terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Lição 8 — Companheiros de armas, por Daniel Peters



Para 13 a 20 de fevereiro de 2016

O princípio mais importante da mensagem de 1888 encontra-se em tomar as Escrituras exatamente como rezam. Estes versos preciosos em Lucas abrangem o nosso verso para memorização para esta semana, e muito mais! E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na Sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dEle se achava em todas as Escrituras. . . . E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?” (Lucas 24:25, 27, 32, 45).  
O caráter de Deus é a questão central no grande conflito e é na Palavra de Deus que aprendemos a verdade de Seu caráter. Os homens que foram chamados na lição desta semana deixaram tudo e O seguiram - baseado unicamente em Sua palavra.
*Nota: a expressão “companheiros de armas” não é encontrada na Bíblia. A Bíblia usa o termo “irmãos”. Irmãos são duas ou mais pessoas que estão crucificadas com Cristo, atreladas com Cristo e vivem somente por Sua palavra como o único padrão e autoridade em sua vida. Cada um tem a Cristo neles, a esperança da glória (Col. 1:26, 27).
Quando falava com os dois discípulos no caminho de Emaús, Lucas nos diz que Jesus começou por Moisés. Na época de 1888, A. T. Jones usou a mesma abordagem, começando por Moisés e Eva no Éden para mostrar o quão importante é a palavra de Deus é.1 “Deus deu Sua Palavra ao homem para ser recebida por meio do Espírito Santo. Esta Palavra de Deus é apenas uma extensão do pensamento de Deus, que não é senão a expressão da mente de Deus. Assim, o homem, recebendo esta Palavra, seria participante constante da mente de Deus — cumprindo a Escritura: ‘De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus’” (Fil. 2: 5). (*A versão KJ usa a palavra mente no lugar de sentimento).
Ele prossegue: “Para o homem no jardim veio outra palavra — oposta à palavra de Deus. Esta segunda palavra era a expressão de um segundo pensamento, e esse pensamento foi o produto de outra mente. Receber esta palavra seria receber o pensamento expresso na palavra; e receber o pensamento era ser participante dessa segunda mente. Esta segunda palavra está sempre em oposição à palavra de Deus”.
 “Ora, a serpente . . . disse à mulher” (Gên. 3:1-5). Aqui estava a segunda palavra representando a segunda mente — aqui estava este “teólogo numa árvore”, explicando o que Deus quis dar a entender com o que Ele disse; interpretando a palavra de Deus.
O engano jaz na tentativa de explicar o que Deus quer dizer com o que disse. A Palavra de Deus significa o que diz, e diz o que Ele quer transmitir. Como professor da Palavra de Deus, use qualquer quantidade de tempo necessária para ajudar as pessoas a verem o que a Palavra de Deus diz; mas nunca por um momento sequer tente explicar o que isso significa.
Os dois caminhos estavam agora diante de Eva; as duas palavras, os dois pensamentos, e as duas mentes. Ela aceitou a segunda palavra e o resultado foi uma inversão de sua própria natureza. Satanás e o homem agora tinham a mesma mente.
Se Eva tivesse feito a coisa simples de ficar com a primeira palavra exatamente como era, não haveria de ter pecado. Se ela tivesse dito a Satanás: “Eu não sei se a Palavra que eu citei significa o que você sugere que signifique, e não me importo, o que sei é que a Palavra diz, e vou tomá-la apenas no que diz; e nisto permaneço. Não vou comer do fruto desta árvore, porque a Palavra diz que não devo fazê-lo”.
Neste ato simples reside o poder da palavra divina para preservar a alma do pecado. Para cada pessoa esta coisa simples é tão verdadeira hoje como o foi e como se teria provado a Eva. A Palavra divina, simplesmente conservada por Eva, iria para sempre livrá-la do pecado. O Senhor Jesus, em carne humana, foi livrado de pecar simplesmente apegando-se à Palavra divina. “Escondi a Tua palavra em meu coração, para eu não pecar contra Ti” (Salmo 119:11). O pecado de Eva foi não crer na simples palavra de Deus e a ela ater-se. Sua incredulidade foi tornada completa por sua desobediência em comer da árvore.
Hoje a nossa paralisia laodiceana decorre do mesmo problema enfrentado por Eva junto à árvore do conhecimento do bem e do mal — vamos apegar-nos com firmeza à Palavra de nosso Criador e, portanto, ser guardados de pecar, ou vamos cair nas explicações e interpretações dos teólogos nas árvores? O apóstolo Paulo escreve: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (2 Cor. 11: 3).
Escrevendo sobre a Bíblia e Interpretação, E. J. Waggoner disse: “Interpretar significa explicar o que é ininteligível — colocar o que é vago e misterioso em linguagem clara, mas a Bíblia não necessita disso. Ela é simples e clara para aqueles que são simples o suficiente para apenas crerem no que ela diz, sem tentarem adaptá-lo a suas ideias.
