Para 28 de julho a 4 de agosto de 2018
Enquanto o
grupo de Saulo descia a sinuosa colina até o oásis fértil, a jornada longa e
quente estava quase no fim. Abaixo deles, ficava a bela extensão de campos
verdes e pomares maduros que cercavam Damasco. De repente, um "um resplendor de luz do céu" (*Atos
9:3) brilhou ao redor deles. O líder do grupo, Saulo,
foi vencido pela intensidade da luz e caiu no chão.
Saulo era
cidadão romano de nascimento e judeu de descendência. Ele havia recebido a
melhor educação disponível na época. Ele era bem versado nas línguas grega,
latina, hebraica e aramaica. Por sua educação, ele se sentou aos pés de
Gamaliel, o ilustre teólogo judeu, e aprendeu "a verdade da lei" (Atos 22: 3). Ele era fariseu dos
fariseus, o jovem advogado mais brilhante do Sinédrio (Fil. 3: 5, 6).
Sua missão
atual a Damasco foi totalmente apoiada financeira e teologicamente, pelo sumo
sacerdote e pelo conselho do Sinédrio. Eles haviam lhe dado cartas de
autoridade para que pudesse respirar "ameaças
e mortes contra os discípulos do Senhor", para levá-los a Jerusalém
para serem castigados por heresia (Atos 9: 1; 22: 5). Agora, deitado de bruços
no chão, ele ouviu uma voz. "Saulo, Saulo,
por que Me persegues? ... Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões!"
(Atos 9: 4, 5). Ele perguntou: "Quem
és, Senhor?" A mesma voz respondeu: "Eu sou Jesus de Nazaré".
Essas
palavras atingiram o coração de Saulo como um raio. Jesus de Nazaré estava
morto, morto e enterrado! Saulo acreditava firmemente que eram apenas mentiras
circuladas por Seus discípulos que incitavam as pessoas a pensar que Jesus
havia ressuscitado dos mortos. Tremendo de medo, ele disse: "Senhor que queres que eu faça?" (*v.6). Jesus
respondeu, dizendo-lhe para entrar na cidade e esperar por mais instruções. A
glória foi retirada e Saulo se levantou, mas se viu totalmente privado de
visão. Ele tropeçou nos últimos quilômetros de sua jornada "guiado pela mão dos que estavam com ele".
Por três
dias Saulo estave "sem ver, e não
comeu nem bebeu" (*Atos 9:9). Durante esse tempo, ele examinou de
perto suas crenças anteriores sobre Jesus de Nazaré. Ele lembrou como ele havia
lutado contra o testemunho de Estevão e consentido com sua execução injusta.
Como ele pessoalmente arrastou muitos dos discípulos de Jesus perante o
Sinédrio para serem processados. Em agonia de alma, ele revisou as profecias
relativas à vinda do Messias. Ele estava certo de que o Messias deveria
suportar os pecados do povo, libertá-los da opressão e renovar a nação de
Israel à sua antiga glória.
Mas, num
piscar de olhos, outras profecias se espalharam pela mente de Saulo. O Messias
devia ser desprezado e rejeitado, e ferido pelas transgressões do povo; fez uma
oferta pelo pecado e separou-Se da terra dos viventes (Isa. 53: 3-9). Saulo
sabia que Daniel predisse que quando o Messias viesse, Ele confirmaria o concerto
com o povo por sete anos, e, "no meio" daqueles sete anos, Ele faria
com que o sacrifício e as ofertas cessassem (Daniel 9:27). Mas o Templo ainda
estava de pé e as oferendas continuavam a fluir para ele. Todas as coisas
continuaram como antes, exceto pelo pequeno grupo de homens que se chamavam de
"discípulos" daquele homem morto, que estavam espalhando mentiras
sobre Seu poder sobre a morte.
Atormentado
por seus pensamentos, Saulo gritou: "Oh Senhor, eu estive errado? Estive
lutando contra Ti em vez de por Ti? Ajude-me a entender!" Saulo estava
completamente sozinho em sua luta. Ele não podia apelar aos judeus não
convertidos de Damasco. Eles nunca acreditariam em sua história. Os seguidores
de Jesus evitavam-no como um enganador, recusando-lhe toda a simpatia.
Aprisionado por sua cegueira e rejeitado pelos homens, sua única fonte de ajuda
e conforto era um Deus misericordioso. Para esta fonte, ele apelou com um
coração quebrantado e contrito.
