quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Lição 5 — Maldito o Dia, por Paulo E. Penno



Para 22 a 29 de outubro de 2016

O que é a “maldição” para Jó? O que é a “maldição” para Cristo? Se pudermos entender a última “maldição”, estaremos mais perto de apreciar a mensagem de 1888 como uma expiação compartilhada com Cristo em vez de um sacrifício vicário (como se Ele fosse como nós, aparentemente, mas não na realidade). Compreender a expiação compartilhada de Cristo é a chave para entender por que sofremos; este tema será desenvolvido na lição da próxima semana.
Jó não amaldiçoou a Deus como Satanás disse que ele faria e como sua esposa o exorta a fazer, mas chegou nas beiradas e “amaldiçoou o seu dia” de nascimento (Jó 3:1).
Na raiz da existência de Jó há um dia esquecido por Deus, que é noite. A vida é tão dolorosa que Jó quer que as raízes da sua existência tivessem sido tomadas pela morte e a escuridão, de modo que ele nunca tivesse existido na presença de Deus. Ele desejaria que Deus rebobinasse a fita da criação e desfizesse a parte que levou à sua existência (vs. 5).
A razão profunda para a agitação de Jó é que ele não pode entender os seus sofrimentos. Ele não consegue entender por que um crente, um homem piedoso e devoto, deve sofrer com tal intensidade física e mental. Este problema inexplicável abala os alicerces de seu universo moral e ordenado. É por esta razão que ele não pode e não vai descansar até que tenha encontrado alguma solução para esta questão cósmica (vs. 20).
Jó sente instintivamente que deveria ter importância, mas todos os seus sofrimentos sugerem que não. Sua pressuposição, de fato sua convicção passada, é de que ele viveu a vida numa relação de aliança com o Todo-Poderoso, a Quem temia com reverência amorosa. E acreditava que o Todo-Poderoso considerava-o com amor. Se assim é, Jó deduz que deveria, como um ser humano criado à imagem de Deus e um crente em relação com Deus, ter um significado consequente (Jó 7:12).
Jó se considera um pecador arrependido que compreende o significado dos sacrifícios que oferece. Ele acredita num Deus que perdoa aqueles que se arrependem e creem. Pensa que não deve ser punido por seus pecados uma vez que os sacrifícios que oferecia eliminou o seu pecado (vs. 21).
O descanso é baseado na ordem cósmica, uma criação em que há limites apropriados, em que a virtude é recompensada e o vício punido, em que há justiça, e no qual a bondade triunfa. Jó anseia por compartilhar esse descanso com Deus. Naquele momento a sua experiência está no polo oposto.
Jó se sente como um homem numa máquina de suporte de vida que anseia que ela seja desligada. No Seol finalmente haveria paz. Jó está obcecado com a morte como a única maneira de sair do problema, porque a vida é tão fútil.
Jó não pode descansar com as coisas como são. Ele não vai descansar. Em sua fraqueza, miséria e sofrimento há ainda uma energia dentro dele que se manifesta e o leva a descobrir a Deus, que o tratou dessa forma. Embora diga que não tem esperança, sua inquietação o trai. Um homem inquieto não é um homem derrotado; um homem em perplexidade não é um homem sem esperança, resignado à sua sorte. Se realmente não há esperança, não há razão para perguntar “Por quê?” (Vs. 20).
Jó está protestando que o Todo-Poderoso o está atacando como se ele fosse a personificação do mal sobrenatural. Uma imagem terrível de Deus que se segue, como o Vigilante hostil de quem Jó não pode escapar (Jó 7:12).
Mesmo quando Jó consegue pegar no sono, não pode escapar. Ele vai para a cama pensando que pode obter um momento de descanso, mas Deus lhe envia pesadelos (vs. 14). A pressão é insuportável. Jó prefere ser estrangulado até a morte (vs. 15). Se sou tão insignificante para Você, como pareço ser, por que não me deixa em paz? (vs. 16).
 “Se eu pecar, o que eu faço para Você, Você Vigilante da humanidade?” “Claro, eu peco, eu não sou perfeito. Mas será que o meu pecado realmente justifica esta implacável ‘vigilância hostil’ constante? Por que Você é para mim como o Big Brother, pegando no meu pé, me fazendo ‘marcação’?” (Você tem dúvidas, por vezes, se é insignificante no grande plano de salvação de Deus?)
