Para 14 a 21 de novembro de
2015
“Por centenas de anos após a morte
de Salomão, uma visão estranha e melancólica poderia ser percebida em frente do
Monte Moriá. Coroando o ponto mais alto do Monte das Oliveiras, e olhando por
cima dos bosques de árvores de murta e oliveiras, havia imponentes edifícios
para o culto idólatra de gigantescas imagens de madeira e pedra. ... Mal sabia Salomão que quando ele construiu
santuários profanos no monte diante de Jerusalém, essas evidências de sua
apostasia permaneceriam de geração em geração para testemunhar contra ele. Não
obstante o seu arrependimento, o mal que ele fez perdurou após ele,
testemunhando da queda terrível do maior e mais sábio dos reis.
“Mais de três séculos mais tarde, Josias, o
reformador jovem, demoliu, em seu zelo religioso, aqueles edifícios e todas as
imagens de Astarote e Quemós e Moloque. Muitos dos fragmentos partidos rolaram
pelo canal do Cedrom, mas grandes massas de ruínas permaneceram . Até mesmo nos
dias de Cristo, as ruínas no ‘Monte das Ofensas’, como o lugar era chamado por
muitos dos que eram de coração sincero em Israel, ainda podiam ser vistas.
Pudesse Salomão, quando erguendo esses santuários idólatras, ter contemplado o
futuro, recuaria em horror ao pensar no triste testemunho que dariam do
Messias!
“Quão triste é o pensamento de que a
influência de longo alcance da apostasia de Salomão nunca poderia ser
totalmente neutralizada. O rei confessou os seus pecados, e redigiu, para
benefício de gerações posteriores, um registro de sua loucura e arrependimento.
Mas ele nunca poderia esperar destruir a influência nefasta de suas más obras.
Encorajado por sua apostasia, muitos continuaram a fazer o mal, e só o mal. E o
percurso descendente de muitos dos governantes que o sucederam pode ser
atribuído à triste influência da prostituição dos seus poderes concedidos por
Deus” (Ellen G. White, Review and Herald,
15 de fevereiro de 1906).
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O que há no relato das “reformas de
Josias”, ocorridas ao tempo dos reis da época do Velho Testamento, que pode
possivelmente se relacionar com a mensagem de 1888? E com a Igreja Adventista
do Sétimo Dia (nós) hoje?
Há uma palavra que se destaca na
citação acima de Ellen White, e na história como discutido na lição: arrependimento!
Moisés clamou a
sucessivas gerações para reconhecer e confessar sua culpa corporativa com “seus
pais”: “E confessarão a sua iniquidade, e a
iniquidade de seus pais, com as suas transgressões com que transgrediram
contra Mim; como também eles andaram contrariamente para comigo. Eu também andei
para com eles contrariamente, e os fiz entrar na erra de seus inimigos; se
então o seu coração incircunciso se humilhar, e então tomarem por bem o castigo
de sua iniquidade ... Por amor deles Me lembrarei da aliança com os seus
antepassados, que tirei da terra do Egito” (Lev. 26:40, 41 e 45. Leia do vs. 3
até 45). Eles deviam explicitamente confessar a
sua iniquidade, e a iniquidade de seus pais (vs.40).
* O Pr. Wieland
está tentando mostrar através deste texto que a culpa corporativa e arrependimento corporativo não são conceitos “novos”.
A sentença, "Eles deviam, explicitamente,
confessar a sua iniquidade, e a iniquidade de seus pais"
fortalece o fato de que este conceito remonta ao tempo de Moisés.
Gerações sucessivas muitas vezes
reconheceram a verdade deste princípio. O rei Josias, procurando promover
arrependimento corporativo no seu tempo, confessou que “grande é o furor do Senhor, que se acendeu contra nós, porquanto nossos pais não deram ouvidos às palavras
deste livro, para fazerem conforme tudo o que está escrito a nosso respeito” (2º
Reis 22:13). Ele não disse nada sobre a culpa de sua própria geração por ver de
forma tão clara o seu envolvimento com a culpa de gerações anteriores. O
escritor do livro de Crônicas concorda com esta confissão de culpa corporativa
(2º Crô. 34:21).
O zelo deste jovem rei para com o
Senhor era ilimitado. Mais uma vez, em profunda piedade ele procurou renovar a
antiga aliança (*o velho concerto): “Ele
fez todos os que se achavam em Jerusalém e em Benjamim [tomassem a sua
posição por ela]” (2º Crô. 34: 31, 32).