 “Davi disse: ‘Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra, e luz para o meu caminho’ (Salmo 119:105). A luz tem o propósito de tornar outras coisas claras, mas uma luz que não podia ser vista sem a ajuda de outra luz não seria de muito valor como luz.
 “Como é, então, que as pessoas encontram tanta dificuldade em entender a Bíblia? É porque há uma firme convicção na mente da maioria das pessoas de que a Bíblia não quer dizer o que diz. Assim, as pessoas vão a todos os lugares, exceto à Bíblia, para descobrir o significado da Bíblia. Obtêm de uma fonte ou outra uma ideia do que a Bíblia quer dizer, em seguida tentam encaixar a linguagem da Bíblia a essa ideia. Isso torna necessário um ‘sistema de interpretação’; e segundo diferentes tipos de pessoas têm ideias diferentes, então há diferentes sistemas de interpretação, e todas tendem a obscurecer a luz.
 “Não há, então, necessidade de professores? Na verdade, há. O dom de ensino é o terceiro na ordem dos dons de Cristo, e está acima do dom de operar milagres (ver 1 Cor. 12:28). ... Ensinar a Bíblia corretamente não consiste em ‘interpretar’ isso pela sabedoria humana, mas em ‘comparar coisas espirituais com espirituais’ (1 Cor. 2:12, 13), com a ajuda do Espírito, cujo ofício é orientar a toda a verdade (João 16:13).
 “Jesus, o grande Mestre, que foi ungido com o Espírito Santo para o propósito de pregar o Evangelho aos pobres, ocupou o Seu tempo dirigindo a mente das pessoas para a Palavra. Elas não conseguiam entendê-la porque a tinham reinterpretado tanto.
 “Quando ele caminhava com os dois discípulos de Emaús, “explicou-lhes por todas as Escrituras as coisas concernentes a Si mesmo” (Lucas 24:27). ... Ele colocou as Escrituras tão claramente perante eles que não podiam deixar de vê-la como eram, e, referindo-se ao assunto, disseram: ‘não nos ardia o coração enquanto nos falava pelo caminho, e enquanto nos abria as Escrituras?’ (v. 32).
 “Que as Escrituras sejam abertas”. ‘A revelação das Tuas palavras dá luz’ (Salmo 119:130). Porque elas mesmas são luz  e dão ‘entendimento aos simples’. O que é necessário é considerarmos o que diz o Senhor, e Ele nos dará ‘entendimento em todas as coisas’ (2 Tim. 2:7).
 “Ele dirigiu suas mentes para a Palavra, e eles viram o que não podiam ver antes. ... É evidente que ‘os olhos deles estavam como que fechados de modo a que não O conheciam’, a fim de que a sua fé pudesse descansar sobre as Escrituras por si sós, e tendo encontrado a Cristo e Sua vida na Palavra sua fé pudesse ficar firme a Sua presença visível fosse removida dentre eles”. 2
E. J. Waggoner escreve sobre sua experiência pessoal: “Cristo é principalmente a Palavra de Deus, a expressão do pensamento de Deus; e as Escrituras são a Palavra de Deus simplesmente porque revelam a Cristo. Foi com esta convicção que comecei o meu estudo real da Bíblia trinta e quatro anos atrás (1882). Naquele tempo Cristo Se apresentou diante dos meus olhos  ‘evidentemente crucificado’ diante de mim. Eu estava assentado um pouco à parte do corpo da congregação na grande tenda na campal de Healdsburg, numa sombria tarde de sábado. Não tenho a menor ideia de qual era o tema do discurso. Nunca me lembrei de um texto ou palavra. Tudo o que permaneceu comigo foi o que eu vi. Subitamente, uma luz brilhou ao meu redor, e a tenda estava, para mim, muito mais brilhantemente iluminada como se o sol do meio-dia tivesse estado brilhando, e vi a Cristo pendurado na cruz, crucificado por mim.
 “Naquele momento tive o meu primeiro conhecimento positivo, que me veio como um dilúvio avassalador, de que Deus me amava, e que Cristo morrera por mim. Deus e eu éramos os únicos seres de que eu estava consciente no universo. Eu sabia, por visão real, que Deus estava em Cristo reconciliando o mundo Consigo mesmo; eu era o mundo inteiro com todo o seu pecado. Estou seguro de que a experiência de Paulo no caminho de Damasco não foi mais real do que a minha ... Resolvi imediatamente que estudaria a Bíblia à luz dessa revelação, para que pudesse ajudar outros a verem a mesma verdade. Sempre acreditei que cada parte da Bíblia deve estabelecer, com maior ou menor nitidez, essa gloriosa revelação [de] Cristo crucificado”.
Ellen White apoia firmemente este princípio de 1888 sobre a Palavra de Deus: “Temos que tomar a Palavra de Deus como ela reza, as palavras de Cristo como Ele as proferiu”.3 “Acredite que Jesus quer dizer exatamente o que diz; tomai-O em Sua palavra, e pendurai vossa alma desamparada sobre Ele”.4
Queridos irmãos, somos os “néscios”, e os “tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram”. Que Jesus abra nosso entendimento para que possamos compreender a Escritura e aprender a apreciar a sua “mais preciosa mensagem”.
--Daniel Peters
Notas do autor:                                                                

