Para 14 a 21 de julho de 2018
No espaço
de algumas semanas, os eventos mais significativos da história da humanidade
aconteceram: Jesus completou o Seu ministério, foi crucificado, ressuscitou e
ascendeu ao céu. Seus seguidores confusos e assustados se reuniram, como
Jesus os instruíra a fazer. Empregaram o seu tempo com sabedoria, provavelmente
pesquisando as Escrituras então disponíveis para entender como Cristo cumpriu
perfeitamente todas as profecias messiânicas. Podemos quase imaginar os homens
que andaram com Cristo na Estrada de Emaús repetindo tudo o que conseguiam
lembrar de como Ele lhes explicara as Escrituras.
Não
importa quão convincente seja o método de usar vários textos para provar pontos
teológicos, o argumento por si só é inadequado. A
pregação nunca atinge o coração sem o poder do Espírito Santo. Jesus sabia
disso e disse aos Seus discípulos: “Não
vos deixarei órfãos” (João 14:18, “sem
conforto” na King James Version). Jesus prometeu: “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique
convosco para sempre; o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber,
porque não O vê nem O conhece; mas vós O conheceis, porque habita convosco e
estará em vós” (João 14:16, 17). Ezequiel previra isso séculos antes: “E porei dentro de vós o Meu Espírito e
farei que andeis nos Meus estatutos, e guardareis os meus juízos e os
observareis” (Ezequiel 36:27).
A passagem
de Ezequiel define o processo do caminho de Deus para alcançar a justiça em
seres humanos pecadores e mostra o papel essencial do Espírito Santo nesse
processo. Assim, o Pentecostes cumpriu tanto a profecia de
Ezequiel quanto a promessa de Cristo de que o Espírito Santo “habita convosco”, até “estará em vós”.
Os
primeiros crentes alcançaram um nível de unidade durante o seu tempo de estudo
no cenáculo, esperando pelo Pentecostes. No entanto,
uma vez que o Espírito Santo foi dado, mais estudo foi necessário para
compreender plenamente a missão de Cristo, embora a maioria deles tenha
testemunhado o que Ele havia feito. Como nossa lição observa, o caráter da
adoração na
Igreja
primitiva era baseada em suas origens judaicas. Especialmente para aqueles que
moravam em Jerusalém, ir ao templo para adorar seria lógico. Deus lhes deu
tempo e circunstâncias que lhes permitiram dedicar estudo às grandes
implicações da cruz e como o sistema sacrifical judaico se encaixava nesse
quadro.
A prática
do judaísmo tornou-se tão formalizada que os adeptos perderam de vista o
significado do sistema sacrifical. Não foi visto
como um sistema projetado para tipificar o último sacrifício de Cristo, mas
como um meio de manipular a Deus. Os judeus acreditavam que o ato de trazer um
sacrifício era o que salvava, não o sacrifício final a que apontava. Os seus
antepassados haviam cometido aquele velho erro do concerto séculos antes, quando
disseram a Moisés no Sinai que “tudo o que o Senhor disser, faremos”, ficando
implícito que então Deus era obrigado a fazer o que prometera.
O
pensamento arraigado dos primeiros cristãos havia se formado no judaísmo e
precisava ser esclarecido. Eles precisavam entender que o sistema sacrifical
nunca foi dado como um método de "obras justas", mas foi feito para
lembrar constantemente as pessoas de sua necessidade do sacrifício vivo que
Cristo fez com Seu próprio corpo. Sua incompreensão da missão de Cristo foi
fundamentada em sua incompreensão das promessas de Deus feitas a Abraão.