O reavivamento e reforma do rei
Josias teve por base levar todas as pessoas a fazerem uma promessa a Deus de
que “cumpririam” os “Seus mandamentos”. Lemos: “E o rei se pôs em pé junto à coluna, e
fez a aliança perante o Senhor, para seguirem o Senhor, e guardarem os seus
mandamentos, os seus testemunhos e os seus estatutos, com todo o coração e com
toda a alma, confirmando as palavras desta aliança, que estavam escritas
naquele livro; e todo o povo apoiou esta aliança” (2º Reis 23: 3).
Podemos estar inclinados a pensar
que foi uma coisa boa. Mas é essencialmente o mesmo erro que seus antepassados
cometeram quando Deus lhes deu a Sua promessa de eterna aliança no Monte Sinai.
A aliança de Deus foi a mesma que fizera com Abraão.
A justificação pela fé de Abraão era
para ter sido o guia da missão mundial de uma nação. “Em ti serão benditas todas as famílias da terra”, o Senhor
prometeu (Gên. 12:3). Abraão não fez nenhuma promessa em troca; tudo quanto fez
foi acreditar na promessa do Senhor (Gên. 15:6). Essa promessa de Deus era a
nova aliança (*o novo concerto).
Antes da promulgação da lei no Sinai
com os “trovões, e relâmpagos”, terremoto,
fogo e os limites da morte, o Senhor tentou restabelecer o mesmo novo pacto com
os descendentes de Abraão: “Se
diligentemente ouvirdes a Minha voz, e guardares a Minha aliança [Sua
promessa da nova aliança com Abraão], então
sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos” (Êxo. 19: 5).1 Dentre todas
as nações do mundo, eles deviam ser “a
cabeça e não a cauda” (Deut. 28:13). Mas o Monte Sinai foi o ponto de
retorno no destino da nação, pois recusaram a nova aliança do Senhor da
justificação pela fé. Em vez de humildemente dizerem “Amém” à promessa de Deus
como Abraão fez (a palavra hebraica para “acreditar” é amém), o povo prometeu
um programa de obras de obediência, “Tudo
o que o Senhor tem falado, faremos” (Êxo. 19:8), (*“e obedeceremos”, 24:7). Essa era a antiga aliança (*o velho
concerto, promessas de homens). A nação envolveu-se num longo desvio que
finalmente a levou ao terrível ato da crucificação de Cristo.
Deus disse a Josias através da
profetisa Hulda o que Ele apreciava nele: “Porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste
perante o Senhor, quando ouviste o que falei contra este lugar, e contra os
seus moradores, que seria para assolação e para maldição, e que rasgaste as
tuas vestes, e choraste perante mim” (2º
Reis 22:19). Já dá para perceber o que motivou o arrependimento de Josias.
Foram as palavras de Deus contra Judá e a maldição da desolação. A fé de Josias
foi motivada pelo temor do que Deus havia previsto que cairia sobre eles. Esta
motivação de medo era antiga aliança (*o velho concerto) do começo ao fim. Essa
fé baseada no medo nunca poderia produzir uma reconciliação de coração, uma
harmonia com o plano divino.
Hulda profetizou a morte precoce de
Josias. Deus falando através dela, disse: “Eis,
portanto, que eu te recolherei a teus pais, e tu serás recolhido em paz à tua
sepultura; e os teus olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este lugar”
(vs. 20). Josias praticou todos os tipos de mudanças exteriores de reforma.
Deus apreciou os seus esforços. Mas as mudanças foram apenas de natureza
cosmética. Nem o coração do rei, nem o do povo experimentou a fé genuína, que é
uma apreciação de coração por Deus tê-los amado e Se dado por sua salvação do
pecado.
Apesar de manter tal devoção ao
Espírito de Profecia escrito, Josias conseguiu rejeitar a sua demonstração
viva. O problema foi que o “dom espiritual” renovado veio pela forma mais
improvável que o rei ou o povo pudessem imaginar — da boca de um rei
supostamente pagão!
