terça-feira, 18 de outubro de 2016

Lição 4 — Deus e o Sofrimento Humano



Para 15 a 22 de outubro de 2016


As opiniões expressas no livro de Jó não são necessariamente compartilhadas pela Administração do Universo. Jó e seus três amigos usam o raciocínio humano para explicar as ações de Deus. Os argumentos dos três amigos podem ser resumidos como tendo Jó feito algo errado, então Deus mandou ou permitiu calamidades terríveis para causar-lhe sofrimento, e à sua família. O próprio Jó não conseguiu entender a questão direito ao se basear em suas boas obras para tentar confrontar os argumentos dos seus amigos.
O livro dá um raro vislumbre das interações entre Deus e Satanás, onde os seres humanos são o assunto da conversa. A partir disso,  sabemos que Deus olha para o sofrimento por uma perspectiva totalmente diferente. Será que Deus permite o sofrimento? Se Ele simplesmente permite que Satanás faça isso, por que não o impediu? Acaso Deus vê algo de positivo no sofrimento humano que nem sempre vemos?
Obtemos uma perspectiva a partir de um lugar incomum. João relata uma visão interessante nos capítulos 4, 5 e 6 do livro de Apocalipse. Tornou-se conhecida como a visão da porta aberta. Nos capítulos 4 e 5 João relata que vê a Deus sentado num grande trono branco e há um rolo ou um livro na mão direita de Deus, ou o rolo está sobre o trono. A tradução melhor é que o rolo estava no trono, em vez de nas mãos de Deus. A crise surge porque os cidadãos celestes estão preocupados de que não há ninguém qualificado para tomar e quebrar os selos desse livro. João se une à preocupação e começa a chorar. Ele é tranquilizado e lhe é dito que há Alguém qualificado para abrir o livro, “o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi”. Devemos compreender alguns detalhes históricos para captar o significado desse evento.
Quando um rei era coroado na nação de Israel, o seu primeiro dever, como indicado em Deuteronômio 17:18-20, era redigir para si uma cópia pessoal da lei. Esta lei era, evidentemente, o livro de Deuteronômio. Seu conteúdo tinha sido escrito por Moisés num pergaminho que foi colocado no santuário sob a custódia dos levitas que levavam a arca (31:9,24, 26). O rei devia estudá-lo e usá-lo para orientar o seu governo. Na verdade, era para ser lido para todo Israel a cada 7 anos, durante a festa das cabanas. Durante a maior parte da história de Israel esta lei foi ignorada e esquecida, com apenas algumas exceções. Lembramos que Ezequias instruiu os sacerdotes a limparem o refugo no templo, e encontraram este rolo. Em 2ª Reis 23, vemos o bom rei Josias tomar e aprender com o pergaminho. Aquele reavivamento foi de curta duração e, finalmente, os reis abandonaram qualquer pretexto de servir a Deus.
Antes de Israel ser feito cativo por Babilônia, Deus instruiu Isaías: “liga o testemunho, sela a lei entre os Meus discípulos” (Isa. 8:16; ver também Dan. 12: 9 e 8:26; 12: 4). Isso foi feito porque Israel havia se tornado incapaz de discernir e compreender a vontade revelada de Deus. Estava o céu preocupado de que nenhum rei tivesse o direito de tomar o livro, em nome da Terra? É possível que Satanás afirma ser este rei?
A partir da primeira parte do livro de Jó, sabemos que Satanás participou da conferência dos “filhos de Deus” (Jó 1: 6). Quando Deus perguntou de onde ele tinha vindo, disse que tinha estado a rodear e caminhar ao redor da Terra. Satanás estava insinuando que tinha o direito de fazer isso e Deus não o contestou. Satanás poderia apontar para a escolha feita por Adão e Eva de segui-lo, em vez de a Deus. Por esta escolha, Adão abdicou do domínio que lhe fora dado sobre a Terra. Fica implícita a reivindicação de Satanás da fidelidade a ele de todos os habitantes da Terra, mas Deus apontou para Jó dizendo que ele era irrepreensível, temia a Deus e se desviava do mal. Assim, Deus poderia apontar para pelo menos uma pessoa que tinha optado contra o regime de Satanás.
Desse diálogo podemos inferir que, apesar de Adão ter vendido a raça humana, Deus tinha um caminho de escape para resgatar e reunir todo o universo e estabelecer o Seu reino eterno. Jesus disse aos discípulos antes de subir ao céu: “toda a autoridade Me foi dada no céu e na Terra”, por isso eles deviam ir a todas as nações da Terra levando o evangelho (Mat. 28:18).
