quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Lição 5 — O conflito continua, por Roberto Wieland



Para 23 a 30 de janeiro de 2016

Neste breve ensaio, não é possível fazer justiça a todas as pessoas no Antigo Testamento mencionadas nesta lição —  David, Golias, Bateseba, Elias, Ezequias, Ester e Neemias. Todos enfrentaram eventos em suas vidas que envolveram controvérsia — lemos muitas vezes suas histórias. No entanto, há um que é sinônimo de uma mensagem que será proeminente nestes últimos dias da história da Terra, uma mensagem que (*Apoc. 18:1 explica, vai) “iluminar a terra com glória” — a mensagem de Elias. Portanto, vamos nos concentrar no profeta Elias nesta introspecção.
Nossa lição para segunda-feira diz que Elias “deve ser um dos personagens mais marcantes da Bíblia”. No entanto, muito mais do que um “personagem” cumprindo um papel numa peça, Elias é o “Próximo Grande Evento no Calendário de Deus”.1
A perspectiva deixa intrigadas pessoas atentas em todo o mundo. Elias foi o homem que, sozinho, confrontou o rei apóstata Acabe e a ímpia rainha Jezabel durante a apostasia brutal no culto a Baal (e isso é controvérsia!). Quando os governantes da nação tentaram matá-lo, ele teve que se esconder num local desconhecido junto ao ribeiro de Querite, e mais tarde como convidado de uma viúva na terra pagã de Sidom.
Elias não está morto — ele foi trasladado sem ver a morte, um tipo das pessoas que vivem hoje e que receberão a Jesus na Sua segunda vinda em glória. A grande promessa de Deus é dada em Mal. 4: 5, 6: “Eis que Eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais, ...”
Mas por que a promessa de Deus não foi cumprida? Ou foi, mas nós não a reconhecemos? O que Elias vai fazer quando chegar? Ele deve ser alguém especial, pois foi escolhido para acompanhar a Moisés ressuscitado num diálogo com Jesus no Monte da Transfiguração (Mateus 17) para dar-Lhe encorajamento ao Ele deparar o horror da Sua cruz.
Onde Elias está no universo ninguém sabe. Se Deus já cumpriu Sua promessa e enviou Elias, e nós não o reconhecemos, teria havido alguns modernos “Acabes” e “Jezabeis” que se opuseram a sua vinda e tentaram matá-lo novamente, ou, pelo menos, silenciá-lo? Está Elias-II sendo forçado a se esconder em algum moderno “ribeiro de Querite” ou como convidado de alguma “viúva de Sarepta” estrangeira que está fora de “Israel”?
Quando Acabe e Jezabel tentaram matá-lo e Elias encontrou refúgio em Sidom, Jesus citou esse fato para o grande embaraço e raiva da verdadeira igreja daquele dia. O que os fez ficar irados foram as palavras de Jesus: “Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel nos dias de Elias, quando o céu se cerrou por três anos e seis meses e houve grande fome em toda a terra; mas a nenhuma delas foi enviado Elias, exceto para Sarepta, na região de Sidom [uma terra pagã] ... Todos na sinagoga, ao ouvirem estas coisas, se encheram de ira . . .” (Lucas 4:25, 26, 28).
Poderia dar-se que Deus teve de confiar o moderno “Elias” a crentes fora de nossas fileiras? Poderia o nosso pecado ser tão grande quanto o do povo de Deus antigamente? Será que Israel moderno odeia Elias-II, tanto quanto o antigo Israel odiava Elias-I?

ESTA PROMESSA DE NOS ENVIAR ELIAS É SEGURA
Jesus promete: “Eu voltarei”, e acreditamos nisso; por isso é que somos adventistas do sétimo dia. Devemos crer em Sua promessa de nos enviar Elias também! É o próximo grande evento em Seu calendário.
Na verdade, o que o Senhor deseja dizer ao mundo é boa nova, e a mensagem de Elias é uma boa notícia. Ele encoraja os nossos filhos. Ele quer uma motivação do Novo Concerto para substituir o nosso Velho Concerto,a consagrado por tanto tempo.
O trabalho e mensagem de Elias serão encontrados na singular verdade da Igreja remanescente da purificação do santuário celestial. Isso levanta a questão: tem nossa negligência dessa verdade (como povo) forçado a mensagem “de Elias” a refugiar-se com o que chamamos de “estrangeiros” como a “viúva de Sarepta”? Sabemos que a maioria dos verdadeiros filhos de Deus ainda está em “Babilônia”. Também esquecemos facilmente que as mensagens dos três anjos de Apocalipse 14 são principalmente direcionadas às Igrejas observadoras do domingo, onde a maioria do povo de Deus deve ser encontrada.