Faraó Neco do Egito estava
conduzindo o seu exército em oposição ao poder crescente de Babilônia. Josias
pensou que era seu dever atacá-lo. (*Afinal de contar) não dissera Moisés no
Espírito de Profecia que Israel se opusesse aos
pagãos? Mas o rei zeloso não podia discernir como Neco estava a serviço
de Deus. Ele alertou Josias, “guarda-te de te opores a Deus, que é comigo, para que Ele
não te destrua” (2º
Crô. 35:21). O cronista
diz que o rei “não deu ouvidos às
palavras de Neco, que saíram da boca de Deus”. O Senhor foi forçado a
deixar o jovem rei morrer de seus ferimentos de batalha (v. 22-24). Jeremias
ficou de coração partido pelo reavivamento de Josias extinguir-se com a sua
morte prematura. A partir de
então, foi tudo morro abaixo.
Como Josias, seria possível que nós,
como adventistas do sétimo dia, pensemos ser super-fiéis ao “Espírito de
Profecia” ao mesmo tempo em que rejeitamos a sua demonstração viva? Isso
aconteceu em 1888; nossos irmãos foram repetindo o “filme” de Josias. Ao
rejeitar a “mui (*sic) preciosa
mensagem” “enviada do céu” eles imaginavam que estavam sendo fiéis a antigos
escritos de Ellen White, pondo de lado a mensagem viva do Senhor.2 (*Veja também Testemunhos
para Ministros, págs. 91
em diante).
Será que estamos repetindo
revivamentos e reformas da antiga aliança (*do velho concerto) de Israel?
Reflexão séria força uma resposta: como uma corporação somos tão mornos agora
como estávamos mais de um século atrás. Quando “nós” “em elevado grau” e “em
grande medida” rejeitamos a “mui (*sic)
preciosa” nova verdade da aliança que veio na época de 1888, “nós” nos
trancamos em “muitos anos mais” de um desvio de uma aliança antiga como
certamente fez Israel no Sinai.3
A experiência de fé da nova aliança
foi o principal enfoque da oposição da liderança à mensagem de 1888. Enquanto
se opuseram aos “mensageiros”, A. T. Jones e E. J. Waggoner, realmente
preferiram os elementos essenciais da antiga aliança. A Ellen White foi
mostrado em visão que esses líderes reverenciados estavam perdendo tempo
tentando incitar uma opinião diferente da de Waggoner, porque ela estava
“demonstrando” que ele estava certo.4
Ideias da Antiga Aliança continuaram
a predominar em nossa experiência. Nossos reavivamentos e reformas seguiram o
padrão dos de Israel. Ainda não temos como Igreja verdadeiramente recuperado a
nova aliança que “nós” em grande parte rejeitamos um século atrás.
No grande dia final da expiação,
todas as falhas do antigo Judá e Israel devem e vão finalmente ser corrigidas
num arrependimento de todos os tempos. Jesus diz: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo, sê pois zeloso, e
arrepende-te” (Apo. 3:19).
Existe alguma razão especial por que
nosso Senhor chama a “Igreja remanescente” a arrepender-se? É fácil supor que
somente as igrejas falsas ou apóstatas precisam se arrepender. Quanto mais
convencidos somos de que uma certa denominação representa a verdadeira “Igreja
remanescente” da profecia bíblica mais perplexos ficamos em entender como ela
precisa seriamente de uma experiência de arrependimento. Mas sua única esperança reside em tal
possibilidade.
O pecado fundamental de toda a
humanidade é o ódio e rejeição de Cristo, que se manifestou na Sua
crucificação. O arrependimento por esse pecado é onde o milagre da expiação
ocorre. A nossa história de 1888 ilustra esta verdade, e a mensageira inspirada
do Senhor foi rápida em discernir o seu significado. A Assembleia de 1888 foi
um calvário em miniatura. Proporcionou uma demonstração pública do mesmo
espírito de descrença e ódio da justiça de Deus que inspirou os judeus a
assassinarem o Filho de Deus. (*Veja Mensagens
Escolhidas, vol. 1, págs. 234, último parágrafo, e 235 primeiro parágrafo).
