quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Lição 14 — Algumas lições do livro de Jó, por Paul Penno



Para 24 a 31 de dezembro de 2016

À medida que nossas lições sobre Jó findam no final deste ano, o que pode ser extraído da interação de Deus com ele? Jó viveu nos dias do poder do evangelho revelado em sua fase de “luz da Lua” como revelada através de tipos e sombras no sistema de sacrifícios (Jó 42: 8). Estamos vivendo no tempo da fase de “luz solar” do evangelho revelada na purificação da verdade do santuário (Dan. 8:14). Temos um entendimento através da mensagem de 1888 de justificação pela fé que está em harmonia com a purificação do pecado por nosso Sumo Sacerdote, a fim de preparar um povo para encontrar a Cristo na Sua vinda.
Antes do início das provações de Jó, tanto Moisés como sobretudo Deus disseram ser ele “perfeito”, “reto”, temente a Deus em seu amor e que “evitava o mal” (Jó 1:1, 8; 2:3). Contudo, os comentaristas continuam a diminuir o que Deus disse sobre Jó ser “perfeito”, qualificando-o como “maturidade”.
As percepções da mensagem de 1888 nos levam a entender que a perfeição de Jó envolveu a vida sem pecado em carne pecaminosa. Em outras palavras, por sua escolha, Jó viveu a justiça pela fé. Sua fé foi tão tocada pelo amor de Deus que Jó decidiu diariamente deixar que o poder de Deus fizesse com que estivesse em harmonia com a lei de Deus
Assim, a perfeição de Jó não foi a do “perfeccionismo da carne santa”. Pelo contrário, Jó viveu justamente em carne tentada e pecaminosa, porque permitiu que Deus o livrasse momento a momento. Chama-se perfeição de caráter porque a fonte de sua perfeição é Deus. O caráter é o resultado das escolhas diárias de uma pessoa. A perfeição de Jó não derivou do próprio Jó pecador. Tornou-se a perfeição de Jó porque ele deixou que Deus fizesse isso nele. Em outras palavras, a vida sem pecado de Jó estava em carne pecaminosa.
Jó é outro exemplo de perfeição, como Enoque, da era antediluviana, que viveu a justiça pela fé e “caminhou com Deus” (Gên. 5:22, 24). Oh, sim, depois que Deus falou com Jó do turbilhão, ele confessou sua vileza e pôs a mão sobre a boca (Jó 40:4). Ele se aborreceu e se arrependeu no pó e na cinza (Jó 42:6). Mas depois de tudo dito e feito, Deus pronunciou o seu “bem feito” a Jó nestas palavras a seus amigos, “não falastes de Mim o que é certo, como Meu servo Jó” (Jó 42:7). Por meio disso, Jó nunca proferiu uma palavra pecaminosa contra Deus, como seus amigos. E “o Senhor também aceitou a Jó” (Jó 42:9). Em outras palavras, Deus justificou Jó. Ele poderia ter sido incluído na “Galeria dos Heróis da Fé” do Apóstolo Paulo, o capítulo de Hebreus 11, “pela fé Jó...”!
 “Eis que temos por bem aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó” (Tiago 5:11). Paciência é perfeição. E como é que Jó conseguiu isso? “A tribulação produz a paciência” (Romanos 5:3). Alguns pensam que teriam paciência se não tivessem provações que produzissem seu temperamento e raiva. Mas são as próprias provações na vida de alguém que produzem a paciência.
O divino exemplo de paciência de Jesus foi revelado pelas provas mais dolorosas que a humanidade jamais suportou. “Considerai, pois, Aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra Si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos” (Heb. 12:3). Devemos “considerar” Aquele que tomou nossa carne pecaminosa e “condenou o pecado na carne” (Romanos 8:3).
E. J. Waggoner (*um dos dois mensageiros de 1888, TM, 91) escreveu o seguinte: “É importante lembrar-se disto: como toda a fé que temos é dEle — ‘a fé de Jesus’ — toda a paciência é Sua. E como Sua paciência só vem pela tribulação, segue-se necessariamente que Ele assume a prova toda vez que um de Seus filhos é chamado a passar pela tribulação. O sofrimento opera aquela doce graça da paciência, porque Jesus mesmo compartilha o sofrimento, suporta a enfermidade, e sua graça toda-suficiente concede sobre o que é tentado sua própria  paciência”  (“Job's Patience” [A Paciência de Jó], The Present Truth, de 16 de Julho, 1896).
