Para 3 a 10 de dezembro de 2016
Em nosso estudo desta semana, gostaríamos de nos concentrar na lição de
quinta-feira, “Arrependendo-se no pó e na cinza”. O autor da nossa lição faz a
declaração de que Jó, depois de ter-se “chocado pelo que Deus lhe havia
mostrado”, “viu a si mesmo segundo o que realmente era, ... detestando-se e
arrependendo-se no pó e na cinza”.
Ellen White escreveu: “’O Senhor respondeu a Jó dum redemoinho’ (Jó 38:
1), e revelou ao Seu servo a força do Seu poder. Quando Jó teve um vislumbre do
seu Criador, abominou-se a si mesmo e se arrependeu no pó e na cinza. Então o
Senhor pôde abençoá-lo abundantemente, e fazer os seus últimos dias os melhores
de sua vida”.1 Isso nos
faz lembrar uma declaração semelhante com referência ao Seu povo nos tempos
modernos:
“A menos que se arrependa e se
converta, a Igreja que está agora a levedar-se com sua apostasia, comerá do
fruto de seus próprios atos, até que se aborreça por si mesma. Quando resistir
ao mal e escolher o bem, quando buscar a Deus, com toda a humildade, e alcançar
sua alta vocação em Cristo, permanecendo na plataforma da verdade eterna, e
pela fé lançar mão dos dons que para ela se acham preparados, então será
curada. Aparecerá então na simplicidade e pureza que Deus lhe deu, separada de
embaraços terrenos, mostrando que a verdade com efeito a libertou. Então seus
membros serão na verdade os escolhidos de Deus, os Seus representantes”.2
Ellet J. Waggoner, um dos “mensageiros” de 1888,
escreveu que “onde quer que no Velho Testamento se fale de alguém sendo
quebrantado pelo Senhor, encontramos em associação com isso arrependimento,
submissão ou amargura de alma, pó e cinza. Quando se humilharam perante o Senhor,
puseram poeira sobre as suas cabeças, e o que significa isto: ‘Eu não sou nada
mais do que pó’. No Salmo penitencial 51, é dito perto do seu fim: ‘Os sacrifícios para Deus são o espírito
quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus’. A palavra ‘contrito’ significa ser esfregado até que se torne pó, pois o
Senhor não despreza o pó, porque pode fazer muito com ele, e um bom trabalhador
não despreza o seu material. Pó é algo que o Senhor toma para fazer tudo: do pó
Ele fez crescer todas as coisas, e do pó fez o homem para governar as obras das
Suas mãos, por isso o Senhor não despreza o pó”.3
Poderia esta “história” do Velho Testamento e dos escritos de Ellen G.
White e de um dos “mensageiros” de Deus ser-nos pertinentes, vivendo nos
“últimos dias”?
Com muito destaque na mensagem de 1888 acha-se a ideia de deixar de
resistir ao nosso Senhor. Ellen White a captou. Só depois da Assembleia de 1888
ela declarou claramente: “Poderá o pecador resistir a esse amor, poderá recusar-se
a ser atraído para Cristo. Se, porém, não
se opuser, será levado para Ele ... arrependido de seus pecados”.4 Nisto está a essência da purificação do santuário!
A ideia de purificação do santuário de 1888 transmite uma nova motivação
para seguir a Cristo. A verdade do Ágape
fornece a força — “o Ágape de Cristo nos
constrange” (2ª Cor. 5:14). O temor do “juízo investigativo” é “expulso”.
Isso é parte do cósmico Dia da Expiação — um tempo para a final união com
Cristo. Isso livra do medo tanto quanto Ele mesmo foi liberto do medo em Sua
vida terrena.
A verdade do Santuário conduz diretamente à Noiva de Cristo se
preparando. Essa “unicidade” é adicionalmente delineada na Escritura como um
desenvolvimento que nunca ocorreu em toda a história passada: “vindas são as bodas do Cordeiro e já Sua
esposa se preparou”. Uma bênção especial é pronunciada sobre aqueles que
são convidados “às bodas do Cordeiro”
(Apoc. 19:6-9). Como indivíduos, todos (incluindo os dos últimos dias) são
“convidados às bodas”. Mas como um corpo corporativo, a Igreja do grande Dia da
Expiação se torna a Noiva de Cristo.
Para que a Noiva “se prepare” para as “bodas do Cordeiro”, ela deve
acolher a revelação de sua verdadeira necessidade. A Noiva é uma unidade
corporativa, portanto, o seu arrependimento é um arrependimento corporativo.
Tal arrependimento não é apenas tristeza pelo
pecado e seus resultados, mas um verdadeiro aborrecimento dele. Produz um
afastamento real do pecado. A lei nunca pode fazer isso por ninguém; o milagre
é administrado pela graça. “A lei produz
a ira”, transmitindo apenas um terror de julgamento, mas a graça opera um
arrependimento que faz com que as “coisas
velhas” passem; “Eis que tudo se fez
novo” (Rom. 4:15, 2ª Cor. 5:17). O pecado que já foi amado é agora odiado,
e a justiça que uma vez foi odiada agora é amada. “a
benignidade de Deus te leva ao arrependimento” (Rom. 2:4).
