sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Lição 8 - A Experiência do Discipulado

Na experiência da transfiguração, foram escolhidos por Cristo três discípulos (*que estariam presentes no calvário) para que eles talvez fossem confortados durante a agonia que em breve iriam testemunhar no Getsemani e na cruz.1 Enquanto servindo a Cristo nesta terra, o discipulado contem só algumas experiências de "alto de montanha".

A maior parte do discipulado é experimentada em simples auto-negação cotidiana. A alegria final em trabalhar para o Senhor é que estivemos disponíveis para Deus nos usar a fim de trazer a outros as Boas Novas do Evangelho. Os que acreditam que discipulado é algo que reforça nosso lugar no céu, posteriormente obrigando Deus a "recompensar" nossas boas obras, se acharão produzindo para Ele uma pesada "cruz a suportar".

Ironicamente, a ação exterior talvez pareça ser exatamente a mesma, mas o verdadeiro discípulo é motivado por crença e gratidão pela salvação que Cristo já realizou. Aqueles são motivados por descrença de que Cristo realmente "pagou-a toda," e que Ele necessita de ajuda para nos salvar completamente.

Muitos têm entendido mal o conceito de suportar uma cruz. Pensam que é uma doença física, ou crianças instáveis, ou simplesmente os pesos da vida num mundo pecaminoso. Em realidade, todos temos a mesma cruz que Cristo teve, resumida pela Sua declaração, "não se faça a Minha vontade, mas a Tua"2. Essa cruz é a nossa carne pecaminosa que é inclinação para o eu. Cristo veio na semelhança dessa carne pecaminosa e por negar Sua vontade, conquistou-a. E Ele nos dá essa vitória.

Na transfiguração, os discípulos foram tranqüilizados quanto à verdadeira identidade de seu Mestre como o Filho de Deus, mas Jesus referia-Se a Si mesmo como o "Filho de homem" (Mat. 17:9). Esses laços com a humanidade, que nunca serão desfeitos, são para lembrar-nos que compartilhamos a mesma carne e sangue com Ele. Quando nos identificamos com Ele, partilhamos de Sua vida sem pecado. Nós realmente não necessitamos entender a física, a química, nem outra qualquer ciência deste mistério, mas, como pequenas crianças, nós simplesmente cremos no que Ele diz.

Durante a transfiguração, pela segunda vez, Deus anunciou à humanidade, "Este é o Meu amado Filho, em quem Me comprazo" (vs. 5). A primeira vez que isto foi falado audivelmente do céu, foi no batismo de Cristo. (*Então) fomos instruídos a escutá-Lo.

Quando Cristo leu de Isaias na sinagoga de Nazaré, uma das coisas que Ele disse que havia se cumprido naquele dia era: "Enviou-Me a pregar liberdade aos cativos”, (Lucas 4:18, citando Isaias 61:1). Que cativos? Nós que somos cativos do pecado.

Há uma atitude perigosa concernente à vitória sobre o cativeiro do pecado ocorrendo no pensamento de alguns cristãos. É uma resignação de que há certos pecados sobre os quais eles simplesmente não podem obter vitória. Racionalizam: "—esta é a maneira que eu sempre serei, Deus entende e ainda me ama. Eu simplesmente terei que continuar pecando até que Jesus volte, vitória para mim não é possível". Mas Jesus confirmou que veio de Deus para proclamar liberdade de pecado aos cativos.

Isto pode não parecer tão sério até lermos o que João diz sobre falsos profetas: Como um pai preparando seus filhos para provações futuras, Cristo revelou o futuro no discurso no monte das Oliveiras. Advertiu-os de que haveria falsos cristos que tentariam enganá-los.

“AMADOS, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo. Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo”, (1ª João 4: 1-4) (*Veja a nota 6 abaixo).

A idéia é que se negamos que Cristo não pode vir à nossa carne e nos dar Sua vitória sobre o pecado, nós partilhamos do espírito do anticristo. Nós não podemos ver como Deus pode mudar nossas mentes para dar-nos vitória, mas insistir que queremos ver exatamente como Ele o fará, é andar por visão, não por fé.

Uma das abençoadas coisas que a mensagem de 1888 nos diz é que quando estamos "em Cristo", Sua vitória é nossa vitória. Não é que nos é dada força suficiente para superar a tentação, nós somos (*instados:) "deixe esta mente estar em você, que também esteve em Cristo Jesus(Fil. 2:5, KJV)3. Sua vitória na semelhança da nossa carne torna-se nossa vitória pela fé.

