Para 15 a 22 de outubro de 2016
As opiniões expressas no livro de Jó não são necessariamente
compartilhadas pela Administração do Universo. Jó e seus três amigos usam o
raciocínio humano para explicar as ações de Deus. Os argumentos dos três amigos
podem ser resumidos como tendo Jó feito algo errado, então Deus mandou ou
permitiu calamidades terríveis para causar-lhe sofrimento, e à sua família. O
próprio Jó não conseguiu entender a questão direito ao se basear em suas boas
obras para tentar confrontar os argumentos dos seus amigos.
O livro dá um raro vislumbre das interações entre Deus e Satanás, onde
os seres humanos são o assunto da conversa. A partir disso, sabemos que
Deus olha para o sofrimento por uma perspectiva totalmente diferente. Será que
Deus permite o sofrimento? Se Ele simplesmente permite que Satanás faça isso,
por que não o impediu? Acaso Deus vê algo de positivo no sofrimento humano que
nem sempre vemos?
Obtemos uma perspectiva a partir de um lugar incomum. João relata uma
visão interessante nos capítulos 4, 5 e 6 do livro de Apocalipse. Tornou-se
conhecida como a visão da porta aberta. Nos capítulos 4 e 5 João relata que vê
a Deus sentado num grande trono branco e há um rolo ou um livro na mão direita
de Deus, ou o rolo está sobre o trono. A tradução melhor é que o rolo estava no
trono, em vez de nas mãos de Deus. A crise surge porque os cidadãos celestes
estão preocupados de que não há ninguém qualificado para tomar e quebrar os
selos desse livro. João se une à preocupação e começa a chorar. Ele é
tranquilizado e lhe é dito que há Alguém qualificado para abrir o livro, “o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi”.
Devemos compreender alguns detalhes históricos para captar o significado desse
evento.
Quando um rei era coroado na nação de Israel, o seu primeiro dever, como
indicado em Deuteronômio 17:18-20, era redigir para si uma cópia pessoal da
lei. Esta lei era, evidentemente, o livro de Deuteronômio. Seu conteúdo tinha
sido escrito por Moisés num pergaminho que foi colocado no santuário sob a
custódia dos levitas que levavam a arca (31:9,24, 26). O rei devia estudá-lo e
usá-lo para orientar o seu governo. Na verdade, era para ser lido para todo
Israel a cada 7 anos, durante a festa das cabanas. Durante a maior parte da
história de Israel esta lei foi ignorada e esquecida, com apenas algumas
exceções. Lembramos que Ezequias instruiu os sacerdotes a limparem o refugo no
templo, e encontraram este rolo. Em 2ª Reis 23, vemos o bom rei Josias tomar e
aprender com o pergaminho. Aquele reavivamento foi de curta duração e,
finalmente, os reis abandonaram qualquer pretexto de servir a Deus.
Antes de Israel ser feito cativo por Babilônia, Deus instruiu Isaías: “liga o testemunho, sela a lei entre os Meus
discípulos” (Isa. 8:16; ver também Dan. 12: 9 e 8:26; 12: 4). Isso foi
feito porque Israel havia se tornado incapaz de discernir e compreender a
vontade revelada de Deus. Estava o céu preocupado de que nenhum rei tivesse o
direito de tomar o livro, em nome da Terra? É possível que
Satanás afirma ser este rei?
A partir da primeira parte do livro de Jó, sabemos que Satanás
participou da conferência dos “filhos de
Deus” (Jó 1: 6). Quando Deus perguntou de onde ele tinha vindo, disse que
tinha estado a rodear e caminhar ao redor da Terra. Satanás estava insinuando
que tinha o direito de fazer isso e Deus não o contestou. Satanás poderia
apontar para a escolha feita por Adão e Eva de segui-lo, em vez de a Deus. Por
esta escolha, Adão abdicou do domínio que lhe fora dado sobre a Terra. Fica
implícita a reivindicação de Satanás da fidelidade a ele de todos os habitantes
da Terra, mas Deus apontou para Jó dizendo que ele era irrepreensível, temia a
Deus e se desviava do mal. Assim, Deus poderia apontar para pelo menos uma
pessoa que tinha optado contra o regime de Satanás.
Desse diálogo podemos inferir que, apesar de Adão ter vendido a raça
humana, Deus tinha um caminho de escape para resgatar e reunir todo o universo
e estabelecer o Seu reino eterno. Jesus disse aos discípulos antes de subir ao
céu: “toda a autoridade Me foi dada no
céu e na Terra”, por isso eles deviam ir a todas as nações da Terra levando
o evangelho (Mat. 28:18).
