segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Lição 10 — Paulo e a rebelião, por Arlene Hill



Para 27/2 a 5/3/2016

Antes de pecarem, Deus disse a Adão e Eva que certamente morreriam se comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal. Satanás disse-lhes que não morreriam. Em termos mais simples, o grande conflito entre Cristo e Satanás no que se refere aos seres humanos é em quem desses dois escolhemos acreditar e a quem seguir. Confiamos em nossas obras para criar a nossa própria justiça, ou aceitamos humildemente a justiça de Cristo? Este é o conflito. Não há meio termo.
Quando Adão e Eva caíram, Satanás lhes disse que Deus estava retendo alguma coisa desejável deles, o conhecimento do bem e do mal. Por sua rebelião, eles estavam tentando encontrar o seu caminho para o que pensavam ser uma existência mais elevada e desejável. O filho deles, Caim, deve ter acreditado isso, pensando que seus próprios esforços em criar uma oferta aceitável foram injustamente rejeitados por Deus. O resultado foi que o pensamento e ações das pessoas no mundo pré-diluviano eram maus continuamente, então Deus teve que destruir tudo, exceto um pequeno remanescente.
Dez gerações depois de Noé, as coisas não estavam muito melhores, mas Deus novamente trouxe um pequeno remanescente de Babilônia na família de Abraão (chamado Abrão na época). A vida de Abraão era uma lição constante de fé, mas Deus foi muito paciente com ele, como Ele é conosco. Ele deu a Abraão promessas ou concertos que se aplicavam a sua vida na terra, bem como a seus descendentes. Uma dessas promessas é interpretada pelos estudiosos como significando que o Messias viria da linhagem de Abraão: “E em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gên. 12:3).
A lição desta semana (*parte de sábado à tarde) se refere ao povo da aliança de Deus,1 mas temos de ser cuidados na definição de quem é (*este povo). A nação de Israel  acreditava que eram o povo da aliança, com a exclusão de todos os outros. Era uma ideia perigosa de um ponto de vista evangelístico. Imagine se você estivesse tentando atrair pessoas para uma campanha evangelística e dissesse que teriam que ser nascidos judeus a fim de serem salvas. Para quê alguém iria a essas reuniões? Não haveria esperança para quase todos. Mas a aliança que Deus fez com Abraão em Gênesis 12 incluía “todas as famílias da terra”.
Este é um grupo muito grande de pessoas, e pode ser interpretado como incluindo todos os que nasceram, mas certamente nem todas as promessas que Deus fez a Abraão em Gênesis 12 podem aplicar-se a “todas as famílias”. Paulo deixa isso claro: “Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo:Todas as nações serão benditas em ti’”. (Gál. 3: 7, 8).
Os judeus acalentavam a ideia de que para alguém ser um israelita teria que ter a Abraão, Isaque e Jacó em sua linhagem física. Jesus disse à mulher siro-fenícia que Ele não foi enviado “senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mat. 15:24). Quando a mulher persistiu em sua fé dizendo até mesmo que os cães obtinham alimento das migalhas, Ele disse: “‘Ó mulher, a tua fé é grande; seja-te feito como desejas’. E sua filha foi curada de imediato” (vs. 27, 28).
Muitas vezes não vemos o engano de Satanás em tais coisas, mas ele está lá. Os judeus tinham a verdade, mas a haviam pervertido. Quem os havia inspirado a fazer isso? Certamente não foi Deus. Ao promover essa perversão, Satanás esperava manter as nações pagãs que circundavam Israel sem qualquer interesse no Deus verdadeiro, uma vez que era impossível renascer (*fisicamente) como um judeu.
As várias cartas que Paulo escreveu às novas igrejas dos gentios são esclarecimentos da parte de Deus desse equívoco do Evangelho. “Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão” (Gál. 3: 7). Paulo está dizendo que o plano de salvação não exclui aqueles que não são fisicamente descendentes de Abraão. Em Romanos 9: 6, 7 Paulo declara: “nem todos os que são de Israel [originalmente chamado Jacó] são israelitas; Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência”. Como o nascimento de Isaque, ocorre o nosso renascimento porque Deus promete fazer isso por aqueles que aceitam.
