terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Lição 1 — Crise no Céu, por Paul E. Penno



Para 26 de dezembro de 2015 a 2 de janeiro de 2016

Bem-vindos a um novo ciclo de lições da Escola Sabatina sobre o tema do grande conflito na Bíblia. Nosso objetivo é deixar a dinâmica da mensagem de 1888 resplandecer através dessas lições.
Podemos entender como guerras podem irromper neste mundo pecaminoso e escuro; mas, como poderia haver “guerra no céu”? (Apoc. 12:7) O céu é um lugar perfeito! Quem começou isso?
A Bíblia diz claramente que o pecado originou-se com Lúcifer, o mais elevado dos anjos.1 Ele procurou espalhar a rebelião. E muitos anjos se uniram a ele.2 Mas quem começou o conflito que resultou em “o grande dragão ... o Diabo, e Satanás” ser lançado fora (vs. 9)?
Ellen White diz que a nova ideia de Lucifer de “...exaltação do eu, ao contrário do plano do Criador, pressagiou o mal e o despertou nas mentes daqueles para quem a glória de Deus era suprema.”3 Esta quieta, inteligente e secreta “exaltação do eu” teria prosseguido e avançado mais e mais se não fossem algumas “mentes” leais a Deus “despertadas” para se oporem a ela. Foram os que começaram a “guerra no céu”! Eles não se contentaram em deixar essa obra dissimulada prosseguir sem oposição.
Esta guerra contra Deus não começou no inferno, pois não havia inferno na época, mas começou num lugar perfeito no céu. Foi lá que Satanás inventou o princípio do amor próprio. Esta era uma ideia nova no universo de paz de Deus que havia estado repleto com altruísmo e harmonia. O livro do Apocalipse descreve a guerra entre Satanás e “Miguel”, um outro nome para Cristo.
 “Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos batalharam contra o dragão, e combateram o dragão e os seus anjos, e não prevaleceram, nem o seu lugar se achou mais no céu. E o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo foi precipitado para a Terra, e os seus anjos foram expulsos com ele” (Apo. 12:7-9).
A partir disso aprendemos algumas verdades importantes. A arma de Satanás na batalha era a mentira; a arma de Cristo era a verdade. A verdade triunfou sobre a mentira (ela sempre triunfará!). Alguns dos anjos se juntaram a Satanás na sua rebelião, acreditando nas mentiras dele. Satanás enganou “o mundo inteiro”, de modo que agora ele e seus anjos estão neste planeta travando guerra contra Deus. Na sua grande maioria os habitantes da Terra são “enganados” pelo diabo e seus anjos maus (ou espíritos). Assim, não há segurança em seguir as multidões! Naquela fatídica manhã de sexta-feira na sala de julgamento de Pilatos, quando Jesus estava diante dele, foi a multidão que gritou: “Crucifica-o!” Aqueles que permaneceram leais a Jesus constituíam uma minoria, e sempre serão assim.
Satanás foi “precipitado para a Terra”, porque os nossos primeiros pais o acolheram (Gên. 3). Agora a controvérsia cósmica continua aqui até que “nossos irmãos” vençam a Satanás “pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho” (duas coisas!), e “não amaram suas vidas até à morte” ( Apoc. 12: 9-12). Quando entre eles aquela original “exaltação do eu” é renunciada a vitória final vem.
As mentiras de Satanás devem ser desmascaradas e ele deve ser derrotado para que o Reino de Deus seja estabelecido. A guerra entre o bem e o mal não pode continuar para sempre, pois se isso acontecer ele vai provar que Deus é impotente. E isso vai significar que a verdade não pode prevalecer. Nenhuma notícia poderia ser pior do que essa. A vitória para a justiça deve ocorrer.
E é aí que a mensagem de 1888, quanto à verdade do santuário, emerge brilhantemente. Durante o julgamento, muitas vezes mencionado como o “grande conflito”, Deus está para os habitantes desta Terra, pelo menos, numa espécie de exílio. Como o rei Davi se sentiu obrigado a desocupar o trono em Jerusalém e partir para o exílio temporário quando o seu filho Absalão se rebelou, assim Deus estabeleceu o Seu “quartel-general de campo” temporário onde a guerra é direcionada a pôr fim à rebelião. O santuário é o “tabernáculo” ou “tenda” de Deus.4
A honra do santuário é a honra do trono de Deus. Essa honra está em perigo até que os problemas sejam por fim resolvidos. Assim como a palavra “faraó” para os antigos egípcios denotava “casa do governo,” do mesmo modo a “purificação do santuário”, significa a reivindicação da “casa” ou governo de Deus em relação ao problema do pecado. O santuário é o cenário para todas as atividades de Cristo.
Vitória para a justiça é precisamente o cenário que a Bíblia revela no livro do Apocalipse: “E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite. E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte” (Apoc. 12:10, 11).
A verdadeira “salvação” é maior do que a nossa segurança pessoal. É a salvação da causa da justiça e da verdade. A nossa salvação pessoal está envolvida nessa salvação maior, como salvar o dedo de um afogamento está incluído na salvação do seu corpo. Na verdade, a nossa salvação pessoal seria inútil sem uma maior salvação ter sido alcançada. Não há nenhuma maneira em que almas “salvas” possam existir independentemente de Deus!
Este estabelecimento do “reino de Deus” é o mesmo que o objetivo da oração do Senhor: “Venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade assim na Terra como no céu” (Mat. 6:10).
A inimizade e guerra de Satanás são agora dirigidas contra os “nossos irmãos”, isto é, contra todos os que são leais a Deus. Aqueles que são leais a Satanás permanecem do seu lado. Todos os seres humanos estão, portanto, envolvidos nesta grande guerra espiritual, e ninguém pode eximir-se de estar de um ou outro lado.
A lealdade para com Deus é cara, pois significa (para muitos, pelo menos) o sacrifício da própria vida.
Mas isso não é difícil para eles, porque são leais “até à morte” por meio da fé “no sangue do Cordeiro”. Cristo foi leal a eles “até a morte”, “até mesmo a morte de cruz” (Fil. 2: 8). Eles dizem “obrigado” por tal sacrifício.