QUAL FOI PROBLEMA FUNDAMENTAL DO ANTIGO ISRAEL?
Algo chamado “culto a Baal”. Somos inclinados a pensar que as pessoas eram ignorantes em confundir uma falsificação aparentemente desajeitada, como Baal, com sendo o verdadeiro Deus. Mas era extremamente sofisticado e sutil. Não se engane em pensar que você é inteligente demais para não ser enganado. Quase todo mundo foi envolvido, a elite incluída.
Quem era Baal? Existe tal coisa como culto a Baal hoje, que representa um desafio a nós como fez ao antigo Israel? Ellen G. White tem alguns sérios lampejos a respeito. É um momento de crise na obra do Senhor:
 “A infidelidade tem feito suas incursões em nossas fileiras, pois é a forma de afastar-se de Cristo e dar lugar ao ceticismo. Com muitos o clamor do coração tem sido: ‘Nós não queremos que este homem reine sobre nós’ [Lucas 19:14]. Baal, Baal, é a escolha. A religião de muitos entre nós será a religião do Israel apóstata, porque amam o seu próprio caminho, e abandonam o caminho do Senhor. A verdadeira religião, a única religião da Bíblia, que ensina o perdão somente através dos méritos de um Salvador crucificado e ressuscitado, que advoga justificação pela fé do Filho de Deus, foi menosprezada, criticada, ridicularizada e rejeitada”.2
A data dá a esta declaração chocante o seu verdadeiro contexto: Ellen White diz que a mensagem da justiça de Cristo de 1888 foi “em grande medida” rejeitada pelos “nossos próprios irmãos” e “mantida longe do mundo”:
 “Excitando aquela oposição, Satanás teve êxito em afastar do povo, em grande medida, o poder especial do Espírito Santo que Deus anelava comunicar-lhes. O inimigo impediu-os de obter a eficiência que poderiam ter tido em levar a verdade ao mundo, como os apóstolos a proclamaram depois do dia de Pentecostes. Sofreu resistência a luz que deve iluminar toda a Terra com a sua glória [Apocalipse 18:1-4], e pela ação de nossos próprios irmãos tem sido, em grande medida, conservada afastada do mundo”.3
Uma definição simples do culto a Baal, tanto antigo quanto contemporâneo, é esta: o culto de si mesmo disfarçado como a adoração de Cristo. É a assimilação do pensamento das “nações” ao nosso redor na moderna “Babilônia”. O único remédio para isso (*é)    : a crucificação do eu “com Cristo”, mas que só se torna possível ao entendermos o que aconteceu na cruz.
No Monte Carmelo, Elias zomba dos pregadores de Baal, exige que demonstrem diante da multidão a mentira que é o seu culto importado a Baal, e ele faz uma oração que nos dá uma pista do que o moderno “Elias” vai fazer quando vier outra vez: “Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo conheça que Tu és o Senhor Deus, e que tu fizeste voltar o seu coração” (1º Reis 18:37).
Você entendeu isso? “voltar o seu coração” é a principal preocupação de Elias, e será o seu trabalho para a Igreja e para o mundo, quando ele vier pouco antes do retorno de Jesus. E nós sabemos que transformar corações alienados em expiação é algo que só a mensagem da cruz de Cristo pode realizar. Portanto, conclui-se que a mensagem de Elias vai ser levantar a “Cristo e este crucificado”. Jesus diz algo paralelo ao envio de Elias: “Agora é o juízo deste mundo; agora o príncipe deste mundo será expulso e Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim”. Isto Ele disse, significando de que morte havia de morrer” (João 12: 31-33).