Isaque não fez nada para provocar o seu próprio nascimento, mas ele teve que acreditar na promessa que Deus dera a seu pai de que era o filho prometido, e que ele teria filhos. Quando Isaque soube que seria sacrificado por Abraão, foi-lhe requerida fé para crer que de alguma forma Deus cumpriria a Sua promessa. Senão, ele poderia ter resistido a seu pai, que era então um homem velho. Poderia ter argumentado que deveriam pelo menos adiar o plano até que ele se casasse e gerasse um filho.
Paulo nos dá o refrão de “Aleluia” de Romanos 5 para mostrar que Jesus realizou a salvação, incluindo toda a justiça de que sempre necessitaremos, para toda a humanidade. A paráfrase de “1888” do capítulo pode ter esta aparência:
A. Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores, e esta é a própria prova de Deus de Seu amor Ágape a nós. Uma vez que todos nós pecadores fomos justificados pela morte sacrifical de Cristo, temos a certeza de ser salvos por Ele do castigo final.
B. Foi por um só homem (Adão) que o pecado entrou no mundo, e pelo pecado a morte, e assim, a morte permeou toda a raça humana, na medida em que todos pecaram.
C. O ato de graça de Deus está fora de qualquer proporção com o delito de Adão.
D. Porque, se a transgressão de um homem, Adão, trouxe a morte sobre tantos, seu efeito é excedido em muito pela graça de Deus e a dádiva que veio a tantos, pela graça de um só homem, Jesus Cristo, o segundo Adão.
E. Novamente, o dom de Deus que resolveu o problema do pecado excede os danos causados pelo pecado de Adão, pois a morte de Cristo na cruz cumpriu um ato judicial, ou satisfação de julgamento do salário do pecado pelo ato de Adão. Isto resultou num veredito de absolvição para todos, não apenas para Adão.
F. Se o ato de Adão estabeleceu o reino do pecado, o dom da justiça de Deus é dado em muito maior medida, de modo que aqueles que recebem Sua graça viverão e reinarão através do segundo Adão, que é Jesus Cristo.
G. Segue-se então, que o resultado de uma má ação foi a condenação para todos, assim o resultado de um ato justo é absolvição e vida para todos.
H. Porque, assim como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, por meio da obediência de um só homem muitos serão feitos justos.
Quando um detento na prisão recebe um perdão do governador ou presidente, isso é maravilhoso, mas tudo o que aconteceu foi uma reversão ou absolvição de sua convicção de seu crime. A morte de Cristo cumpriu isso para todos nós, mas muito mais do que isso, reescreveu a nossa história. Muitas vezes, um criminoso que é perdoado tem problemas para reingressar na sociedade. As pessoas não confiam em que não vão voltar para seus caminhos criminosos, e sem uma mudança de coração isso pode acontecer. Cristo não só nos perdoa, Ele nos coloca nEle, então a Sua experiência se torna a nossa. Somos, portanto, restaurados para a vida, e nos sentamos com Ele em lugares celestiais. Deus lança os nossos pecados nas profundezas e não se lembra mais deles. Nós até reinamos com Cristo como herdeiros de Seu legado. Louve a Deus!
Isto é o que Paulo quer dizer com o “dom gratuito” de Deus ser maior do que o dano feito pelo pecado de Adão. O “conflito” desenvolve-se quando nos esquecemos de que essa salvação é um dom gratuito de Deus e não pode ser ganha por guardar a lei, mas apenas através da fé no sangue purificador de Jesus Cristo. A mensagem da cruz de 1888 ensina que a graça se estende a toda a humanidade, mas, misteriosamente, muitos a desprezam e lançam fora. É o orgulho que insiste em que as obras de uma pessoa contam para alguma coisa.
-Arlene Hill
Nota do tradutor:
1)       Pág. 120, edição do professor, e pág. ___ na ed. do aluno, 2º parágrafo),

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street, Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.
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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Lição 9 — O Grande Conflito e a igreja primitiva, por Robert J. Wieland e Donald K. Short



