terça-feira, 10 de julho de 2018

Lição 2 — O Pentecostes, por Roberto J. Wieland


Para 7 a 14 de julho de 2018


“Pentecostes” é uma palavra importante para o povo cristão. Chegou 50 dias depois da ressurreição de Cristo. Os discípulos se reuniram antes para orar e estudar por 10 dias, de modo que na época em que o Dia de Pentecostes chegou, eles finalmente estavam em total harmonia e unidade, “em unanimidade” (Atos 2: 1).
Uma grande bênção veio naquele dia. O verdadeiro e genuíno “dom de línguas” era manifesto para que todos, de todas as partes do mundo que estavam reunidos em Jerusalém, ouvissem as boas novas em sua própria língua, para que pudessem compreendê-las claramente. O Espírito Santo foi dado numa plenitude nunca igualada.
O que havia na mensagem de Pentecostes que tinha um tremendo poder que 3000 foram convertidos, verdadeiramente convertidos, em um dia? Há uma "grande verdade" que brilhou claramente no dia de Pentecostes que até o apóstolo Paulo não pregou. Falando a essa grande multidão de milhares de pessoas de muitas nações e línguas, Pedro declarou corajosamente que haviam crucificado o Filho de Deus: "Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a Esse Jesus, a quem vós crucificastes.  Deus O fez Senhor e Cristo" (Atos 2:36). Alguns dias depois, ele lhes disse: "Mas vós negastes O Santo e o Justo, e matastes o Príncipe da vida" (3:14, 15). Nada nas epístolas de Paulo é tão forte, tão diretamente confrontacional!
O maior “evangelismo” de todos os tempos foi o que aconteceu no Pentecostes. Não foi emocionalismo, e o que trouxe a profunda convicção da verdade aos corações das pessoas não foi o milagre das línguas estrangeiras faladas pelos apóstolos — um “sinal e maravilha”, mas não o verdadeiro fato que aconteceu: os apóstolos proclamaram o que aconteceu quando o Filho de Deus morreu em Sua cruz.
Eles não “mediram palavras”, nem se expressaram com delicadeza: “Vós matastes O Príncipe da vida, o Filho de Deus!” Colocaram a culpa das eras sobre as almas daqueles judeus e gentios. Não havia o fazer amigos e influenciar pessoas da politicagem, nenhuma tentativa de tornar a mensagem palatável, para “ganhar” os líderes superiores pela psicologia. Foi a confrontação mais direta que já houve entre as pessoas humildes e a liderança da sociedade religiosa (leia em Atos 2:23, 36; 4:10; 5:30, etc.).
Quando, no Pentecostes, Pedro disse: “a Esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus O fez Senhor e Cristo” (Atos 2:36) imediatamente veio o clamor de partir o coração: “Que faremos?” (vs. 37). Então, quando Pedro e João curaram o paralítico, Pedro novamente disse: “Vós negastes o Santo e o Justo, ... e matastes o Príncipe da vida, a quem Deus ressuscitou dos mortos” (3:14, 15). Você não poderia bocejar e sentar em cima do muro (*ficar neutro) enquanto ouvia uma acusação como essa! Então Pedro e João disseram aos governantes e líderes da nação: “Vós crucificastes a Jesus Cristo de Nazaré, a quem Deus ressuscitou dos mortos” (4:10).
Pessoas comuns como os apóstolos nunca poderiam ter-se animado para declará-lo como fizeram se não fosse pelos dez dias de arrependimento que passaram anteriormente. Eles haviam se ajoelhado, ido ao pó em humilhação; que tolos tinham sido! O Espírito Santo tinha onze homens nos quais o eu havia sido “crucificado com Cristo”. Isso possibilitou que o Filho de Deus fosse exaltado neles.
O que aconteceu no dia de Pentecostes foi um arrependimento mais profundo como jamais conhecido. O assassinato do Filho de Deus é o maior pecado já cometido; o arrependimento por esse pecado é o maior que um coração humano pode conhecer.
Um arrependimento como o do Pentecostes é o que Cristo pede hoje. Ele virá, como um veio perdido de ouro na terra que deve surgir novamente em outro lugar. Nossa ideia de arrependimento pode produzir apenas o que vemos hoje — devoção nebulosa e indistinta; morna. Como o medicamento tomado em quantidade suficiente para produzir uma concentração na corrente sanguínea, nosso arrependimento deve ser abrangente, de alcance total, para que o Espírito Santo faça um trabalho totalmente eficaz.
