domingo, 1 de agosto de 2010

O Concerto Eterno, Waggoner — Capítulo 1.

O Concerto Eterno, capítulo 1.

O Evangelho Eterno

pág.13

A Mensagem do Evangelho

Quando os humildes pastores, nas planícies de Belém, foram surpreendidos pelo resplendor da glória do Senhor, que os envolveu, ao guardarem seus rebanhos à noite, seus temores foram acalmados pela voz dos anjos do Senhor, que disse: “Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” Lucas 2:10 -11).

As palavras “boas-novas” vêm de uma palavra do grego, que é traduzida em outro lugar como “evangelho”; portanto nós poderíamos, com propriedade, ler a mensagem do anjo assim: “Eis aqui vos trago o evangelho de grande alegria, que será para todo o povo”. Deste anúncio aos pastores aprendemos várias coisas importantes.

1. Que o evangelho é uma mensagem que traz alegria. “O reino de Deus é... justiça, e paz e alegria no Espírito Santo. Cristo é ungido com “óleo de alegria,” e Ele dá “óleo de gozo em vez de tristeza.”1

2. É uma mensagem de salvação do pecado. Porque antes disso o mesmo anjo tinha anunciado a José o nascimento deste menino, e disse: “Chamarás o Seu nome Jesus; porque Ele salvará o Seu povo dos seus pecados.” Mateus 1:21.

3. É algo que diz respeito a todas as pessoas—“que será para todo o povo”. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu (14) Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16.

Isto é garantia suficiente para todos; mas, como se querendo enfatizar o fato de que os pobres têm igual direito ao evangelho que os ricos, o primeiro anúncio do nascimento de Cristo foi a homens que andavam pelos humildes caminhos da vida. Não foi aos principais sacerdotes e escribas, nem aos nobres, mas a pastores, que as alegres novas foram primeiramente dadas. Assim, o evangelho não está fora do alcance dos incultos. Cristo mesmo nasceu e cresceu em meio à grande pobreza; Ele pregou o evangelho aos pobres, e “a grande multidão O ouvia de boa vontade.” Marcos 12:37. Tendo em vista que foi assim apresentado desta forma às pessoas comuns, que constituem a maioria da população do mundo, não há dúvida alguma de que se trata de uma mensagem mundial.

“O Desejado de Todas as Nações”

Mas, embora o evangelho seja primeiramente para os pobres, não é algo vil e desprezível. Cristo Se fez pobre a fim de que pudéssemos enriquecer.2 O grande apóstolo, que foi escolhido para dar a mensagem a reis e aos grandes homens da terra, disse, tendo em vista seu desejo de visitar a capital do mundo: “Não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê...” Romanos 1:16. Aquilo, que todo mundo procura, é poder. Alguns o buscam por meio da riqueza, outros pela política, outros pela cultura, e ainda outros de várias outras formas; mas qualquer atividade em que o homem se empenhe, o alvo é o mesmo,—poder de algum tipo. Há, no coração de cada homem, uma inquietação, um desejo insatisfeito, posto nele pelo próprio Deus. A exasperada ambição, que leva alguns a pisar continuamente sobre seus semelhantes, a incessante luta por riqueza e a incansável busca de prazer, em que tantos mergulham, são vãos esforços para satisfazer esse desejo.

Deus não colocou, no coração humano, o desejo por nenhuma destas coisas; mas a procura por elas é uma perversão do desejo, que Ele implantou no peito humano. Ele deseja que o homem (15) tenha o Seu poder; mas nenhuma das coisas, que os homens normalmente buscam, fornece o poder de Deus. Conseqüentemente, nenhuma dessas coisas satisfaz o homem. Os homens estabelecem um alvo à quantidade de riqueza que desejam acumular, porque pensam que, quando alcançarem este limite, ficarão satisfeitos; mas, quando a prefixada quantia é obtida, estão tão insatisfeitos como sempre; e assim continuam procurando a satisfação acumulando riqueza, não se dando conta de que o desejo do coração não pode ser satisfeito desta maneira.

Aquele, que implantou o desejo, é o único que o pode satisfazer. Deus Se manifestou em Cristo, e Cristo é realmente “o Desejado de todas as nações” (Ageu 2:7),3 embora haja tão poucos que crerão que só nEle se acha o perfeito repouso e satisfação. A cada mortal insatisfeito o convite é feito, “Provai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nEle confia. Temei ao Senhor, vós, os Seu santos; pois nada falta aos que O temem” (Salmo 34:8 - 9). “Quão preciosa é, ó Deus, a Tua benignidade, pelo que os filhos dos homens se abrigam à sombra das Tuas asas. Eles se fartarão da gordura da Tua casa, e os farás beber da corrente das Tuas delícias.” Salmo 36: 7 - 8.

