terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Lição 9 — O Grande Conflito e a igreja primitiva, por Robert J. Wieland e Donald K. Short



Para 20 a 27 de fevereiro de 2016

A grande final da obra do Espírito de Deus será uma obra de extraordinária beleza e simplicidade. Ellen G. White a descreve desta forma: “Os que aguardam a vinda do esposo devem dizer ao povo: ‘Eis aqui está o vosso Deus’ (Isa. 40:9). Os últimos raios da luz misericordiosa, a última mensagem de graça a ser dada ao mundo, é uma revelação do caráter do amor divino. Os filhos de Deus devem manifestar Sua glória”.1
A boa notícia é que essas palavras se tornarão realidade! O anúncio ainda será soado, “vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos” (Apo. 19: 7, 8). A chave para o cumprimento está no arrependimento que Cristo requer.
O segredo do sucesso da igreja primitiva foi o entendimento de que “vocês crucificaram a Cristo”, seguindo-se a isso o verdadeiro arrependimento. Cristo crucificado tornou-Se o apelo central do ministério de todos os apóstolos. O livro de Atos nunca teria sido escrito se os membros da igreja primitiva não tivessem percebido a sua parte da culpa do assassinato do Filho de Deus, da mesma forma compartilhando a alegre experiência de arrependimento apropriado.
Pentecoste — Um Modelo Glorioso e Sua Antítese
Pentecostes foi um modelo glorioso e ideal que inspirou o povo de Deus por quase 2000 anos. O que tornou esses grandes resultados possíveis? As pessoas aceitaram o princípio da culpa corporativa, e francamente confessaram a sua parte no maior pecado de todos os tempos. “Quando eles ouviram isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos, irmãos, o que devemos fazer?” (Atos 2:37).
A antítese de Pentecostes foi a recusa do Sinédrio em aceitar o quadro de culpa corporativa de Estêvão através da história nacional de Israel. A evidência provava que Jesus era o Messias. Mas a rejeição total e final veio quando Estêvão estava diante dos líderes da nação e apelou-lhes ao arrependimento pondo a nu a história da nação. Leia o seu testemunho:
 “Estêvão . . . tomou sua defesa com voz clara, penetrante, que repercutia pelo recinto do conselho. Com palavras que mantinham a assembléia absorta, prosseguiu relatando a história do povo escolhido de Deus. Mostrou completo conhecimento da história judaica e sua interpretação espiritual, agora manifesta mediante Cristo. Começou com Abraão e fez um retrospecto através da História, de geração em geração, repassando todos os registros nacionais de Israel a Salomão, acentuando os mais impressivos pontos para vindicar sua causa.
 “Tornou clara sua própria lealdade para com Deus e para com a fé judaica, enquanto mostrava que a lei na qual os judeus confiavam para a salvação não fora capaz de salvar Israel da idolatria. Ligou Jesus Cristo com toda a história judaica. Referiu-se à construção do templo de Salomão, e às palavras deste, bem como de Isaías: ‘Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens’ (Atos 7:48). ‘O Céu é o Meu trono, e a Terra o estrado de Meus pés. Que casa Me edificareis? diz o Senhor: ou qual é o lugar do Meu repouso? Porventura não fez a Minha mão todas estas coisas?’ (Atos 7:49 e 50). O lugar da mais alta adoração de Deus estava no Céu.
 “Quando Estêvão atingiu este ponto, houve um tumulto entre o povo. ... Embora estivesse apenas no meio de seu sermão, concluiu-o abruptamente quebrando de súbito a cadeia da História, e, voltando-se para seus enfurecidos juízes, disse: ‘Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido: vós sempre resistis ao Espírito Santo . . . assim vós como vossos pais”2
O apedrejamento de Estêvão foi a rejeição final do testemunho que o Espírito Santo trouxe, e para este mal não havia mais remédio. Mas na mesma hora em que Israel selou a sua condenação eterna por assassinar a Estêvão, um processo entrou em operação na natureza humana honesta que levaria a uma correção corporativa e nacional do pecado de Israel. Quando as “testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem, cujo nome era Saulo”, pouco percebiam que esse jovem com uma consciência perturbada logo pensaria em termos de uma estruturação de um “corpo de Cristo” de dimensão mundial. Ele, por fim, apresentaria as bênçãos do arrependimento corporativo e nacional que os judeus tragicamente recusaram.

