sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Lição 9: "A liberdade em Cristo," por Roland Fanselau

No sétimo capítulo de Romanos, que foi o tema da lição da semana passada, Paulo descreve um problema. O problema é que nem conhecimento, nem esforço habilitam alguém para guardar a lei. Como conseqüência, a auto-confiança, ainda que bem informada e bem-intencionada, é condenada nos termos da lei.

No oitavo capítulo de Romanos, que é o assunto da lição desta semana, Paulo apresenta a solução para o problema. No primeiro versículo, Paulo relaciona a ausência de condenação com o estar "em Cristo". Note que a frase "que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito" (VS.1)1 que aparece na Versão King James, e que implica que a ausência de condenação é atribuível ao que chamamos de santificação, a obediência compartilhada de Cristo, não está no original. Assim, a tradução correta do primeiro versículo do capítulo é: "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (New American Standard Bible, Nova Versão Americana Padronizada).

Posteriormente, Paulo desenvolve o conceito de estar "em Cristo". No quarto verso, ele introduz o conceito de obediência dada por Cristo como prova de fé. Nos versículos seguintes, ele identifica a alternativa "à lei do pecado e da morte", "a carne", a mente carnal, medo, morte e escravidão, como a lei do Espírito da vida em Cristo, a mente espiritual, a paz, a vida, e adoção.

Qual é a lei do "Espírito da vida em Cristo" (v. 2)? Quando Adão e Eva deram ouvidos a Satanás, eles perderam sua liberdade e adquiriram a mente carnal, a mente em inimizade com Deus, que nos separa de Deus e uns dos outros. Em Cristo, porém, a liberdade é restaurada e inimizade e isolamento são abolidos (Gen. 3:15; Efésios 2:14).

Alonzo T. Jones descreve esta realização assim: "É verdade, os judeus em sua separação de Deus tinha construído separações extras entre eles e os gentios. É verdade que Cristo quis retirar todas as separações, do caminho, e ele fez isso . Mas a única maneira em que Ele fez isso, e a única maneira que Ele poderia fazer, era destruir o que os separava de Deus. Todas as separações entre eles e os gentios ter-se-iam desaparecido, quando a separação, a inimizade, entre eles e Deus tivesse ido embora.

"Oh, que boa nova, a inimizade é abolida! É abolida, graças a Deus. ... Ela se foi, em Cristo ela se foi. Não fora de Cristo, em Cristo foi abolida, aniquilada. Agradeça ao Senhor. Esta é liberdade "(A Mensagem do Terceiro Anjo Nº 11, Boletim da Conferência Geral de 1895, pág. 194 [edição original]).

Ellet J. Waggoner explica os versos dois a quatro: "Portanto, a lei, como ela é na pessoa de Cristo, é a lei do Espírito de Vida. Então, ele [o crente] toma a vida de Cristo, e obtém a perfeição da lei, como está em Cristo, e O serve em espírito, e não na velhice da letra. Assim, ele é libertado da obediência escrava (*por seu próprio esforço), para a lei da liberdade em obedecer. Existe uma quantidade maravilhosa de rica verdade no fato de que, - "A lei do Espírito de vida em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte."

"Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne..." (VS. 3). Há algum (*fator de ) desânimo nisto? Isto lança descrédito sobre a lei?, De modo nenhum. O que a lei não poderia fazer? Não poderia justificar-me porque eu era fraco. Não tinha nada de bom material para obrar. Não foi culpa da lei, foi falha do material. A carne era fraca e a lei não a poderia justificar. Mas Deus enviou o Seu Filho em semelhança da carne do pecado, para condenar o pecado na carne, para que Ele pudesse justificar-nos" (Estudos Bíblicos Sobre o Livro de Romanos, Boletim da Conferência Geral de 1891, p. 29, reprodução fac-símile).

Note que, no terceiro verso, Paulo descreve a natureza humana que Cristo assumiu na encarnação como "à semelhança de carne pecaminosa". Ellen G. White escreveu: "A humanidade do Filho de Deus é tudo para nós. É a corrente de ouro que une as nossa alma a Cristo, e por meio de Cristo a Deus. Isto deve constituir nosso estudo" (Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 244).

Os mensageiros de 1888 reconheceram a conexão entre Cristologia e soteriologia. Eles acreditavam que, para redimir a humanidade, Cristo assumiu a natureza humana, como foi após a queda, com suas tendências e desejos. EG White apóia esta visão da natureza humana de Cristo: "Ao tomar sobre Si a natureza do homem, em seu estado caído, Cristo não participou em nada do seu pecado" (ibiden, pág. 256). "Ele tomou sobre Sua natureza impecável nossa natureza pecaminosa, para que pudesse saber como socorrer aqueles que são tentados" (Medicina e Salvação, pág. 181, também, veja Heb. 4:15),.


