domingo, 8 de agosto de 2010

O Concerto Eterno, Capítulo 22

O Concerto Eterno, capítulo 22.
[163]

AS PROMESSAS PARA ISRAEL

O Cântico de Libertação

“Então cantaram Moisés e os filhos de Israel este cântico ao Senhor, dizendo:

Cantarei ao Senhor, porque gloriosamente triunfou;

Lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro.

O Senhor é a minha força, e o meu cântico;

Ele se tem tornado a minha salvação;

É Ele o meu Deus, portanto o louvarei;

É o Deus de meu pai, por isso o exaltarei.

O Senhor é homem de guerra;

Jeová é o Seu nome.

Lançou no mar os carros de Faraó e o seu exército;

Os seus escolhidos capitães foram submersos no Mar Vermelho.

Os abismos os cobriram;

Desceram às profundezas como pedra.

A Tua destra, ó Senhor, é gloriosa em poder;

A Tua destra, ó Senhor, destroça o inimigo.

Na grandeza da Tua excelência derrubas os que se levantam contra Ti;

Envias o Teu furor, que os devora como restolho.

Ao sopro dos Teus narizes amontoaram-se as águas,

As correntes pararam como montão;

Os abismos coalharam-se no coração do mar.

(164) O inimigo dizia:

Perseguirei, alcançarei, repartirei os despojos;

Deles se satisfará o meu desejo;

Arrancarei a minha espada, a minha mão os destruirá.

Sopraste com o Teu vento, e o mar os cobriu;

Afundaram-se como chumbo em grandes águas.

Quem entre os deuses é como Tu, ó Senhor?

E quem é como Tu poderoso em santidade,

Admirável em louvores, operando maravilhas?

Estendeste a mão direita,

E a terra os tragou.

Na Tua beneficência guiaste o povo que remiste;

Na Tua força o conduziste à Tua santa habitação.

Os povos ouviram e estremeceram;

Dores apoderaram-se dos habitantes da Filí­stia.

Então os prí­ncipes de Edom se pasmaram;

Dos poderosos de Moabe apoderou-se um tremor;

Derreteram-se todos os habitantes de Canaã.

Sobre eles caiu medo, e pavor;

Pela grandeza do Teu braço emudeceram como uma pedra,

Até que o Teu povo passasse, ó Senhor,

Até que passasse este povo que adquiriste.

Tu os introduzirás, e os plantarás no monte da Tua herança,

No lugar que Tu, ó Senhor, aparelhaste para a Tua habitação,

No santuário, ó Senhor, que as Tuas mãos estabeleceram.

O Senhor reinará eterna e perpetuamente”,

—Êxodo 15:1-18.

E agora, vejamos que instrução e encorajamento e esperança há nesse registro para nós.

(165) 1. O poder pelo qual o Mar Vermelho foi dividido, e o povo passou em segurança, foi o poder pelo qual seus inimigos deviam ser impedidos de atacá-los. Compare Êxo. 15:14-16 e Josué 2:9-11. Se eles tivessem avançado pela fé que tiveram no momento de sua libertação, não teria havido necessidade de lutar. Nenhum inimigo teria ousado atacá-los. Agora podemos ver por que o Senhor os conduziu pelo caminho que escolheu. Mediante um ato final de livramento Ele pretendia ensinar-lhes a nunca temerem o homem.

2. Nesse mesmo poder eles deviam tornar conhecido o nome do Senhor “pregando o Evangelho do reino[1] em toda a Terra, como preparação para o fim. Essa era a obra que tinham a realizar, antes que a promessa pudesse ser completamente cumprida. Se eles tivessem mantido a fé, não teria levado tanto tempo para completarem a obra.

3. O objetivo de sua libertação era serem conduzidos e plantados no monte da herança do Senhor, —uma terra propriamente deles, onde pudessem habitar para sempre em segurança. Isso não se havia cumprido nos dias do rei Davi, mesmo quando o seu reino estava no auge; pois foi na ocasião em que teve descanso de todos os seus inimigos, e se propunha a edificar um templo ao Senhor, que Este lhe disse: “Também designarei lugar para o Meu povo, para Israel, e o plantarei ali, para que ele habite no seu lugar, e não mais seja perturbado, e nunca mais os filhos da iniqüidade o aflijam, como dantes”[2]. Comparar com Lucas 1:67-75.

4. O plano de Deus, em libertar Israel do Egito, foi assim expresso no inspirado cântico: “Tu os introduzirás, e os plantarás no monte da Tua herança, no lugar que Tu, ó Senhor, aparelhaste para a Tua habitação, no santuário, ó Senhor, que as Tuas mãos estabeleceram”[3]. Homem nenhum pode edificar uma habitação para o Senhor, pois “o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens” (Atos 7:48). “O trono do Senhor está nos céus” (Sal. 11:4). O verdadeiro santuário, a real habitação de Deus, “que o Senhor fundou, e não o homem” (Heb. 8:1,2), está no céu, sobre o Monte Sião. Isto está em harmonia com a promessa feita a Abraão, Isaque e Jacó, e que os levou a se considerarem estrangeiros nesta Terra, e esperar pelo paí­s celestial e pela “cidade que tem fundamentos, da qual o arquiteto (166) e construtor é Deus” (Heb. 11:10). Essa esperança, por longo tempo adiada, estava agora para cumprir-se, e teria sido cumprida rapidamente se os filhos de Israel tivessem conservado a fé de seu cântico.