Longe de ser uma experiência negativa, tal arrependimento é o fundamento
de toda alegria verdadeira. Como cada crédito deve ter um débito correspondente
para equilibrar os livros, para que os sorrisos e felicidade da vida sejam
significativos, devem ser fundamentados sobre as lágrimas de Outro sobre quem
foi colocado “o castigo da nossa paz” e
com cujas “pisaduras fomos sarados”
(Isa. 53:5). O arrependimento não se trata de nossas lágrimas e tristezas
equilibrando os livros da vida; é a nossa apreciação do que Lhe custou suportar
as nossas enfermidades e levar sobre Si as nossas dores (Isa. 53: 4).
Ellen White diz: “A cada passo avançado na
experiência cristã, nosso arrependimento se aprofundará, e isso é para aqueles
a quem o Senhor perdoou, aos que Ele reconhece como Seu povo, e Ele diz: ‘Então
vos lembrareis dos vossos maus caminhos, e dos vossos feitos, que não foram
bons; e tereis nojo em vós mesmos das vossas iniquidades e das vossas abominações’ (Eze. 36:31)”.5
Um arrependimento como este está além de nossa capacidade de criar ou
iniciar. Deve vir como um presente de cima. Deus exaltou a Cristo “para dar a Israel o arrependimento”
(Atos 5:31). E aos gentios também Ele “deu
arrependimento para a vida” (Atos 11:18). Ele é menos generoso conosco
hoje? Tal experiência parece quase totalmente fora de lugar nestes últimos
dias. Uma Igreja sofisticada pode recebê-la?
O arrependimento de Laodiceia descerá às raízes mais profundas dessa
“inimizade natural contra Deus”. Esta
fase mais profunda do arrependimento é o arrependimento de pecados que não
podemos ter cometido pessoalmente, mas que teríamos cometido se tivéssemos a
oportunidade.6 A raiz
de todo pecado, seu denominador comum, é a crucificação de Cristo. Um
arrependimento para este pecado é apropriado porque os livros do céu já
registram esse pecado escrito contra nossos nomes.
O apelo a Laodiceia para o arrependimento é a essência da mensagem da
justiça de Cristo. Qualquer que seja o pecado de que as outras pessoas são
culpadas, elas obviamente tiveram a “oportunidade” de cometê-los; de alguma
forma as tentações foram-lhes dominantes. A percepção mais profunda que o
Espírito Santo nos traz é que, por natureza, não somos melhores do que os
outros. A justiça de Cristo nos é 100% imputada; nós não temos nem 1 por cento
que é nosso por natureza. Quando a Escritura diz que “todos pecaram”, significa, como a Bíblia Nova traduz, “todos igualmente pecaram” (Romanos
3:23). Cavando bem em baixo para arrancar fora as raízes – essa é agora
“verdade presente”.
Não há maneira por que possamos apreciar as alturas da gloriosa justiça
de Cristo até que estejamos dispostos a reconhecer as profundezas de nossa
própria pecaminosidade. Uma confissão de pecado que só arranhe a superfície
pode produzir apenas um perdão superfícial ou de verniz. E isso, naturalmente,
produz a mornidão espiritual.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem algo de que se arrepender no “pó e
cinza”? Sim, Ellen White escreve: “Sobre
todos repousa a culpa de crucificar o Filho de Deus”.7
- Dos escritos de Robert J. Wieland
Notas:
1) Ellen G. White, Profetas e Reis, pág. 164;
2) Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 8,
págs. 250 e 251;
3) Ellet J. Waggoner, "Estudos do Livro de Hebreus, Nº 5," 14 de fevereiro de
1897;
4)
Ellen G. White, Caminho a Cristo, pág. 27;
5) Ellen G. White, Parábolas de Jesus,
págs. 160, 161.
6) Comentário de Ellen G. White no vol. 5 do Comentário Bíblico Adventista, pág. 1085
(Originalmente em Signs of the Times, de 31 de julho de
1901).
7) Ellen G. White, O Desejado de Todas as
Nações, pág. 745.
Notas:
O
vídeo, em inglês, do Pastor Paul Penno sobre esta lição, gravada com um sábado
de antecedência,
está na
Internet em: https://youtu.be/rWjQaImAJPw
Esta
introspecção, em inglês, está na Internet, acesse: http://1888mpm.org
Depois, clique em SABBATH SCHOOL TODAY / Outline,
2016 / 4th quarter / The book of Jobe.
Biografia
O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor
adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor
de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a
África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua
morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era
atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na
África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, pediram à Conferência Geral
que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888.
38 anos depois, em 1988, a Conferência
Geral atendeu o pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes
com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888.
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