sexta-feira, 26 de março de 2010

Lição 13 — A Essência do Caráter Cristão, pelo Pr. Jerry Finneman

A lista de nove itens do fruto do Espírito, em Gálatas 5:22-21, é a mais bem conhecida relação de traços de caráter. Outras listas encontram-se em passagens como Col. 3:12-16, Efé. 4:2-3, 32, Tiago 3:17 e 2ª Pe. 1:5-7. Todas estas listas são importantes para a nossa compreensão do que constitui um caráter piedoso. O amor é a maior manifestação do caráter de Deus, que é amor. E a descrição mais simples e mais profunda de um caráter divino da mesma forma é amor.

Um caráter piedoso é o resultado do novo nascimento, outro termo para justificação pela fé. A obra de Deus em trazer fé justificadora, lança nossa glória no pó e em seguida, constrói dentro de nós um caráter à semelhança de Cristo (Rom. 8:29). Um caráter como o de Cristo é a justiça de Cristo entrelaçada com o caráter e a vida do crente. Ao ele permanece em Cristo, o crente anda como Jesus andou. Quanto mais ele anda com Cristo, mais completamente refletirá o caráter de Cristo. Isto será observado e comentado por outros. E, entretanto, aquele em quem Deus está operando essa mudança e crescimento do caráter, pode não estar ciente do que os outros observam.

Ao alguém se assemelhar ao caráter de Cristo mais de perto, a sua opinião de si mesmo torna-se mais humilde. Exemplos disto podem ser vistos nas experiências de Moisés, Paulo e João Batista. Moisés não sabia que sua face brilhava com o brilho refletido da glória de Deus. O brilho foi doloroso e até mesmo assustador para aqueles que não tinham comunhão com Deus como Moisés ao conversar com Ele. O manso, suave e humilde Moisés, não sabia que ele brilhou com a glória de Deus refletida. (Ex. 34:29-35).

Paulo tinha sido altamente honrado por Deus, mas a sua atitude humilde de si mesmo é revelada nas seguintes palavras: "Não que eu já tenha alcançado, ou que seja perfeito" (Filipenses 3:12). Ele falou de si mesmo como o principal dos pecadores (1ª Tim 1:15).

O testemunho do Batista foi semelhante ao de Paulo. Jesus disse que João era o maior dos profetas, enquanto a sua opinião de si mesmo era que ele não era digno de desatar as sandálias de seu Mestre (João 1:27). Ele disse que Jesus "deve crescer", enquanto ele "devia diminuir" (João 3:30).

Aqueles homens sentiram a sua grande necessidade do sangue expiatório de Cristo e da graça santificadora do seu Espírito. Assim será com todos os que experimentarem a obra do Espírito dentro da mente e do coração. O fruto do Espírito é o caráter de Cristo — Sua justiça — reproduzida apenas naqueles que são "nascidos de novo".

Aqueles em quem o fruto do Espírito cresce, vão, em princípio, ser firmes e destemidos no dever. Eles serão zelosamente piedosos pela causa de Deus. E, entretanto, serão humildes. A mansidão de Jesus será visto em ternura, com paciência para com todos. Eles estarão prontos e ansiosos para perdoar aqueles que os atacam com rancor. Esse é o resultado de terem estado com Jesus e sido ensinados por Ele.

O fruto do Espírito é também visto na atitude dos que servem a Deus e são reprovados por Ele se pecam em julgar, falar ou agir. Arrependimento para com Deus e fé em Jesus seguir-se-á à repreensão Divina.

Deus, às vezes, nos permite passar por provações que tornam manifesta as nossas fraquezas individuais e defeitos de caráter. Assim, oportunidade nos é dada para a troca da nossa fraqueza pela força de Cristo. Erros provarão ser uma grande bênção para aqueles que irão humildemente aceitar reprovação seguida de sincero arrependimento. Essa foi a experiência de Jones e Waggoner, no início, quando repreendidos pelo Espírito Santo de profecia. Em uma carta, de Ellen White para os irmãos Waggoner e Jones, em Fevereiro de 1887, ela os advertiu sobre como dar destaque a diferenças doutrinárias dentro da sala de aula e em artigos na (*revista adventista) "The Signs of the Times". As diferenças envolviam, “a lei acrescentada” de Gal. 3: 19. (Ver Carta 37, de 18 de fevereiro de 1887, que está xerocopiada na coletânea de Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 1, págs. 21-31).