Poder é o que os homens desejam neste mundo, e poder é o que o Senhor deseja que tenham. Mas o poder, que eles procuram, os arruína, e o poder que Ele deseja que tenham é poder que os salvará. O evangelho traz a todos os homens esse poder, e não é nada menos que o poder de Deus. Destina-se a todos, se o aceitarem. Vamos estudar um pouco a natureza desse poder, porque quando o tivermos descoberto, teremos perante nós o evangelho completo.

O Poder do Evangelho

Na visão que o discípulo amado teve do tempo exatamente antes do retorno do Senhor, a mensagem do evangelho, que preparará aos homens para este evento, é assim descrita:—

“E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo com (16) grande voz: Temei a Deus, e dai-Lhe glória; porque é vinda a hora do Seu juízo. E adorai Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” Apocalipse 14:6 - 7.

Aqui temos, claramente estabelecido perante nós, o fato de que a pregação do evangelho consiste em pregar a Deus como o Criador de todas as coisas, e em conclamar os homens a que O adorem como tal. Isto corresponde ao que lemos na epístola aos Romanos, que o evangelho “é o poder de Deus para salvação”4. O que o poder de Deus é, o aprendemos um pouco à frente, onde o apóstolo, referindo-se aos pagãos, diz:

“O que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque os Seus atributos invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o Seu eterno poder, como a Sua Divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que foram criadas.” Romanos 1:19 - 20). Quer dizer, desde a criação do mundo, os homens foram capacitados a ver o poder de Deus, se empregarem os seus sentidos, já que Ele pode ser reconhecido claramente nas coisas que criou. A criação mostra o poder de Deus. Assim, o poder de Deus é um poder criador. E considerando que o evangelho é o poder de Deus para a salvação, segue-se que o evangelho é a manifestação do poder criador para salvar ao homem do pecado.

Mas aprendemos que o evangelho é as boas-novas da salvação em Cristo. O evangelho consiste na pregação de Cristo, e Este crucificado. Disse o apóstolo: “Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavras, para que se não anule a cruz de Cristo. Porque a palavra da cruz é loucura para os que se perdem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.” I Cor. 1:17 - 18.

E ainda mais à frente: “Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” I Coríntios 1:23 -24. E, é por este motivo que o apóstolo disse: “E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e Este crucificado.” I Coríntios 2:1 - 2.

(17) A pregação de Cristo, e Este crucificado, é a pregação do poder de Deus; e, assim, é a pregação do evangelho, pois o evangelho é o poder de Deus. E isto está em perfeita harmonia com o pensamento de que a pregação do evangelho deve apresentar a Deus como o Criador; pois o poder de Deus é um poder criador, e Cristo é Aquele por quem foram criadas todas as coisas. Ninguém pode pregar a Cristo, sem O apresentar como o Criador. Deve honrar ao Filho da mesma forma em que honra ao Pai. Qualquer sermão, que falhe em tornar proeminente o fato de que Cristo é o Criador de todas as coisas, não é a pregação do evangelho.

Criação e Redenção

“No princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez... E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós... cheio de graça e de verdade.” João 1:1-14. “NEle foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por Ele e para Ele. E Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele.” Colossenses 1:16 -17.

Vamos dar mais cuidadosa atenção ao último texto, e vejamos como a criação e a redenção se encontram em Cristo. Nos versículos 13 e 14 lemos que Deus “nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor; em quem temos a redenção pelo Seu sangue, a saber, a remissão dos pecados”. E então, após uma ênfase sobre quem Cristo é, o apóstolo nos diz como temos a redenção através do Seu sangue. Esta é a razão: “porque por Ele foram criadas todas as coisas”, etc. A Versão Revisada, e também outras, dão uma tradução mais literal, “Pois nEle todas as coisas foram criadas, ... e Ele é antes de todas as coisas, e nEle todas as coisas subsistem.”.

Assim, a pregação do evangelho eterno é a pregação de Cristo, o poder criador de Deus, através de quem somente pode (18) vir a salvação. E o poder, pelo qual Cristo salva aos homens do pecado, é o poder, pelo qual Ele criou os mundos. Temos redenção por meio do Seu sangue; a pregação da cruz é a pregação do poder de Deus; e o poder de Deus é o poder que cria; assim, a cruz de Cristo contém nela mesma o poder criador. Certamente este é poder suficiente para todos. Não se admire por ter o apóstolo exclamado: “Longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.” Gálatas 6:14.