Por parecer não haver qualquer resposta do céu, Jó prossegue num apelo desesperado e paradoxal para ser esquecido por Deus. Ele diz a Deus em essência, “Me deixe em paz!” (vs. 16).
Você já leu um livro, “Como se Dar Bem com Alguém Que Vive no Inferno”? Eu também não; mas gostaria que um assim fosse escrito. Há pessoas miseráveis que tornam todos à sua volta infelizes (cônjuges, vizinhos, parentes). Não entendem como Deus as ama pessoalmente. Por isso sentem como se Deus as tivesse abandonado. Isso é o que significa “viver no inferno”, pois o inferno é o extremo (*o promontório) do abandono por Deus. Naturalmente, o seu sentimento negro e miserável se expressa em seu azedume.
Eles não estão no inferno, pois desde que o mundo começou somente um Homem já esteve lá. A coisa real ainda não chegou. O inferno só vem no final dos 1.000 anos de Apocalipse 20.
A solidão de Jó prenunciou uma maior solidão. Sua escuridão também antecipa uma escuridão mais profunda. Dois mil anos atrás outro crente irrepreensível estava em escuridão profunda, pendurado numa cruz no meio do dia. Mais profunda do que a escuridão da noite. Mais profunda, mesmo do que a escuridão de Jó. E de Seus lábios saiu o grito de abandono, “Meu Deus, Meu Deus, por que Me desamparaste?” (Mar. 15:34). Num modo estranho, o fato de a escuridão da alma de Jó antecipar a escuridão da cruz nela há esperança de resgate.
A raiz de todo o medo, mesmo abaixo da superfície consciente, é a de ser “abandonado” por Deus, estar perdido, no próprio “inferno” em si, o que a Bíblia chama de “maldição da lei” final (Gal. 3:13).
É o nosso problema universal. Mas, como o Filho de Deus, Cristo sofreu e venceu esse mesmo medo, livrando-nos disso, “fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”. Isto é de Deuteronômio 21:23, onde Moisés disse que qualquer um que termina num madeiro é “maldito de Deus”. Jesus era totalmente sem pecado, mas Ele foi “feito . . . pecado por nós, Aquele que não conheceu pecado” (2ª Cor. 5:21).
Seus sofrimentos na cruz não eram apenas dor física. Na realidade total (sem anestesia entorpecente) o Filho de Deus, divino, contudo, humano, sentiu o horror final: “Por que Me desamparaste?” É por isso que Pedro disse em Atos 2:31 que Ele foi para o inferno para nos salvar. Não existe maior dor da alma possível. Ele sofreu cem por cento “o salário do pecado, [que] é a morte”, do tipo real (Rom. 6:23). (*A segunda morte).
Então diga a quem pensa que está no inferno que isso não é verdade. Não importa o quão miserável pode ser, há uma maneira de sair disso para a luz do céu na Terra.
Perceba que, quando Jesus gritou em Sua agonia na cruz: “Por que Me desamparaste?” Ele não estava murmurando algumas frases vazias que Seu roteiro pedia — Ele estava dizendo a verdade. Ele se sentiu totalmente abandonado por Deus. Seu coração estava quebrantado.
Ele sentia em nível máximo o que significa ser amaldiçoado por Deus, pois Gál. 3:13 nos diz que Ele sentiu totalmente a maldição: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-Se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”.
Quando, uma pessoa infeliz, deprimida, pode compreender a realidade do que Cristo experimentou por ele ou ela, uma ligação é estabelecida entre as duas almas — a de Cristo e a do pecador. Nessa ligação, a pessoa se identifica com Cristo. Então o que acontece é, “Estou crucificado com Cristo; não obstante eu vivo; não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o Qual me amou e Se entregou por mim” (Gál. 2:20.
Bem-vindo ao céu na Terra. A fé é uma identidade de coração com Ele. Tornamo-nos corporativamente um com Ele pela fé. Suas preocupações tornam-se nossas; Sua experiência se torna nossa pela unidade de coração com Ele. Assim, “recebemos a reconciliação” (Rom. 5:11).
Seres humanos pecadores aprendem a acreditar, “vencer tal como [Ele] venceu” (Apo. 3:20). Identificam-se com Ele como uma noiva se identifica com o seu noivo, tornam-se “um” com Ele de coração. “O amor [Ágape] lança fora o temor” (1ª João 4:18). Assim, em todas as más notícias do nosso dia encontramos um caminho para uma boa notícia.
Paul E. Penno