Para 20 a 27 de fevereiro de 2016

A grande final da obra do Espírito de Deus será uma obra de extraordinária beleza e simplicidade. Ellen G. White a descreve desta forma: “Os que aguardam a vinda do esposo devem dizer ao povo: ‘Eis aqui está o vosso Deus’ (Isa. 40:9). Os últimos raios da luz misericordiosa, a última mensagem de graça a ser dada ao mundo, é uma revelação do caráter do amor divino. Os filhos de Deus devem manifestar Sua glória”.1
A boa notícia é que essas palavras se tornarão realidade! O anúncio ainda será soado, “vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos” (Apo. 19: 7, 8). A chave para o cumprimento está no arrependimento que Cristo requer.
O segredo do sucesso da igreja primitiva foi o entendimento de que “vocês crucificaram a Cristo”, seguindo-se a isso o verdadeiro arrependimento. Cristo crucificado tornou-Se o apelo central do ministério de todos os apóstolos. O livro de Atos nunca teria sido escrito se os membros da igreja primitiva não tivessem percebido a sua parte da culpa do assassinato do Filho de Deus, da mesma forma compartilhando a alegre experiência de arrependimento apropriado.
Pentecoste — Um Modelo Glorioso e Sua Antítese
Pentecostes foi um modelo glorioso e ideal que inspirou o povo de Deus por quase 2000 anos. O que tornou esses grandes resultados possíveis? As pessoas aceitaram o princípio da culpa corporativa, e francamente confessaram a sua parte no maior pecado de todos os tempos. “Quando eles ouviram isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos, irmãos, o que devemos fazer?” (Atos 2:37).
A antítese de Pentecostes foi a recusa do Sinédrio em aceitar o quadro de culpa corporativa de Estêvão através da história nacional de Israel. A evidência provava que Jesus era o Messias. Mas a rejeição total e final veio quando Estêvão estava diante dos líderes da nação e apelou-lhes ao arrependimento pondo a nu a história da nação. Leia o seu testemunho:
 “Estêvão . . . tomou sua defesa com voz clara, penetrante, que repercutia pelo recinto do conselho. Com palavras que mantinham a assembléia absorta, prosseguiu relatando a história do povo escolhido de Deus. Mostrou completo conhecimento da história judaica e sua interpretação espiritual, agora manifesta mediante Cristo. Começou com Abraão e fez um retrospecto através da História, de geração em geração, repassando todos os registros nacionais de Israel a Salomão, acentuando os mais impressivos pontos para vindicar sua causa.
 “Tornou clara sua própria lealdade para com Deus e para com a fé judaica, enquanto mostrava que a lei na qual os judeus confiavam para a salvação não fora capaz de salvar Israel da idolatria. Ligou Jesus Cristo com toda a história judaica. Referiu-se à construção do templo de Salomão, e às palavras deste, bem como de Isaías: ‘Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens’ (Atos 7:48). ‘O Céu é o Meu trono, e a Terra o estrado de Meus pés. Que casa Me edificareis? diz o Senhor: ou qual é o lugar do Meu repouso? Porventura não fez a Minha mão todas estas coisas?’ (Atos 7:49 e 50). O lugar da mais alta adoração de Deus estava no Céu.
 “Quando Estêvão atingiu este ponto, houve um tumulto entre o povo. ... Embora estivesse apenas no meio de seu sermão, concluiu-o abruptamente quebrando de súbito a cadeia da História, e, voltando-se para seus enfurecidos juízes, disse: ‘Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido: vós sempre resistis ao Espírito Santo . . . assim vós como vossos pais”2
O apedrejamento de Estêvão foi a rejeição final do testemunho que o Espírito Santo trouxe, e para este mal não havia mais remédio. Mas na mesma hora em que Israel selou a sua condenação eterna por assassinar a Estêvão, um processo entrou em operação na natureza humana honesta que levaria a uma correção corporativa e nacional do pecado de Israel. Quando as “testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem, cujo nome era Saulo”, pouco percebiam que esse jovem com uma consciência perturbada logo pensaria em termos de uma estruturação de um “corpo de Cristo” de dimensão mundial. Ele, por fim, apresentaria as bênçãos do arrependimento corporativo e nacional que os judeus tragicamente recusaram.

