domingo, 8 de agosto de 2010

O Concerto Eterno, Capítulo 21

O Concerto Eterno, Capítulo 21
[156]

AS PROMESSAS A ISRAEL

A Libertação Final

“Soai bem alto os tamborins sobre o escuro mar do Egito;

Jeová triunfou; Seu povo está livre”[1].

Leiamos o relato rapidamente, como registrado pela inspiração. “E aconteceu que à meia-noite o Senhor feriu todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, que se assentava em seu trono, até o primogênito do cativo que estava no cárcere, e todos os primogênitos dos animais.

E Faraó levantou-se de noite, ele e todos os seus servos, e todos os egípcios; e havia grande clamor no Egito, porque não havia casa em que não houvesse um morto. E ele chamou Moisés e Arão de noite, e disse: Levantai-vos, saí­ do meio do meu povo, tanto vós como os filhos de Israel; e ide servir ao Senhor, como tendes dito. Levai também convosco os vossos rebanhos e o vosso gado, como tendes dito; e ide, e abençoai-me também a mim. E os egípcios apertavam ao povo, apressando-se por lançá-los da terra; porque diziam: Todos seremos mortos. E o povo tomou a massa, antes que levedasse, e as suas amassadeiras atadas e em suas roupas, sobre seus ombros. Fizeram, pois, os filhos de Israel conforme a palavra de Moisés, e pediram[2] aos (157) egípcios jóias de prata, e jóias de ouro, e vestidos.

E o Senhor deu ao povo graça aos olhos dos egípcios, de modo que estes lhe davam o que pediam; e despojaram aos egípcios.

Assim viajaram os filhos de Israel de a Ramessés a Sucote, cerca de seiscentos mil homens de pé, sem contar as crianças. Também subiu com eles uma grande mistura de gente; e rebanhos e manadas, uma grande quantidade de gado” (Êxo. 12:29-38, R.V.).

“E aconteceu que, quando Faraó deixou ir o povo, Deus não o conduziu pelo caminho da terra dos filisteus, se bem que fosse mais perto; porque Deus disse: Para que porventura o povo não se arrependa, vendo a guerra, e volte para o Egito; mas Deus fez o povo rodear pelo caminho do deserto perto do Mar Vermelho” (Êxodo 13:17, 18).

“Assim partiram de Sucote, e acamparam-se em Etã, à entrada do deserto. E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite. Não tirou de diante do povo a coluna de nuvem de dia, nem a coluna de fogo de noite” (Êxo. 13:20-22).

“Falou o Senhor a Moisés dizendo: Fala aos filhos de Israel que se voltem e se acampem diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Zefom; em frente dele assentareis o acampamento junto ao mar. Então Faraó dirá dos filhos de Israel: Eles estão embaraçados na terra, o deserto os encerrou.Eu endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga; e Eu serei glorificado em Faraó, e em todo o seu exército; e saberão os egípcios que Eu sou o Senhor. E eles fizeram assim.

“Sendo, pois, anunciado ao rei do Egito que o povo havia fugido, mudou-se o coração de Faraó, e dos seus servos, contra o povo, e disseram: Por que fizemos isso, permitindo que Israel saí­sse e deixasse de nos servir? E Faraó aprontou o seu carro, e tomou consigo o seu povo; tomou também seiscentos carros escolhidos e todos os carros do Egito, e capitães sobre todos eles. Porque o Senhor endureceu o coração de Faraó, rei do Egito, e ele perseguiu os filhos de Israel; pois os filhos de Israel saí­am com alta mão. Mas (158) os egípcios perseguiram-nos,, com todos os cavalos e carros de Faraó, e os seus cavaleiros e seu exército, e os perseguiram e os alcançaram acampados junto ao mar” (Êxodo 14:1-9).

“Quando Faraó se aproximava, os filhos de Israel levantaram os olhos, e eis que os egípcios marchavam atrás deles; pelo que tiveram muito medo os filhos de Israel e clamaram ao Senhor: e disseram a Moisés: Foi porque não havia sepulcros no Egito que de lá nos tiraste para morrermos neste deserto? Por que nos fizeste isto, tirando-nos do Egito? Não é isto o que te dissemos no Egito: Deixa-nos, que sirvamos aos egípcios? Pois melhor nos fora servir aos egípcios, do que morrermos no deserto.

“Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que Ele hoje vos fará; porque aos egípcios que hoje vistes, nunca mais tornareis a ver; o Senhor pelejará por vós; e vós vos calareis” (versos 10-14)

Todos estão familiarizados com a forma em que se deu a sua libertação: como, sob o comando do Senhor, o mar recuou e abriu um caminho no meio, de modo que os filhos de Israel passaram pelo leito seco, e como os egípcios tentaram fazer a mesma coisa, mas as águas do mar voltaram ao seu curso normal, engolindo-os a todos. “Pela fé atravessaram o Mar Vermelho, como por terra seca; o que intentando os egípcios, foram afogados” (Heb. 11:29). Vejamos alguns pontos sobre que temos lições a extrair dessa história.

1. Era Deus que estava conduzindo o povo. E aconteceu que, quando Faraó deixou ir o povo, Deus não os conduziu pelo caminho da terra dos filisteus”. Moisés não sabia o que fazer, ou que caminho seguir, mais do que o povo, mas apenas o que o Senhor lhe disse. Deus podia comunicar-se com Moisés porque “Moisés foi fiel em toda a Sua casa” [3].

2. Quando o povo murmurou, eles estavam murmurando contra Deus, não contra Moisés. Quando disseram a Moisés, “Por que nos fizeste isto, fazendo-nos sair do Egito?”, na verdade estavam negando a intervenção de Deus na questão, conquanto soubessem muito bem que foi Deus quem lhes havia enviado Moisés.

(159) 3. Ante a primeira percepção de perigo, a fé do povo desvaneceu-se. Eles se esqueceram do que Deus já havia feito por eles, e quão poderosamente havia operado para a sua libertação. O último juízo sobre os egípcios deveria ter sido suficiente por si só para ensinar-lhes a confiar no Senhor, e que Ele era plenamente capaz de salvá-los daqueles egípcios que ainda permaneciam vivos.

4. Deus não determinou que o povo se empenhasse em combate algum. Ele os conduziu através do deserto, a fim de que não testemunhassem guerra. Contudo, Ele sabia que, se seguissem pelo caminho em que seguiram, os egípcios certamente os perseguiriam. Os filhos de Israel nunca tiveram maior necessidade de lutar do que quando os egípcios os encurralaram junto ao Mar Vermelho; não obstante a mensagem foi, “o Senhor pelejará por vós; e vós vos calareis”. Pode-se dizer que a razão porque o Senhor não queria que vissem guerra, era porque estavam ainda despreparados para lutar. Isso era suficientemente verdade; mas, por outro lado, devemos nos lembrar que o Senhor era tão capaz de lutar por eles posteriormente quanto foi na ocasião, e que, noutros eventos, Ele realmente os livrou sem que dessem um único golpe. Quando consideramos as circunstâncias de sua libertação do Egito, —como tudo se cumpriu pelo próprio poder de Deus, sem qualquer poder humano, a parte deles sendo apenas seguir e obedecer a Sua palavra, —precisamos nos convencer de que não estava de acordo com o plano de Deus que se empenhassem em qualquer luta em defesa própria.

5. Também temos que aprender que o caminho mais curto e, aparentemente, mais fácil nem sempre é o melhor. A rota, através da terra dos filisteus, era a mais curta, mas não era a melhor para ser tomada pelos israelitas. O fato de que nos pomos em lugares difíceis, onde não podemos ver nosso caminho de saí­da, não é evidência de que Deus não nos estivesse dirigindo. Deus conduziu os filhos de Israel àquela passagem estreita no deserto, entre as montanhas e o mar, tão certamente quanto os conduziu para fora do Egito. Ele sabia que não tinham meios de se saí­rem de tal armadilha, e os conduziu ali deliberadamente, a fim de que pudessem ver, como nunca antes, que o próprio Deus era responsável pela segurança deles, e que Ele era plenamente capaz de levar a cabo a tarefa que Ele havia determinado cumprir. A situação angustiosa deles tinha o propósito de ensiná-los a confiar em Deus.