Notas:  


O vídeo do Pastor Paul Penno desta lição será publicado na Internet mais para o final da semana. Por favor, verifique no seu canal do YouTube: Pastor Paul Penno's video of Sabbath School Lesson # 5 | "Curse The Day”



Esta introspecção, em inglês, está na Internet em:  http://1888mpm.org
Depois, clique em SABBATH SCHOOL TODAY / Ouline, 2016 / 4th quarter / The book of Jobe.

Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:

Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 42 anos e foi jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
     
Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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terça-feira, 18 de outubro de 2016

Lição 4 — Deus e o Sofrimento Humano



Para 15 a 22 de outubro de 2016


As opiniões expressas no livro de Jó não são necessariamente compartilhadas pela Administração do Universo. Jó e seus três amigos usam o raciocínio humano para explicar as ações de Deus. Os argumentos dos três amigos podem ser resumidos como tendo Jó feito algo errado, então Deus mandou ou permitiu calamidades terríveis para causar-lhe sofrimento, e à sua família. O próprio Jó não conseguiu entender a questão direito ao se basear em suas boas obras para tentar confrontar os argumentos dos seus amigos.
O livro dá um raro vislumbre das interações entre Deus e Satanás, onde os seres humanos são o assunto da conversa. A partir disso,  sabemos que Deus olha para o sofrimento por uma perspectiva totalmente diferente. Será que Deus permite o sofrimento? Se Ele simplesmente permite que Satanás faça isso, por que não o impediu? Acaso Deus vê algo de positivo no sofrimento humano que nem sempre vemos?
Obtemos uma perspectiva a partir de um lugar incomum. João relata uma visão interessante nos capítulos 4, 5 e 6 do livro de Apocalipse. Tornou-se conhecida como a visão da porta aberta. Nos capítulos 4 e 5 João relata que vê a Deus sentado num grande trono branco e há um rolo ou um livro na mão direita de Deus, ou o rolo está sobre o trono. A tradução melhor é que o rolo estava no trono, em vez de nas mãos de Deus. A crise surge porque os cidadãos celestes estão preocupados de que não há ninguém qualificado para tomar e quebrar os selos desse livro. João se une à preocupação e começa a chorar. Ele é tranquilizado e lhe é dito que há Alguém qualificado para abrir o livro, “o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi”. Devemos compreender alguns detalhes históricos para captar o significado desse evento.
Quando um rei era coroado na nação de Israel, o seu primeiro dever, como indicado em Deuteronômio 17:18-20, era redigir para si uma cópia pessoal da lei. Esta lei era, evidentemente, o livro de Deuteronômio. Seu conteúdo tinha sido escrito por Moisés num pergaminho que foi colocado no santuário sob a custódia dos levitas que levavam a arca (31:9,24, 26). O rei devia estudá-lo e usá-lo para orientar o seu governo. Na verdade, era para ser lido para todo Israel a cada 7 anos, durante a festa das cabanas. Durante a maior parte da história de Israel esta lei foi ignorada e esquecida, com apenas algumas exceções. Lembramos que Ezequias instruiu os sacerdotes a limparem o refugo no templo, e encontraram este rolo. Em 2ª Reis 23, vemos o bom rei Josias tomar e aprender com o pergaminho. Aquele reavivamento foi de curta duração e, finalmente, os reis abandonaram qualquer pretexto de servir a Deus.
Antes de Israel ser feito cativo por Babilônia, Deus instruiu Isaías: “liga o testemunho, sela a lei entre os Meus discípulos” (Isa. 8:16; ver também Dan. 12: 9 e 8:26; 12: 4). Isso foi feito porque Israel havia se tornado incapaz de discernir e compreender a vontade revelada de Deus. Estava o céu preocupado de que nenhum rei tivesse o direito de tomar o livro, em nome da Terra? É possível que Satanás afirma ser este rei?
A partir da primeira parte do livro de Jó, sabemos que Satanás participou da conferência dos “filhos de Deus” (Jó 1: 6). Quando Deus perguntou de onde ele tinha vindo, disse que tinha estado a rodear e caminhar ao redor da Terra. Satanás estava insinuando que tinha o direito de fazer isso e Deus não o contestou. Satanás poderia apontar para a escolha feita por Adão e Eva de segui-lo, em vez de a Deus. Por esta escolha, Adão abdicou do domínio que lhe fora dado sobre a Terra. Fica implícita a reivindicação de Satanás da fidelidade a ele de todos os habitantes da Terra, mas Deus apontou para Jó dizendo que ele era irrepreensível, temia a Deus e se desviava do mal. Assim, Deus poderia apontar para pelo menos uma pessoa que tinha optado contra o regime de Satanás.