QUEM É “ELIAS” HOJE, E ONDE ELE ESTÁ?
Deus honrou a fé dos judeus honestos dos dias de Cristo e enviou-lhes de “Elias”, em cumprimento da promessa de Malaquias, porque eles esperavam sinceramente que a vinda de seu Messias seria “o grande e terrível dia do Senhor”. Até mesmo os discípulos perguntaram “quem” era e “onde” o seu “Elias” estava. Jesus lhes disse para não olharem para o seu futuro; ele já tinha chegado na pessoa de João Batista (Mateus 11: 11-14).
Mas os dias de João não foram “o grande e terrível dia do Senhor”. Esse dia é agora. Portanto, podemos esperar que “Elias” venha como uma mensagem da mesma forma que a mensagem de João era o cumprimento da promessa de Malaquias.
Existe evidência bíblica de que Elias entendeu e pregou a graça de Deus, isto é, a justificação pela fé? Era ele severo, duro, sem compaixão? Sabemos disso:
1.                      Deus o enviou (1º Reis 17; 18), e “Deus é amor” (1ª João 4:8).
2.                      Sua mensagem foi destacadamente de reconciliação dos corações alienados na vida doméstica e nacional (Mal. 4:5, 6). Isso requereu “graça ilimitada”.
3.                      Sua oração no Monte Carmelo foi serena, simples, de coração e graciosa.
4.                      O “coração” do povo foi “volta de coração. . .” (1º Reis 18:37).
5.                      O que causou isso foi a aceitação por Deus do sacrifício de sangue claramente prefigurado no sacrifício de Cristo na cruz (vs. 33). Não é demais dizer: Elias pregou à nação um grande sermão na cruz naquele dia.
6.                      As pessoas responderam, acreditaram, humilharam o coração antes dessa revelação divina da graça abundante e do perdão de Deus. Mas os sacerdotes de Baal endureceram o coração contra ele; na rejeição desesperançada, crucificaram a Cristo mil vezes. Esta demonstração foi uma miniatura do julgamento no final do milênio (Apoc. 20:11-15). Executar os sacerdotes de Baal era a escolha do povo, a sua vontade unânime. Era claro: seu pecado era imperdoável.
7.                      O fruto do ministério de Elias? Reforma genuína e avivamento. E Deus o trasladou! (*num redemoinho) (2º Reis 2:11). Muito boa evidência da graça.
Vai ser a melhor notícia de que o mundo ou a Igreja já ouviu falar. Sua mensagem será a “terceira mensagem angélica em verdade”, um conceito mais claro do “evangelho eterno” compreendido desde a mensagem de Pentecostes. Mesmo Ellen Harmon não conseguiu captá-lo até depois do grande desapontamento de 22 de outubro de 1844. Quando estava em seus 60s, ela ansiosamente congratulou-se com a mensagem trazida por dois jovens, A. T. Jones e E. J. Waggoner, b na  Assembléia da Associação Geral de 1888, que foi uma compreensão mais clara da justificação pela fé, o começo do alto clamor de Apocalipse 18.
Agora, em nosso tempo, (*nossa ação deve ser) cooperar com “Elias” neste grande trabalho de proclamar ao mundo esta mensagem de “volta de coração”! Você vai encontrá-lo algum dia; você vai ficar feliz em ter trabalhado com ele.

--From the Writings of Robert J. Wieland


Notas do autor:               
1)                       Título de um artigo escrito pelo Pastor Roberto J. Wieland: “O próximo grande evento no calendário de Deus: “—A Vinda de Elias, o Profeta: Quem? Como?”;
2)                       Ellen G. White, Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, págs.467, 468; de 1890.
3)                       Ellen G. White, Carta a Uriah Smith, Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 234 e 235; 1896
Notas do tradutor:
a)     A diferença entre o Velho e o Novo Concertos (Alianças) é quem faz a promessa: No Novo Concerto é Deus quem promete, e Ele não pede que ninguém prometa nada em troca; no Velho Concerto temos promessas de homens — Êxodo 19:8, primeira parte, e 24:7, última frase. Foi um concerto de obras. Deus fez este concerto com eles simplesmente para que quando fracassassem, sentissem a necessidade de obedecerem (em Cristo) o Messias.  
b)     Temos uma lista de 374 recomendações de Elem G. White (entre 1888 e 1896) às pessoas e a mensagem daqueles dois jovens pastores. Mas, atenção, está tudo em inglês. Mesmo assim quem quiser pode nos solicitar e a mandaremos. Exceto Cristo ninguém recebeu maiores recomendações dentro da Organização Adventista do que estes dois jovens pastores.