Alguns acham isto um paradoxo inacreditável. A. T. Jones (*um dos dois mensageiros de 1888) o descreveu assim:

"Eles dizem, 'eu não posso ver como, se estou em Cristo, eu deva reconhecer-me um desamparado pecador; pensei que se estava em Cristo, então eu podia agradecer ao Senhor que eu era bom, santo, inteiramente perfeito, santificado, e todo isso'. Por que não?. Ele é. Quando você está em Cristo, Ele (Cristo) é perfeito, Ele é justo, Ele é santo e nunca erra, e Sua santidade é imputada a você—é dada a você. Sua fidelidade, Sua perfeição é minha, mas eu não sou isso.4

Nós nunca seremos autorizados a dizer, "ganhei a vitória". Podemos dizer que Cristo na minha carne ganhou a vitória, e que ela é minha pela fé. Experimentar o discipulado é uma negação diária de nossa vontade, como crianças inocentes, deixando Deus controlar tudo sobre nossa vida. Que isto talvez não seja aparente na sua e na minha vida até agora, não quer dizer que Deus não o possa fazer quando nós O "permitirmos" dar-nos a mente de Cristo.

Arlene Hill5

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.


Notas do Tradutor:


1) No Getsêmani Cristo “Roga força para resistir à prova em favor da humanidade. Precisa, Ele próprio, de apoiar-Se com renovado vigor à Onipotência, pois só assim pode contemplar o futuro. E desafoga os anseios de Seu coração quanto aos discípulos, para que, na hora do poder das trevas, sua fé não desfaleça. ... Unicamente os três que Lhe hão de testemunhar a angústia no Getsêmani foram escolhidos para estar com Ele no monte da glória que Ele tinha com o Pai antes que o mundo existisse, que Seu reino seja revelado a olhos humanos e que os discípulos sejam fortalecidos pela contemplação do mesmo. Roga que testemunhem uma manifestação de Sua divindade que, na hora de Sua suprema agonia, os conforte com o conhecimento de que Ele é com certeza o Filho de Deus, e que Sua ignominiosa morte é uma parte do plano da redenção, da glória que Ele tinha com o Pai antes que o mundo existisse, que Seu reino seja revelado a olhos humanos e que os discípulos sejam fortalecidos pela contemplação do mesmo. Roga que testemunhem uma manifestação de Sua divindade que, na hora de Sua suprema agonia, os conforte com o conhecimento de que Ele é com certeza o Filho de Deus, e que Sua ignominiosa morte é uma parte do plano da redenção.” O Desejo de Todas as Nações, páginas 420-421, 2ª e 3ª páginas do cap. 46, intitulado A Transfiguração;


2) Lucas 22:42;



3) Nas versões Almeida lemos “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento (mente) que houve em Cristo Jesus”. Sendo que a KJV trás a idéia essencial do evangelho de que não se trata de ação sua e sim de Deus em você: "deixe esta mente estar em você...”. isto é, permita que Ele realize isto em você. Ele não o fará sem o seu consentimento, porque estaria violando o princípio do livre arbítrio estabelecido por Ele mesmo para as Suas criaturas racionais. “O livre arbítrio é um templo sagrado que Deus jamais violará.” A semana passada vimos o mesmo princípio exarado no “sermão da montanha”: Deixe sua luz brilhar”, Mat. 5:16, KJV, ao invés da redação da Almeida: “resplandeça a vossa luz”. Vimos que isto se dá também com Col. 3:15, Deixe a paz de Deus ... dominar em vossos corações”. E o vs. 16, Deixe a palavra de Cristo habitar em vós abundantemente, em toda a sabedoria ...”. Esta é a essência do Evangelho—Deus desejoso de agir no ser humano;


4) Sermão de nº 9, do Boletim da Conferência Geral de 1893, pág. 178; A Terceira Mensagem Angélica, pág. 63;


5) Arlene Hill, autora desta introspecção, é uma fiel adventista, professora da Escola Sabatina numa das igrejas adventistas da cidade de Reno, estado de Nevada, EUA. Profissionalmente foi advogada no estado da Califórnia, estando hoje aposentada;


6) Nota adiciona para a lição 8:


O CAMINHO SEGURO PARA IDENTIFICAR O ERRO


Do final da lição de quarta-feira, leia o último parágrafo,

“Evidentemente, o melhor caminho é sempre conhecer a verdade. Estar arraigado no que é certo é o caminho mais seguro para conhecer o que é errado” (grifamos).