1) A. T. Jones, trechos tirados de três artigos de A Obra Medico Missinária: 17 de junho; 1º de julho, e 9 de julho;

2) E. J. Waggoner, trechos tirados de “Interpretação,” The Present Truth, [A Verdade Presente], 19 de setembro de 1895;

3) E. G. White, Lift Him Up, pág. 265;

4) E. G. White, Review and Herald, 23 de jumho de 1896.
O irmão Daniel Peters e sua esposa Linda, vivem na parte leste da cidade de Los Angeles, Estado da Califórnia, EUA. Ele trabalha como conselheiro oficial antidrogas e álcool para mães e mulheres grávidas. O seu coração foi sensivelmente tocado pela “mui preciosa mensagem” (Test. p/ Ministros, págs . 91 e 92) e sua vida tem sido apaixonadamente dedicada a esta mensagem que Deus outorgou à Sua igreja em 1888. Ele e sua família são membros da igreja adventista do sétimo dia de Whittier, uma cidade a 19 kms ao sul de Los Angeles, localizada no nº 8841 na Calmada Avenue, Whittier, Ca. 90605, EUA. Ele é tataraneto de Ellet J. Waggoner. O irmão Daniel é um ardoroso estudante da Bíblia e do Espírito de Profecia e de toda literatura relativa à mensagem de 1888. Ele foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, realizado em 21 e 22 de maio de 2010) na Igreja Adv. Do 7º Dia da cidade de Reno, estado de Nevada, localizada na 7125 Weest 4th Street.
Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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