quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Lição 12— De volta ao Egito, por Roberto Wieland



Para 12 a 19 de dezembro de 2015

Temos de abordar uma declaração feita na primeira página da lição desta semana (sábado à tarde): “o Senhor lhes havia falado, oferecendo-lhes a salvação ...” (*antepenúltima linha do 1º parágrafo).  A mensagem de 1888 dissipa a ideia de o Senhor meramente oferecer salvação, ideia esta intimamente relacionada com a Antiga Aliança (*o velho concerto) que estudamos na semana passada.
O Novo Concerto é a promessa unilateral de Deus para escrever a Sua lei em nossos corações, e para nos dar salvação eterna como um dom gratuito “em Cristo”. A Antiga Aliança é a promessa vã das pessoas em obedecer, e “dá à luz filhos para a servidão” (Gál. 4:24). Esta é a essência da lição desta semana em ir “de volta para o Egito”, que é a “escravidão” do velho concerto.
As verdades da Nova Aliança foram os temas centrais da história da mensagem de 1888. O jovem Ellet J. Waggoner foi dotado pelo Senhor com um entendimento que ultrapassava de longe a de seus irmãos mais velhos, de cabelos prateados. Ellen White declarou que o Senhor tinha feito isso por ele. Ela disse: “Desde que eu fiz a declaração, sábado passado, de que o entendimento das alianças como tinha sido ensinado pelo irmão Waggoner era verdade, parece que a grande alívio veio a muitas mentes”.1
O pensamento da Antiga Aliança da parte de cristãos sinceros que querem seguir a Jesus “dá à luz filhos para a servidão”, e leva-os “de volta para o Egito”. É trágico que não percebam que as ideias da Antiga Aliança que escravizaram o seu pensamento são uma falsificação do puro, verdadeiro evangelho. Eles se perguntam por que sua “experiência cristã” é tão decepcionante; não conhecem a verdade da Nova Aliança. Presumem, por conseguinte, que o evangelho é impotente, quando obtiveram somente uma visão distorcida dele.
Se a ideia de que a salvação está sendo somente oferecida for verdade, então a sua salvação é devida a dar o primeiro passo para crer. Depende da sua iniciativa. O grande mecanismo de Deus para salvação fica ocioso no que lhe diz respeito, até que acione a tomada para pô-lo em funcionamento para quando “aceite a Cristo” e creia, e guarde os Seus mandamento, etc. Caso contrário, Cristo morreu por você em vão, e você ainda não recebeu nenhum dos “benefícios” que Ele quer que tenha. Soa muito bom, mas é isso verdade?
Se for verdade, então os perdidos no juízo final podem erguer os punhos contra Deus e dizer-Lhe, “Não fizeste nada por mim, tudo que fizeste foi me fazer uma oferta; de fato, nada fizeste, não me destes nada”. Mas na verdade a própria vida enquanto desfrutavam “os prazeres transitórios do pecado” (Heb. 11:25) foi um dom que Deus lhes concedeu por virtude do sacrifício de Cristo. Já estão infinita e eternamente em dívida para com Jesus, por sua alimentação, os prazeres da vida, e sim, pela sua próxima respiração. Já receberam os “benefícios” da cruz de Cristo. Ele “fez nascer o Seu sol sobre maus e bons, e enviou a chuva sobre os justos e sobre os injustos”, abençoou suas colheitas, protegeu-os repetidamente da ruína, enviou anjos para cuidar deles, e receberam todos esses “benefícios” com corações ingratos.
Este mal entendido da salvação os leva “de volta para o Egito”, de volta à Velha Aliança. As pessoas da época de Jeremias fizeram a mesma “promessa” a Deus como fez o povo na época do Êxodo: “Seja ela boa, ou seja má, à voz do Senhor nosso Deus ... obedeceremos, para que nos suceda bem” (Jer. 42: 6).
O Velho Concerto foi formalmente aprovado pelos líderes de Israel no Monte Sinai quando se reuniram e votaram responder às Boas Novas do evangelho do Senhor quanto ao que Ele faria por eles, e todo o povo respondeu, e disse: “Tudo o que o Senhor falou nós faremos” (Êxo. 19: 8; em questão de dias, estavam adorando um bezerro de ouro!).
Agora surge a pergunta: Como isso se relaciona com a lei de Deus? É a mensagem de graça a de uma “graça barata”? Será que incentiva a desobediência à lei de Deus? Rebaixa as normas da Igreja? Fixa na graça de Cristo e o que aconteceu na cruz, para a negligência de nossas “obras”?
Ellen White disse que a mensagem dada em 1888 foi a apresentação mais clara do evangelho que tinha ouvido falar publicamente “nos últimos quarenta e cinco anos”.2 Ela também disse que, se os dois jovens mensageiros (A. T. Jones e E. J. Waggoner) não tivessem trazido a mensagem, nós simplesmente não a teríamos tido, o que significa que o Senhor tinha colocado um fardo sobre eles que Ele não colocou sobre ela.3 Se de alguma forma a sua mensagem enfraquecesse a obediência à lei de Deus, não poderia ser “preciosa” (*como aparece em TM pág. 91, CPB) muito menos “mui preciosa” (*sic, isto é, como aparece no original, em inglês).
O que a fez tão feliz foi que, finalmente, apresentava a lei diante do povo em sua verdadeira luz.4 A compreensão dos jovens mensageiros era nova, original, dinâmica. Ela estava dolorosamente consciente de que os observadores do domingo nas igrejas evangélicas tinham denegrido a lei de Deus, declarando ter sido abolida na cruz ou que era impossível para nós seres humanos obedecê-la. Ela se regozijou que “1888” finalmente retratou os Dez Mandamentos como dez promessas que respaldam a obediência de coração.
Ao contrário do “remanescente” nos dias de Jeremias, em todo o mundo, em cada nação e cultura das pessoas, o Espírito Santo está agora preparando um “remanescente” que vença a antiga motivação egocêntrica de justiça própria, e receba em seus corações com alegria a nova motivação da graça. Quem são eles? São as pessoas simbolizadas pelo relato dos “144.000”, que, pela graça de Deus, apresentam-se “sem mácula”, e que “seguem o Cordeiro [o Cristo crucificado] onde quer que vá” (ver Apocalipse 14: 1-5).
Há espaço entre eles para nós?                         

Colhido dos escritos de Robert Wieland

Notas do compilador:                                            
1) Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 2, pág. 623, carta “Aos  filhos Willie e Mary”, escrita em 10 de março de 1890
2) Ellen G. White, Review and Herald, 11 de Março de 1890.
3) Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 2, pág. 608. Ellen White nunca reivindicou ter ela mesmo trazido a mensagem da chuva serôdia ou o alto clamor; mas ela declarou isto da mensagem dos dois mensageiros.
4) Cf. Ellet J. Waggoner, Waggoner na obra “Romans”, páginas 3, 68 e 69.

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido.
Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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