Em seguida leia o que está destacado no quadro do roda-pé da mesma página:

“De que outros modos podemos ser desviados do caminho por algo que usurpe o lugar que só Cristo merece em nosso coração?” (grifamos).

O Caminho Seguro para Identificar um falso pregador está claramente definido para nós pelo apóstolo João em sua primeira epístola conforme salientado pela irmã Arlene Hill.

Agora vejamos: O salmista exclama jubilosamente “O teu caminho, ó Deus, está no santuário,” Sl. 77:13.

Hebreus 10:19 e 20: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela Sua carne,”

Este caminho para o Santíssimo foi consagrado por Jesus por viver Sua vida perfeita na Sua carne, isso é, na carne humana caída, pecaminosa, que Ele tomou na encarnação. Hebreus 2:14 diz, "E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também Ele participou das mesmas coisas,”

Você vê, o ministério Sumo sacerdotal no Santíssimo do Santuário celestial, é através de um Sumo Sacerdote divino-humano, que assumiu a natureza pecaminosa que tenho, e, mesmo revestido deste equipamento desfavorável, defeituoso, pelo poder de Deus venceu o inimigo, e não pecou, em momento algum.

Assim Ele sempre foi, continuará sendo, e é “Santo, Santo, Santo”, Isaias 6:3 e Apoc. 4:8 (confira também: Marcos 1:24; Lucas 1:35; 4:34; João14:30, etc...), pois nunca pecou. Esta verdade é parte essencial da “mui preciosa mensagem” que “o Senhor, em Sua grande misericórdia”, nos enviou há mais de 120 anos atrás através de dois mensageiros. (*Veja Testemunhos para Ministros págs. 91 em diante)

Um deles, Alonzo T. Jones, assim se expressa:

"Na Sua vinda na carne—tendo sido feito em todas coisas como nós, e tendo sido tentado em todos pontos como somos—Ele identificou-Se com cada alma humana exatamente onde essa alma está. E do lugar onde cada alma humana está, Ele consagrou para essa alma um novo e vivo caminho através de todas as vicissitudes e experiências de uma vida inteira, e mesmo através da morte, da sepultura e no Santíssimo na mão direita de Deus para sempre.

"Oh! aquele caminho consagrado! Consagrado pela Suas tentações e sofrimentos, pela Suas orações e lágrimas, pela Sua vida santa e morte sacrifical, pela Sua triunfante ressurreição e ascensão gloriosa, e pela Sua entrada triunfal no Santíssimo, à mão direita do trono da Majestade nos céus!

"E este "caminho" Ele consagrou para nós. Ele, tendo se tornado um de nós, fez deste caminho nosso caminho; ele pertence a nós. Ele dotou cada alma com o divino direito de trilhar neste caminho consagrado, e por Ele ter feito isto, tendo-o feito na carne—na nossa carne caída—tornou possível, sim, Ele deu garantia real, que cada alma humana pode andar nesse caminho, em tudo que esse caminho é, e por ele entrar plena e livremente no Santíssimo. ...” (Grifos nossos).

A perfeição,... de caráter, é a meta cristã. ... . Cristo atingiu-a em carne humana caída neste mundo, e assim fez e consagrou um caminho pelo qual, nEle, cada crente o pode trilhar. Ele, o tendo alcançado, tornou-Se nosso grande Sumo Sacerdote, pelo Seu ministério sacerdotal no verdadeiro santuário para nos capacitar a atingi-lo..

Permitiremos nós que Ele faça isso em nós? Ele está desejoso de o fazer, e só não o fará se O obstarmos. Por lutar com Deus, como Jacó, até recebermos a bênção, nós permitimos que o "óleo" do Espírito Santo nos traga à experiência da perfeição que Ele nos deu pela Sua consagração—Seu caráter justo—como Ele a entende, não como nós entendemos perfeição.

Tenha um feliz encontro com nosso Salvador em Seu santo Sábado em Sua casa de oração.

Do irmão em Cristo,

João Soares da Silveira.