Escolhido Para Cumprir um Destino Divino
E agora, neste tempo do fim, aceitamos e professamos ser o Israel de Deus, escolhido, chamado a cumprir um destino divino. Como filhos de Abraão na última geração, seremos capazes de aprender com os nossos antepassados espirituais de 2.000 anos atrás e nossos pioneiros de 150 anos e pouco atrás? Quando vemos que os judeus rejeitaram a Cristo, porque rejeitaram a sua própria história escrita, não temos de abrir os olhos para o perigo que enfrentamos?
Em 1888 rejeitamos “em grande medida” a “mui preciosa mensagem” enviada pelo Senhor a Seu povo por intermédio dos Pastores Waggoner e Jones.3 O Espírito Santo que o Senhor quis transmitir foi levado para longe de nós. “A luz que deve iluminar toda a Terra com a sua glória foi resistida, e pela ação de nossos próprios irmãos tem sido, em grande medida, conservada afastada do mundo”.4 Mas a “tradição dos anciãos” diz que isto não é assim. O desprezo de mais de 1.800 páginas (Material de 1888 de Ellen G. White) dá suporte à negação, continuando a proclamar que não houve rejeição denominacional. Como os judeus, negamos nossa própria história. Como pode o casamento do Cordeiro ter lugar quando a Noiva diz: “Eu não fiz isto”, e o noivo diz: “Oh sim, você fez”.
Consideração solene declara que a raiz dos nossos problemas denominacionais pode ser encontrada no nosso episódio de 1888. O fruto desse evento torna-se um pouco mais amargo a cada ano que passa. A visão celestial proclama que não há necessidade para esta igreja continuar indefinidamente. A eternidade pode ser anunciada em breve! O trabalho pode ser concluído num tempo incrivelmente curto. Mas vai exigir mais do que temos sido dispostos a enfrentar até agora. Vai exigir a aceitação do “colírio” celestial. Vai exigir o arrependimento de todos os tempos, aceitando o “amor” e “repreensão” que a Testemunha Verdadeira dá. Isso requererá uma compreensão da verdade de nossa história, que até agora nos tem escapado.Vai exigir a correção de confusão teológica. Vai exigir o abandono de políticas mundanas e programas feitos pelo homem. Toda espécie de legalismo terá que morrer. Finalmente, a experiência final que aguarda a igreja é semelhante ao que Jesus deparou no Getsêmani. Só os que verdadeiramente são de Deus estarão dispostos a aceitar isso.
Do Éden ao Calvário, a Laodiceia, o universo tem assistido a consequência do pecado. Mas agora a última Igreja está em cena. Não há oitava igreja. A rejeição teimosa dos últimos anos pode ser superada. Jesus disse que edificaria a Sua igreja. Quando a igreja aceita tudo o que o Senhor deseja que tenha vai cumprir o mesmo papel que Cristo cumpriu quando esteve na Terra. Sua obra durante “esse breve período de três anos” foi “o máximo que o mundo podia suportar” da “presença do Redentor”.5 A obra do povo de Deus no final será tão eficaz e abreviada pela mesma razão.
Um arrependimento como o de Pentecostes é o que Cristo exige de nós hoje. Ele virá, como um veio de ouro perdido na terra, que deve emergir de novo noutro lugar. Como o remédio em quantidade suficiente produz uma concentração na corrente sanguínea, o nosso arrependimento deve ser abrangente e de grande alcance, para que o Espírito Santo realize uma obra totalmente eficaz. Alguns estão seriamente conscientes de que este é o grande dia final da Expiação. Junte-se a eles!

—Extraido dos escritos de Robert J. Wieland e Donald K. Short

Notas (de Ellen G. White):

1) Parábolas de Jesus, págs. 415, 416;
2) História da Redenção, págs. 264, 265;
3) Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 91;
4) Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 235;
5) O Desejado de Todas as Nações, pág. 541.

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido.