Desse diálogo podemos inferir que, apesar de Adão ter vendido a raça humana, Deus tinha um caminho de escape para resgatar e reunir todo o universo e estabelecer o Seu reino eterno. Jesus disse aos discípulos antes de subir ao céu: “toda a autoridade Me foi dada no céu e na Terra”, por isso eles deviam ir a todas as nações da Terra levando o evangelho (Mat. 28:18).
Na cruz Jesus obteve de volta o direito de governar a Terra em seu papel como o segundo Adão (Romanos 5). Como o Cordeiro que foi morto, Ele tinha o direito de reivindicar o domínio, por isso tinha legitimamente o direito de tomar o livro e abrir os seus selos. Assim, cada ser humano recebeu a oportunidade de escolher entre Satanás e Cristo. Uma escolha entre a lei de amor de Deus e o caos centralizado no eu de Satanás, que tem consequências eternas, deve ser testada quanto a sua validade. Como Cristo realiza esse teste? Cada selo que é aberto resulta em calamidade terrível ocorrendo na Terra. Por que uma calamidade é considerada um “selo”?
Isto é onde o nosso amigo, o Sr. Jó, fornece iluminação. Ele experimenta esmagadora tribulação, com a perda de seus bens, sua saúde, sua riqueza, e a maior parte de sua família. No entanto, a sua fé prevalece. Ele pode não entender por que essas coisas terríveis aconteceram, mas em tudo isso Jó não pecou, ​​nem acusou a Deus injustamente (Jó 1:22). Ele também fez uma das mais profundas declarações de fé na Bíblia: “Eu sei que o meu Redentor vive, e por fim Se levantará sobre a terra” (Jó 19:25).
Em vez de renegar a Deus como a sua esposa lhe aconselhara fazer, os juízos eram um meio para o estabelecer na verdade sobre Deus, para que não fosse movido. É claro que Deus olha para o sofrimento humano de forma inteiramente diferente de como os seres humanos o fazem. Deus permite provas para refinar o caráter de Seus filhos, para que todos os defeitos sejam removidos e Ele possa selá-los para a eternidade. A vedação é um meio de preservar o conteúdo de tudo o que está selado. Onde Adão e Eva desafiaram a lei de Deus, os Seus filhos selados submeteram completamente a sua vontade à Sua lei, a única coisa que unifica todo o universo. Ao manter a sua fé, apesar das provações terríveis, os remidos permitem que Cristo declare ao universo que está observando que a sua escolha é digna de confiança.
Sabemos que Jesus advertiu que no final dos tempos uma grande tribulação ocorrerá que é tão pior do que qualquer outra que deve ser abreviada ou ninguém iria sobreviver a ela. A fim de ter um remanescente que pode suportar esse tempo, cada indivíduo deve passar por provações ainda piores do que Jó sofreu.
Os discípulos passaram por uma experiência de “prova” durante uma tempestade, enquanto estavam navegando no mar da Galileia. Quando encontraram a Jesus que dormia tranquilamente na parte inferior do barco, perguntaram: “Mestre, não te importas que pereçamos?” (Marcos 4:38).
Ellet J. Waggoner, um dos “mensageiros” de 1888, faz brilhar a “luz” da mensagem sobre este evento quando escreveu: “O pensamento deles foi apenas de si próprios, e eles não param para considerar que Ele estava no barco com eles. Em seu medo desprovido de fé eles não pensam que se o barco afundasse com eles, supondo que isso fosse possível, iria levá-lo também. Se eles tivessem apenas permitido que esse pensamento entrasse em suas mentes, não só teriam verificado as suas afrontas egoístas quanto ao Mestre, como teriam acalmado os seus temores; pois certamente Aquele que fez o mar, e a Quem este pertence, que ‘tem o Seu caminho na tormenta e na tempestade’ (*Naum1:3) não poderia perecer nas ondas de tormentas. A criatura não pode destruir o Criador. Portanto, o fato de que Jesus estava no barco era a proteção mais segura de que dispunham. Estavam mais seguro na tempestade com Ele do que na calmaria sem Ele” (‘Cristo e Sua Justiça’, pág. 128; “Glad Tidings” ed.).
O que os Seus filhos enfrentam, Ele enfrenta. Se nos lembrarmos de que não haverá confusão e podemos dizer com Tiago que tudo contamos com gozo quando passamos por provações, também com Jó saberemos que nosso Redentor vive e que Se erguerá como nosso Redentor e Rei no último dia.