Esta completa abragência de arrependimento está incluído no “evangelho eterno”. Mas a sua definição mais clara tem sido impossível até agora, quando a história chega à última das sete igrejas. A palavra original “arrependimento” significa olhar para trás a partir da perspectiva do fim: metanoia, de meta (“depois”) e (*do latim) mens (“mente”). Assim, o arrependimento nunca pode ser completo até o final da história. Como o grande Dia da Expiação, sua dimensão total deve ser uma experiência do último dia. Chegamos agora a esse momento no tempo.
Mas e “1888”? O pequeno grupo que passou pelo Grande Desapontamento de 1844 foi profundamente amado por Jesus num sentido especial. Eles se recusaram a desistir de sua fé, confiantes de que o verdadeiro Espírito Santo estava no Clamor da Meia Noite através do Grande Desapontamento. Eram especialmente queridos por Seu coração (Jesus os descreve em Sua mensagem ao “anjo da igreja de Filadélfia”, Apo. 3:9, 10).
Quando nova verdade chegou a eles (o santuário celestial e a abertura do segundo compartimento), eles creram; havia um amor cativante por aquele “pequeno rebanho” em Seus olhos. Quando Raquel Preston trouxe a verdade do sábado do sétimo dia, eles a receberam; não resistiram e lutaram contra a mesma (como “eles” fizeram com outra “mui preciosa” verdade quarenta e quatro anos depois). Então, quando os primeiros princípios da reforma da saúde chegaram, mais uma vez aceitaram com entusiasmo. Através da história inicial deste povo, um caso especial de amor celestial estava se desenvolvendo. Não desde o Pentecostes Jesus encontrou um grupo de crentes a Ele tão leais.
A ideia de 1888 elevou a cruz de Cristo mais alto do que havia sido exibido desde o Pentecostes. Ellen White disse: “Grandes verdades que foram ignoradas e nunca vistas desde o dia de Pentecostes devem resplandecer da Palavra de Deus em sua pureza nativa”.1 O sábado e a cruz finalmente se uniram.
Mas aqui Cantares de Salomão 5:2-8 entra em cena.2 O Amante chegou “em casa” da Sua amada depois de uma longa viagem; cansado, solitário, faminto, molhado da chuva; deseja estar com ela intimamente. Ele “bate” (o hebraico diz batendo na porta). A mulher que ele ama o desdenha, ela está à vontade demais, foi para a cama dormir a noite; por que Ele a incomoda agora? (O mundo é um lugar muito confortável como se apresenta, diz a igreja dos laodiceanos.) Finalmente, ela se esquece de seu próprio conforto egoísta e pensa nEle na escuridão, com fome e solitário; tardiamente se levanta e vai deixá-Lo entrar, mas quando ela abre a porta, Ele “se foi”.
Estamos procurando por Ele há mais de cem anos (cf. 6:1). Cada vez mais, pessoas pensantes veem aqui a história do “nosso” desdenhar a mensagem “mui preciosa” do começo da chuva serôdia. Ao rejeitar a mensagem, diz a serva do Senhor, desdenhamos a Cristo3, assim como “a mulher” fez com o seu amante em Cantares  5:3.
O apelo patético de Cristo em Sua mensagem ao “anjo da igreja dos laodiceanos”4 (“sê pois zeloso, e arrepende-te”, Apo. 3:19) exige atenção.

Redigido a partir dos escritos de Robert J. Wieland

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Notas finais:                                        

 1) Ellen G. White, Review and Herald, de 17 de agosto de 1897, ênfase suprida.

2) Não há razão para se ter incluido este livro no Canon Sagrado, a não ser o fato de estar falando de Jesus e Sua amada igreja. Jesus descreve este livro (*Cantarres) em João 7:37, 38 (Can. 4:15).  Paulo o citou em referência à igreja em Efésios 5:27 (Can. 4:15).  Eruditos há muito reconheceram que Jesus citou a versão Septuaginta em Apocalípse 3:20, “Eis que estou à porta e bato”

3) Materiais de Ellen G. White 1888, pp. 398, 399.

4) Ellen White identifica isto como a Igreja Adventista do Sétimo Dia (ob cit.).
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Notas:
Veja, em inglês, o vídeo desta 1ª lição do 3º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/MdIrRel4XH0

Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm
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Biografia do autor, Pr. Roberto Wieland:   
             
O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. Autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, pediram à Associação Geral que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888. 38 anos depois, em 1988, a Associação Geral atendeu o pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888.

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Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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