(160) 6. Por fim, devemos aprender a não condená-los por sua descrença. “Portanto, és inescusável, ó homem, qualquer que sejas, quando julgas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu que julgas, fazes o mesmo” (Rom. 2:1). Quando os condenamos, por não confiarem no Senhor, demonstramos que sabemos não haver qualquer escusa para nossas murmurações e temor. Temos toda evidência do poder de Deus que eles tinham, e muitas outras evidências adicionais. Se pudermos ver claramente quão tolo era o temor deles, e quão í­mpias eram suas murmurações, então cuidemos para que não nos revelemos ainda mais tolos e ímpios.

“A Segunda Vez”

Há mais uma lição que precisamos destacar nesta conexão, e é de muita importância que se lhe dedique especial atenção, pois isso inclui todos as demais. Nós a aprendemos do décimo primeiro capítulo de Isaías. Esse capítulo contém, em poucas palavras, a completa história do Evangelho, desde o nascimento de Cristo até a libertação final dos santos no reino de Deus, e a destruição dos ímpios.

“Então brotará um rebento do toco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará. E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor. E deleitar-se-á no temor do Senhor; e não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem reprovará segundo o ouvir dos seus ouvidos; mas julgará com justiça os pobres, e reprovará com eqüidade em defesa dos mansos da terra; e ferirá a terra com a vara de Sua boca, e com o sopro dos Seus lábios matará o ímpio. A justiça será o cinto dos Seus lombos, e a fidelidade o cinto dos Seus rins” (Isa. 11:1-5).

Comparem a primeira parte do texto acima com Lucas 4:16-18, e a última parte com Apo. 19:11-21[4], e veremos o quanto isso abrange. Leva-nos até a destruição dos ímpios.

Compreende todo o dia da salvação. “Naquele dia a raiz de Jessé será posta por estandarte dos povos, será buscada pelos gentios; (161) e Seu repouso será glorioso. Naquele dia o Senhor tornará a estender a Sua mão para adquirir outra vez o remanescente do Seu povo, que for deixado, da Assíria, do Egito, de Patros, da Etiópia, de Elão, de Sinar, de Hamate, e das ilhas de mar. Levantará um pendão entre as nações e ajuntará os desterrados de Israel, e os dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra” (Isaías 11:10-12).

Aqui, uma vez mais, temos em destaque a libertação do povo de Deus. É a segunda vez que Deus Se propõe a cumprir a tarefa, e será bem sucedida. Ele teve tal disposição, pela primeira vez, no tempo de Moisés; mas, dada a sua descrença,[5] o povo não entrou no descanso6. A segunda vez resultará na eterna salvação de Seu povo. Notem que a reunião final de Seu povo é mediante Cristo, que é o estandarte para as nações; pois Deus está visitando os gentios para tirar deles um povo para o Seu nome. Eles deverão ser reunidos “dos quatro cantos da Terra”, pois “Ele enviará os Seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais ajuntarão os Seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus” (Mat. 24:31).

Que essa libertação se dará nos últimos dias, bem no encerramento da história terrena, é evidente a partir do fato de que Ele reúne um remanescente de Seu povo, isto é, os últimos dentre eles. E agora observem esta promessa e este lembrete: “E haverá caminho plano para o remanescente do Seu povo, que voltar da Assíria, como houve para Israel no dia em que subiu da terra do Egito” (Isa. 11:16).