Arlene Hill

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street, Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.

                Notas:
O vídeo, em inglês, do Pastor Paul Penno sobre esta lição, gravada com um sábado de antecedência,

Esta introspecção, em inglês, está na internet em:  http://1888mpm.org
Depois, clique em SABBATH SCHOOL TODAY / Ouline, 2016 / 4th quarter / The book of Jobe.
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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Lição 3 — Jó não tinha razões para temer a Deus?



 Para 8 a 15 de outubro de 2016.

Porventura Jó teme a Deus por nada? perguntou Satanás. Deus havia levantado a questão da autenticidade do caráter de Jó descrevendo-o como “perfeito e . . . justo”  e temente a Deus, odiando o “mal” (Jó 1: 8). Deus defendeu a Jó.
Satanás acusou Jó de motivos contaminados em seu serviço a Ele. O amor de Jó estaria corrompido porque Deus o abençoava com prosperidade em casa e também nos negócios. Retire isso e verá como Jó vai Lhe amaldiçoar e negar.
É absolutamente certo que Deus prometeu e de fato “abençoa” o Seu povo (Gên. 12:1-3). Suas bênçãos não são apenas espirituais, mas também materiais. Mas o que acontece quando o povo de Deus cai sob tempos difíceis e experiências de sofrimento, descompassos financeiros, e até mesmo tragédia familiar e morte? A quem culpam?
Esta é uma indagação milenar. Será a questão levantada por Satanás na controvérsia com Cristo no fim dos tempos quando da questão da marca da besta. As pessoas que proclamam as mensagens dos três anjos são descritas como aqueles que “temem [amam] a Deus” porque “é chegada a hora do Seu juízo” (Apo. 14:7). Finalmente, no final da história do evangelho, esses mensageiros “angélicos” não apenas proclamam o mais claro evangelho eterno, mas o seu caráter representa bem o que pregam. Como tal, eles “dão-Lhe glória” e ajudam Deus a vencer o Seu juízo pois “é chegada a hora” do mesmo.
É a essência da mensagem de 1888 que Cristo produz uma corporação de “toda nação, e tribo, e língua, e povo” (vs. 6), de gente motivada por uma apreciação mais profunda do que levou Jesus a morrer por eles na Cruz. Jesus foi aparentemente abandonado por Seu Pai quando levava os pecados do mundo na Cruz e experimentou condenação máxima da verdade da morte e abandono por Deus, na verdade, a segunda morte. Isso era tudo, porque a fé de Jesus foi motivada por Seu amor pelo Pai em fazer a Sua vontade e Seu amor por um mundo perdido, de pecadores que precisavam de um Salvador.
Satanás afirma que inventou o pecado, que em sua raiz é satisfação do ego, rebelião e inimizade contra a pessoa e a lei de Deus. Ele acusa a Deus de que é impossível que os pecadores sirvam a Deus, quer por ações ou motivos altruístas. E aponta a fatos observáveis quanto à realidade da rebelião contínua na vida dos professos seguidores de Deus na Terra.
A questão no grande conflito com Satanás não é apenas se o Filho de Deus poderia suportar o teste final de lealdade para com Seu Pai na cruz, mas se Cristo pode produzir uma vitória sobre o pecado no coração e na vida de uma parcela de pessoas da Terra. Qualquer coisa menos do que isso vai significa uma derrota para Deus e Cristo no grande conflito com Satanás, e uma falha do ministério de nosso Sumo Sacerdote no santuário celestial.