Devemos começar a fazer as perguntas certas na hora certa. E o momento certo é este tempo da purificação do santuário celestial, enquanto nosso grande Sumo Sacerdote está completando Sua obra de expiação final. Cristo deve realizar uma obra única na história humana, desde que o pecado começou. Embora nenhum filho de Deus jamais afirme ter vencido todo pecado, e embora seja igualmente verdade que não podemos julgar qualquer indivíduo presente ou passado (exceto Cristo) que o tenha vencido como Ele venceu, isso não significa que o ministério de Cristo no compartimento mais sagrado (*o santíssimo do Santuário) falhará em alcançar tais resultados. Por muito que no passado ou no presente não o tenhamos vencido, dizer que é impossível vencer o pecado através da fé no Redentor é realmente justificar e encorajar o pecado e permanecer do lado do grande inimigo.
As perguntas certas a serem feitas são: o sacrifício de Cristo como Cordeiro de Deus, e Seu ministério como grande Sumo Sacerdote é suficientemente poderoso para salvar o Seu povo de (não em) seus pecados? Ele é realmente capaz de salvar até o fim [completamente] aqueles que vêm a Deus por Ele? Será Ele verdadeiramente bem-sucedido “como fundidor e purificador de prata ... e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata; então ao Senhor trarão oferta em justiça” (Mal. 3:3)? Quando Cristo vier pela segunda vez, Ele encontrará um povo de quem honestamente pode ser dito, “Aqui está a paciência [perfeição] dos santos”? (Apo. 14:12).
Se o Senhor quiser, Ele pode criar “uma coisa nova sobre a terra”, diz Jeremias (31:22); E o que Ele quer realizar é a preparação de um povo para a segunda vinda de Cristo. Pela primeira vez na história humana, um anúncio divino é feito, “Aqui ... estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus” (Apo. 14:12). E o próximo evento é a vinda do Senhor (vs. 14).
Dizer que esses santos realmente não guardam os mandamentos, mas Deus finge que o fazem, é violar o contexto das mensagens dos três anjos. O Céu declara que essas pessoas são “são ... virgens ... seguem o Cordeiro aonde quer que vá ... na sua boca não se achou engano, porque são irrepreensíveis (*estão sem culpa) diante do trono de Deus” (vs. 4, 5). Sabemos que são pecaminosos por natureza, “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:23). Mas para que esse pronunciamento tenha algum sentido, a fé de Jesus tem operado, e eles devem ter deixado de continuar pecando. Eles venceram, assim como Cristo venceu, Apo. 3:21. É claro, por Apo. 15: 2, que este mesmo grupo obteve a vitória antes do fim do tempo de graça para os homens.
As gerações anteriores nunca foram capazes de compreender claramente a verdade da perfeição cristã sem cair nos erros do perfeccionismo, pelo fato de que a hora para a purificação do santuário celestial ainda não havia chegado. Quando chegarmos aos “dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou aos Seus servos os profetas” (Apo. 10: 7). Aqui está a contribuição especial que os adventistas do sétimo dia devem fazer para a conclusão da grande Reforma e o cumprimento da comissão do evangelho. Deve haver uma união da verdade da purificação do santuário celestial e da verdade da justificação pela fé. E é aqui que começamos a sentir o real significado da mensagem de 1888 como o Senhor enviou para Seu povo.
A mensagem de 1888 era de gloriosa esperança, livre tanto do fanatismo quanto dos erros do perfeccionismo. Ambos os mensageiros, E.J. Waggoner e A.T. Jones (*Test. Para Ministros, pág. 91), desde o início da era de 1888, eram claros e enfáticos de que a vida sem pecado é possível, que o povo de Deus pode vencer tal como Cristo venceu e que a chave para esta possibilidade gloriosa está na fé do Seu povo, no ministério do sumo sacerdote no Santíssimo do Santuário celestial.
Paul Penno
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Notas:           
O video do Pr. Paulo Peno desta lição está, em inglês, na Internet em https://youtu.be/jZJHvE_G1RA
Os textos bíblicos são da Edição Almeida Corrigida e Revisada, Fiel ao Texto Original e os colocamos em itálico.
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Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 42 anos e foi jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
    Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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