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido.

Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Lição 4 — Conflito e crise: os juízes, por Arlene Hill



Para 16 a 23 de janeiro de 2016


O tempo dos juízes de Israel deu-se no início de sua história, depois de ter entrado na terra prometida. Quase imediatamente após a morte de Josué e a morte de sua geração, “levantou-se outra geração ... que não conhecia o Senhor, nem tampouco a obra que Ele havia feito por Israel” (Juízes 2:10, NVI). O resultado foi totalmente previsível: “Então os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, e serviram a Baal” (vs. 11). Não foi uma decisão repentina, apenas uma falha suave em ensinar a próxima geração como o Senhor os havia guiado e ensinado o Seu povo no passado.
O ciclo começou com essa negligência aparentemente insignificante. Israel seguia o seu caminho, começava a ter problemas, invocava o Senhor e Ele os livrava. Durante esse tempo, Ele levantou o que foram chamados juízes para terem acesso especial a Ele (“E o Espírito do Senhor veio sobre ele, e ele julgou a Israel,” Juízes 3:10). Durante a vida de cada juiz, Israel estava em paz, mas uma vez que o juiz morria, Israel seguia o seu próprio caminho e o ciclo novamente começava.
Nos 128 anos desde a Assembleia da Associação Geral de 1888, houve algumas semelhanças com a experiência de Israel na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Não está no escopo deste pequeno estudo traçar os paralelos, mas as pessoas atentas estão preocupadas.
O conceito de que Deus proveu “juízes” é significativo. Uma nação que aprende a respeitar o estado de direito é uma nação que age bem. Israel tinha um relacionamento de altos e baixos com respeito à lei, geralmente dependendo da existência de um juiz estar na terra. Mais uma vez percebemos que quase tudo depende da liderança. Deus parece relegado a arrastar-Se atrás de Seu povo escolhido, mas Ele ainda está no controle. Por causa das escolhas de Israel, Ele permite que nações vizinhas os oprima para que clamem por libertação. Aqui entra o relutante Gideão, cuja fé não é, aparentemente, tão forte como a dos juízes anteriores Otoniel e Débora. Gostamos de contar às crianças (com os adultos escutando) a história maravilhosamente emocionante de Gideão.
Numa das primeiras conversas que Gideão teve com Deus, o Senhor estabelece uma jóia condensada do conceito de justificação pela fé. “E disse o Senhor a Gideão: Muito é o povo que está contigo, para eu dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou” (Juízes 7: 2). Deus está tentando reiterar a lição que Israel se recusa a aprender. Eles vêem a descida para o pecado de forma leviana, como se Deus permitisse que o ciclo de “rebelião, apostasia, desastre, clamor, perdão e libertação” continuasse indefinidamente. Tudo o que tende a fazer as pessoas pensarem que conseguiram algo para Deus sem Ele não pode ser endossado por Deus. Não podemos esquecer que qualquer coisa que não é de fé é pecado. Deus não vai conduzir à tentação. Quanto mais um problema pareça impossível de se superar, mais veremos a Sua, e apenas a Sua, liderança na solução.