Paul E. Penno


Notas:

1) Eze. 28:12-15; Isa. 14:12-14;
2) "The third part," [A terceira parte] Apoc. 12:4;
3) Ellen G. White, O Grande Conflito pág.494;
4) Cf. Heb. 9:2; 9:11; Apoc.13:6; 15:5; 21:3;  

Nota: Esta lição e o seu vídeo em inglês estão na internet, em: http://1888mpm.org

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley  Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99
Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Lição 13 — Lições de Jeremias, por Paul E. Penno



Para 19 a 26 de dezembro de 2015

“O Senhor, justiça nossa” (Jer. 23: 6) é um identificador da origem da mensagem de 1888.1 O que isto significa?
Proclamar verdadeira justificação pela fé sempre foi o método do Senhor no enfrentamento da apostasia. É assim que Paulo confronta a apostasia dos gálatas. Jeremias apresentou “o Senhor, justiça nossa” à antiga Judá. Isaías foi o profeta evangélico. Não entendemos o ministério de Elias, a menos que notemos como ele proclamou uma mensagem de reconciliação a Israel que fizesse “voltar o seu coração” e curar a alienação (1º Reis 18:37; Mal. 4: 5, 6). Os métodos de cura do Senhor não são de sangue, trovão, relâmpago, e terremotos que quebram as rochas. “Chorar em voz alta” de forma eficaz é mediante essa “voz mansa e delicada” da verdade do evangelho puro. Entender e proclamar a pura Boa Nova de Deus!
O Senhor tem algo de especial para o Seu povo que vive no fim dos tempos: “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no Meu trono, como Eu venci e Me assentei com o Meu Pai no Seu trono” (Apoc. 3: 21). Ele ministra este privilégio especial agora quando o pecado e a tentação parecem mais fortes e mais atraentes do que nunca, e quando nós, seres humanos, somos ainda mais fracos e mais suscetíveis de cair.
Nestes últimos dias, portanto, o Salvador tomando nossa decaída carne do pecado, torna-Se uma verdade mais preciosa do que nunca. Sua superação não só é um exemplo para nós. Um exemplo é inútil se você não sabe como segui-lo! Nosso Exemplo torna-se nosso Exemplo para treinamento. Ele Se identifica com você e você se identifica com Ele. Sua tentação se torna a Sua tentação; e seu fracasso se torna a preocupação dEle. O seu sucesso é a Sua vitória, pois você está unido num jugo com Ele, e Ele é o que puxa o peso pesado. Nossa tarefa é ficar com Ele e cooperar com Ele, submetendo nossa vontade a Ele. Nunca deixe o jugo feliz que lhe une a Ele. Esse é o melhor lugar onde se estar, para sempre.
Cristo sabia que nestes últimos dias Satanás levaria multidões de seres humanos à toxicodependência, alcoolismo, crime, luxúria, abuso de crianças, homossexualidade, pornografia, fornicação, adultério, bulimia — todas as tentações que parecem irresistíveis porque temos uma natureza pecaminosa. A ovelha perdida se afastou mais do que nunca do aprisco, mas o Bom Pastor vai mais longe do que nunca “até encontrá-la”. Isto significa que, como um psiquiatra divino, Ele investiga cada vez mais profundamente o porquê das nossas fraquezas dos últimos dias, e proporciona a cura completa. Abundante pecado significa que há graça muito mais abundante.
Jeremias e Paulo falam da “justiça” de Cristo (Romanos 3: 21-26; 5:18.). Esta frase significativa implicitamente requer o entendimento de que em Sua encarnação Cristo tomou a natureza caída e pecaminosa do homem. A razão é óbvia.
 “Justiça” é uma palavra que nunca é usada para seres com uma natureza sem pecado. Lemos dos “santos” anjos ou anjos não caídos, mas nunca de anjos justos. Adão e Eva antes da queda eram inocentes e santos, mas nunca lemos que eles eram justos. Eles poderiam ter desenvolvido um caráter justo se tivessem resistido à tentação, mas justiça tornou-se um termo que significa santidade que confrontou tentação na natureza humana pecaminosa e a venceu plenamente. E é isso que Cristo, como verdadeiro homem-Deus, realizou.