Donald K. Short foi um missionário adventista do sétimo dia na África, desde a década de 1950. Foi editor de nossa casa publicadora ali. Foi também editor do Boletim mensal do Comitê de Estudos da mensagem de 1888, e escreveu alguns dos melhores livros sobre a mensagem de 1888. Ele e o irmão Roberto Wieland escreveram o livro 1888 Re-examinado, que despertou muitas mentes dentro do adventismo para as belezas e encantamentos de Cristo contidos na mensagem. Ele morreu em 2005 ou 2006?
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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Lição 8 — Companheiros de armas, por Daniel Peters



Para 13 a 20 de fevereiro de 2016

O princípio mais importante da mensagem de 1888 encontra-se em tomar as Escrituras exatamente como rezam. Estes versos preciosos em Lucas abrangem o nosso verso para memorização para esta semana, e muito mais! E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na Sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dEle se achava em todas as Escrituras. . . . E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?” (Lucas 24:25, 27, 32, 45).  
O caráter de Deus é a questão central no grande conflito e é na Palavra de Deus que aprendemos a verdade de Seu caráter. Os homens que foram chamados na lição desta semana deixaram tudo e O seguiram - baseado unicamente em Sua palavra.
*Nota: a expressão “companheiros de armas” não é encontrada na Bíblia. A Bíblia usa o termo “irmãos”. Irmãos são duas ou mais pessoas que estão crucificadas com Cristo, atreladas com Cristo e vivem somente por Sua palavra como o único padrão e autoridade em sua vida. Cada um tem a Cristo neles, a esperança da glória (Col. 1:26, 27).
Quando falava com os dois discípulos no caminho de Emaús, Lucas nos diz que Jesus começou por Moisés. Na época de 1888, A. T. Jones usou a mesma abordagem, começando por Moisés e Eva no Éden para mostrar o quão importante é a palavra de Deus é.1 “Deus deu Sua Palavra ao homem para ser recebida por meio do Espírito Santo. Esta Palavra de Deus é apenas uma extensão do pensamento de Deus, que não é senão a expressão da mente de Deus. Assim, o homem, recebendo esta Palavra, seria participante constante da mente de Deus — cumprindo a Escritura: ‘De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus’” (Fil. 2: 5). (*A versão KJ usa a palavra mente no lugar de sentimento).
Ele prossegue: “Para o homem no jardim veio outra palavra — oposta à palavra de Deus. Esta segunda palavra era a expressão de um segundo pensamento, e esse pensamento foi o produto de outra mente. Receber esta palavra seria receber o pensamento expresso na palavra; e receber o pensamento era ser participante dessa segunda mente. Esta segunda palavra está sempre em oposição à palavra de Deus”.
 “Ora, a serpente . . . disse à mulher” (Gên. 3:1-5). Aqui estava a segunda palavra representando a segunda mente — aqui estava este “teólogo numa árvore”, explicando o que Deus quis dar a entender com o que Ele disse; interpretando a palavra de Deus.
O engano jaz na tentativa de explicar o que Deus quer dizer com o que disse. A Palavra de Deus significa o que diz, e diz o que Ele quer transmitir. Como professor da Palavra de Deus, use qualquer quantidade de tempo necessária para ajudar as pessoas a verem o que a Palavra de Deus diz; mas nunca por um momento sequer tente explicar o que isso significa.
Os dois caminhos estavam agora diante de Eva; as duas palavras, os dois pensamentos, e as duas mentes. Ela aceitou a segunda palavra e o resultado foi uma inversão de sua própria natureza. Satanás e o homem agora tinham a mesma mente.
Se Eva tivesse feito a coisa simples de ficar com a primeira palavra exatamente como era, não haveria de ter pecado. Se ela tivesse dito a Satanás: “Eu não sei se a Palavra que eu citei significa o que você sugere que signifique, e não me importo, o que sei é que a Palavra diz, e vou tomá-la apenas no que diz; e nisto permaneço. Não vou comer do fruto desta árvore, porque a Palavra diz que não devo fazê-lo”.
Neste ato simples reside o poder da palavra divina para preservar a alma do pecado. Para cada pessoa esta coisa simples é tão verdadeira hoje como o foi e como se teria provado a Eva. A Palavra divina, simplesmente conservada por Eva, iria para sempre livrá-la do pecado. O Senhor Jesus, em carne humana, foi livrado de pecar simplesmente apegando-se à Palavra divina. “Escondi a Tua palavra em meu coração, para eu não pecar contra Ti” (Salmo 119:11). O pecado de Eva foi não crer na simples palavra de Deus e a ela ater-se. Sua incredulidade foi tornada completa por sua desobediência em comer da árvore.
Hoje a nossa paralisia laodiceana decorre do mesmo problema enfrentado por Eva junto à árvore do conhecimento do bem e do mal — vamos apegar-nos com firmeza à Palavra de nosso Criador e, portanto, ser guardados de pecar, ou vamos cair nas explicações e interpretações dos teólogos nas árvores? O apóstolo Paulo escreve: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (2 Cor. 11: 3).