O ciclo de rebelião e libertação continuou por um tempo. Vários outros juízes foram levantados em ciclos de aproximadamente 40 anos. Novamente, houve paz e prosperidade, enquanto os juízes viveram. A opressão dos filisteus tinha sido permitida por 40 anos, e desta vez Deus introduz um novo conceito em seu libertador. O nascimento de Sansão é divinamente previsto, e a seus pais são dadas instruções para pô-lo de parte como um Nazireu “e ele começará a livrar Israel das mãos dos filisteus” (Juízes 13: 5). Sansão perdeu muito tempo de seu ministério assumindo a glória de seus poderes sobrenaturais. Quanto mais Deus poderia ter feito com esse homem se ele tivesse estado disposto a humilhar-se e ouvir a orientação de Deus.
A vida de Sansão é uma micro demonstração da vida corporativa de Israel. Ele conta com a paciência de Deus, e testou-a ao longo de sua vida. O estilo de ações de um “super-homem” enfurecido de Sansão não eram parte de um plano coerente para redimir Israel, mas eram mais uma demonstração circense de seus poderes (realmente de Deus). Seu último ato para libertar Israel dos filisteus também causou sua própria morte, e pouco foi feito para deter a descida à profunda apostasia.
Foi necessária a parábola viva do levita e sua concubina para levar a nação a ver a sua condição. O simbolismo do corte da mulher morta em doze pedaços e o envio disso aos líderes das tribos, foi poderoso. Eles perceberam quão responsáveis eram por afastar-se de Deus, e mereciam ser punidos por abandonar ao seu Deus e as Suas promessas. Como a história misteriosa em que Abraão corta pedaços de animais de sacrifício em Gênesis 16, Israel havia abandonado as promessas do Senhor de ser o seu Deus, uma vez que se manteve longe de Sua instrução e ensino. Finalmente, o país foi unificado o suficiente para ver o seu erro, mas ocorre rebelião da tribo de Benjamim e começa uma guerra civil. Eles salvaram a tribo, mas o verso final de Juízes oferece um triste estado de coisas: “Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que era reto aos seus olhos” (21:25);
A história de Rute é a bela resposta que o Senhor nos dá, como um raio de esperança através do lixo em que Israel se tornou. Quando as três mulheres deixaram Moabe, Noemi estava voltando para um povo sem líderes, onde todos faziam “o que era reto aos seus olhos”. Além da possibilidade de evitar a fome, a sociedade israelita provavelmente não era muito diferente do que elas experimentaram na pagã terra de Moabe. Teria sido fácil para Orfa e Rute justificarem ficar em Moabe e deixar Noemi ir, mas pelo menos para Rute, uma mudança tinha acontecido em seu coração. Ela deve ter visto algo na religião de Israel que era diferente, porque permaneceu fiel à religião de seu marido morto ao ficar com Noemi.
O que isso tem a ver com a mensagem que o Senhor nos deu em 1888? Os relatos de interação de Deus com as pessoas ao longo da Bíblia foram dados para explicar os princípios da justiça pela fé repetidos e ampliados através da experiência humana. Deus quer uma Igreja que realmente viva os princípios enunciados por Rute, que nem sequer era uma israelita. Nós, como adventistas do sétimo dia, temos que demonstrar a capacidade do Senhor em mudar o coração obstinado e rebelde, em preparação para o retorno de Cristo.
É este espírito, experimentado na vida que vai mostrar ao mundo que a mensagem da justificação pela fé não é apenas uma doutrina velha e empoeirada, mas é capaz de acelerar corações para uma vida vibrante e alegre. Que Deus escolheu trazer o Seu Filho através da descendência de Rute não pode ser coincidência. Essa descendência produziu o “herdeiro” de Deus para a raça humana através do qual todos nós renascemos “em Cristo”.