A palavra significa justificação, e algo que é sem pecado não pode precisar de justificação. O sentido inato da palavra é endireitar algo que é torto, corrigir algo que é injusto.
Aquele que tem apenas uma natureza sem pecado seria santo, mas não pode ser referido como justo. Cristo não tinha pecado, mas Ele “tomou” nossa natureza pecaminosa distorcida e nela viveu uma vida perfeita de santidade. Isso Lhe concede o direito de trazer esse nome glorioso, “O SENHOR, JUSTIÇA NOSSA” (Jer. 23: 6).
Por isso Judas diz que Ele “é capaz de guardar-vos de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis diante da presença de Sua glória, com alegria” (v 24). A revelação corrobora esta promessa, exibindo um povo que é “irrepreensível diante do trono de Deus”. Assim, Ele pode dizer do seu povo, “Jerusalém vai . . . ser chamada: O Senhor a Nossa Justiça” (Jer. 33:16).
O segredo de sua vitória não é um programa especial de obras de tentar mais duramente do que nunca. É a recuperação de uma fé mais pura do que qualquer geração anterior atingiu, uma intimidade anteriormente não conquistada de simpatia com Cristo, uma apreciação dEle de coração, um “levantamento” da Sua cruz com todo o derretimento de corações congelados que se segue. Nada mais do que uma preocupação contrita de honrar a Cristo pode “guardar de tropeçar”. Preocupação egoísta, medo do inferno, trabalhar para recompensas no céu, irão falhar.
Ellen White ficou radiante quando ouviu a mensagem da justificação pela fé dos lábios de A. T. Jones e E. J. Waggoner. Para ela, esse claro ensino era consoante com a mensagem dos três anjos: “É chegada a hora do Seu juízo” e nosso Sacerdote está purificando o santuário celeste. Que relação existe entre a justificação pela fé e a purificação do santuário celeste por Jesus nosso Sumo Sacerdote?
A resposta é que Jesus desde 1844 vem realizando o ministério do Dia da Expiação — a eliminação dos pecados. Mas antes que o santuário seja purificado no céu, o templo (*do coração) do Seu povo na Terra deve ser purificado. A fonte de poluição do pecado deve ser encerrada em Seu povo. A honra de Deus e da integridade da Sua aliança estavam em jogo. Deus tem a solução para o problema do pecado. O evangelho de Jesus Cristo pode perdoar pecados, e Sua justiça tem o poder, em virtude do Espírito Santo, de purificar o templo da alma. Isso Deus prometeu em Sua aliança eterna (Jer. 31:33).
Assim, quando ela ouviu esta mensagem, reconheceu nela o poder e a força do evangelho que iria preparar o povo de Deus para apresentar-se com um caráter puro no dia da segunda vinda de Cristo. Seriam um testemunho vivo de Deus em meio à hora de crise. Seriam parte dos 144.000 a serem trasladados sem ver a morte em Seu retorno. Seriam um testemunho vivo do poder de Deus para a salvação do pecado. Vivendo na carne do pecado, tentados, provados e aflitos, o mistério da piedade seria revelado neles — “Cristo em vós, a esperança da glória” (Colossenses 1:27).
Paul E. Penno
Nota do autor       
1)        Deus olha para Seu Filho morrendo sobre a cruz e está satisfeito, e Jesus é chamado “O Senhor Justiça nossa”.  Então, que o pecador se aproprie, pela fé, dos méritos do sangue de um Redentor crucificado ao seu próprio caso —‘O Senhor minha justiça.’” Ellen G. White, “Experience Following the 1888 Minneapolis Conference,” [Experiência após a reunião de Minneapolis em 1888]. Material de Ellen G. White sobre 1888, vol. 1, pág. 375 (Manuscrito 30, de 1889).
 
Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley  Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em
Nota: Esta lição, em inglês, e seu vídeo estão na internet no site:  http://1888mpm.org

Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Lição 12— De volta ao Egito, por Roberto Wieland



Para 12 a 19 de dezembro de 2015

Temos de abordar uma declaração feita na primeira página da lição desta semana (sábado à tarde): “o Senhor lhes havia falado, oferecendo-lhes a salvação ...” (*antepenúltima linha do 1º parágrafo).  A mensagem de 1888 dissipa a ideia de o Senhor meramente oferecer salvação, ideia esta intimamente relacionada com a Antiga Aliança (*o velho concerto) que estudamos na semana passada.
O Novo Concerto é a promessa unilateral de Deus para escrever a Sua lei em nossos corações, e para nos dar salvação eterna como um dom gratuito “em Cristo”. A Antiga Aliança é a promessa vã das pessoas em obedecer, e “dá à luz filhos para a servidão” (Gál. 4:24). Esta é a essência da lição desta semana em ir “de volta para o Egito”, que é a “escravidão” do velho concerto.
As verdades da Nova Aliança foram os temas centrais da história da mensagem de 1888. O jovem Ellet J. Waggoner foi dotado pelo Senhor com um entendimento que ultrapassava de longe a de seus irmãos mais velhos, de cabelos prateados. Ellen White declarou que o Senhor tinha feito isso por ele. Ela disse: “Desde que eu fiz a declaração, sábado passado, de que o entendimento das alianças como tinha sido ensinado pelo irmão Waggoner era verdade, parece que a grande alívio veio a muitas mentes”.1
O pensamento da Antiga Aliança da parte de cristãos sinceros que querem seguir a Jesus “dá à luz filhos para a servidão”, e leva-os “de volta para o Egito”. É trágico que não percebam que as ideias da Antiga Aliança que escravizaram o seu pensamento são uma falsificação do puro, verdadeiro evangelho. Eles se perguntam por que sua “experiência cristã” é tão decepcionante; não conhecem a verdade da Nova Aliança. Presumem, por conseguinte, que o evangelho é impotente, quando obtiveram somente uma visão distorcida dele.
Se a ideia de que a salvação está sendo somente oferecida for verdade, então a sua salvação é devida a dar o primeiro passo para crer. Depende da sua iniciativa. O grande mecanismo de Deus para salvação fica ocioso no que lhe diz respeito, até que acione a tomada para pô-lo em funcionamento para quando “aceite a Cristo” e creia, e guarde os Seus mandamento, etc. Caso contrário, Cristo morreu por você em vão, e você ainda não recebeu nenhum dos “benefícios” que Ele quer que tenha. Soa muito bom, mas é isso verdade?
Se for verdade, então os perdidos no juízo final podem erguer os punhos contra Deus e dizer-Lhe, “Não fizeste nada por mim, tudo que fizeste foi me fazer uma oferta; de fato, nada fizeste, não me destes nada”. Mas na verdade a própria vida enquanto desfrutavam “os prazeres transitórios do pecado” (Heb. 11:25) foi um dom que Deus lhes concedeu por virtude do sacrifício de Cristo. Já estão infinita e eternamente em dívida para com Jesus, por sua alimentação, os prazeres da vida, e sim, pela sua próxima respiração. Já receberam os “benefícios” da cruz de Cristo. Ele “fez nascer o Seu sol sobre maus e bons, e enviou a chuva sobre os justos e sobre os injustos”, abençoou suas colheitas, protegeu-os repetidamente da ruína, enviou anjos para cuidar deles, e receberam todos esses “benefícios” com corações ingratos.