"Senhor,
explica-me como Jesus pode ser o Messias. A Lei claramente ensina que qualquer
pessoa pendurada em uma árvore é amaldiçoada por Ti para sempre" (veja Deu.
21:22, 23). "Como Jesus pode agora ser o Exaltado, a Consolação e a
Redenção de todo o Israel?" (Lucas 2:25)
Ao
refletir sobre o significado dessas profecias, a mente obscurecida de Saulo foi
iluminada pelo Espírito Santo. Ele ficou surpreso com sua antiga falta de
compreensão e vergonhado de ter sido persuadido por outros a rejeitar a verdade
de quem era Jesus. Quando Saulo se entregou ao poder convincente do Espírito
Santo, ele pôde curvar-se com humildade diante de Deus e confessar sua
indignidade. Ele defendeu os méritos do Salvador crucificado e ressuscitado,
pedindo perdão por seus pecados. Com a simplicidade de uma criancinha, ele
começou a compreender o amor de Deus. Ele viu que Jesus de Nazaré era a
personificação de toda a "lei e os testemunhos", o cumprimento de
todo serviço do santuário.
Ao Saulo sair
de Damasco ele era um homem mudado. Ele era tão zeloso como sempre, mas agora
ele era compelido por um Espírito diferente. O amor de Deus exibido na cruz do
Calvário não lhe deu escolha. Ele percebeu que Jesus morreu uma vez por todas,
como humanidade corporativa, sendo "feito
pecado por nós" e que, se "Um
morreu por todos, então todos morreram" (2ª Cor. 5:21, 14). Nesse
único sacrifício, a salvação foi dada a toda a família humana (Rom. 5: 15-19).
A única maneira de alguém se perder é rejeitando esse presente mui precioso.
Doravante, Saulo só poderia viver para Jesus e a vindicação do Seu nome.
Saulo
percebeu que Jesus morreu por ele, como ele. Não era mais Saulo que existia,
mas Paulo. Saulo e seus pecados morreram em Cristo na cruz, e como ele poderia
viver mais naquela velha vida de rebelião? (veja Rom. 6: 6, 7). Porque Cristo
ressuscitou dos mortos, Paulo teve a certeza da vida eterna. Ele estava vivo
pela fé de Cristo (Gál. 2:16, 20). Dali em diante Paulo só poderia pregar "Cristo e Ele crucificado",
declarando a graça ilimitada de Deus para com os pecadores. A conversão de Saulo
é uma evidência impressionante do poder do Espírito Santo para convencer os
homens do pecado. Saulo encontrou o Salvador crucificado e ressureto face a
face na estrada de Damasco e ele foi mudado para sempre.
Em 1888,
Deus enviou Sua mensagem do Salvador ressurreto para confrontar Sua igreja com
seu pecado de legalismo. Por quarenta anos, a igreja havia gradualmente se
tornado um orgulho espiritual que quase excluía a necessidade de fé. Nós nos
tornamos fariseus de primeira grandeza. Confiando no poder da retórica e no
conhecimento da Bíblia, os pregadores podiam convencer uma multidão a aceitar o
sábado do sétimo dia e a necessidade de guardar a Lei de Deus. Mas eles haviam
pregado a Lei até que se tornaram "tão
secos quanto as colinas de Gilboa, que não tinham orvalho nem chuva". 1 O que a igreja precisava para terminar a obra de
Deus era uma chuva muito necessária — chuva enviada do céu para amadurecer a
plantação e preparar o povo de Deus para a trasladação.
