quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Lição 5 — O conflito continua, por Roberto Wieland



Para 23 a 30 de janeiro de 2016

Neste breve ensaio, não é possível fazer justiça a todas as pessoas no Antigo Testamento mencionadas nesta lição —  David, Golias, Bateseba, Elias, Ezequias, Ester e Neemias. Todos enfrentaram eventos em suas vidas que envolveram controvérsia — lemos muitas vezes suas histórias. No entanto, há um que é sinônimo de uma mensagem que será proeminente nestes últimos dias da história da Terra, uma mensagem que (*Apoc. 18:1 explica, vai) “iluminar a terra com glória” — a mensagem de Elias. Portanto, vamos nos concentrar no profeta Elias nesta introspecção.
Nossa lição para segunda-feira diz que Elias “deve ser um dos personagens mais marcantes da Bíblia”. No entanto, muito mais do que um “personagem” cumprindo um papel numa peça, Elias é o “Próximo Grande Evento no Calendário de Deus”.1
A perspectiva deixa intrigadas pessoas atentas em todo o mundo. Elias foi o homem que, sozinho, confrontou o rei apóstata Acabe e a ímpia rainha Jezabel durante a apostasia brutal no culto a Baal (e isso é controvérsia!). Quando os governantes da nação tentaram matá-lo, ele teve que se esconder num local desconhecido junto ao ribeiro de Querite, e mais tarde como convidado de uma viúva na terra pagã de Sidom.
Elias não está morto — ele foi trasladado sem ver a morte, um tipo das pessoas que vivem hoje e que receberão a Jesus na Sua segunda vinda em glória. A grande promessa de Deus é dada em Mal. 4: 5, 6: “Eis que Eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais, ...”
Mas por que a promessa de Deus não foi cumprida? Ou foi, mas nós não a reconhecemos? O que Elias vai fazer quando chegar? Ele deve ser alguém especial, pois foi escolhido para acompanhar a Moisés ressuscitado num diálogo com Jesus no Monte da Transfiguração (Mateus 17) para dar-Lhe encorajamento ao Ele deparar o horror da Sua cruz.
Onde Elias está no universo ninguém sabe. Se Deus já cumpriu Sua promessa e enviou Elias, e nós não o reconhecemos, teria havido alguns modernos “Acabes” e “Jezabeis” que se opuseram a sua vinda e tentaram matá-lo novamente, ou, pelo menos, silenciá-lo? Está Elias-II sendo forçado a se esconder em algum moderno “ribeiro de Querite” ou como convidado de alguma “viúva de Sarepta” estrangeira que está fora de “Israel”?
Quando Acabe e Jezabel tentaram matá-lo e Elias encontrou refúgio em Sidom, Jesus citou esse fato para o grande embaraço e raiva da verdadeira igreja daquele dia. O que os fez ficar irados foram as palavras de Jesus: “Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel nos dias de Elias, quando o céu se cerrou por três anos e seis meses e houve grande fome em toda a terra; mas a nenhuma delas foi enviado Elias, exceto para Sarepta, na região de Sidom [uma terra pagã] ... Todos na sinagoga, ao ouvirem estas coisas, se encheram de ira . . .” (Lucas 4:25, 26, 28).
Poderia dar-se que Deus teve de confiar o moderno “Elias” a crentes fora de nossas fileiras? Poderia o nosso pecado ser tão grande quanto o do povo de Deus antigamente? Será que Israel moderno odeia Elias-II, tanto quanto o antigo Israel odiava Elias-I?

ESTA PROMESSA DE NOS ENVIAR ELIAS É SEGURA
Jesus promete: “Eu voltarei”, e acreditamos nisso; por isso é que somos adventistas do sétimo dia. Devemos crer em Sua promessa de nos enviar Elias também! É o próximo grande evento em Seu calendário.
Na verdade, o que o Senhor deseja dizer ao mundo é boa nova, e a mensagem de Elias é uma boa notícia. Ele encoraja os nossos filhos. Ele quer uma motivação do Novo Concerto para substituir o nosso Velho Concerto,a consagrado por tanto tempo.
O trabalho e mensagem de Elias serão encontrados na singular verdade da Igreja remanescente da purificação do santuário celestial. Isso levanta a questão: tem nossa negligência dessa verdade (como povo) forçado a mensagem “de Elias” a refugiar-se com o que chamamos de “estrangeiros” como a “viúva de Sarepta”? Sabemos que a maioria dos verdadeiros filhos de Deus ainda está em “Babilônia”. Também esquecemos facilmente que as mensagens dos três anjos de Apocalipse 14 são principalmente direcionadas às Igrejas observadoras do domingo, onde a maioria do povo de Deus deve ser encontrada.

