quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Lição 2 — O Grande Conflito, por Roberto Wieland



Para 1 a 8 de outubro de 2016

Na maior parte, levamos a vida serenamente inconscientes da grande guerra cósmica que se desenvolve inabalavelmente deste lado do limiar da “porta aberta no céu” (Apo. 4: 1). Alguns gostam de falar dela como o “grande conflito entre o bem e o mal”, mas é muito mais do que isso: é uma batalha entre duas grandes personalidades — Cristo e Satanás. E muito mais está envolvido além do destino deste pequeno planeta; em última análise, de acordo com o livro de Jó, é o destino do próprio universo. O nosso pequeno planeta tornou-se a arena de batalha em que estas questões cósmicas devem ser decididas.
Jó é o primeiro livro cristão escrito; há elos que o ligam em seu monte de refugo clamando em desespero, “por quê?!”,  com Cristo em Sua cruz na escuridão total clamando igualmente “por quê?!” Deus foi forçado a pôr em risco o Seu trono e a estabilidade do próprio universo sobre um pobre e débil ser humano, Jó. Deus havia afirmado que Jó era verdadeiro e justo. Satanás ridicularizou a ideia; e desafiou a Deus que se permitisse que enorme aflição sobreviesse a Jó, ele iria transformar-se num traidor e “amaldiçoar a Deus”. E Deus não poderia voltar atrás; um ser humano em suprema miséria estava segurando a linha neste grande conflito com Satanás, e o universo teve que prender a respiração na expectativa do que Jó faria.
O problema de Jó não era que ele havia se rebelado contra Deus; ele havia se rebelado contra Satanás, e isso é o que fazia Deus orgulhoso dele. Jó só não sabia quem era quem; era um simples caso de confusão de identidade. Ele realmente queria levar Satanás ao tribunal; sua alma estava integralmente inscrita no “grande conflito entre Cristo e Satanás”, e ele se achava totalmente do lado de Deus.
O nosso problema fundamental é o mesmo que Jó — não sabemos quem é quem no “grande conflito”. De todos os livros da Bíblia, Jó é o que revela mais vividamente o problema que todos nós enfrentamos na vida: como entender o sofrimento. E esse problema sempre se concentra numa grande, desconcertante, dolorosa questão: Quem é este que me odeia? Quem me está trazendo esta calamidade imerecida? É Deus, ou é Satanás?
Sua mente pode ter a resposta correta, mas o que dizer sobre o coração? O nosso coração em seu estado natural, não convertido, é “inimizade contra Deus” (Rom. 8: 7). “Por que eu?!” É a indagação universal proferida quando a calamidade nos atinge. Jó somos nós; ele está se postando por nós. Ele não conseguia descobrir de que “pecado” era culpado, o que levara Deus a amaldiçoá-lo tão terrivelmente com a perda de tudo o que amava, até a sua saúde básica.
“Mas embora Satanás haja usurpado o domínio que Deus deu a Adão, ele não tem controle ilimitado desta Terra. Deus não concedeu autoridade ilimitada e suprema sobre a Terra mesmo para o homem na sua integridade. E assim, quando Satanás venceu o homem, não foi possível que obtivesse o controle da Terra num grau ilimitado. Este fato Satanás reconheceu quando disse ao Senhor a respeito de Jó: “Porventura Tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem?” (Jó 1:10). Continua a ser verdade, que “o Altíssimo domina sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer” (*Daniel 4:32) (Ellet J. Waggoner, Signs of the Times, 10 de março de 1888).
Satanás desafiou a Deus. Em sua breve “andança” ele estava procurando por algo que não acreditava que existia. De todo o professo povo de Deus, ninguém O servia por motivos de piedade desinteressada e amor genuíno. Todos eram “motivados” por uma preocupação egoísta e amor por recompensa.
O pobre Jó é subitamente desprovido de sua tranquila segurança, e rudemente lançado na arena cósmica para lutar como um gladiador pela honra de Deus e Sua vindicação. É possível que um homem que vive na fraqueza da carne humana pecaminosa seja motivado por puro amor desinteressado?
O conflito por detrás do grande conflito por quase dois mil anos tem sido entre duas ideias de amor. O inimigo de Cristo se infiltrou na igreja primitiva com a ideia de ‘eros’ num esforço para deslocar o ‘ágape’ apostólico. A  ideia de Platão tinha sido a de um “eros celeste”, um conceito nobre, elevado, que esperava que iria soerguer o mundo fora do seu pântano de sensualidade para um caminho que conduziria para cima, para o céu. É equivalente ao que geralmente agora se considera o amor cristão. É a mesma insegurança centrada no eu, composta de medo do inferno ou esperança de recompensa
Em contraste, Ágape é um amor que Se atreve a descer ainda mais para baixo. Cristo deu sete passos em condescendência ao revelar-nos o que é o Ágape  (Fil. 2:5-8). O último passo, “a morte de cruz”, é a mais profunda revelação de Ágape que o universo já havia testemunhado.
O problema de 1888 foi que falar sobre a lei sem entender o Ágape “opera a ira” e, na verdade, contribui para o pecado. Os irmãos não sabiam o que vem a ser a verdadeira obediência, e que só o Ágape é “o cumprimento da lei” (Rom. 4:15; 13:10). Disso resulta que a igreja remanescente que “guarda os mandamentos de Deus” será um povo praticamente obcecado com o Ágape. “Os últimos raios da luz misericordiosa, a última mensagem de graça a ser dada ao mundo, é uma revelação do caráter do amor. Os filhos de Deus devem manifestar a Sua glória” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, págs. 415, 416). Essa mensagem não é “água com açúcar”.
Hoje existem “144.000” indivíduos de “toda nação, tribo, língua e povo”, cada um dos quais é tão importante que ele ou ela está segurando essa mesma linha sozinho, como fez Jó. E, como com Jó, há um elo que liga cada um a Cristo na cruz perguntando: “Por que eu?!” Eles esperam por essa mensagem e aquela Voz do céu, quando a Terra será “iluminada com a glória” do “evangelho eterno”, finalmente tornada inteiramente clara (Apo. 18:1-4).
Deus deve ter “144.000” para honrá-Lo nas últimas grandes provas de fé (Apo. 7:1-4; 14:1-5). Se Ele tiver apenas 143.999, Sua palavra falhará e será envergonhado no grande conflito com Satanás. Talvez você seja esta última pessoa, tão importante. Fique firme!

—Dos escritos de Roberto Wieland
                       
                Notas:                                             

O vídeo, em inglês, do Pastor Paul Penno sobre esta lição, gravada com um sábado de antecedência, 
está na Internet clique aquihttps://www.youtube.com/watch?v=ogg1uugD9yg

Esta introspecção, em inglês, está na Internet clique aqui:  http://1888mpm.org

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local.
Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral:
1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e
2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones e sua mensagem que receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White.
38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888.


Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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