Escolhido Para Cumprir um Destino Divino
E agora, neste tempo do fim, aceitamos e professamos ser o Israel de Deus, escolhido, chamado a cumprir um destino divino. Como filhos de Abraão na última geração, seremos capazes de aprender com os nossos antepassados espirituais de 2.000 anos atrás e nossos pioneiros de 150 anos e pouco atrás? Quando vemos que os judeus rejeitaram a Cristo, porque rejeitaram a sua própria história escrita, não temos de abrir os olhos para o perigo que enfrentamos?
Em 1888 rejeitamos “em grande medida” a “mui preciosa mensagem” enviada pelo Senhor a Seu povo por intermédio dos Pastores Waggoner e Jones.3 O Espírito Santo que o Senhor quis transmitir foi levado para longe de nós. “A luz que deve iluminar toda a Terra com a sua glória foi resistida, e pela ação de nossos próprios irmãos tem sido, em grande medida, conservada afastada do mundo”.4 Mas a “tradição dos anciãos” diz que isto não é assim. O desprezo de mais de 1.800 páginas (Material de 1888 de Ellen G. White) dá suporte à negação, continuando a proclamar que não houve rejeição denominacional. Como os judeus, negamos nossa própria história. Como pode o casamento do Cordeiro ter lugar quando a Noiva diz: “Eu não fiz isto”, e o noivo diz: “Oh sim, você fez”.
Consideração solene declara que a raiz dos nossos problemas denominacionais pode ser encontrada no nosso episódio de 1888. O fruto desse evento torna-se um pouco mais amargo a cada ano que passa. A visão celestial proclama que não há necessidade para esta igreja continuar indefinidamente. A eternidade pode ser anunciada em breve! O trabalho pode ser concluído num tempo incrivelmente curto. Mas vai exigir mais do que temos sido dispostos a enfrentar até agora. Vai exigir a aceitação do “colírio” celestial. Vai exigir o arrependimento de todos os tempos, aceitando o “amor” e “repreensão” que a Testemunha Verdadeira dá. Isso requererá uma compreensão da verdade de nossa história, que até agora nos tem escapado.Vai exigir a correção de confusão teológica. Vai exigir o abandono de políticas mundanas e programas feitos pelo homem. Toda espécie de legalismo terá que morrer. Finalmente, a experiência final que aguarda a igreja é semelhante ao que Jesus deparou no Getsêmani. Só os que verdadeiramente são de Deus estarão dispostos a aceitar isso.
Do Éden ao Calvário, a Laodiceia, o universo tem assistido a consequência do pecado. Mas agora a última Igreja está em cena. Não há oitava igreja. A rejeição teimosa dos últimos anos pode ser superada. Jesus disse que edificaria a Sua igreja. Quando a igreja aceita tudo o que o Senhor deseja que tenha vai cumprir o mesmo papel que Cristo cumpriu quando esteve na Terra. Sua obra durante “esse breve período de três anos” foi “o máximo que o mundo podia suportar” da “presença do Redentor”.5 A obra do povo de Deus no final será tão eficaz e abreviada pela mesma razão.
Um arrependimento como o de Pentecostes é o que Cristo exige de nós hoje. Ele virá, como um veio de ouro perdido na terra, que deve emergir de novo noutro lugar. Como o remédio em quantidade suficiente produz uma concentração na corrente sanguínea, o nosso arrependimento deve ser abrangente e de grande alcance, para que o Espírito Santo realize uma obra totalmente eficaz. Alguns estão seriamente conscientes de que este é o grande dia final da Expiação. Junte-se a eles!

—Extraido dos escritos de Robert J. Wieland e Donald K. Short

Notas (de Ellen G. White):

1) Parábolas de Jesus, págs. 415, 416;
2) História da Redenção, págs. 264, 265;
3) Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 91;
4) Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 235;
5) O Desejado de Todas as Nações, pág. 541.

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido.

Donald K. Short foi um missionário adventista do sétimo dia na África, desde a década de 1950. Foi editor de nossa casa publicadora ali. Foi também editor do Boletim mensal do Comitê de Estudos da mensagem de 1888, e escreveu alguns dos melhores livros sobre a mensagem de 1888. Ele e o irmão Roberto Wieland escreveram o livro 1888 Re-examinado, que despertou muitas mentes dentro do adventismo para as belezas e encantamentos de Cristo contidos na mensagem. Ele morreu em 2005 ou 2006?
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