quarta-feira, 25 de julho de 2018

Liçao 4—Os primeiros líderes da igreja, por Paulo E. Penno



Para 21 a 28 de julho de 2018

Quando éramos crianças pequenas na Escola Sabatina, costumávamos ter um ditado que achamos engraçado. Os saduceus não acreditavam na ressurreição dos mortos, é por isso que eles eram chamados de “sad-you-see” (*Triste-você-veja, em português). Por que eles não acreditavam na ressurreição? Porque não acreditavam na promessa de Deus, Seu concerto eterno.
A ressurreição foi claramente ensinada na experiência de seus pais, Abraão, Isaque, Jacó e José. Quando Estêvão esteve diante do Sinédrio, ele iniciou o seu poderoso discurso com a promessa de Deus a Abraão e continuou durante todo o seu longo sermão registrado com alusões ao concerto (Atos 7). Nossa lição da Escola Sabatina (parte de terça-feira) afirma que o sermão de Estêvão foi um “processo judicial da aliança” levantado perante o Sinédrio.
A alusão de Estevão à promessa de ressurreição de Deus a Abraão não passava pela cabeça dos componentes do Sinédrio. Por exemplo, Estevão começou com a ordem de Deus a Abraão: “Sai da tua terra e dentre a tua parentela e dirigi-te à terra que eu te mostrarei” (Atos 7:3). Abraão viajou com a sua família e trouxe o seu falecido pai para Canaã, e Deus “não lhe deu nela herança, nem ainda o espaço de um pé; mas prometeu que lhe daria a posse dela, e depois dele à sua descendência [Cristo]” (vs. 5). Abraão não possuía nada em Canaã, nem mesmo uma sepultura para o seu pai. É óbvio a partir dessas palavras que Deus nunca pretendeu dar a Abraão apenas um pequeno espaço no Oriente Médio. Deus prometeu toda a terra em justiça a Abraão e seus descendentes.
Quando Abraão morreu, ele ainda não possuía a Palestina, mas creu na promessa de Deus: “Pela fé ele [Abraão] habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas [tendas nômades] com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa: porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus” (Heb. 11: 9-10). “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra” (v. 13).
E. J. Waggoner comenta sobre esta passagem que os patriarcas “afirmaram claramente, diz Paulo, que procuravam um país, e já descobrimos que aquele país era a terra toda; e como não ficaram desapontados porque o país não lhes foi dado em sua vida, é evidente que eles entenderam que a promessa incluía a ressurreição dos mortos”.1
Paulo testificou de sua fé diante do rei Agripa: “E agora pela esperança da promessa que por Deus foi feita a nossos pais estou aqui e sou julgado; à qual as nossas doze tribos esperam chegar, servindo a Deus continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus. Pois que? Julga-se coisa incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos? (Atos 26: 6-8).
A promessa de Deus contém a esperança da ressurreição para habitar na nova terra em justiça. “Mas nós, segundo a Sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça” (2ª Pedro 3:13).
Mas tudo isso é muito familiar. Foi quando Estevão falou da “vinda do Justo” (Atos 7:52), que o Sinédrio perdeu a causa e assassinou Estêvão. Estevão praticamente disse que Deus não morava no templo deles (v. 47-49). Era tudo menos justo. O concerto de Deus com Abraão prometeu-lhe uma “Semente” vindoura [vs. 5, Descendente] em Quem o Espírito Santo manifesta inteira e completa justiça. Deus habitou no “Reto [justo]” que os fariseus e saduceus assassinaram (v. 52).
Deus deu a Abraão “o concerto da circuncisão” (v. 8) porque ele estava disposto a receber o dom do Espírito Santo de “justiça pela fé” em seu coração. Foi esse presente do Espírito de Deus que os mestres da lei recusaram na vinda de Cristo e, assim, cometeram o pecado imperdoável e assassinaram o Justo. Por se recusarem a acreditar no concerto de Deus, não reconheceram a prometida “Semente”—o seu Messias. Assim, eles eram “incircuncisos de coração” e rejeitaram a sua justiça, embora afirmassem “ter recebido a lei” (v. 53). Ao resistirem ao Espírito Santo e rejeitarem o seu Messias, manifestaram a incredulidade do velho concerto em seus corações.
“Enfureciam-se em seus corações” (vs. 54). Em outras palavras, o Espírito Santo passou por eles, mas não lhes fez bem. Rejeitaram a mensagem e o mensageiro.
Quando Estevão testificou: “Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem que está em pé à mão direita de Deus” (v. 56), ele virtualmente estava dizendo: “Eu vejo o ressuscitado em pé vindicado à mão direita de Deus”, e isso selou o destino de Estêvão.
Um dos principais temas da mensagem de 1888 são as boas novas do concerto eterno de Deus. O Novo Concerto foi a promessa unilateral de Deus a Abraão e seus descendentes de lhes dar toda a terra feita nova como “uma possessão eterna” e a justiça necessária para herdá-la “em Cristo”. O Velho Concerto era a promessa do povo no Monte Sinai de realizar obediência fiel: “Tudo o que o Senhor tem falado, faremos” (Êxo. 19: 8). Aquela Velha Aliança se tornou a tese fundamental da compreensão de Israel da verdade de Deus que culminou no assassinato de seu Messias. Assim, a história de Israel demonstra que o concerto “do monte Sinai ... gera filhos para a servidão” (Gál. 4:24).
Todos os esforços para firmar as “promessas” do Velho Concerto em crianças e jovens estão fadados a “gerar para a servidão” em sua experiência espiritual. Ellen White diz: “O conhecimento de vossas promessas violadas e dos votos não cumpridos, enfraquece a confiança em vossa própria sinceridade, levando-vos a julgar que Deus não vos pode aceitar”.2 Deus não nos pede para prometer-lhe justiça; Ele nos pede para crer em Suas promessas a nós.

--Paul E. Penno

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Notas de rodapé:                                      

1) E. J. Waggoner, “A Esperança da Promessa,” Bible Echo and Signs of the Times, vol. 4, nº 10 de 15 de maio de 1889, pág. 154.

2) Ellen G. White, Caminho a Cristo, pág. 47                                        
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Notas:                                                         

Veja, em inglês, o vídeo desta 4ª lição do 3º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/dGK6ZcX_5KI

Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm
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Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há 42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia.” (Este livro postamos, por inteiro, no nosso blog Ágape Edições (agape-edicoes.blogspot.com) em 1º de agosto de 2017). Ao longo dos anos o Pr. Paulo Penno, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
  
    Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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