domingo, 1 de agosto de 2010

O Concerto Eterno, Capítulo 15

O Concerto Eterno, Capítulo 15.

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As Promessas Para Israel

O Tempo da Promessa

O que Deus teria feito a Israel

“Ah, Israel, se Me ouvires!

Não haverá entre ti deus alheio,

Nem te prostrarás ante um deus estranho.

Eu sou o Senhor teu Deus,

Que te tirei da terra do Egito;

Abre bem a tua boca, e ta encherei.

Mas o Meu povo não quis ouvir a Minha voz,

E Israel não Me quis.

Portanto Eu os entreguei aos desejos dos seus corações,

E andaram nos seus próprios conselhos.

Oh! se o Meu povo Me tivesse ouvido!

Se Israel andasse nos Meus caminhos!

Em breve abateria os seus inimigos,

E viraria a Minha mão contra os seus adversários.

Os que odeiam ao Senhor ter-se-lhe-iam sujeitado,

E o seu tempo seria eterno”.

– (Salmo 81:8-16).

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Temos Israel no Egito, e sabemos algo do que isso significa. A escravidão, bem como a libertação, haviam sido preditas a Abraão quando o concerto foi estabelecido com ele, e esse concerto havia sido confirmado por um juramento de Deus.

Agora, volvamos novamente a algumas das palavras proferidas por Estevão quando cheio do Espírito Santo. Ele começou o seu discurso com uma prova positiva de que a ressurreição era necessária para o cumprimento da promessa a Abraão; pois tendo repetido a promessa, declarou que Abraão não teve sequer o espaço de um pé da terra que foi prometida, embora Deus tinha dito que ambos, ele e sua semente, deveriam possuí-la.1

Sendo que ele morreu sem herdá-la, como se deu também com um vasto número de seus descendentes, incluindo aqueles que, à semelhança dele, tinham fé, a conclusão era inevitável de que o cumprimento só poderia dar-se mediante a ressurreição. A única razão por que tantos judeus rejeitaram o Evangelho foi que persistiram em ignorar a clara evidência das Escrituras, de que a promessa de Abraão não fora temporal, mas eterna. Mesmo assim, no tempo presente a crença de que as promessas a Israel transmitem uma herança temporal e terrena é incompatível com a completa crença em Cristo.

Estevão em seguida recordou as palavras do Senhor a Abraão, de que a sua semente jornadearia por uma terra estranha, e seria afligida e, posteriormente, livrada. Daí ele disse:

“Aproximando-se, porém, o tempo da promessa que Deus tinha feito a Abraão, o povo cresceu e se multiplicou no Egito” (Atos 7:17). Então seguiu-se a opressão, e o nascimento de Moisés. O que se quer dizer com a aproximação do tempo da promessa que Deus havia jurado a Abraão? Um breve exame de algumas das passagens já estudadas tornará esta questão bem clara.

No relato do estabelecimento do concerto com Abraão lemos as palavras do Senhor a ele: “Eu sou o Senhor, que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te a ti esta terra, para herdá-la” (Gênesis 15:7). Então seguem-se os detalhes do estabelecimento do concerto, e a seguir as palavras, “Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos, mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e (128) depois sairá com grande riqueza. E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia” (Gen. 15:13-16).

Esse concerto foi posteriormente selado com a circuncisão e então, quando Abraão havia demonstrado a sua fé pelo oferecimento de Isaque, o Senhor acrescentou o Seu juramento à promessa, dizendo: “Por mim mesmo jurei, diz o Senhor: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único filho, que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos” (Gên. 22:16 -17).

Esta é a única promessa que Deus jurou a Abraão. Era uma confirmação da promessa original. Mas como vimos em artigos2 anteriores, envolvia nada menos do que a ressurreição dos mortos mediante Cristo que é a Semente. “O último inimigo que há de ser aniquilado é a morte”,3 para que se cumpra a palavra do Senhor através do profeta, “Eu os remirei do poder da sepultura; e os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó inferno, a tua perdição?” (Oséias 13:14). A promessa não será cumprida até então, como Deus jurou a Abraão, pois somente então a sua semente toda possuirá as portas dos seus inimigos.

Às mães que choravam a perda de seus filhos que haviam sido mortos por ordem de Herodes, o Senhor disse: “Reprime a tua voz do choro, e das lágrimas os teus olhos; porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, pois eles voltarão da terra do inimigo. E há esperança para o teu futuro, diz o Senhor; porque teus filhos voltarão para os seus termos” (Jeremias 31:16,-17). Somente por meio da ressurreição pode a semente de Abraão, Isaque e Jacó voltar novamente a seus próprios termos. Isso foi indicado a Abraão quando lhe foi dito que antes que a sua semente possuísse a terra eles seriam afligidos numa terra estranha, e que ele morreria; mas “na quarta geração, porém, voltarão para cá”.4

Não pode, pois, haver qualquer dúvida de que Deus determinou que o retorno de Israel da escravidão do Egito seria o tempo da (129) ressurreição e restauração de todas as coisas. O tempo da promessa se aproximava. Quanto tempo passaria até a saída do Egito, antes que plena restauração tivesse lugar, não temos meios de saber. Havia, como veremos, muito a ser feito em termos de advertir os habitantes da Terra; e o tempo dependeria da fidelidade dos filhos de Israel. Não precisamos especular sobre como tudo se teria cumprido, uma vez que os israelitas não foram fiéis. Tudo quanto nos diz respeito agora é o fato de que a libertação do Egito significou a completa libertação de todo o povo de Deus da escravidão do pecado e da morte, e a restauração de todas as coisas como eram no princípio.

The Present Truth, 13 de agosto de 1896.

Notas desta edição:

1) Atos 7:5;

2) Leia-se “capítulos”. Lembre-se de que estes capítulos foram, em verdade, sucessivos artigos escritos por Waggoner e publicados semanalmente na revista The Present Truth, A Verdade Presente, de 7 de maio de 1896 a 27 de maio de 1897;

3) I Cor. 15:26;

4) Gênesis 15:16;