“Deus prometeu
uma grande família a Abraão. Mas esta casa deveria ser construída sobre o
Senhor, e Abraão assim entendeu, e começou imediatamente a construir. Jesus
Cristo é o fundamento, pois ‘ninguém pode
pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo’ 1ª
Cor. 3:11. A casa de Abraão é a casa de Deus, a qual é edificada ‘sobre o fundamento dos apóstolos e dos
profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina’ Efésios 2:20.”1
Em suas
promessas a Abraão, Deus também prometeu que Abrão herdaria a terra. Foi uma
das promessas mais valorizadas pelos judeus que se viam atacados através dos
séculos por nações que queriam tomar as suas terras. Era conveniente esquecer
que falharam em seguir a orientação de Deus para liberar completamente a terra dentro
do tempo estabelecido por Deus. Em vez disso, fizeram associações e se casaram
com pagãos, colocando obstáculos no caminho de seguir completamente as ordens
de Deus.
Há outro
aspecto que é mais sutil, mas é importante para todos os cristãos, incluindo
aqueles de nossos dias. Os discípulos perguntaram a Cristo: “restaurarás Tu neste tempo o reino a Israel”
(Atos 1:6)? Por isso, pode ficar bem implícito que eles incluíram a
posteridade de Abraão e a terra que Deus lhe prometeu. Mas Abraão estava morto
há muito tempo e, portanto, não poderia se beneficiar de qualquer cumprimento
da promessa, a menos que ele e sua descendência adormecida fossem
ressuscitados.
“O que isso
demonstra? — Simplesmente que a promessa no décimo quinto capítulo de Gênesis, de
que Abraão e sua semente deviam possuir a terra, tinha referência à
ressurreição dos mortos, e a nada menos do que isso. ... Mesmo que Abraão seja
deixado de fora de questão, ainda assim permanece o fato de que a promessa à
semente deve incluir toda a semente, e não uma parte meramente. ... Ao se
referir a essa promessa, que era bem conhecida dos judeus, Estevão mostrou-lhes
mais claramente que só poderia ser cumprida pela ressurreição dos mortos
através de Jesus. ... Se ele [Abraão] tivesse esperado recebê-la nesta vida
presente, teria ficado desapontado se tivesse chegado ao seu fim sem vê-la
cumprida. Mas Deus claramente lhe disse que ele devia morrer antes que fosse
cumprida. Portanto, uma vez que Abraão creu em Deus, é muito claro que ele
entendia sobre a ressurreição, e que cria nela. A ressurreição dos mortos ...
foi sempre o centro da esperança dos verdadeiros filhos de Abraão”.2
Deus explicou
a Abraão que Israel não devia possuir a terra da promessa até que a medida da
injustiça dos amorreus estivesse cheia. “Isso mostra que Deus daria aos
amorreus tempo para se arrependerem ou, na falha deles quanto a isso, encher a
medida de sua iniquidade e assim demonstrar a sua inaptidão para possuir a
terra. E isso nos ensina ainda mais que a terra que Deus prometeu a Abraão e
sua semente poderia ser possuída apenas por pessoas justas”.3
Esse conceito
complexo, mas importante, precisava ser entendido pelos primeiros crentes, e
especialmente aqueles de nossos dias. Os primeiros crentes foram parcialmente
motivados por um senso de urgência, já que acreditavam que o retorno de Cristo
iria acontecer muito em breve. Eles estavam ansiosos por estudar e entender de
modo que a mensagem pudesse ser dada ao mundo inteiro.
A mensagem era
a da cruz de Cristo e o princípio de que a justiça só poderia vir através da fé
de Jesus, aceita por Seus seguidores. Aquele fogo, aceso no Pentecostes,
começou a diminuir à medida que os anos iam e vinham e as pessoas se distraíam
com as rotinas de viver a vida e a hostilidade que a mensagem sempre produz em
alguns. O Senhor reacendeu o fogo enviando os “mensageiros” de 1888 (A. T.
Jones e E. J. Waggoner) com o seu maior entendimento da justiça pela fé, e por
algum tempo as pessoas estavam novamente interessadas em estudar a mensagem em
suas muitas facetas, mas a passagem do tempo tende a diminuir o fervor.