Na cruz Jesus obteve de volta o direito de governar a Terra em seu papel
como o segundo Adão (Romanos 5). Como o Cordeiro que foi morto, Ele tinha o
direito de reivindicar o domínio, por isso tinha legitimamente o direito de
tomar o livro e abrir os seus selos. Assim, cada ser humano recebeu a
oportunidade de escolher entre Satanás e Cristo. Uma escolha entre a lei de
amor de Deus e o caos centralizado no eu de Satanás, que tem consequências
eternas, deve ser testada quanto a sua validade. Como Cristo realiza esse
teste? Cada selo que é aberto resulta em calamidade terrível ocorrendo na
Terra. Por que uma calamidade é
considerada um “selo”?
Isto é onde o nosso amigo, o Sr. Jó, fornece iluminação. Ele experimenta
esmagadora tribulação, com a perda de seus bens, sua saúde, sua riqueza, e a
maior parte de sua família. No entanto, a sua fé prevalece. Ele pode não
entender por que essas coisas terríveis aconteceram, mas em tudo isso Jó não
pecou, nem acusou a Deus injustamente (Jó 1:22). Ele também fez uma das mais
profundas declarações de fé na Bíblia: “Eu
sei que o meu Redentor vive, e por fim Se levantará sobre a terra” (Jó
19:25).
Em vez de renegar a Deus como a sua esposa lhe aconselhara fazer, os
juízos eram um meio para o estabelecer na verdade sobre Deus, para que não
fosse movido. É claro que Deus olha para o sofrimento humano de forma
inteiramente diferente de como os seres humanos o fazem. Deus permite provas
para refinar o caráter de Seus filhos, para que todos os defeitos sejam
removidos e Ele possa selá-los para a eternidade. A vedação é um meio de
preservar o conteúdo de tudo o que está selado. Onde Adão e Eva desafiaram a
lei de Deus, os Seus filhos selados submeteram completamente a sua vontade à
Sua lei, a única coisa que unifica todo o universo. Ao manter a sua fé, apesar
das provações terríveis, os remidos permitem que Cristo declare ao universo que
está observando que a sua escolha é digna de confiança.
Sabemos que Jesus advertiu que no final dos tempos uma grande tribulação
ocorrerá que é tão pior do que qualquer outra que deve ser abreviada ou ninguém
iria sobreviver a ela. A fim de ter um remanescente que pode suportar esse
tempo, cada indivíduo deve passar por provações ainda piores do que Jó sofreu.
Os discípulos passaram por uma experiência de “prova” durante uma
tempestade, enquanto estavam navegando no mar da Galileia. Quando encontraram a
Jesus que dormia tranquilamente na parte inferior do barco, perguntaram: “Mestre, não te importas que pereçamos?” (Marcos 4:38).
Ellet J. Waggoner, um dos “mensageiros” de 1888, faz brilhar a “luz” da
mensagem sobre este evento quando escreveu: “O pensamento deles foi apenas de
si próprios, e eles não param para considerar que Ele estava no barco com eles.
Em seu medo desprovido de fé eles não pensam que se o barco afundasse com eles,
supondo que isso fosse possível, iria levá-lo também. Se eles tivessem apenas
permitido que esse pensamento entrasse em suas mentes, não só teriam verificado
as suas afrontas egoístas quanto ao Mestre, como teriam acalmado os seus
temores; pois certamente Aquele que fez o mar, e a Quem este pertence, que ‘tem o Seu caminho na tormenta e na
tempestade’ (*Naum1:3) não poderia perecer nas ondas de tormentas. A
criatura não pode destruir o Criador. Portanto, o fato de que Jesus estava no
barco era a proteção mais segura de que dispunham. Estavam mais seguro na
tempestade com Ele do que na calmaria sem Ele” (‘Cristo e Sua Justiça’, pág. 128; “Glad Tidings” ed.).
O que os Seus filhos enfrentam, Ele enfrenta. Se nos lembrarmos de que
não haverá confusão e podemos dizer com Tiago que tudo contamos com gozo quando
passamos por provações, também com Jó saberemos que nosso Redentor vive e que
Se erguerá como nosso Redentor e Rei no último dia.
—Arlene Hill
A
irmã Arlene Hill é uma advogada
aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de
Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante
Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista
do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street, Reno,
Nevada, USA, Telefone 001 XX
(775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do
seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro
de 2015, na igreja adventista Valley
Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center,
Califórnia.
Notas:
O vídeo, em inglês, do
Pastor Paul Penno sobre esta lição, gravada com um sábado de antecedência,
está na internet em: https://www.youtube.com/watch?v=IGVKFdhLGkU
Esta introspecção, em
inglês, está na internet em: http://1888mpm.org
Depois, clique em SABBATH SCHOOL TODAY / Ouline, 2016 / 4th
quarter / The book of Jobe.
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