terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Lição 4 — Conflito e crise: os juízes, por Arlene Hill



Para 16 a 23 de janeiro de 2016


O tempo dos juízes de Israel deu-se no início de sua história, depois de ter entrado na terra prometida. Quase imediatamente após a morte de Josué e a morte de sua geração, “levantou-se outra geração ... que não conhecia o Senhor, nem tampouco a obra que Ele havia feito por Israel” (Juízes 2:10, NVI). O resultado foi totalmente previsível: “Então os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, e serviram a Baal” (vs. 11). Não foi uma decisão repentina, apenas uma falha suave em ensinar a próxima geração como o Senhor os havia guiado e ensinado o Seu povo no passado.
O ciclo começou com essa negligência aparentemente insignificante. Israel seguia o seu caminho, começava a ter problemas, invocava o Senhor e Ele os livrava. Durante esse tempo, Ele levantou o que foram chamados juízes para terem acesso especial a Ele (“E o Espírito do Senhor veio sobre ele, e ele julgou a Israel,” Juízes 3:10). Durante a vida de cada juiz, Israel estava em paz, mas uma vez que o juiz morria, Israel seguia o seu próprio caminho e o ciclo novamente começava.
Nos 128 anos desde a Assembleia da Associação Geral de 1888, houve algumas semelhanças com a experiência de Israel na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Não está no escopo deste pequeno estudo traçar os paralelos, mas as pessoas atentas estão preocupadas.
O conceito de que Deus proveu “juízes” é significativo. Uma nação que aprende a respeitar o estado de direito é uma nação que age bem. Israel tinha um relacionamento de altos e baixos com respeito à lei, geralmente dependendo da existência de um juiz estar na terra. Mais uma vez percebemos que quase tudo depende da liderança. Deus parece relegado a arrastar-Se atrás de Seu povo escolhido, mas Ele ainda está no controle. Por causa das escolhas de Israel, Ele permite que nações vizinhas os oprima para que clamem por libertação. Aqui entra o relutante Gideão, cuja fé não é, aparentemente, tão forte como a dos juízes anteriores Otoniel e Débora. Gostamos de contar às crianças (com os adultos escutando) a história maravilhosamente emocionante de Gideão.
Numa das primeiras conversas que Gideão teve com Deus, o Senhor estabelece uma jóia condensada do conceito de justificação pela fé. “E disse o Senhor a Gideão: Muito é o povo que está contigo, para eu dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou” (Juízes 7: 2). Deus está tentando reiterar a lição que Israel se recusa a aprender. Eles vêem a descida para o pecado de forma leviana, como se Deus permitisse que o ciclo de “rebelião, apostasia, desastre, clamor, perdão e libertação” continuasse indefinidamente. Tudo o que tende a fazer as pessoas pensarem que conseguiram algo para Deus sem Ele não pode ser endossado por Deus. Não podemos esquecer que qualquer coisa que não é de fé é pecado. Deus não vai conduzir à tentação. Quanto mais um problema pareça impossível de se superar, mais veremos a Sua, e apenas a Sua, liderança na solução.
O ciclo de rebelião e libertação continuou por um tempo. Vários outros juízes foram levantados em ciclos de aproximadamente 40 anos. Novamente, houve paz e prosperidade, enquanto os juízes viveram. A opressão dos filisteus tinha sido permitida por 40 anos, e desta vez Deus introduz um novo conceito em seu libertador. O nascimento de Sansão é divinamente previsto, e a seus pais são dadas instruções para pô-lo de parte como um Nazireu “e ele começará a livrar Israel das mãos dos filisteus” (Juízes 13: 5). Sansão perdeu muito tempo de seu ministério assumindo a glória de seus poderes sobrenaturais. Quanto mais Deus poderia ter feito com esse homem se ele tivesse estado disposto a humilhar-se e ouvir a orientação de Deus.
A vida de Sansão é uma micro demonstração da vida corporativa de Israel. Ele conta com a paciência de Deus, e testou-a ao longo de sua vida. O estilo de ações de um “super-homem” enfurecido de Sansão não eram parte de um plano coerente para redimir Israel, mas eram mais uma demonstração circense de seus poderes (realmente de Deus). Seu último ato para libertar Israel dos filisteus também causou sua própria morte, e pouco foi feito para deter a descida à profunda apostasia.
Foi necessária a parábola viva do levita e sua concubina para levar a nação a ver a sua condição. O simbolismo do corte da mulher morta em doze pedaços e o envio disso aos líderes das tribos, foi poderoso. Eles perceberam quão responsáveis eram por afastar-se de Deus, e mereciam ser punidos por abandonar ao seu Deus e as Suas promessas. Como a história misteriosa em que Abraão corta pedaços de animais de sacrifício em Gênesis 16, Israel havia abandonado as promessas do Senhor de ser o seu Deus, uma vez que se manteve longe de Sua instrução e ensino. Finalmente, o país foi unificado o suficiente para ver o seu erro, mas ocorre rebelião da tribo de Benjamim e começa uma guerra civil. Eles salvaram a tribo, mas o verso final de Juízes oferece um triste estado de coisas: “Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que era reto aos seus olhos” (21:25);