Assim como
os judeus fizeram enquanto Cristo estava pessoalmente andando nesta terra, e
como eles continuaram a fazer depois que o Espírito Santo foi derramado no
Pentecostes sobre os discípulos espiritualmente humilhados, nós
corporativamente resistimos ao derramamento da chuva serôdia. "A desgraça
é pronunciada sobre toda incredulidade e crítica como foi revelado em
Minneapolis e como foi revelado em Battle Creek [liderança da igreja]. Por seus
frutos os conhecereis. Evidências a cada passo que Deus estava no trabalho não
mudou a atitude manifesta daqueles que no começo iniciaram um curso de
incredulidade que era uma ofensa a Deus. Com essa barreira que eles mesmos
haviam erigido, eles — como os judeus — estavam buscando algo para fortalecer
sua incredulidade e fazer parecer que eles estavam certos. Portanto, não podiam
beber na grande salvação que o Senhor lhes oferecia. Eles recusaram
as riquezas da graça divina.2
O Espírito
Santo foi insultado pelo modo como foi tratado então e desde aquele tempo, e Cristo sofreu um profundo
desapontamento. "Em toda igreja em nossa terra, é necessário confissão,
arrependimento e reconversão. O desapontamento de Cristo está além de
descrição. A menos que aqueles que pecaram se arrependam rapidamente, os
enganos dos últimos dias os alcançarão. Alguns, embora não percebam isso, preparam-se
para serem vencidos. Deus clama pelo arrependimento sem demora, há tanto tempo
que muitos brincam com a salvação, que sua visão espiritual é obscurecida, e
eles não podem discernir entre luz e trevas. Cristo é humilhado em Seu povo. O
primeiro amor se foi, a fé é fraca, há necessidade de uma transformação
completa".3
Foi pela
mesma razão que os judeus que a mensagem de 1888 de Cristo e Sua justiça foi resistida
e rejeitada – orgulho de posição e opiniões preconcebidas. "A indisposição
de ceder a opiniões preconcebidas e aceitar esta verdade, estava à base de
grande parte da oposição manifestada em Minneapolis contra a mensagem do Senhor
através dos irmãos E. J. Waggoner e A. T. Jones. Excitando aquela oposição Satanás teve êxito em afastar
do povo, em grande medida, o poder especial do Espírito Santo que Deus anelava
comunicar-lhes. O inimigo impediu-os de obter a eficiência que poderiam ter
tido em levar a verdade ao mundo, como os apóstolos a proclamaram depois do dia
de Pentecostes. Sofreu resistência a luz que deve iluminar toda a terra com a
sua glória (*Apoc. 18:1), e pela ação de nossos próprios irmãos tem sido em
grande medida, conservada afastada do mundo".4
Através da
oração e busca do coração, Saulo passou a entender e apreciar o grande amor de
Deus pela humanidade. Ele poderia ter rejeitado a mensagem dada a ele na
estrada de Damasco. Ele poderia ter continuado no poder e autoridade da igreja
judaica e subido a grandes alturas na sociedade de Jerusalém. Ele tinha todo o
mundo antes dele se ele permanecesse com suas antigas convicções. Se ele
seguisse sua nova fé, a vida era, na melhor das hipóteses, incerta. Ele
trocaria a certeza de uma vida ambiciosa pela certeza da perseguição? Foi
a escolha dele.
Nós também
temos uma escolha a fazer. Podemos continuar na glória deste mundo ou podemos
nos ajoelhar ao pé da cruz. Um caminho dá satisfação imediata, a glória da
posição e aprovação dos homens. O outro caminho traz a condenação possível
daqueles que se opõem à verdade, mas também traz a certeza da vida eterna. Se o
amor de Cristo nos costrange (2ª Cor. 5:14, 15), faremos a escolha certa.
Sejamos
como Saulo quando ele ficou cara a cara com Deus no caminho de Damasco - "Ó Senhor, o que queres que eu
faça?" "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam
apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos da refrigério pela
presença do Senhor" (Atos 3:19).
--Ann Walper
_______________________________
Notas
finais (de Ellen G. Whte)
Endnotes (Ellen G. White):
1)
Review and Herald, de 11 de
março de 1890
2) Materiais de
Ellen G. White sobre 1888, vol. 1, págs. 369 3 370;
3) Review and Herald, de 15
de dez. de 1904
4) Mensagens
Escolhidas, livro 1, págs. 234 e 235;
_______________________________
Notas:
Notes:
Veja, em inglês, o vídeo
desta 5ª lição do 3º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/QamIzPguffo
Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm
_______________________________
Biografia da autora:
A irmã Ana
Walper é uma adventista dedicada à pesquisa bíblica e às atividades da igreja.
Atualmente ela é diretora dos departamentos de liberdade religiosa; escola
sabatina; saúde e temperança, e é coordenadora de uma das unidades
evangelizadoras da escola sabatina. É também ativa instrutora bíblica.
Profissionalmente é enfermeira padrão, e durante as férias escolares ela
trabalha como enfermeira voluntária em acampamentos da juventude adventista nos
estados de Tenneessee e Kentucky nos EUA. Ela é também escritora independente já por 16 anos
em jornais de sua cidade sobre as boas novas de Cristo e Sua Justiça.
Atenção: Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
_______________________________