O poder não faz o que é certo. Deus poderia forçar o Seu povo a obedecê-Lo. O serviço deles, então, seria por temor de um tirano ou ditador. Estes são os próprios princípios do governo de Satanás em que emprega medo, intimidação, coerção, e, sim, até mesmo ameaças de morte.
A acusação de Satanás, “Porventura Jó teme a Deus por nada?” (1:9) é finalmente dirigida contra Deus. Seus seguidores são comprados e pagos pelos “benefícios” que Ele lhes propicia. Satanás desafia a Deus, “estende a Tua mão ... toca tudo o que ele tem” (vs. 11). Satanás coloca a Deus em posição de assumir a culpa pelas perdas catastróficas de Jó.
E realmente parece como se Deus fosse o responsável. Não disse Ele a Satanás, “tudo o que ele [Jó] tem está no teu poder”? (Vs. 12). Por que Deus não continuou Sua defesa de Jó? Por que Deus retira a Sua proteção e permite que Jó fique sob os caprichos de Satanás? Isso não faz de Deus, em última instância, o responsável pelo sofrimento? Esta é a maneira como as coisas aparentam ser. Para Jó esta foi a sua realidade e teodiceia. Por que Deus permite o mal?
Mas o que Jó não sabia é a “história por detrás” que conhecemos do Livro de Jó. Foi “Satanás [que] saiu” (vs. 12) para perpetrar todo o sofrimento que se abateu sobre Jó. Homens maus, “os sabeus”, roubaram o gado de Jó (vs. 15). A percepção do mensageiro foi de que o raio que atingiu ovelhas e pastores de Jó (vs. 16) teria sido um “ato de Deus”. Foram os ímpios “caldeus” que saquearam os camelos de Jó (cf. vs. 17). Foi um tornado (um ato da natureza) que destruiu a casa de Jó e matou os seus filhos (vs. 19). Aqui Satanás exibe suas táticas de medo, usando as forças do mal e “atos da natureza” para coagir a vontade de Jó em negar a Deus.
Mas Deus não pode recorrer a tais medidas. Se Ele assim o fizesse, não seria melhor do que Satanás — um ditador malévolo.
Assim, Deus demonstra os princípios de Seu governo na única maneira coerente com o Seu caráter de Ágape. O amor de Deus é força na fraqueza. Deus toma a culpa por todas as calamidades de Jó — “tu [Satanás] Me incitasses contra ele [Jó]” (2:3).
Deus ainda vai mais longe. Ele demonstra fraqueza, permitindo Job ser exposto à maldade de Satanás, sem proteção divina (vs. 6). Eu digo, sem a proteção divina, mas há um limite. Deus não permitirá que Job seja tentado além do que ele é capaz, 1ª Cor. 10:13. Deus estabelece o limite poupando a vida de Jó.
Deus poupou a vida de Jó, mas Ele não poupou a vida de Seu Filho. As experiências de Jó podem ser um tipo dos sofrimentos de Cristo em prolepse para a igreja do Antigo Testamento, mas o que Cristo enfrentou em Sua cruz foi muito além do que Jó suportou.
E é isso que a mensagem de 1888 nos ajuda a ver. Resolve o problema da teodiceia para nós hoje — por que Deus permite o sofrimento em nossas vidas.