Ellen White explica por que
precisamos nos arrepender, e como nos relacionamos com o “antigo povo” de Deus:
“Se com toda a luz que brilhava sobre o Seu
povo antigo traçado diante de nós, viajarmos sobre o mesmo terreno,
valorizarmos o mesmo espírito, nos recusarmos a receber a repreensão e
advertência, então nossa culpa será grandemente aumentada, e a condenação que
caiu sobre eles cairá sobre nós, só que será tanto maior quanto a nossa luz é
maior nesta época do que foi a sua luz em sua época”.5
“Todo o universo do céu testemunhou o
tratamento vergonhoso de Jesus Cristo, representado pelo Espírito Santo [na
Assembleia de 1888]. Se Cristo estivesse perante eles, [os líderes] O teriam
tratado de uma forma semelhante àquela em que os judeus trataram a Cristo”.6
Homens que professam piedade
desprezaram a Cristo na pessoa de Seus mensageiros [E. J. Waggoner e A. T.
Jones]. Como os judeus, eles rejeitam a mensagem de Deus”.7 (*Referindo-se a estes dois jovens mensageiros
ela diz mais: “Se rejeitardes os mensageiros delegados por Cristo, rejeitais a
Cristo” Testemunhos para ministros, pág.
97, no meio do último parágrafo).
Ela acreditava que a Igreja
Adventista do Sétimo Dia é a verdadeira “Igreja remanescente” da profecia
bíblica, encarregada da proclamação ao mundo da última mensagem de misericórdia
do evangelho de Deus; e que o arrependimento e a humildade de coração diante de
Deus seriam a única resposta apropriada que “nós” podemos dar para permitir ao
Céu derramar a plenitude do Espírito Santo para a realização da tarefa.
A nossa história denominacional é,
de fato, um contínuo apelo ao arrependimento. O arrependimento a que Cristo
chama está começando a ser realizado. Quando um membro de uma congregação cai
em pecado, um pouco de reflexão pode convencer muitos membros de que partilham
em sua culpa. Se tivéssemos sido mais alerta, mais bondosos, mais prontos para
falar “uma boa palavra ao que está
cansado”, mais eficazes em comunicar a verdade pura e poderosa do
evangelho, poderíamos ter salvado o membro errante de cair. Portanto, é
encorajador acreditar que dentro desta geração um grande senso de
preocupação amorosa pode ser obtido em escala mundial. Com “a mente de Cristo”, um laço de simpatia e companheirismo está
estabelecido “nEle.” Este
milagre irá seguir as leis de graça.
Essa experiência vai transformar a
Igreja em um dínamo do amor. É plano de Deus que nenhuma igreja terá capacidade
de assento para os pecadores convertidos que vão querer entrar nela. Arrependimento
corporativo e denominacional é toda a Igreja experimentando o amor semelhante
ao de Cristo e empatia para com todos por quem Ele morreu.
“É chegado o tempo de realizar uma reforma
completa. Quando esta reforma começar, o espírito de oração atuará em cada
crente e banirá da Igreja o espírito de discórdia e luta. ... Todos estarão em
harmonia com a mente do Espírito”.8
—Extraido dos escritos de Robert J. Wieland
Notas:
1) A
palavra hebráica geralmente traduzida por “obedece” significa “ouça” (shamea).
A palavra traduzida “guarde” neste texto é shamar, que em Gênesis 2:15 significa
“apreciar,” entesourar, honrar sobremaneira, mas não explicitamente “obedecer”.
2) Veja,
por exemplo, as cartas de Urias Smith e G;I; Butler a Ellen G. White, de 17 de
fevereiro de 1890, e 24 de setembro de 1892, respectivamente Manuscripts
and Memories of Minneapolis 1888, (Manuscritos e Memórias de
Mineapolis, em 1888), págs. 152-157 e
206-212). O Senhor não somente enviou “profetas” a Israel, mas também
“mensageiros” (2º Crônicas 36: 16, Versão do Rei Tiago, King James version; e,
em português na Almeida, edição Contemporânea, e outras);
3) Veja a
carta 184, de Ellen G. White, 1901; e Evangelismo
pág. 696;
4) Veja as cartas de Ellen G. White: 30 e 59 de 1890;
5) E. G. White, Review and Herald, de 11 de abril de 1893;
6) E. G. White, Special Testimonies, Serie A, nº. 6, pág.
20;
7) E. G.
White, Fundamentos da Educação Cristã, pág. 472;
8) E. G.
White, Testemunhos para a Igreja, vol. 8, pág. 251.
O
irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário
na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor
editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo
na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95
anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é
autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o
pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos
Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que
fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de
Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de
Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência
Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes
com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido
até hoje não foi o mesmo ainda atendido.
Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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