A história de Rute é a bela resposta que o Senhor nos dá, como um raio de esperança através do lixo em que Israel se tornou. Quando as três mulheres deixaram Moabe, Noemi estava voltando para um povo sem líderes, onde todos faziam “o que era reto aos seus olhos”. Além da possibilidade de evitar a fome, a sociedade israelita provavelmente não era muito diferente do que elas experimentaram na pagã terra de Moabe. Teria sido fácil para Orfa e Rute justificarem ficar em Moabe e deixar Noemi ir, mas pelo menos para Rute, uma mudança tinha acontecido em seu coração. Ela deve ter visto algo na religião de Israel que era diferente, porque permaneceu fiel à religião de seu marido morto ao ficar com Noemi.
O que isso tem a ver com a mensagem que o Senhor nos deu em 1888? Os relatos de interação de Deus com as pessoas ao longo da Bíblia foram dados para explicar os princípios da justiça pela fé repetidos e ampliados através da experiência humana. Deus quer uma Igreja que realmente viva os princípios enunciados por Rute, que nem sequer era uma israelita. Nós, como adventistas do sétimo dia, temos que demonstrar a capacidade do Senhor em mudar o coração obstinado e rebelde, em preparação para o retorno de Cristo.
É este espírito, experimentado na vida que vai mostrar ao mundo que a mensagem da justificação pela fé não é apenas uma doutrina velha e empoeirada, mas é capaz de acelerar corações para uma vida vibrante e alegre. Que Deus escolheu trazer o Seu Filho através da descendência de Rute não pode ser coincidência. Essa descendência produziu o “herdeiro” de Deus para a raça humana através do qual todos nós renascemos “em Cristo”.
Não temos nós, como Igreja corporativa enfrentado o desafio de mostrar ao mundo a mudança de coração? Uma vez que é a mensagem final que irá resultar no retorno do Senhor quando totalmente dada, temos de responder com humildade: não, a Igreja não tem totalmente aceitado o desafio. Talvez a resposta envolva pregar a mensagem de forma mais completa. Talvez tenhamos de dizer às pessoas que a encarnação de Cristo colocou toda a humanidade nEle, por isso, o Seu nascimento, vida sem pecado, expiação universal, morte e ressurreição reescreveram a história de toda a raça humana. É esta informação vital que deve ser apresentada ao mundo para que as pessoas possam fazer a sua escolha de permanecer onde Cristo as colocou, nEle. Portanto, muito do cristianismo ensina que nascemos em algum tipo de limbo, onde temos de encontrar a Cristo por nós próprios, daí fazer as escolhas certas a fim de obter salvação. Uma variação é que já nascemos condenados e devemos fazer enormes esforços para evitar o declive escorregadio ao inferno.
Há versos que fazem parecer que esses cenários são suportados pela Escritura. Efésios 2: 1 nos descreve: “estando vós mortos em ofensas e pecados”. Pense na morte de Cristo como se estendendo para adiante e para trás no tempo. O mundo inteiro estava mergulhado na condenação e morte, quando o primeiro Adão pecou.
 “Esta sentença de morte foi dada a conhecer a Adão, logo que foi colocado no jardim do Éden, como uma advertência contra o pecado. Quando ele pecou, imediatamente ficou sob condenação, condenado a sofrer a penalidade proferida. Mas aqui entra o evangelho. O sacrifício de Cristo foi tão eficaz no dia em que Adão pecou como é hoje — ele é o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Para todos os efeitos práticos Cristo foi crucificado logo que Adão caiu, pois Deus “chama as coisas que não são como se fossem”. Cristo foi dado naquele tempo. O sacrifício da parte de Deus em dar o Seu Filho unigênito já tinha sido feito; Deus amou o mundo então, tanto quanto o fez quatro mil anos mais tarde.
 “Se não tivesse sido o fato de que Cristo foi dado para a redenção do homem, a morte teria terminado tudo para Adão e para toda a raça humana. Mas a promessa de um Redentor trazia consigo um outro tempo de graça, e assim a execução da sentença foi suspensa até que fosse visto o uso que os homens fariam desse tempo de graça. Deus determinou um dia em que há de julgar o mundo com justiça por Jesus Cristo (Atos 17:31); e até esse momento a sentença está em suspensa. Cristo a sofreu, e todos quantos O recebem, recebem a penalidade nEle, e a Sua vida responde pela deles. Mas os que rejeitam o Filho não verão a vida, mas a ira de Deus sobre eles permanecerá. Vão receber a pena em si mesmos, e, portanto, a maldição do pecado será levada a um fim, e a lei será vindicada” (E. J. Waggoner, Signs of the Times, 4 de agosto de 1890).
Assim, o sacrifício de Cristo foi eficaz a partir da data em que Deus o prometeu, assim abrangia toda a raça humana tão extensivamente quanto o pecado de Adão. Esta é a Boa Nova do Evangelho como ensinada pelos mensageiros de 1888. Ela coloca cada indivíduo solidamente no mesmo plano em que se acha a próxima pessoa. Ninguém está em desvantagem porque todos têm a mesma vantagem em virtude de sua posição em Cristo. Uma vez que tudo foi realizado por Cristo, nossas obras fluem de gratidão, não da necessidade de garantir que Deus nos ama. Deus nos deu o Seu Filho. Isso prova que Ele nos ama.


Arlene Hill

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street, Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.

ATENÇÃO: Você pode receber estas introspecções diretamente no seu e-mail, escrevendo-nos para:  agapeed2001@yahoo.com.br; 
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