Os primeiros
pioneiros da mensagem de justiça pela fé na Igreja Adventista do Sétimo Dia
estão todos dormindo agora. No entanto, Deus espera retornar. Por quê? Se Deus
não estava disposto a tomar a terra dos amorreus pagãos nos dias de Abraão e
dos romanos pagãos no tempo apostólico, talvez Ele esteja esperando que todos
aqueles que se arrependerem tenham a oportunidade. Assim como não era da
vontade de Deus que Israel vagasse 40 anos no deserto antes de entrar na terra
prometida, não é Sua vontade hoje adiar a Sua vinda. Mas em misericórdia para
com o mundo, Jesus adia a Sua vinda para que os pecadores possam ouvir a
mensagem do evangelho da justiça pela fé e, se estiverem dispostos, cheguem ao
arrependimento.
"Por quarenta anos a incredulidade, murmuração e
rebelião excluíram o antigo Israel da terra de Canaã. Os mesmos pecados têm retardaram
a entrada do moderno Israel na Canaã celestial. Em nenhum dos casos estiveram
as promessas de Deus em falta. É a incredulidade, o mundanismo, a falta de
consagração e a contenda entre o professo povo do Senhor que nos têm conservado
neste mundo de pecado e dor por tantos anos".4
“Caso houvesse
sido executado o propósito de Deus por Seu povo de transmitir ao mundo a
mensagem de misericórdia, Cristo, já teria vindo à Terra, e os santos teriam
recebido suas boas-vindas na cidade de Deus.”5
Como os
primeiros crentes da Igreja, é preciso tempo e esforço para estudar as várias
facetas da mensagem dada pelos “mensageiros” de 1888, mas a salvação das almas
é o que está em jogo. Vamos continuar estudando essa “mui preciosa mensagem”
para que o mundo possa ouvi-la, chegar ao arrependimento e Cristo possa pôr um
fim ao atraso.
--Arlene Hill
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Notas finais:
1) E. J. Waggoner, O Concerto Eterno: As Promessas de
Deus a Nós, pág. 54; Edição Boas Novas, de 2002
2) idem, págs. 56 e 57
3)
idem, pág. 58
4) Ellen G.
White, Menságens Escolhidas, Livro
UM, pág. 69
5)
Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja,
vol. 6, pág 450
*Outros textos neste sentido: “Se todo soldado de Cristo
houvesse cumprido seu dever, se todo atalaia nos muros de Sião houvesse dado à
trombeta um sonido certo, o mundo poderia já teria ouvido a mensagem de
advertência. Mas a obra está com anos de atraso. Enquanto os homens têm
dormido, Satanás se nos tem adiantado furtivamente” (Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 297).
*“O Senhor planejou que a mensagem de advertência e instrução
dada mediante o Espírito ao Seu povo fosse à toda parte, mas a influência que
se desenvolveu com a resistência à luz da verdade em Mineápolis tendeu a tornar
de nenhum efeito a luz que Deus havia dado a Seu povo mediante os testemunhos” (Boletim da Associação Geral de 1893, pág.
419);
*“Se aqueles que
reivindicam ter uma experiência rica nas coisas de Deus tivessem realizado sua
obra designada pelo Senhor, o mundo inteiro teria sido advertido já há muito
tempo” (R & H de 6 de outubro de
1896);
*“Houvesse a igreja de
Cristo feito a obra que lhe era designada, como Ele ordenou, o mundo inteiro
haveria sido antes disso advertido, e o Senhor Jesus teria vindo à Terra em
poder e grande glória” (Desejado de Todas as Nações, pág. 633-634).
*A declaração que se segue é atribuída à Irmã White, mas é corroborada
por uma carta de seu filho W. C. White ao pastor Taylor G. Bunch: “Se o povo de
Deus tivesse se dedicado ao trabalho como deveria logo após a reunião de
Mineápolis de 1888, o mundo inteiro teria sido advertido em poucos anos e o
Senhor teria vindo”.
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Notas:
Veja, em inglês, o vídeo
desta 2ª lição do 3º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio:
Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm
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Biografia da autora:
A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada
da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é
professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário
“É
a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em
maio de 2010, a
Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th
Street, Reno, Nevada, USA, Telefone 001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do
seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro
de 2015, na igreja adventista Valley
Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919
Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia, telefone: +001 XX
760-749-9524
Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.
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