Deus é soberano e está no controle. Ele é Todo-Poderoso. Mas o Deus da cruz revela a Sua força na fraqueza. Esta é a razão para a Encarnação. O Deus de todo o universo tinha de Se tornar fraco a fim de derrotar o mal. Só com as fragilidades da humanidade poderia Ele derrotar Satanás. Na cruz do Calvário, o Deus Criador demonstrou o Seu amor, verdade e justiça. O Deus que sofre, pendurado na cruz, é um Deus vitorioso! Somente o Cordeiro pode superar o dragão no livro de Apocalipse. Que paradoxo! O pecado começou com orgulho, mas foi vencido pela humildade (Isa. 14:12-15; Fil. 2:5-11).
A cruz revela a Deus como vulnerável. Ele Se abre para experimentar dor e sofrimento derradeiros. “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo” (2ª Cor. 5:19). “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito” (João 3:16). Ele é o Deus sofredor e crucificado.
E por quê? A fim de ganhar os nossos corações por tal amor sofredor.
Há aqueles que dizem que na cruz Cristo derrotou Satanás no grande conflito. Sim, com certeza Ele o fez. Mas seria um evangelho antilei da cruz ensinar que a cruz é uma demonstração suficiente da derrota de Satanás diante do mundo e do universo. Pois o fato é que o pecado tem continuado por 2.000 anos depois da cruz.
O ministério Sumo Sacerdotal de Cristo no santuário celeste deve produzir vitória indiscutível no caráter de Seus professos seguidores. Qualquer coisa menos do que isso será uma vitória para Satanás com a qual ele pode acusar a Deus de perpetuar o mal sem fim com o Seu governo sem lei.
Mas estou convencido de outra forma. Deus precisa de nós para que ganhe o Seu caso; assim como Ele precisou de Jó, quando Satanás acusou a Deus perante os “filhos de Deus” (Jó 2:1).
Somente o próprio Jó, que é mais fraco do que o diabo, pode refutar o argumento de Satanás, derrotá-lo e, assim, provar que Deus é justo quando Ele o está justificando, postando-Se ao seu lado. Jó venceu o diabo não porque fosse tão bom ou tão forte (ele sabia que era um pecador —Jó 7:21; 10: 6; 14:17), mas por causa da completa confiança e fé no Deus que lhe deu força e vitória (Jó 13:15; 19: 25-27; 42:5).
Quando Jó era fraco, ele era forte. Paulo o diz eloquentemente: “Quando sou fraco, então é que sou forte” (2ª Cor 12:10). “...Podemos nos gloriar na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo, com as suas concupiscências, está crucificado para nós, e nós para o mundo” (E. J. Waggoner, “O Poder de Cristo”, The Present Truth, 16 de julho de 1891).
O santuário no Céu será purificado quando os corações do povo de Deus forem purificados sobre a Terra. “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”! (Rom. 1:16).

—Paul Penno
                Notas:                                                   
Esta introspecção, em inglês, está na Internet em: http://1888mpm.org
Depois clique em SABBATH SCHOOL TODAY / Ouline, 2016 / 4th quarter / The book of Jobe.

Definições:                                                                   
1) Teodiceia: A vindicação da bondade e justiça de Deus, em face da existência do mal.

2) Prolepse: A atribuição dos sofrimentos de Jó com antecedência e em antecipação dos sofrimentos de Cristo.

Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 42 anos e foi jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
   
Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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