Escrevendo sobre a Bíblia e Interpretação, E. J. Waggoner disse: “Interpretar significa explicar o que é ininteligível — colocar o que é vago e misterioso em linguagem clara, mas a Bíblia não necessita disso. Ela é simples e clara para aqueles que são simples o suficiente para apenas crerem no que ela diz, sem tentarem adaptá-lo a suas ideias.
 “Davi disse: ‘Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra, e luz para o meu caminho’ (Salmo 119:105). A luz tem o propósito de tornar outras coisas claras, mas uma luz que não podia ser vista sem a ajuda de outra luz não seria de muito valor como luz.
 “Como é, então, que as pessoas encontram tanta dificuldade em entender a Bíblia? É porque há uma firme convicção na mente da maioria das pessoas de que a Bíblia não quer dizer o que diz. Assim, as pessoas vão a todos os lugares, exceto à Bíblia, para descobrir o significado da Bíblia. Obtêm de uma fonte ou outra uma ideia do que a Bíblia quer dizer, em seguida tentam encaixar a linguagem da Bíblia a essa ideia. Isso torna necessário um ‘sistema de interpretação’; e segundo diferentes tipos de pessoas têm ideias diferentes, então há diferentes sistemas de interpretação, e todas tendem a obscurecer a luz.
 “Não há, então, necessidade de professores? Na verdade, há. O dom de ensino é o terceiro na ordem dos dons de Cristo, e está acima do dom de operar milagres (ver 1 Cor. 12:28). ... Ensinar a Bíblia corretamente não consiste em ‘interpretar’ isso pela sabedoria humana, mas em ‘comparar coisas espirituais com espirituais’ (1 Cor. 2:12, 13), com a ajuda do Espírito, cujo ofício é orientar a toda a verdade (João 16:13).
 “Jesus, o grande Mestre, que foi ungido com o Espírito Santo para o propósito de pregar o Evangelho aos pobres, ocupou o Seu tempo dirigindo a mente das pessoas para a Palavra. Elas não conseguiam entendê-la porque a tinham reinterpretado tanto.
 “Quando ele caminhava com os dois discípulos de Emaús, “explicou-lhes por todas as Escrituras as coisas concernentes a Si mesmo” (Lucas 24:27). ... Ele colocou as Escrituras tão claramente perante eles que não podiam deixar de vê-la como eram, e, referindo-se ao assunto, disseram: ‘não nos ardia o coração enquanto nos falava pelo caminho, e enquanto nos abria as Escrituras?’ (v. 32).
 “Que as Escrituras sejam abertas”. ‘A revelação das Tuas palavras dá luz’ (Salmo 119:130). Porque elas mesmas são luz  e dão ‘entendimento aos simples’. O que é necessário é considerarmos o que diz o Senhor, e Ele nos dará ‘entendimento em todas as coisas’ (2 Tim. 2:7).
 “Ele dirigiu suas mentes para a Palavra, e eles viram o que não podiam ver antes. ... É evidente que ‘os olhos deles estavam como que fechados de modo a que não O conheciam’, a fim de que a sua fé pudesse descansar sobre as Escrituras por si sós, e tendo encontrado a Cristo e Sua vida na Palavra sua fé pudesse ficar firme a Sua presença visível fosse removida dentre eles”. 2
E. J. Waggoner escreve sobre sua experiência pessoal: “Cristo é principalmente a Palavra de Deus, a expressão do pensamento de Deus; e as Escrituras são a Palavra de Deus simplesmente porque revelam a Cristo. Foi com esta convicção que comecei o meu estudo real da Bíblia trinta e quatro anos atrás (1882). Naquele tempo Cristo Se apresentou diante dos meus olhos  ‘evidentemente crucificado’ diante de mim. Eu estava assentado um pouco à parte do corpo da congregação na grande tenda na campal de Healdsburg, numa sombria tarde de sábado. Não tenho a menor ideia de qual era o tema do discurso. Nunca me lembrei de um texto ou palavra. Tudo o que permaneceu comigo foi o que eu vi. Subitamente, uma luz brilhou ao meu redor, e a tenda estava, para mim, muito mais brilhantemente iluminada como se o sol do meio-dia tivesse estado brilhando, e vi a Cristo pendurado na cruz, crucificado por mim.
 “Naquele momento tive o meu primeiro conhecimento positivo, que me veio como um dilúvio avassalador, de que Deus me amava, e que Cristo morrera por mim. Deus e eu éramos os únicos seres de que eu estava consciente no universo. Eu sabia, por visão real, que Deus estava em Cristo reconciliando o mundo Consigo mesmo; eu era o mundo inteiro com todo o seu pecado. Estou seguro de que a experiência de Paulo no caminho de Damasco não foi mais real do que a minha ... Resolvi imediatamente que estudaria a Bíblia à luz dessa revelação, para que pudesse ajudar outros a verem a mesma verdade. Sempre acreditei que cada parte da Bíblia deve estabelecer, com maior ou menor nitidez, essa gloriosa revelação [de] Cristo crucificado”.
Ellen White apoia firmemente este princípio de 1888 sobre a Palavra de Deus: “Temos que tomar a Palavra de Deus como ela reza, as palavras de Cristo como Ele as proferiu”.3 “Acredite que Jesus quer dizer exatamente o que diz; tomai-O em Sua palavra, e pendurai vossa alma desamparada sobre Ele”.4
Queridos irmãos, somos os “néscios”, e os “tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram”. Que Jesus abra nosso entendimento para que possamos compreender a Escritura e aprender a apreciar a sua “mais preciosa mensagem”.
--Daniel Peters
Notas do autor:                                                                