A atitude de ambos, Jones e Waggoner, é revelada em sua graciosa aceitação da reprovação de Deus. Eles manifestaram fé e arrependimento sincero. Jones escreveu:

Vossa carta para mim e o irmão E. J. Waggoner, chegou-me há três dias. Eu a li cuidadosamente três ou quatro vezes, e já a enviei para ele. Da minha parte, agradeço ao Senhor por Sua bondade em me mostrar o que fiz de errado, e deverei tentar seriamente tirar proveito deste testemunho. Lamento realmente que eu tenha tido qualquer parte em qualquer coisa que tenderia a criar a cisão ou a prejudicar, de alguma forma, a causa de Deus. E eu deverei ser particularmente cauteloso no futuro. (Carta de A.T. Jones escrita em 13 de março de 1887 a Ellen White, e que se encontra na obra Manuscritos e Memórias de Minneapolis, pág. 66).

Em um tom semelhante Waggoner igualmente escreveu:

Li o depoimento várias vezes, com muito cuidado, e quanto mais eu o leio, mais me convenço de que foi oportuno e necessário. Foi-me possível ver algumas coisas no meu coração de que eu não estava consciente. Eu pensava que, o que eu tinha dito e escrito, foi impulsionado por nada mais que motivos puros e amor à verdade, mas (*agora) eu posso ver claramente que houve muito amor próprio envolvido. Posso ver como eu realmente prejudiquei o avanço da verdade, quando eu achava que a estava impulsionando .... Ao eu me humilhar diante de Deus, Ele ouviu a minha oração, e me deu uma medida de paz maior da que eu já havia experimentado. Mais uma vez, agradeço a Deus pelo testemunho de seu Espírito. A prova mais forte para mim quanto à autenticidade deste testemunho é que ele me mostrou (*a atitude do) meu coração a um ponto em que não poderia ser conhecido por qualquer um senão por Deus ....

Meu erro foi ter sido demasiado afoito em divulgar pontos de vista que poderiam suscitar controvérsia. Acho que aprendi uma lição que não vou esquecer. Eu espero e oro para que não (*esqueça) ....

Estou determinado, com a ajuda do Senhor, que meus escritos sejam mais caracterizados pelo amor de Deus. Eu oro para que esta repreensão do Senhor possa, de fato, continuar operando em mim o pacífico fruto de justiça. Eu posso em verdade falar, que eu não acaricio o menor sentimento de qualquer má sensação para com qualquer um dos meus irmãos. (E. J. Waggoner, carta escrita em 1º de abril de 1887 a Ellen White, Manuscritos e Memórias de Minneapolis, pág. 71).

Para concluir: Nesta lição aprendemos que um caráter piedoso, ou semelhante ao de Cristo, é o amor e a justiça de Cristo entrelaçada com nossa vida e caráter e manifestado na humildade de atitude, especialmente quando reprovadas.

Jerry Finneman

O irmão Geraldo L. Finneman é um pastor adventista, já tendo atuado nos estados de Michigan, Pensilvânia e Califórnia nos EUA. Ele prepara materiais para encontros evangelísticos, incorporados com os conceitos das Boas-Novas da Mensagem de 1888 de Justificação pela fé. Além de pastor da IASD ele também já foi presidente do Comitê de Estudos da Mensagem de 1888. Já há alguns anos não me encontro com ele, mas me parece que, devido à idade, está para, ou, já se aposentou, mas ouvi dizer que continua trabalhando por boa parte do dia, atualmente na área de Battle Creek, a cidade que abrigava antiga sede da igreja. Há um excelente livro escrito por ele, "Christ in the Psalms” [Cristo nos Salmos], infelizmente não está traduzido para o português.