Cristo tomou a nossa natureza que tendia a puxá-Lo em uma direção contrária à vontade do Seu Pai, e, portanto, a pecar, mas Ele negou o próprio eu (Rom. 15:3). Assim, a natureza pecaminosa, que Cristo tomou sobre Sua divindade, não O levou a tornar-Se um pecador, como tal. Se Ele tivesse Se aproveitado da natureza decaída, então Ele teria pecado.

"Jesus veio ao mundo, e colocou-Se na carne, exatamente onde os homens estavam, e defrontou esta carne, assim como ela é, com todas as suas tendências e desejos, e pelo poder divino, que Ele trouxe pela fé, Ele “condenou o pecado na carne", e, assim, trouxe a toda a humanidade aquela fé divina, que traz o poder divino ao homem, para livrá-lo do poder da carne e da lei do pecado, exatamente onde ele está, e dar-lhe seguro domínio sobre o carne, tal como ela é "(AT Jones, Review and Herald, 1 de setembro de 1896).

É importante enfatizar que Cristo ao entrar na carne humana pecadora, na "semelhança de carne pecaminosa", não cometeu pecado. A visão pós-queda da natureza humana de Cristo não compromete, em nada, a Sua absoluta impe


A própria expressão "semelhança de carne pecaminosa” (Rom. 8:3) e "foi feito à semelhança de homens"(Ffésios 2:7) mostram que não há diferença entre sua humanidade e a nossa. Ele enfrentou as mesmas tentações que são a sorte comum da humanidade. Nós temos um Salvador que está perto de nós e não de longe. A diferença entre Cristo e nós, não é a “carne", que Ele tomou, mas a "mente" ou o caráter que Ele manteve no conflito, cujo resultado final é a justiça de Cristo.

Assim como Cristo tinha a mente de Deus, somos exortados a ter a mente de Cristo (Filipenses 2:5). Nós podemos adquiri-la. "Deixe que essa mente esteja em você." Por consentimento ou permissão deixamos que Cristo seja formado dentro de nós. Em outras palavras, a justiça é pela fé em Cristo (1ª Cor. 3:16) por uma renovação contínua da mente (Rom. 12:2).

Há também uma diferença entre a vida de Cristo e as nossas vidas. A diferença é a Sua constante subjugação da natureza decaída. Ele nunca sucumbiu a ela. Durante Sua vida na terra, Cristo nunca exerceu Sua própria vontade, Ele optou por fazer apenas a vontade do Pai (Mateus 26:39, João 5:30, 6:38). "Jesus não revelou qualidades, nem exerceu poderes, que os homens não possam possuir mediante a fé nEle. Sua perfeita humanidade é que todos os Seus seguidores podem possuir, se forem sujeitos a Deus como Ele o foi" (O Desejado de Todas as Nações, pág. 664).

Os crentes de todos os tempos são salvos por estar "em Cristo". Mesmo o povo de Cristo do tempo do fim, que Testemunha Verdadeira o identifica como guardando os mandamentos de Deus e a fé de Jesus, será salvo estando "em Cristo".

Roland Fanselau

O irmão Rolando Fanselau nasceu, em 1932, em um lar adventista na América Central, de pais alemães. Na década de 1990, o pastor Roberto J. Wieland o introduziu à mensagem do Advento, na ênfase de 1888. Após a leitura das obras de Alonzo T. Jones; Ellet J. Waggoner; Ellen G. White, Roberto Wieland, e Donald K. Short, sua apreciação pela mensagem foi reforçada. Ele é membro da Igreja Adventista de Collegedale na cidade de Collegedale, no estado americano do Tennessee, localizada no endereço: 4829 College Drive E., caixa postal 3002, cidade de Collegedale, TN. Cep. 37315, Fone (423) 396-2134, FAX (423) 396-9509 • Email: church@southern.edu


Nota do tradutor:

1) O Comentário Bíblico, volume 6 da série SDABC, pág. 560, diz “Importante evidência textual pode ser citada (cf. pág. 10) pela omissão da frase "que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito." É geralmente referida como tendo sido adicionada aqui do verso 4.” E, na pág. 10, do mesmo volume, “Esta menção é apenas como uma questão de interesse e (ou) sem nenhuma tentativa de avaliação.”