Este mal entendido da salvação os leva “de volta para o Egito”, de volta à Velha Aliança. As pessoas da época de Jeremias fizeram a mesma “promessa” a Deus como fez o povo na época do Êxodo: “Seja ela boa, ou seja má, à voz do Senhor nosso Deus ... obedeceremos, para que nos suceda bem” (Jer. 42: 6).
O Velho Concerto foi formalmente aprovado pelos líderes de Israel no Monte Sinai quando se reuniram e votaram responder às Boas Novas do evangelho do Senhor quanto ao que Ele faria por eles, e todo o povo respondeu, e disse: “Tudo o que o Senhor falou nós faremos” (Êxo. 19: 8; em questão de dias, estavam adorando um bezerro de ouro!).
Agora surge a pergunta: Como isso se relaciona com a lei de Deus? É a mensagem de graça a de uma “graça barata”? Será que incentiva a desobediência à lei de Deus? Rebaixa as normas da Igreja? Fixa na graça de Cristo e o que aconteceu na cruz, para a negligência de nossas “obras”?
Ellen White disse que a mensagem dada em 1888 foi a apresentação mais clara do evangelho que tinha ouvido falar publicamente “nos últimos quarenta e cinco anos”.2 Ela também disse que, se os dois jovens mensageiros (A. T. Jones e E. J. Waggoner) não tivessem trazido a mensagem, nós simplesmente não a teríamos tido, o que significa que o Senhor tinha colocado um fardo sobre eles que Ele não colocou sobre ela.3 Se de alguma forma a sua mensagem enfraquecesse a obediência à lei de Deus, não poderia ser “preciosa” (*como aparece em TM pág. 91, CPB) muito menos “mui preciosa” (*sic, isto é, como aparece no original, em inglês).
O que a fez tão feliz foi que, finalmente, apresentava a lei diante do povo em sua verdadeira luz.4 A compreensão dos jovens mensageiros era nova, original, dinâmica. Ela estava dolorosamente consciente de que os observadores do domingo nas igrejas evangélicas tinham denegrido a lei de Deus, declarando ter sido abolida na cruz ou que era impossível para nós seres humanos obedecê-la. Ela se regozijou que “1888” finalmente retratou os Dez Mandamentos como dez promessas que respaldam a obediência de coração.
Ao contrário do “remanescente” nos dias de Jeremias, em todo o mundo, em cada nação e cultura das pessoas, o Espírito Santo está agora preparando um “remanescente” que vença a antiga motivação egocêntrica de justiça própria, e receba em seus corações com alegria a nova motivação da graça. Quem são eles? São as pessoas simbolizadas pelo relato dos “144.000”, que, pela graça de Deus, apresentam-se “sem mácula”, e que “seguem o Cordeiro [o Cristo crucificado] onde quer que vá” (ver Apocalipse 14: 1-5).
Há espaço entre eles para nós?                         

Colhido dos escritos de Robert Wieland

Notas do compilador:                                            
1) Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 2, pág. 623, carta “Aos  filhos Willie e Mary”, escrita em 10 de março de 1890
2) Ellen G. White, Review and Herald, 11 de Março de 1890.
3) Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 2, pág. 608. Ellen White nunca reivindicou ter ela mesmo trazido a mensagem da chuva serôdia ou o alto clamor; mas ela declarou isto da mensagem dos dois mensageiros.
4) Cf. Ellet J. Waggoner, Waggoner na obra “Romans”, páginas 3, 68 e 69.

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido.
Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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