Para 18 a 25 de agosto de 2018
Os paralelos entre o Concílio de Jerusalém e a
Assembleia da Associação Geral de 1888 são significativos. Ambos os eventos
foram motivados pela controvérsia sobre o que é necessário para a salvação. Os
historiadores datam o Concílio como ocorrendo em 49 d.C. ou até 51, cerca de
duas décadas depois que Cristo ascendeu ao céu, tendo antes iniciado Sua Igreja
na Terra.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia desenvolveu-se a
partir do desapontamento milerita em 1844. Por cerca de duas décadas depois de
1863, quando foi formalmente organizada. Por volta de 1864, Ellen White havia
recebido várias visões que guiaram os novos crentes a um grupo reconhecido,
embora a luz ainda estivesse se desenvolvendo. Como na Igreja cristã primitiva,
surgiram divergências e os problemas precisaram ser resolvidos para preservar a
unidade.
Jesus
havia predito que onde quer que o verdadeiro evangelho fosse pregado, causaria
divisão, mesmo dentro das famílias (ver Lucas 12: 51-53). Não
surpreendentemente, a questão em ambas as situações dizia respeito a manter as
"regras". Os humanos tendem a sentir-se hipócritas quando vêem os
outros não guardando as regras tão conscienciosamente quanto pensam.
Na Igreja cristã primitiva havia “judaizantes” que
afirmavam que, para serem salvos, os convertidos ao cristianismo precisavam ser
circuncidados “conforme o uso
(*costume) de Moisés” (Atos 15:1). Em
essência, queriam que os cristãos se tornassem uma espécie de subgrupo dos
judeus, em vez de simplesmente seguidores de Jesus. O Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia descreve esses
dissidentes como “‘judeus que não queriam ser persuadidos’. A palavra traduzida
como “incrédulo” comporta a ideia de uma descrença transformada em rebelião, e
assim descreve bem o caráter desses judeus que perseguiram a Paulo e Barnabé”.1
O fato de que eles estavam exigindo que os
conversos se tornassem circuncidados “prova o que não está claramente declarado
em outra parte das Escrituras, que Paulo e Barnabé não exigiam que seus gentios
conversos fossem circuncidados. Aqui se abre o registro da primeira grande
controvérsia na Igreja cristã”.2
“Estes apóstolos [Paulo e Barnabé] estavam no
centro da disputa, pois as exigências dos judaizantes apresentavam uma
condenação direta da obra que esses dois missionários haviam realizado. ...
Eles haviam proclamado a salvação pela fé em Cristo. Agora não podiam suportar
silenciosamente, enquanto seus conversos eram informados de que a aceitação da
graça de Deus através da fé não era suficiente, mas que os ritos externos devem
ser realizados a fim de se obter a salvação. ... O fato de que a Igreja
primitiva referiu a questão da circuncisão a um conselho dos apóstolos e
anciãos em Jerusalém é um precedente altamente significativo para a organização
da Igreja. Ela se opõe à teoria de que uma decisão final em assuntos
eclesiásticos deve ser feita por um homem agindo como um autocrata”.3 A
decisão final tomada pelos irmãos em Jerusalém aparentemente foi unânime (Atos
15:22).
Como isso faz paralelo com as Assembleias Gerais
(*da Associação Geral) realizadas no final dos anos 1880 e 1890? Como a Igreja
cristã primitiva, os adventistas do sétimo dia estavam ganhando adeptos com a
sua mensagem de que o retorno de Cristo seria em breve. Também estávamos
ensinando a importância da lei moral de Deus como padrão de vida cristã e o
papel do sábado nos últimos dias. Os evangelistas adventistas venciam
facilmente os argumentos contra a necessidade de guardar o sábado do sétimo dia
em vez do domingo. Como uma entidade reconhecida, nós nos organizamos e fomos
guiados pelas revelações especiais dadas por Deus através de Ellen White.
Paulo foi o mensageiro especial dos primeiros
cristãos por quem Deus deu revelações. Tanto os adventistas quanto a Igreja
primitiva começaram pregando o alegre evangelho da justiça pela fé em Jesus
Cristo. Ambos começaram a sofrer críticas e lutar pela supremacia vários anos
após o início de sua existência.