5. A libertação de Israel do Egito e a divisão do Mar Vermelho é o encorajamento do povo de Deus nos últimos dias do Evangelho, quando a salvação do Senhor está próxima.[4] Estas são as palavras que o Senhor ensina o Seu povo a proferir:

“Desperta, desperta, veste-te de força, ó braço do Senhor; desperta como nos dias da antiguidade, como nas gerações antigas. Porventura não és Tu aquele que cortou em pedaços a Raabe, e traspassou ao dragão? Não és Tu aquele que secou o mar, as águas do grande abismo; o que fez do fundo do mar um caminho, para que por ele passassem os remidos? Assim voltarão os resgatados do Senhor, e virão com júbilo a Sião; e haverá perpétua alegria sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, a tristeza e o gemido fugirão” (Isa. 51:9-11).

Se os antigos israelitas tivessem continuado cantando, e não tivessem interrompido o louvor para murmurar, com rapidez teriam alcançado Sião, a cidade cujo construtor e autor é Deus.

6. Quando os remidos do Senhor finalmente estiverem de pé sobre o Monte Sião, tendo as harpas de Deus, eles entoarão “o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, ó Senhor Deus Todo-Poderoso; justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos santos.[5] Quem não Te temerá, Senhor, e não glorificará o Teu nome? Pois só Tu és santo; por isso todas as nações virão e se prostrarão diante de Ti, porque os Teus juí­zos são manifestos” (Apo. 15:3, 4). Este é o cântico de libertação, o cântico de vitória.

7. Assim como os filhos de Israel entoaram o cântico de vitória, enquanto estavam junto à praia do Mar Vermelho, antes de terem alcançado a terra prometida, os filhos de Deus, nos últimos dias, entoarão o cântico de vitória antes de atingirem a Canaã celestial. Aqui está o cântico, e, ao o lermos, comparem-no com a parte inicial do cântico de Moisés, junto ao Mar Vermelho. Já lemos que, quando o Senhor Se puser a restaurar o remanescente de Seu povo pela segunda vez, “haverá caminho plano para e restante do seu povo, que voltar da Assí­ria, como houve para Israel no dia em que subiu da terra do Egito” (Isa. 11:16, RA).

(167) “Dirás, pois, naquele dia: Graças Te dou, ó Senhor; porque, ainda que Te iraste contra mim, a Tua ira se retirou, e Tu me confortaste. Eis que Deus é a minha salvação; eu confiarei e não temerei, porque o Senhor Jeová, é a minha força e o meu cântico; e também se tornou a minha salvação. Portanto com alegria tirareis águas das fontes da salvação. E direis naquele dia: Dai graças ao Senhor, invocai o Seu nome, fazei notórios os Seus feitos entre os povos, proclamai quão excelso é o Seu nome. Cantai ao Senhor; porque fez coisas grandiosas; saiba-se isso em toda a terra. Exulta e canta de gozo, ó habitante de Sião; porque grande é o Santo de Israel no meio de ti” (Isa. 12).

Este é o cântico com o qual os redimidos do Senhor devem ir a Sião. É um cântico de vitória, mas eles podem entoá-lo agora, pois “esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé”[6]. Somente ao proclamem a salvação do Senhor, podem compartilhá-la. Enquanto são conduzidos a Sião, aprendem o cântico que entoarão quando alcançarem aquele lugar. Assim,

“Quando, em cenas de glória,

Eu cantar o NOVO, NOVO CÂNTICO,

‘Será a VELHA, VELHA HISTÓRIA

Que por tanto tempo tenho amado”. [7]

The Present Truth, 1º de outubro de 1896.



[1] Mateus 4:23, 9:35 e Marcos 1:14.

[2] II Samuel 7:10.

[3] Gênesis 15:17.

[4] Lucas 21: 28, ú. p.: “... a vossa redenção está próxima”, ou à vista.

[5] Almeida Fiel e KJV, mas, na margem da King James lê-se: “...Rei das nações”, ou “...Rei dos séculos”, (como na RA, Almeida Revista e Atualizada).

[6] I João 5:4.

[7] São as duas últimas linhas da 4ª estrofe do hino 457 do Hinário Adventista americano. No brasileiro são as duas últimas linhas da terceira estrofe do hino 54, entretanto, no afã de adaptar as rimas, houve mudança de idéias:

E mesmo lá na glória,

No bom e eterno lar,

Tão linda e doce história,

Eu hei de celebrar.