Não temos nós, como Igreja corporativa enfrentado o desafio de mostrar ao mundo a mudança de coração? Uma vez que é a mensagem final que irá resultar no retorno do Senhor quando totalmente dada, temos de responder com humildade: não, a Igreja não tem totalmente aceitado o desafio. Talvez a resposta envolva pregar a mensagem de forma mais completa. Talvez tenhamos de dizer às pessoas que a encarnação de Cristo colocou toda a humanidade nEle, por isso, o Seu nascimento, vida sem pecado, expiação universal, morte e ressurreição reescreveram a história de toda a raça humana. É esta informação vital que deve ser apresentada ao mundo para que as pessoas possam fazer a sua escolha de permanecer onde Cristo as colocou, nEle. Portanto, muito do cristianismo ensina que nascemos em algum tipo de limbo, onde temos de encontrar a Cristo por nós próprios, daí fazer as escolhas certas a fim de obter salvação. Uma variação é que já nascemos condenados e devemos fazer enormes esforços para evitar o declive escorregadio ao inferno.
Há versos que fazem parecer que esses cenários são suportados pela Escritura. Efésios 2: 1 nos descreve: “estando vós mortos em ofensas e pecados”. Pense na morte de Cristo como se estendendo para adiante e para trás no tempo. O mundo inteiro estava mergulhado na condenação e morte, quando o primeiro Adão pecou.
 “Esta sentença de morte foi dada a conhecer a Adão, logo que foi colocado no jardim do Éden, como uma advertência contra o pecado. Quando ele pecou, imediatamente ficou sob condenação, condenado a sofrer a penalidade proferida. Mas aqui entra o evangelho. O sacrifício de Cristo foi tão eficaz no dia em que Adão pecou como é hoje — ele é o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Para todos os efeitos práticos Cristo foi crucificado logo que Adão caiu, pois Deus “chama as coisas que não são como se fossem”. Cristo foi dado naquele tempo. O sacrifício da parte de Deus em dar o Seu Filho unigênito já tinha sido feito; Deus amou o mundo então, tanto quanto o fez quatro mil anos mais tarde.
 “Se não tivesse sido o fato de que Cristo foi dado para a redenção do homem, a morte teria terminado tudo para Adão e para toda a raça humana. Mas a promessa de um Redentor trazia consigo um outro tempo de graça, e assim a execução da sentença foi suspensa até que fosse visto o uso que os homens fariam desse tempo de graça. Deus determinou um dia em que há de julgar o mundo com justiça por Jesus Cristo (Atos 17:31); e até esse momento a sentença está em suspensa. Cristo a sofreu, e todos quantos O recebem, recebem a penalidade nEle, e a Sua vida responde pela deles. Mas os que rejeitam o Filho não verão a vida, mas a ira de Deus sobre eles permanecerá. Vão receber a pena em si mesmos, e, portanto, a maldição do pecado será levada a um fim, e a lei será vindicada” (E. J. Waggoner, Signs of the Times, 4 de agosto de 1890).
Assim, o sacrifício de Cristo foi eficaz a partir da data em que Deus o prometeu, assim abrangia toda a raça humana tão extensivamente quanto o pecado de Adão. Esta é a Boa Nova do Evangelho como ensinada pelos mensageiros de 1888. Ela coloca cada indivíduo solidamente no mesmo plano em que se acha a próxima pessoa. Ninguém está em desvantagem porque todos têm a mesma vantagem em virtude de sua posição em Cristo. Uma vez que tudo foi realizado por Cristo, nossas obras fluem de gratidão, não da necessidade de garantir que Deus nos ama. Deus nos deu o Seu Filho. Isso prova que Ele nos ama.