QUAL FOI PROBLEMA FUNDAMENTAL DO ANTIGO ISRAEL?
Algo chamado “culto a Baal”. Somos inclinados a pensar que as pessoas eram ignorantes em confundir uma falsificação aparentemente desajeitada, como Baal, com sendo o verdadeiro Deus. Mas era extremamente sofisticado e sutil. Não se engane em pensar que você é inteligente demais para não ser enganado. Quase todo mundo foi envolvido, a elite incluída.
Quem era Baal? Existe tal coisa como culto a Baal hoje, que representa um desafio a nós como fez ao antigo Israel? Ellen G. White tem alguns sérios lampejos a respeito. É um momento de crise na obra do Senhor:
 “A infidelidade tem feito suas incursões em nossas fileiras, pois é a forma de afastar-se de Cristo e dar lugar ao ceticismo. Com muitos o clamor do coração tem sido: ‘Nós não queremos que este homem reine sobre nós’ [Lucas 19:14]. Baal, Baal, é a escolha. A religião de muitos entre nós será a religião do Israel apóstata, porque amam o seu próprio caminho, e abandonam o caminho do Senhor. A verdadeira religião, a única religião da Bíblia, que ensina o perdão somente através dos méritos de um Salvador crucificado e ressuscitado, que advoga justificação pela fé do Filho de Deus, foi menosprezada, criticada, ridicularizada e rejeitada”.2
A data dá a esta declaração chocante o seu verdadeiro contexto: Ellen White diz que a mensagem da justiça de Cristo de 1888 foi “em grande medida” rejeitada pelos “nossos próprios irmãos” e “mantida longe do mundo”:
 “Excitando aquela oposição, Satanás teve êxito em afastar do povo, em grande medida, o poder especial do Espírito Santo que Deus anelava comunicar-lhes. O inimigo impediu-os de obter a eficiência que poderiam ter tido em levar a verdade ao mundo, como os apóstolos a proclamaram depois do dia de Pentecostes. Sofreu resistência a luz que deve iluminar toda a Terra com a sua glória [Apocalipse 18:1-4], e pela ação de nossos próprios irmãos tem sido, em grande medida, conservada afastada do mundo”.3
Uma definição simples do culto a Baal, tanto antigo quanto contemporâneo, é esta: o culto de si mesmo disfarçado como a adoração de Cristo. É a assimilação do pensamento das “nações” ao nosso redor na moderna “Babilônia”. O único remédio para isso (*é)    : a crucificação do eu “com Cristo”, mas que só se torna possível ao entendermos o que aconteceu na cruz.
No Monte Carmelo, Elias zomba dos pregadores de Baal, exige que demonstrem diante da multidão a mentira que é o seu culto importado a Baal, e ele faz uma oração que nos dá uma pista do que o moderno “Elias” vai fazer quando vier outra vez: “Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo conheça que Tu és o Senhor Deus, e que tu fizeste voltar o seu coração” (1º Reis 18:37).
Você entendeu isso? “voltar o seu coração” é a principal preocupação de Elias, e será o seu trabalho para a Igreja e para o mundo, quando ele vier pouco antes do retorno de Jesus. E nós sabemos que transformar corações alienados em expiação é algo que só a mensagem da cruz de Cristo pode realizar. Portanto, conclui-se que a mensagem de Elias vai ser levantar a “Cristo e este crucificado”. Jesus diz algo paralelo ao envio de Elias: “Agora é o juízo deste mundo; agora o príncipe deste mundo será expulso e Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim”. Isto Ele disse, significando de que morte havia de morrer” (João 12: 31-33).