Tenham em mente o fato de que a obra de libertação de Israel do Egito começou muito tempo antes do dia em que deixaram aquela terra. Começou no próprio dia em que Moisés alcançou o Egito e começou a dizer ao povo sobre o propósito de Deus em cumprir a promessa a Abraão. Toda a exibição de poder de Deus no Egito, que era apenas a proclamação do Evangelho, fazia parte da obra de libertação. O mesmo se dará no tempo em que o Senhor agir uma segunda vez para libertar o remanescente de Seu povo. Esse tempo é agora, pois “eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação” (II Cor. 6:2). Todo Israel será salvo, porque De Sião virá o (162) Libertador, e apartará de Jacó as impiedades” (Rom. 11:26). A obra de libertação do povo de Deus da escravidão do pecado é a mesma como a da libertação final. Quando o Senhor vier a segunda vez Ele “transformará o corpo da nossa humilhação, para ser conforme ao corpo da Sua glória, segundo o Seu eficaz poder de até sujeitar a Si todas as coisas”, Fil. 3:21. O poder, pelo qual nossos corpos serão transformados,—o poder da ressurreição, —é o poder pelo qual nossos pecados serão suprimidos e seremos libertos de seu controle. É pelo mesmo poder que foi revelado na libertação de Israel do Egito.

“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego” (Rom. 1:16). Quem quer que deseje conhecer quão grande é esse poder, tem somente que examinar a libertação de Israel do Egito, e a divisão do Mar Vermelho, para ver um exemplo prático disso. Esse é o poder que deve acompanhar a pregação do Evangelho nos dias pouco antes da vinda do Senhor.

The Present Truth, 24 de setembro de 1896.



[1] Tomas Moore (1779-1852) é conhecido como o “poeta nacional irlandês”. Suas poesias foram compiladas na obra The Poetical Works of Thomas Moore, publicado pela editora The Walter Scott Publishing Co.; acima foi citada a primeira estrofe do poema “Soai bem alto os tamborins”, e é uma paráfrase de Êxodo 15:20;

[2] Muitos discursos inflamados foram feitos contra os filhos de Israel, e mesmo contra o Senhor, devido à palavra “pediram”, Êxodo 12:35, que na KJV trás “apropriaram-se” ou como está na margem, “exigiram”. Os filhos de Israel trabalharam duramente e por muito tempo por nada, e agora pediram algo em retribuição. O que eles receberam era deles por direito.

[3] Hebreus 3:5 e 2. (Veja também a mesma afirmação dita por Deus, em Números 12:7).

[4] Quadro comparativo:

Isaías 11:1 e 2.

Lucas 4:16-18

“Então brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um Renovo frutificará. E repousará sobre Ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor.

E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o Seu costume, na sinagoga, e levantou-Se para ler.

E foi-Lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito:

O Espírito do Senhor é sobre Mim,

Pois que Me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-Me a curar os quebrantados do coração,

Isaías 11:3-5

Apocalipse 19: 11-21

E deleitar-Se-á no temor do Senhor; e não julgará segundo a vista dos Seus olhos, nem reprovará segundo o ouvir dos Seus ouvidos; mas julgará com justiça os pobres, e reprovará com equidade em defesa dos mansos da terra; e ferirá a terra com a vara de Sua boca, e com o sopro dos Seus lábios matará o ímpio. A justiça será o cinto dos Seus lombos, e a fidelidade o cinto dos Seus rins”.

E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e O que estava assentado sobre ele chama-Se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça.

E os Seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a Sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão Ele mesmo.

E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual Se chama é a Palavra de Deus.

E seguiam-nO os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro.

E da Sua boca saía uma aguda espada, para com ela ferir as nações; e Ele as regerá com vara de ferro; e Ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso.

E no manto e na Sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores.

E vi um anjo que estava no sol, e clamou com grande voz, dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde, e ajuntai-vos à ceia do grande Deus;

Para que comais a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a carne dos fortes, e a carne dos cavalos e dos que sobre eles se assentam; e a carne de todos os homens, livres e servos, pequenos e grandes.

E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra Àquele que estava assentado sobre o cavalo, e ao Seu exército.

E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre.

E os demais foram mortos com a espada que saía da boca dO que estava assentado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes.

[5] Hebreus 3: 18 e 19, “E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes? E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade.”

6 Hebreus 4:6 (versão Almeida), “Visto, pois, que resta que alguns entrem nele, e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas novas não entraram por causa da desobediência” (ou “... por causa da incredulidade,” KJV).