1) A. T. Jones, trechos tirados de três artigos de A Obra Medico Missinária: 17 de junho; 1º de julho, e 9 de julho;

2) E. J. Waggoner, trechos tirados de “Interpretação,” The Present Truth, [A Verdade Presente], 19 de setembro de 1895;

3) E. G. White, Lift Him Up, pág. 265;

4) E. G. White, Review and Herald, 23 de jumho de 1896.
O irmão Daniel Peters e sua esposa Linda, vivem na parte leste da cidade de Los Angeles, Estado da Califórnia, EUA. Ele trabalha como conselheiro oficial antidrogas e álcool para mães e mulheres grávidas. O seu coração foi sensivelmente tocado pela “mui preciosa mensagem” (Test. p/ Ministros, págs . 91 e 92) e sua vida tem sido apaixonadamente dedicada a esta mensagem que Deus outorgou à Sua igreja em 1888. Ele e sua família são membros da igreja adventista do sétimo dia de Whittier, uma cidade a 19 kms ao sul de Los Angeles, localizada no nº 8841 na Calmada Avenue, Whittier, Ca. 90605, EUA. Ele é tataraneto de Ellet J. Waggoner. O irmão Daniel é um ardoroso estudante da Bíblia e do Espírito de Profecia e de toda literatura relativa à mensagem de 1888. Ele foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, realizado em 21 e 22 de maio de 2010) na Igreja Adv. Do 7º Dia da cidade de Reno, estado de Nevada, localizada na 7125 Weest 4th Street.
Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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