Arlene Hill

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street, Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.

ATENÇÃO: Você pode receber estas introspecções diretamente no seu e-mail, escrevendo-nos para:  agapeed2001@yahoo.com.br; 
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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Lição 3 — A rebelião global e os patriarcas, por Paul E. Penno



Para 9 a 16 de janeiro de 2016



Bem-vindo a este estudo dos patriarcas no livro de Gênesis. De acordo com Paulo, o apóstolo do Senhor, Gênesis é o “livro do evangelho da Bíblia”: “Ora, a Escritura, prevendo que Deus havia de justificar as nações pela fé, pregou o evangelho a Abraão de antemão, dizendo: ‘Em Ti serão benditas todas as nações” (Gál. 3:8). Gênesis é o Romanos do Antigo Testamento!

A MENSAGEM DE 1888 E A PROMESSA DE DEUS A ABRAÃO

O “novo concerto”  (*“a nova aliança”) bíblica é simplesmente a promessa de Deus de escrever a Sua santa lei no coração humano para que se torne uma alegria viver em harmonia com a Sua santa vontade para a nossa felicidade. O “velho concerto” bíblico é simplesmente a promessa de pessoas obedecerem a “tudo o que o Senhor falou”, uma expressão de sua justiça própria – que, obviamente, ninguém possui. Nenhum ser humano tem a justiça inata; a justiça genuína que exista tem de ser sempre um dom de Deus.
Em Seu amor e misericórdia, Deus tentou dar ao antigo Israel uma nova aliança (*um novo concerto), mas eles não quiseram humilhar seus corações para crer (ver Êxo. 19: 1-8). Ele queria renovar-lhes a promessa da nova aliança que fizera a seu “pai” Abraão (este havia crido na promessa da nova aliança após décadas de sua incredulidade e da “antiga aliança” de Sara). Com seus corações humilhados em arrependimento, Abraão e Sara tinham desfrutado as bênçãos da justiça imputada e comunicada – pela fé. Assim, pela sua fé, Abraão ganhou o direito de ser sempre chamado de “o pai dos que têm fé”. Nos termos das disposições gloriosas da “nova aliança”, todos os verdadeiros descendentes de Abraão (os que têm a sua fé) teriam toda a Terra como uma “possessão eterna”, o que significava que também devem receber o dom da vida eterna.

CAIM E ABEL DE UMA PERSPECTIVA DE 1888

Sabemos qual era o problema de Caim: ele estava tentando encontrar aceitação diante de Deus pelas boas obras que realizava. E ele era um grande fazendeiro! A sua oferta representou o que havia de melhor, a mais paciente e dedicada habilidade hortícola possível envolvendo trabalho duro e dedicação! Mas o problema de Caim era o seu “trabalho”; o seu problema era a sua estrita obediência ao mandamento de Deus quando Ele disse a Adão e Eva: “maldita é a terra por tua causa; em tristeza comerás dela todos os dias da tua vida. ... com o suor do teu rosto comerás o teu pão” (Gên. 3:17-19).
Não tinha Caim suado ao cumprir exatamente isso? Ele estava feliz como uma cotovia, quando trouxe a sua “oferta” para o altar naquele dia, regozijando-se em sua “obediência”, (*sentia ser) positivo que Deus iria recompensá-lo por suas “obras”, mas ficou desapontado quando Deus a ignorou. O que Caim perdeu foi a apreciação simples de coração pelo sangue derramado do Cordeiro de Deus; seu problema foi a “incredulidade”, uma falha em apreciar o que custou ao Filho de Deus salvá-lo. Vamos aprender a lição!
Abel trouxe um cordeiro que sacrificara — uma confissão de sua fé de que nenhum “presente” pode enriquecer a Deus, mas a oferta de Abel dizia que em seu coração ele apreciava o dom inefável que Deus estava dando para nossa salvação. Gênesis 4:4 diz que “atentou o Senhor para Abel e sua oferta”. Fogo desceu do céu. Deus estava satisfeito pela evidência de que Abel era alguém com um coração contrito, alguém que disse, pela cruz de Cristo, “Obrigado Senhor!”
Quando Caim viu que seu esplêndido buquê, de frutas e vegetais, estavam murchando, inaceitáveis sobre o altar, ele experimentou a primeira onda de fúria do mundo, e matou seu irmão. Se ele pudesse por suas mãos sobre Deus, ele O teria matado também — assim ele foi o primeiro homem do mundo a crucificar a Cristo.

CAIM E ABEL DE UMA PERSPECTIVA DE 1888
 

O pano de fundo do emocionante drama de José é o grande conflito entre Cristo e Satanás. É muito mais do que um romance; o destino do plano de salvação está em posição crítica com este filho de Jacó. Em Gênesis capítulos 12-17 Deus prometeu sob juramento (colocando Sua própria existência e Seu trono em perigo), que, a partir de "semente" de Abraão, viria o Messias, o Salvador do mundo. Caso contrário, não pode haver Salvador do mundo.
Os doze filhos de Jacó são aquela "semente", e Satanás sabe disso. Ele inspira dez deles com ódio assassino  daquele a quem Deus chamou para ser o "salvador" da "semente". Fracassando em matá-lo abertamente, eles o venderam como escravo sem esperança. 
Se tão somente pudesse esmagar o espírito de amor de José, Satanás teria vencido! Apenas amargar o jovem escravo, um exilado abandonado numa nação e cultura estrangeiras, se apenas então, a "semente"  perecesse sem "salvador"  com eles pereceria o único plano possível de salvação de Deus.
O grande Deus do Céu colocou todos os Seus ovos na cesta de José. Em um mortal, falível, um pecador por natureza, um homem inclinado por seu DNA para ser amargo para aqueles irmãos que o traíram em miserável escravidão. Podemos imaginar quão ansiosos ficaram os habitantes do Céu enquanto observavam o drama se desenrolar.