QUEM É “ELIAS” HOJE, E ONDE ELE ESTÁ?
Deus honrou a fé dos judeus honestos dos dias de Cristo e enviou-lhes de “Elias”, em cumprimento da promessa de Malaquias, porque eles esperavam sinceramente que a vinda de seu Messias seria “o grande e terrível dia do Senhor”. Até mesmo os discípulos perguntaram “quem” era e “onde” o seu “Elias” estava. Jesus lhes disse para não olharem para o seu futuro; ele já tinha chegado na pessoa de João Batista (Mateus 11: 11-14).
Mas os dias de João não foram “o grande e terrível dia do Senhor”. Esse dia é agora. Portanto, podemos esperar que “Elias” venha como uma mensagem da mesma forma que a mensagem de João era o cumprimento da promessa de Malaquias.
Existe evidência bíblica de que Elias entendeu e pregou a graça de Deus, isto é, a justificação pela fé? Era ele severo, duro, sem compaixão? Sabemos disso:
1.                      Deus o enviou (1º Reis 17; 18), e “Deus é amor” (1ª João 4:8).
2.                      Sua mensagem foi destacadamente de reconciliação dos corações alienados na vida doméstica e nacional (Mal. 4:5, 6). Isso requereu “graça ilimitada”.
3.                      Sua oração no Monte Carmelo foi serena, simples, de coração e graciosa.
4.                      O “coração” do povo foi “volta de coração. . .” (1º Reis 18:37).
5.                      O que causou isso foi a aceitação por Deus do sacrifício de sangue claramente prefigurado no sacrifício de Cristo na cruz (vs. 33). Não é demais dizer: Elias pregou à nação um grande sermão na cruz naquele dia.
6.                      As pessoas responderam, acreditaram, humilharam o coração antes dessa revelação divina da graça abundante e do perdão de Deus. Mas os sacerdotes de Baal endureceram o coração contra ele; na rejeição desesperançada, crucificaram a Cristo mil vezes. Esta demonstração foi uma miniatura do julgamento no final do milênio (Apoc. 20:11-15). Executar os sacerdotes de Baal era a escolha do povo, a sua vontade unânime. Era claro: seu pecado era imperdoável.
7.                      O fruto do ministério de Elias? Reforma genuína e avivamento. E Deus o trasladou! (*num redemoinho) (2º Reis 2:11). Muito boa evidência da graça.
Vai ser a melhor notícia de que o mundo ou a Igreja já ouviu falar. Sua mensagem será a “terceira mensagem angélica em verdade”, um conceito mais claro do “evangelho eterno” compreendido desde a mensagem de Pentecostes. Mesmo Ellen Harmon não conseguiu captá-lo até depois do grande desapontamento de 22 de outubro de 1844. Quando estava em seus 60s, ela ansiosamente congratulou-se com a mensagem trazida por dois jovens, A. T. Jones e E. J. Waggoner, b na  Assembléia da Associação Geral de 1888, que foi uma compreensão mais clara da justificação pela fé, o começo do alto clamor de Apocalipse 18.
Agora, em nosso tempo, (*nossa ação deve ser) cooperar com “Elias” neste grande trabalho de proclamar ao mundo esta mensagem de “volta de coração”! Você vai encontrá-lo algum dia; você vai ficar feliz em ter trabalhado com ele.

--From the Writings of Robert J. Wieland


Notas do autor:               
1)                       Título de um artigo escrito pelo Pastor Roberto J. Wieland: “O próximo grande evento no calendário de Deus: “—A Vinda de Elias, o Profeta: Quem? Como?”;
2)                       Ellen G. White, Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, págs.467, 468; de 1890.
3)                       Ellen G. White, Carta a Uriah Smith, Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 234 e 235; 1896
Notas do tradutor:
a)     A diferença entre o Velho e o Novo Concertos (Alianças) é quem faz a promessa: No Novo Concerto é Deus quem promete, e Ele não pede que ninguém prometa nada em troca; no Velho Concerto temos promessas de homens — Êxodo 19:8, primeira parte, e 24:7, última frase. Foi um concerto de obras. Deus fez este concerto com eles simplesmente para que quando fracassassem, sentissem a necessidade de obedecerem (em Cristo) o Messias.  
b)     Temos uma lista de 374 recomendações de Elem G. White (entre 1888 e 1896) às pessoas e a mensagem daqueles dois jovens pastores. Mas, atenção, está tudo em inglês. Mesmo assim quem quiser pode nos solicitar e a mandaremos. Exceto Cristo ninguém recebeu maiores recomendações dentro da Organização Adventista do que estes dois jovens pastores.

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido.

Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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