Ironicamente, a questão dos primeiros cristãos era
se a circuncisão devia ser exigida honrando as leis dadas por Deus através de
Moisés. A questão dos adventistas era se manter essa mesma lei era necessário
para a salvação. Ambos os grupos procuravam adicionar um ato feito pelo crente
para merecer a salvação. Em ambas as situações, os mensageiros do Senhor se
opuseram fortemente a tal perversão do evangelho, mas foram persistentemente
desafiados por aqueles que estavam promovendo suas próprias agendas.“Durante o
verão de 1884, E. J. Waggoner escreveu dez artigos sobre a lei e o evangelho e
sua relação de um para com o outro. Em seu artigo de 11 de setembro de 1894
tratou mais especificamente da lei em Gálatas e afastou-se da posição
adventista aceita de que a lei em Gálatas se referia à lei cerimonial: foi
durante o ano letivo de 1884-1885 que E. J. Waggoner começou a apresentar as
mesmas opiniões no Healdsburg College. Embora alguns ficassem satisfeitos com
os escritos e ensino de Waggoner, outros ficaram muito preocupados. Urias
Smith, editor da Review and Herald, e
G. I. Butler, Presidente da Associação Geral, foram os que mais abertamente
expressaram suas preocupações”.4
O Presidente Butler pressionou Ellen White a
resolver a questão, esperando que ela “convocasse nossos bons irmãos da revista
Sinais dos Tempos” na próxima
Assembleia da Associação Geral [de 1886] ... por seus pontos de vista de uma
“minoria” e sua “muito alardeada doutrina da justificação pela fé’”. Mais
tarde, W. C. White lembrou que “havia desejo por parte de alguns, de que os
pastores Waggoner e Jones fossem condenados sem serem ouvidos”.5
Ellen White finalmente recomendou que o assunto
fosse discutido abertamente, o que aconteceria cerca de dois anos depois, na
Assembleia da Associação Geral de 1888. Este foi um conselho sábio, mas ao
contrário do Concílio de Jerusalém, não alcançou unidade na questão. A Igreja
aceitou a mensagem discutida na Assembleia da Associação Geral de 1888?
“No entanto, a questão importante não é se a Igreja
aceitou a mensagem. Ellen White diz que “Satanás conseguiu afastá-la do nosso
povo, em grande medida” (cf. Messagens
Escolhidas, livro 1, págs. 234 e 235; 1896). A Igreja nunca teve uma
oportunidade justa de considerá-la sem distorções e sem oposição. A questão é se a liderança a aceitou”.6
Por muitos anos a nossa Igreja baseou muitos
argumentos a favor do sábado do sétimo dia sobre as exigências da lei dos Dez
Mandamentos. Raramente ouvimos pregar ou ensinar sobre o outro elemento
singular de nossa fé, que é a solução de Deus para o problema do pecado,
coletivamente chamado de “purificação do santuário”. Corremos o risco de nos
tornarmos uma denominação de assunto único, com a maioria de nossos membros
pensando que o sábado dos dez mandamentos é o único problema real da Igreja.
(Existem outras denominações que acreditam como nós em relação ao sábado e ao
estado dos mortos).
A mensagem dada em 1888 foi uma compreensão única
da mudança de coração que Deus quer dar aos que estão dispostos a consentir.
Uma vez que percebamos que a salvação é de fato um dom gratuito para nós
aceitarmos, o Espírito Santo operará em nossos corações uma purificação que
seja completa e genuína, e não por seguirmos os requisitos da guarda da lei de
Deus.
“Foi dito a Israel que construísse o tabernáculo
para o Senhor ‘habitar entre eles’
(Êxo. 25:8). Mas eles chegaram a considerar que o que realmente contava era a
realização dos diversos ritos. Essa mesma mentalidade dos judeus pode ser o
nosso perigo. Se meramente transferirmos o que eles fizeram na Terra para uma
rotina similar realizada no céu e esquecermos que o pecado é o problema,
permaneceremos sob o velho concerto sem esperança. Eles falharam em entender
que os serviços foram dados por causa do problema do pecado. Deus e o pecado
não podiam permanecer juntos. Um ou outro tinha que ser abandonado. Assim,
houve guerra no céu e assim ficou evidente que o pecado real é a vontade de
exterminar a Deus.”7
—Arlene Hill
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Notas
finais:
1)
O
Comentario Bíblico Adventista, vol. 6, pág. 295.
2) Idem pág. 305
3) Idem pág. 306
4) Ron Duffield, The
Return of the Latter Rain: (O Retorno da Chuva Serôdia) A Historical Review of Seventh-day Adventist History From 1844 Through
1891, (Uma Revisão Histórica da História da Igreja Adventista de !844 até
1891) pág. 60 (edição de 2010).
5) Idem, pág. 62
6) Robert J. Wieland e Donald K. Short, 1888 Re-examined,(1888 Re-examinado) pág.
26 (1987); enfases são do original.
7)
Donald K. Short, "Then Shall the
Sanctuary Be Cleansed," (Então o Santuário Será Purificado) pág. 49
(edição CFI de 2018); enfases são do original.
Esta
nova conveniente edição de Donald K. Short está agora disponível no sitio http://cfibookdivision.com/TSSBC/TSSBC-sales.html
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Notas:
Veja,
em inglês, o vídeo desta 7ª lição do 3º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo
Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/HUUIicc-NQQ
Esta lição em inglês está na internet
no sitio: http://1888message.org/sst.htm
_________________________________________________Biografia da autora:
A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada
da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é
professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante
Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista
do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street, Reno,
Nevada, USA, Telefone 001 XX
(775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do
seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro
de 2015, na igreja adventista Valley
Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center,
Califórnia, telefone: +001 XX 760-749-9524
Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.
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