José supera o teste! Depois de todos aqueles anos de amarga separação, quando reconhece seus irmãos outrora cheios de ódio — seu coração ainda os amava; ele os perdoara. Satanás esgueira-se para fora, derrotado. José como “salvador” da “semente” demonstra ao universo a sua ligação com Cristo, o Salvador do mundo que ora pelos que O crucificavam e é o Vindicador do juramento de Deus a Abraão.
É José um tipo da igreja que irá proclamar uma mensagem que “ilumina a Terra com glória” nos últimos dias? A esta igreja foi dado o especial “espírito de profecia” tal como o de que José era dotado (veja Apo. 12:17; 19:10). Ela deve passar no teste de pureza moral como José passou no teste com a esposa de Potifar que o tentou.1 “Fornicação” ou “adultério” não devem nem sequer ser mencionados entre os que vencem, tal como Cristo venceu (Apo. 3:21).
A igreja que proclama uma mensagem que ilumina a Terra com a glória vai sofrer perseguição, como José sofreu — de seus irmãos e até mesmo de seu pai. A mensagem dos últimos dias vai salvar as pessoas; vidas serão transformadas; personagens vão se tornar “um” com Deus. José salvou a vida de muitas pessoas; a “Igreja remanescente” irá proclamar uma mensagem que levará muitas almas para a vida eterna.
Mas cada um que participa da bênção vai conhecer em primeira mão “a correção do Senhor” (Heb. 12: 5-11). Isso tornará mais distinto quanto o Senhor ama a ele ou a ela! Esse Ágape será o elemento dominante da mensagem final. Esta, por sua vez, é a obra de nosso grande Sumo Sacerdote em Sua tarefa atual de purificação do santuário celeste na preparação de um povo para a trasladação na segunda vinda de Cristo.
Essas histórias não são áridas; são relatos intensamente interessantes. E ao estudá-los, encontramos o milagre de crescimento em nossos próprios corações humanos — o milagre da reconciliação de coração (“expiação”) com Deus. Vemo-Lo revelado nas histórias, e vê-Lo assim, é reconciliar-se com Deus.


Paulo E. Penno

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley  Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em:

Nota do tradutor:

1)                         *Suponha que você não escolheu buscar tentação andando no terreno de Satanás, mas, de repente, você o enfrenta. Ele pode vir a você a partir de mil direções. Jesus descreveu isto como "olhar" preocupações em você e você quer saber sobre aquele “pecado no coração."
*Aqui está uma boa notícia. Esse era o problema de José na casa de Potifar, no Egito. Ele não estava caçando tentação, mas ela veio. Com a idade de 17 ou mais, José já havia se comprometido totalmente ao Senhor, porque ele entendeu as promessas da Nova Aliança. Ele não estava com medo, tentando desesperadamente segurar a mão de Deus — Deus o estava segurando pela mão, e o Salvador o impediu de cair, uma tentação sedutora súbita. Ele correu.
*Se você se prepara antes do tempo como José fez, dando-se ao Salvador, não se preocupe; Ele não vai te esquecer. Sua graça muito mais abundante vai “te ensinar a dizer Não!" e correr (veja Tito 2:11, 12, NVI).
*José sozinho no Egito pagão foi cercado por uma atmosfera constante como a de Sodoma e Gomorra. Um sábio escritor nos diz que ele era como alguém que não viu nem ouviu. Não era medo; ele estava vivendo sob o novo concerto, e o Senhor tinha escrito a "lei da liberdade," Seus dez mandamentos, em seu coração.

Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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