O Mistério de Deus

Para alguns pode ser uma nova idéia, o pensamento de que a criação e a redenção são o mesmo poder; para todos é, e sempre será, um mistério. O próprio evangelho é um mistério. O apóstolo Paulo ansiava pelas orações dos irmãos, a fim de que lhe fosse dado o poder da palavra “para fazer notório o mistério do evangelho.” Efésios 6:19. Em outro lugar ele afirma que tinha sido constituído ministro do evangelho5, de acordo com o dom da graça de Deus, dado a ele pela eficaz obra do Seu poder, para que pudesse “... anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo.” Efésios 3:8-9. Aqui vemos, mais uma vez, o mistério do evangelho como sendo o mistério da criação.

Este mistério tornou-se conhecido ao apóstolo por revelação. Como a revelação foi dada a ele, vemos em sua epístola aos gálatas, onde ele diz: “Faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.” E, então ele torna o assunto ainda mais explícito ao dizer: “Quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela Sua graça, revelar Seu Filho em mim, para que O pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue.” Gal. 1:11, 12, 15 e 16.

Vamos resumir os últimos poucos pontos: 1) O evangelho é um mistério; 2) É um mistério tornado conhecido pela revelação de Jesus Cristo.

(19) 3. Não foi meramente que Jesus Cristo Se revelou ao apóstolo, mas que lhe foi dado conhecer o mistério pela revelação de Jesus Cristo. Paulo teve primeiro que conhecer o evangelho antes de o poder pregar a outros; e a única forma em que pôde conhecê-lo foi através da revelação de Jesus Cristo nele. A conclusão, portanto, é que o evangelho é a revelação de Jesus Cristo nos homens.

Essa conclusão está plenamente exposta pelo apóstolo em outro lugar, ao afirmar que foi feito ministro “segundo a dispensação de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus: o mistério que estivera oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos Seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória.” Colossenses 1:25-27.

Assim, é-nos amplamente assegurado que o evangelho é tornar Cristo conhecido nos homens. Ou antes, o evangelho é Cristo nos homens, e a pregação dele é tornar conhecido aos homens que é possível Cristo habitar neles. E isto está de acordo com a afirmação do anjo de que o nome de Jesus deveria ser Emanuel, “que traduzido é: Deus conosco.” Mateus 1:23; e também com a declaração do apóstolo de que o mistério de Deus é Ele manifestado em carne. I Timóteo 3:16. Quando o anjo anunciou aos pastores o nascimento de Jesus, o anúncio foi de que Deus tinha vindo ao homem em carne; e quando foi dito que estas boas-novas seriam para todo o povo, foi revelado que o mistério de Deus, habitando em carne humana, deveria ser declarado a todos os homens, e repetido em todos os que cressem nEle.

Agora vamos resumir brevemente o que aprendemos até aqui:

1. O evangelho é o poder de Deus para a salvação. Salvação é somente pelo poder de Deus, e onde há o poder de Deus, há salvação.

2. Cristo é o poder de Deus.

3. Mas a salvação de Cristo vem através da cruz; portanto, a cruz de Cristo é o poder de Deus.

4. Assim, a pregação de Cristo, e Ele crucificado, é a pregação do evangelho.

(20) 5. O poder de Deus é o poder que cria todas as coisas. Assim a pregação de Cristo, e Ele crucificado, como o poder de Deus, é a pregação do poder criador de Deus agindo na salvação dos homens.

6. Isso é assim, porque Cristo é o Criador de todas as coisas.

7. Não só isto, mas nEle todas as coisas foram criadas. Ele é o primogênito de toda a criação;7 quando foi gerado, “nos dias da eternidade”8, todas as coisas foram virtualmente criadas, porque toda criação está nEle. A substância de toda criação, e o poder pelo qual todas as coisas passaram a existir, estava em Cristo. Esta é simplesmente uma declaração do mistério que só a mente de Deus pode entender.

8. O mistério do evangelho é Deus manifestado em carne humana. Cristo na terra é “Deus conosco”. Assim, Cristo morando nos corações dos homens pela fé, é a plenitude de Deus neles.

9. E isso significa nada menos que a energia criadora em Deus operando nos homens através de Jesus Cristo, para salvação deles. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é.” II Coríntios 5:17. “Somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus para as boas obras”. Efésios 2:10.

Tudo isto é indicado pelo apóstolo quando disse que pregar as incompreensíveis riquezas de Cristo é fazer que todos compreendam “qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo9

Resumo

Na porção das escrituras, abaixo, temos os detalhes deste mistério bem sumariado:

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nEle antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dEle em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para Si mesmo, segundo o beneplácito de Sua vontade, para louvor e glória da Sua graça, pela qual nos fez agradáveis a Si no (21) Amado, em quem temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da Sua graça, que Ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência; descobrindo-nos o mistério da Sua vontade, segundo o Seu beneplácito, que propusera em Si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; nEle, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito dAquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da Sua vontade; com o fim de sermos para louvor da Sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nEle também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da Sua glória. Por isso, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus, e o vosso amor para com todos os santos, não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em Seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da Sua herança nos santos; e qual a sobresselente grandeza do Seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do Seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-O dentre os mortos, e pondo-O à Sua direita nos céus.” Efésios 1:3-20.

