saulo sair de Damasco ele era um homem mudado. Ele era tão zeloso como sempre, mas agora ele era compelido por um Espírito diferente. O amor de Deus exibido na cruz do Calvário não lhe deu escolha. Ele percebeu que Jesus morreu uma vez por todas, como humanidade corporativa, sendo "feito pecado por nós" e que, se "Um morreu por todos, então todos morreram" (2ª Cor. 5:21, 14). Nesse único sacrifício, a salvação foi dada a toda a família humana (Rom. 5: 15-19). A única maneira de alguém se perder é rejeitando esse presente mui precioso. Doravante, Saulo só poderia viver para Jesus e a vindicação do Seu nome.
Saulo percebeu que Jesus morreu por ele, como ele. Não era mais Saulo que existia, mas Paulo. Saulo e seus pecados morreram em Cristo na cruz, e como ele poderia viver mais naquela velha vida de rebelião? (veja Rom. 6: 6, 7). Porque Cristo ressuscitou dos mortos, Paulo teve a certeza da vida eterna. Ele estava vivo pela fé de Cristo (Gál. 2:16, 20). Dali em diante Paulo só poderia pregar "Cristo e Ele crucificado", declarando a graça ilimitada de Deus para com os pecadores. A conversão de Saulo é uma evidência impressionante do poder do Espírito Santo para convencer os homens do pecado. Saulo encontrou o Salvador crucificado e ressureto face a face na estrada de Damasco e ele foi mudado para sempre.
Em 1888, Deus enviou Sua mensagem do Salvador ressurreto para confrontar Sua igreja com seu pecado de legalismo. Por quarenta anos, a igreja havia gradualmente se tornado um orgulho espiritual que quase excluía a necessidade de fé. Nós nos tornamos fariseus de primeira grandeza. Confiando no poder da retórica e no conhecimento da Bíblia, os pregadores podiam convencer uma multidão a aceitar o sábado do sétimo dia e a necessidade de guardar a Lei de Deus. Mas eles haviam pregado a Lei até que se tornaram "tão secos quanto as colinas de Gilboa, que não tinham orvalho nem chuva". 1 O que a igreja precisava para terminar a obra de Deus era uma chuva muito necessária — chuva enviada do céu para amadurecer a plantação e preparar o povo de Deus para a trasladação.
Assim como os judeus fizeram enquanto Cristo estava pessoalmente andando nesta terra, e como eles continuaram a fazer depois que o Espírito Santo foi derramado no Pentecostes sobre os discípulos espiritualmente humilhados, nós corporativamente resistimos ao derramamento da chuva serôdia. "A desgraça é pronunciada sobre toda incredulidade e crítica como foi revelado em Minneapolis e como foi revelado em Battle Creek [liderança da igreja]. Por seus frutos os conhecereis. Evidências a cada passo que Deus estava no trabalho não mudou a atitude manifesta daqueles que no começo iniciaram um curso de incredulidade que era uma ofensa a Deus. Com essa barreira que eles mesmos haviam erigido, eles — como os judeus — estavam buscando algo para fortalecer sua incredulidade e fazer parecer que eles estavam certos. Portanto, não podiam beber na grande salvação que o Senhor lhes oferecia. Eles recusaram as riquezas da graça divina.2
O Espírito Santo foi insultado pelo modo como foi tratado então e desde aquele  tempo, e Cristo sofreu um profundo desapontamento. "Em toda igreja em nossa terra, é necessário confissão, arrependimento e reconversão. O desapontamento de Cristo está além de descrição. A menos que aqueles que pecaram se arrependam rapidamente, os enganos dos últimos dias os alcançarão. Alguns, embora não percebam isso, preparam-se para serem vencidos. Deus clama pelo arrependimento sem demora, há tanto tempo que muitos brincam com a salvação, que sua visão espiritual é obscurecida, e eles não podem discernir entre luz e trevas. Cristo é humilhado em Seu povo. O primeiro amor se foi, a fé é fraca, há necessidade de uma transformação completa".3                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       
Foi pela mesma razão que os judeus que a mensagem de 1888 de Cristo e Sua justiça foi resistida e rejeitada – orgulho de posição e opiniões preconcebidas. "A indisposição de ceder a opiniões preconcebidas e aceitar esta verdade, estava à base de grande parte da oposição manifestada em Minneapolis contra a mensagem do Senhor através dos irmãos E. J. Waggoner e A. T. Jones. Excitando aquela oposição Satanás teve êxito em afastar do povo, em grande medida, o poder especial do Espírito Santo que Deus anelava comunicar-lhes. O inimigo impediu-os de obter a eficiência que poderiam ter tido em levar a verdade ao mundo, como os apóstolos a proclamaram depois do dia de Pentecostes. Sofreu resistência a luz que deve iluminar toda a terra com a sua glória (*Apoc. 18:1), e pela ação de nossos próprios irmãos tem sido em grande medida, conservada afastada do mundo".4
Através da oração e busca do coração, Saulo passou a entender e apreciar o grande amor de Deus pela humanidade. Ele poderia ter rejeitado a mensagem dada a ele na estrada de Damasco. Ele poderia ter continuado no poder e autoridade da igreja judaica e subido a grandes alturas na sociedade de Jerusalém. Ele tinha todo o mundo antes dele se ele permanecesse com suas antigas convicções. Se ele seguisse sua nova fé, a vida era, na melhor das hipóteses, incerta. Ele trocaria a certeza de uma vida ambiciosa pela certeza da perseguição? Foi a escolha dele.
Nós também temos uma escolha a fazer. Podemos continuar na glória deste mundo ou podemos nos ajoelhar ao pé da cruz. Um caminho dá satisfação imediata, a glória da posição e aprovação dos homens. O outro caminho traz a condenação possível daqueles que se opõem à verdade, mas também traz a certeza da vida eterna. Se o amor de Cristo nos costrange (2ª Cor. 5:14, 15), faremos a escolha certa.
Sejamos como Saulo quando ele ficou cara a cara com Deus no caminho de Damasco - "Ó Senhor, o que queres que eu faça?" "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos da refrigério pela presença do Senhor" (Atos 3:19).

--Ann Walper

_______________________________

Notas finais (de Ellen G. Whte)                 Endnotes (Ellen G. White):

1) Review and Herald, de 11 de março de 1890                                      

2) Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 1, págs. 369 3 370;

3) Review and Herald, de 15 de dez. de 1904                                              

4) Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 234 e 235;

 _______________________________

Notas:                                                          Notes:

Veja, em inglês, o vídeo desta 5ª lição do 3º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/QamIzPguffo


Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm
_______________________________

Biografia da autora:

A irmã Ana Walper é uma adventista dedicada à pesquisa bíblica e às atividades da igreja. Atualmente ela é diretora dos departamentos de liberdade religiosa; escola sabatina; saúde e temperança, e é coordenadora de uma das unidades evangelizadoras da escola sabatina. É também ativa instrutora bíblica. Profissionalmente é enfermeira padrão, e durante as férias escolares ela trabalha como enfermeira voluntária em acampamentos da juventude adventista nos estados de Tenneessee e Kentucky nos EUA. Ela é também escritora independente já por 16 anos em jornais de sua cidade sobre as boas novas de Cristo e Sua Justiça.

Atenção: Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
 _______________________________