Na cruz Jesus obteve de volta o direito de governar a Terra em seu papel como o segundo Adão (Romanos 5). Como o Cordeiro que foi morto, Ele tinha o direito de reivindicar o domínio, por isso tinha legitimamente o direito de tomar o livro e abrir os seus selos. Assim, cada ser humano recebeu a oportunidade de escolher entre Satanás e Cristo. Uma escolha entre a lei de amor de Deus e o caos centralizado no eu de Satanás, que tem consequências eternas, deve ser testada quanto a sua validade. Como Cristo realiza esse teste? Cada selo que é aberto resulta em calamidade terrível ocorrendo na Terra. Por que uma calamidade é considerada um “selo”?
Isto é onde o nosso amigo, o Sr. Jó, fornece iluminação. Ele experimenta esmagadora tribulação, com a perda de seus bens, sua saúde, sua riqueza, e a maior parte de sua família. No entanto, a sua fé prevalece. Ele pode não entender por que essas coisas terríveis aconteceram, mas em tudo isso Jó não pecou, ​​nem acusou a Deus injustamente (Jó 1:22). Ele também fez uma das mais profundas declarações de fé na Bíblia: “Eu sei que o meu Redentor vive, e por fim Se levantará sobre a terra” (Jó 19:25).
Em vez de renegar a Deus como a sua esposa lhe aconselhara fazer, os juízos eram um meio para o estabelecer na verdade sobre Deus, para que não fosse movido. É claro que Deus olha para o sofrimento humano de forma inteiramente diferente de como os seres humanos o fazem. Deus permite provas para refinar o caráter de Seus filhos, para que todos os defeitos sejam removidos e Ele possa selá-los para a eternidade. A vedação é um meio de preservar o conteúdo de tudo o que está selado. Onde Adão e Eva desafiaram a lei de Deus, os Seus filhos selados submeteram completamente a sua vontade à Sua lei, a única coisa que unifica todo o universo. Ao manter a sua fé, apesar das provações terríveis, os remidos permitem que Cristo declare ao universo que está observando que a sua escolha é digna de confiança.
Sabemos que Jesus advertiu que no final dos tempos uma grande tribulação ocorrerá que é tão pior do que qualquer outra que deve ser abreviada ou ninguém iria sobreviver a ela. A fim de ter um remanescente que pode suportar esse tempo, cada indivíduo deve passar por provações ainda piores do que Jó sofreu.
Os discípulos passaram por uma experiência de “prova” durante uma tempestade, enquanto estavam navegando no mar da Galileia. Quando encontraram a Jesus que dormia tranquilamente na parte inferior do barco, perguntaram: “Mestre, não te importas que pereçamos?” (Marcos 4:38).
Ellet J. Waggoner, um dos “mensageiros” de 1888, faz brilhar a “luz” da mensagem sobre este evento quando escreveu: “O pensamento deles foi apenas de si próprios, e eles não param para considerar que Ele estava no barco com eles. Em seu medo desprovido de fé eles não pensam que se o barco afundasse com eles, supondo que isso fosse possível, iria levá-lo também. Se eles tivessem apenas permitido que esse pensamento entrasse em suas mentes, não só teriam verificado as suas afrontas egoístas quanto ao Mestre, como teriam acalmado os seus temores; pois certamente Aquele que fez o mar, e a Quem este pertence, que ‘tem o Seu caminho na tormenta e na tempestade’ (*Naum1:3) não poderia perecer nas ondas de tormentas. A criatura não pode destruir o Criador. Portanto, o fato de que Jesus estava no barco era a proteção mais segura de que dispunham. Estavam mais seguro na tempestade com Ele do que na calmaria sem Ele” (‘Cristo e Sua Justiça’, pág. 128; “Glad Tidings” ed.).
O que os Seus filhos enfrentam, Ele enfrenta. Se nos lembrarmos de que não haverá confusão e podemos dizer com Tiago que tudo contamos com gozo quando passamos por provações, também com Jó saberemos que nosso Redentor vive e que Se erguerá como nosso Redentor e Rei no último dia.

Arlene Hill

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street, Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.

                Notas:
O vídeo, em inglês, do Pastor Paul Penno sobre esta lição, gravada com um sábado de antecedência,

Esta introspecção, em inglês, está na internet em:  http://1888mpm.org
Depois, clique em SABBATH SCHOOL TODAY / Ouline, 2016 / 4th quarter / The book of Jobe.
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