Agora vamos salientar diversos pontos dessa declaração.

1. Todas as bênçãos nos são dadas em Cristo. “Aquele que nem mesmo a Seu próprio Filho poupou, antes O entregou por todos nós, como nos não dará também com Ele todas as coisas?” Romanos 8:32.

2. Esta dádiva de todas as coisas em Cristo está de acordo com o fato de que Ele nos escolheu nEle desde a fundação do mundo, (22) a fim de que nEle obtenhamos santidade. “Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação, mediante nosso Senhor Jesus Cristo”. (I Tessalonicenses 5:9).

3. Nesta escolha, o destino escolhido para nós é que fôssemos filhos.

4. De acordo com isso, Ele nos aceitou no Amado.

5. No Amado temos redenção pelo Seu sangue.

6. Tudo isto é o modo pelo qual nos é possível conhecer o mistério, a saber, que na plenitude dos tempos Ele reuniria todas as coisas em Jesus Cristo, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra.

7. Este sendo o firme propósito de Deus, segue-se que em Cristo nós já obtivemos uma herança; visto que Deus faz que todas as coisas se realizem segundo o propósito da Sua própria vontade.

8. Todos os que crêem em Cristo são selados com o Espírito Santo, que é chamado o Espírito Santo da promessa, porque é a garantia da herança prometida.

9. Este selo do Espírito Santo é o penhor da nossa herança até a redenção da possessão adquirida. “Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.” Efésios 4:30.

10. Os que têm o Espírito como o selo, sabem quais são as riquezas da glória da herança; isto é, a glória da herança futura se torna deles agora, através do Espírito.

Nisto vemos que o evangelho envolve uma herança. De fato, o mistério do evangelho é, em realidade, a possessão da herança, porque nEle temos recebido uma herança. Vejamos agora a forma em que Romanos 8 declara isto. Não citaremos todo o texto da Escritura, mas somente vamos resumi-lo.

Os que têm o Espírito Santo da promessa são filhos de Deus; “Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.”10 Mas se somos filhos, somos, necessariamente, herdeiros; herdeiros de Deus porque filhos de Deus. E se somos herdeiros de Deus, somos co-herdeiros juntamente com Jesus Cristo. Mais do que qualquer outra coisa Cristo está desejoso de que saibamos, que o Pai nos ama tanto como ama a Ele.

(23) Mas do que somos co-herdeiros com Cristo?—De toda a criação, porque o Pai O “constituiu herdeiro de tudo.” Hebreus 1:2, e disse que “quem vencer, herdará todas as coisas”. Apocalipse 21:7. Isto é demonstrado pelo que se segue no capítulo 8 de Romanos. Agora somos filhos de Deus, mas a glória dos filhos de Deus não está ainda manifesta. Cristo foi o Filho de Deus, entretanto Ele não foi reconhecido como tal pelo mundo, “por isso o mundo não nos conhece; porque não O conhece a Ele”. I João 3:1. Possuindo o Espírito, possuímos “as riquezas da glória da herança.”11 e esta glória será, no tempo apropriado, revelada em nós, em uma medida que ultrapassará em muito os sofrimentos atuais.

“Porque a ardente expectação da criação espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo.” Romanos 8:19-23.

O homem por criação era filho de Deus; mas devido ao pecado tornou-se filho da ira, um filho de Satanás, a quem prestou obediência ao invés de a Deus. Mas mediante a graça de Deus em Cristo aqueles que crêem se tornam filhos de Deus, e recebem o Espírito Santo. São assim selados como herdeiros, até a redenção da possessão adquirida, isto é, a criação inteira, a qual espera pela sua redenção, quando a glória for revelada nos filhos de Deus.

No próximo artigo continuaremos com o estudo do evangelho, especialmente considerando a respeito do que está incluído na “possessão adquirida”.

The Present Truth, 7 de maio de 1896

Notas desta edição:

1) Romanos 14:17; Hebreus 1:9, e Isaías 61:3;

2) II Coríntios 8:9;

3) A expressão “O Desejado de todas as nações” foi tirada de Ageu 2:7, na versão King James de 1611. Em português a encontramos na versão Almeida Revista e Corrigida; e na versão do Pe. Antônio Pereira de Figueiredo, no vs. 8. “o Desejado de todas as gentes”;

4) Romanos 1:16;

5) Romanos 15:16, Colossenses 1:23 e I Tesalonicenses 3:2;

6) I Timóteo 3:16;

7) Colossenes 1:15;

8) Miquéias 5:2;

9) Efésios 3:8 e 9;

10) Romanos 8:14;

11) Efésios 1:18;